4 . Passeando pelo norte de Espanha

Passeando pelo Norte de Espanha – Barcelona e a Sagrada Família de Gaudi

19 de Julho de 2011

Acordei de manhã determinada a que não haveria nada que me impedisse de visitar a Sagrada Família, nem que eu tivesse de passar o dia todo à porta à espera para entrar!Mas era cedo e embora já houvesse fila quando lá chegamos não seria para demorar muito tempo a entrar.

Era a 5ª ou 6ª vez que visitava a grande igreja. Desde a primeira vez que lá passei, e ela tinha apenas as paredes exteriores de pé e todo o seu interior era um enorme estaleiro em terra batida, cheio de materiais de construção, gruas e equipamentos semelhantes, que eu quis acompanhar a obra e tenho-o feito com espaços longos entre as visitas, para sentir mais a evolução dos trabalhos.

Depois que o Papa a consagrou em Novembro de 2010, eu decidi que estava na hora de lá voltar e vê-la sem todos os andaimes dos ultimos tempos no seu interior!

Conhecido apenas como Sagrada Família, o Templo Expiatório da Sagrada Família é deslumbrante! A grande obra-prima do arquiteto catalão Antoni Gaudi, a que ele dedicou grande parte da sua vida, começou por ser um edifício neogótico, pensado por um outro arquiteto, mas acabou por se tornar às suas mãos um edifício espantoso, o símbolo mais extraordinário da arquitetura modernista espanhola e um templo onde tudo é pensado em simbologias de formas, estruturas e luminosidades únicas! Dizem que só estará completo em 2026, quando se comemorará o centenário da morte do grande génio que a concebeu!

E quando entrei o paraíso era logo ali…

Os tetos são sustentados por colunas inspiradas em troncos de árvores que se abrem em galhos espiralados no topo e a distância provocada por toda aquela dimensão faz parecer que o topo está tão perto do céu!

Vertigens que me obrigam a sentar e, sem conseguir tirar os olhos do topo, fico hipnotizada!

Estou no centro do transepto e aquele teto fantástico cruza em cima de mim, lá no alto.

Só me lembro de ficar a olhar para um teto cheia de espanto assim quando visitei a capela Sistina, mas desta vez a hipnose era mais intensa, desta vez o meu êxtase foi bem maior!

O altar fica ali, rodeado de luz e aberturas, com a imagem de Cristo Crucificado pendurado, no meio do vazio, com uma filinha de luzes que o rodeiam… tão leve!

E a nava central é cruzada pelo transepto multiplicando o efeito de cúpula e infinito lá em cima!

Simplesmente não se consegue deixar de ficar ali a olhar para o teto…

Gaudi deixou construída uma “pequena” parte do templo, se pensarmos na dimensão que ele terá quando concluído! Hoje tenta-se completar a obra o mais de acordo com os seus projetos, embora se tenha de criar muita coisa que foi perdida durante a guerra civil e a segunda guerra, incêndios e perdas acidentais do género.

Há arquitetos catalães que defendem que a obra não devia ser concluída para não adulterarem a vontade e o projeto inicial de Gaudi…

Mas, pessoalmente, acho que se há elementos básicos suficientes para se concluir a obra, será melhor conclui-la do que ficar com um resto inacabado de uma obra que entraria facilmente em ruina por causa da exposição aos elementos!

O coro está previsto para suportar coros de 1500 de pessoas! Na realidade ele circunda boa parte do templo como uma imensa varanda!

A nave central ainda não tem os vitrais todos concluídos, mas já é digna de se ver e os efeitos de luz são bonitos mesmo assim!

Apaixonei-me por este templo desde o primeiro momento em que o vi ao vivo e volto a apaixonar-me a cada visita!

Os vitrais já colocados provocam jogos de luzes de cores quentes e frias que prendem o olhar! São espantosos!

O jogo de colunas e luzes e cores é deslumbrante e eu quis ficar ali o resto do dia a olhar…

Cá fora a fachada da Natividade é a mais antiga e aquela que foi construída por Gaudi. Está previsto que entre em restauro quando toda a igreja estiver completa.

Ali são representadas cenas do nascimento de Cristo e toda a fachada parece uma enorme escultura!

Como o arquiteto sabia que não conseguiria construir todo o templo no seu tempo de vida decidiu construir toda uma fachada que desse um rosto ao seu trabalho e incentivasse a continuação da construção. Por isso escolheu a fachada da Natividade por ser mais agradável para a população. E por isso eu acho que está certo concluir a obra pois seria essa a sua vontade!

Por a fachada da Natividade ser contemporânea de Gaudi e a fachada da Paixão ser de construção posterior e porque a segunda é bem menos “trabalhada” e em linhas muito geométricas, há quem pense que esta foi adulterada durante a construção recente! Mas os desenhos originais do arquiteto testemunham que ela é como deveria ser!

As maquetas dos interiores, das colunas, das cúpulas e até das torres estão disponíveis para visita no museu do templo.

E até se pode prever como irá ficar a “porta principal” da igreja! Porque as fachadas já existentes são as laterais! Está neste momento em construção a fachada da Glória e pode-se ver na maqueta como ela será!

Os estudos de Gaudi sobre o “comportamento” na natureza para construção das suas estruturas arquitetónicas pode-se perceber pela maqueta feita de fios e pesos, pendurada no teto, que mostra como é a curva natural das coisas! As tais curvas hiperbólicas que ele sempre usa!

E passamos por baixo da maqueta dos tetos da igreja e quase nos sentimos lá!

Volto à fachada da Paixão dedicada à condenação e morte de Cristo, por isso Gaudi a criou austera, retilínea e fria…

Mesmo as esculturas são geometrizadas, acentuando o frio e triste de cada cena…

Uma visita carregada de sensações, cheia de emoções e repleta de enquadramentos fantásticos em milhares de fotos que me provocam sensações ainda hoje, ao olhar para elas!

Já está marcada a próxima visita para daqui a uns 2 ou 3 anos para ver como vão as obras, já que a ultima vez que lá fui foi em 2008! 😉

**** ****

– Barcelona e o Parque Güell de Gaudi…

E como a cada vez que vou a Barcelona, passei em algumas “capelas”, e porque desta vez levava o Jaky e tudo, que nada conhecia da cidade, passamos no Parque Güell!

Poucas vezes vi aquele parque com pouca gente, parece sempre a “aldeia dos macacos” cheio de gente que teima em nem sair da entrada e fazer-se fotografar junto a todos os bonequinhos revestidos de cacos de cerâmica, como se uma foto sem gente fosse uma coisa a evitar a todo o custo, fazem mesmo filas para se fotografarem junto aos lagartos e fontes e sei lá que mais! Eheheheh

Ir ao Parque Güell será sempre uma animação para mim! O que vale é que enquanto toda aquela gente se mantem na entrada do parque e no patamar superior, o resto vai ficando meio livre para quem quer ver outros pormenores! Como os pavilhões da entrada, edifícios típicos do arquiteto, cheios de pormenores extraordinários. O pavilhão maior era a casa do porteiro e eu não me importava nada de ser porteira daquilo tudo só para viver em tal casa!

Não consigo ficar indiferente aos pormenores que eram, afinal, característica típica do arquiteto!

Da janela vê-se a entrada do parque e o movimento que nele se sente o tempo todo! Aquela escadaria é espantosa, com paredes revestidas a cacos de cerâmica que parecem ter ameias, e medalhas, e brasões!

A escadaria divide-se, volta a juntar-se e a bifurcar-se e nesses meios há as esculturas e as fontes que atraem tenta gente para a fotografia!

Àquela hora ainda não estava muita gente agarrada a elas, mas há horas em que nem as conseguiria ver!

O nome do parque vem do Conde de Güel, Eusebi Güel o principal mecenas de Gaudi e para quem o arquiteto realizou algumas obras bem famosas e que mantêm o nome do Conde, na cidade.

Inicialmente o local era meio desértico, chamava-se mesmo «Montaña Pelada» e foi Güel quem decidiu construir uma urbanização ali, ele queria uma cidade jardim e Gaudi “esculpiu” um jardim na encosta, onde plantou árvores mediterrânicas, por caminhos ladeados de muros ou pilares feitos em pedra local.

Na zona central e principal do parque ele criou um verdadeiro jardim suspenso, ou suportado por pilares, num ambiente quase surreal e absolutamente encantador!

Aquele espaço chama-se Sala Hipostila ou Sala das Cem Colunas, criada para funcionar como mercado da urbanização.

Lembro-me que a primeira vez que ali fui, estavam dois homens, no meio da “colunata”, a tocar guitarra e tambor de aço e a acústica do local tornou aquele momento inesquecível. Sempre que lá volto relembro a música e o ambiente que me acolheu naquele dia!

As colunas têm espaços maiores entre elas, de quando em quando, como se faltasse uma coluna, e nesses espaços os tetos têm medalhões que fazem a união decorativa entre elas, onde devia ter uma coluna e não tem. Estamos a olhar para o nosso teto, cá em baixo, que é o chão da praça superior.

Saimos da “colunata” e, que lindos aqueles telhadinhos dos pavilhões, que parecem de brincar!

Da base das colunas pode-se ver a entrada em enquadramentos planeados pelo arquiteto!

Então contornamos a Sala Hipostila e a perspetiva é original!

E vê-se a cidade e o mar Mediterrâneo lá de cima!

Dali podemos ter também uma ideia da variedade de plantas e árvores que foi plantada ali!

E o povo fica por ali sentado nos bancos adoçados aos muros, revestidos de cacos de cerâmica. O chão da grande praça é em terra batida e a água é drenada pelo interior das colunas, por baixo, até uma cisterna que a armazena para a rega do parque.

Depois das visitas daqueles dois dias e que me haviam levado a Barcelona, o dia estava feito, por isso foi pegar na moto e rolar sem pensar, apenas curtir a estrada e a condução, embora não me pudesse “esticar” muito porque para o Jaky andar a 120km/h era dar uma “boa aceleradela”. Por isso foi placidamente que passamos na praia para tomar uma bebida fresca e curtir uns momentos de paz ao sol.

A minha Magnífica fez logo uma amiga grande!

E fomos dormir a Andorra… Não, não o país! Andorra cidade espanhola que fica na província de Teruel! É no mínimo curioso depois de andar para longe de uma Andorra chegar a outra!

Fomos muito bem recebidos pelas pessoas que se fascinaram com as motos! A minha Magnifica encheu os olhos pela grande dimensão e por ser conduzida por mim! Foi um momento agradável em que os miúdos se aproximavam e os pais não sabiam o que fazer. Deu para tirar fotos e tudo e as pessoas perceberem que nós eramos boa gente!

O hotelzinho ficava logo ali na praça onde paramos e o senhor teve o cuidado de nos arranjar quartos virados para a frente para que a gente não ficasse muito longe das nossas motitas! Simpático!

Tivemos um belo jantar com oferta de digestivo e tudo. Gente boa!

E foi o fim do décimo quarto dia!

**** P19 de Julho de 2011 – continuação

E como a cada vez que vou a Barcelona, passei em algumas “capelas”, e porque desta vez levava o Jaky e tudo, que nada conhecia da cidade, passamos no Parque Güell!

Poucas vezes vi aquele parque com pouca gente, parece sempre a “aldeia dos macacos” cheio de gente que teima em nem sair da entrada e fazer-se fotografar junto a todos os bonequinhos revestidos de cacos de cerâmica, como se uma foto sem gente fosse uma coisa a evitar a todo o custo, fazem mesmo filas para se fotografarem junto aos lagartos e fontes e sei lá que mais! Eheheheh

Ir ao Parque Güell será sempre uma animação para mim! O que vale é que enquanto toda aquela gente se mantem na entrada do parque e no patamar superior, o resto vai ficando meio livre para quem quer ver outros pormenores! Como os pavilhões da entrada, edifícios típicos do arquiteto, cheios de pormenores extraordinários. O pavilhão maior era a casa do porteiro e eu não me importava nada de ser porteira daquilo tudo só para viver em tal casa!

Não consigo ficar indiferente aos pormenores que eram, afinal, característica típica do arquiteto!

Da janela vê-se a entrada do parque e o movimento que nele se sente o tempo todo! Aquela escadaria é espantosa, com paredes revestidas a cacos de cerâmica que parecem ter ameias, e medalhas, e brasões!

A escadaria divide-se, volta a juntar-se e a bifurcar-se e nesses meios há as esculturas e as fontes que atraem tenta gente para a fotografia!

Àquela hora ainda não estava muita gente agarrada a elas, mas há horas em que nem as conseguiria ver!

O nome do parque vem do Conde de Güel, Eusebi Güel o principal mecenas de Gaudi e para quem o arquiteto realizou algumas obras bem famosas e que mantêm o nome do Conde, na cidade.

Inicialmente o local era meio desértico, chamava-se mesmo «Montaña Pelada» e foi Güel quem decidiu construir uma urbanização ali, ele queria uma cidade jardim e Gaudi “esculpiu” um jardim na encosta, onde plantou árvores mediterrânicas, por caminhos ladeados de muros ou pilares feitos em pedra local.

Na zona central e principal do parque ele criou um verdadeiro jardim suspenso, ou suportado por pilares, num ambiente quase surreal e absolutamente encantador!

Aquele espaço chama-se Sala Hipostila ou Sala das Cem Colunas, criada para funcionar como mercado da urbanização.

Lembro-me que a primeira vez que ali fui, estavam dois homens, no meio da “colunata”, a tocar guitarra e tambor de aço e a acústica do local tornou aquele momento inesquecível. Sempre que lá volto relembro a música e o ambiente que me acolheu naquele dia!

As colunas têm espaços maiores entre elas, de quando em quando, como se faltasse uma coluna, e nesses espaços os tetos têm medalhões que fazem a união decorativa entre elas, onde devia ter uma coluna e não tem. Estamos a olhar para o nosso teto, cá em baixo, que é o chão da praça superior.

Saimos da “colunata” e, que lindos aqueles telhadinhos dos pavilhões, que parecem de brincar!

Da base das colunas pode-se ver a entrada em enquadramentos planeados pelo arquiteto!

Então contornamos a Sala Hipostila e a perspetiva é original!

E vê-se a cidade e o mar Mediterrâneo lá de cima!

Dali podemos ter também uma ideia da variedade de plantas e árvores que foi plantada ali!

E o povo fica por ali sentado nos bancos adoçados aos muros, revestidos de cacos de cerâmica. O chão da grande praça é em terra batida e a água é drenada pelo interior das colunas, por baixo, até uma cisterna que a armazena para a rega do parque.

Depois das visitas daqueles dois dias e que me haviam levado a Barcelona, o dia estava feito, por isso foi pegar na moto e rolar sem pensar, apenas curtir a estrada e a condução, embora não me pudesse “esticar” muito porque para o Jaky andar a 120km/h era dar uma “boa aceleradela”. Por isso foi placidamente que passamos na praia para tomar uma bebida fresca e curtir uns momentos de paz ao sol.

A minha Magnífica fez logo uma amiga grande!

E fomos dormir a Andorra… Não, não o país! Andorra cidade espanhola que fica na província de Teruel! É no mínimo curioso depois de andar para longe de uma Andorra chegar a outra!

Fomos muito bem recebidos pelas pessoas que se fascinaram com as motos! A minha Magnifica encheu os olhos pela grande dimensão e por ser conduzida por mim! Foi um momento agradável em que os miúdos se aproximavam e os pais não sabiam o que fazer. Deu para tirar fotos e tudo e as pessoas perceberem que nós eramos boa gente!

O hotelzinho ficava logo ali na praça onde paramos e o senhor teve o cuidado de nos arranjar quartos virados para a frente para que a gente não ficasse muito longe das nossas motitas! Simpático!

Tivemos um belo jantar com oferta de digestivo e tudo. Gente boa!

E foi o fim do décimo quarto dia!

**** ****

– Teruel e os seus Amantes!

20 de Julho de 2011

Embora o que eu mais queria ver nesta viagem já tivesse visto, passear por Espanha é sempre deslumbrante e o encanto manteve-se, mesmo fazendo já o caminho de regresso e aproximando-me do fim.

As estradinhas secundárias, as ruelas por entrecampos que ora atravessam, ora nos levam por entre montes, tornam qualquer passeio pelo país variado e de condução deliciosa!

De repente no meio de nada aparece mais um pequeno pueblo que vou registando com a minha maquina fotográfica, que serve frequentemente de “bloco de notas” em andamento, quando não posso escrever o que quero mas posso fotografar para mais tarde recordar, o que era e onde era, para poder voltar, como Oliete ou as Cortes de Aragón!

Uma coisa a que estou habituada quanto baste é a não querer ver tudo de uma vez e registar o que ficará para uma outra viagem! Naquele momento eu queria estrada, caminho e o meu destino era mais além!

E paisagens e planícies era o que não faltava por aquele caminho para me deliciar!

A caminho de Teruel, Alfambra surge na berma da estrada como um postal ilustrado com elementos inesperados!

Uma ponte sem ponto de partida nem destino, a Puente de la Venta, que nunca funcionou porque atravessaria uma linha, do princípio do séc. XX, que nunca foi ativada! Tornou-se ela mesma uma obra de arte, não apenas pelo seu estilo modernista mas também porque sobre ela se instalou uma obra que a tornou um conjunto artístico intitulada “El Sueño”.

Um Pueblo que poderei vir a catar mais de perto quando volte a passar por ali!

E cheguei a Teruel!

Uma cidade cheia de edificações mudéjares, que a tornam encantadora e a fizeram património da humanidade!

A catedral é um exemplar quase único no estilo mudéjar. No posto de turismo uma maqueta do edifício dava uma ideia da sua dimensão, já que não o visitaríamos naquele momento.

Mesmo ao lado do posto de turismo fica a iglesia de San Pedro de Teruel, outra construção mudéjar do séc XIV. O estilo mudéjar é um estilo artístico/arquitetónico exclusivo da Península Ibérica, desenvolvido durante a idade média até ao renascimento, que mistura os estilos cristão e islâmico.

E é lá que está o Mausoléu dos Amantes de Teruel

Diz a lenda que, no inicio do séc. XIII, Isabel de Segura e Juan Marcilla se apaixonaram perdidamente mas, como o rapaz era pobre, o pai da rapariga nunca o deixaria casar-se com a filha. Então deu-lhe um prazo para fazer fortuna. O rapaz foi tratar de vida mas, quando voltou, no limite do prazo… Isabel estava já casada com outro! Ora o moço, muito infeliz, foi visita-la a sua casa e pediu-lhe um beijo. Ela que não queria ser infiel ao marido negou-lho e ele caiu morto de dor. No dia seguinte, enquanto a população velava o falecido, na iglesia de San Pedro de Teruel, uma mulher coberta de negro aproximou-se e deu um beijo de despedida no falecido e caiu morta a seu lado. Era Isabel que morria também ela de desgosto e os dois foram sepultados juntos.

Esta história percorreu os tempos e chegou aos nossos dias através de canções medievais e peças de teatro barrocas e a verdade é que, lenda ou não, havia registo de onde os amantes teriam sido sepultados, num dos altares da igreja e, ao explorar-se o local, no séc. XVI, foram encontrados 2 corpos juntos, de um casal jovem…

Nos túmulos esculpidos com as suas imagens, as suas mãos estão próximas, mas não se tocam porque o seu amor nunca foi consumado!

A capela onde estão os túmulos é anexa à igreja e já não é a primeira nem a segunda versão de túmulos que eles têm.

Faz um efeito estar na presença de dois túmulos simbolicamente carregados de significado…

Ao mesmo tempo faz pensar num pensamento de alguém que dizia que o amor de Romeu e Julieta foi avassalador, eterno e histórico… porque eles nunca se casaram! Senão teria terminado em inferno! Eheheheh

Estes dois, pelo menos, se se tivessem casado e tido filhos e tal, seriam hoje uns ilustres desconhecidos como toda a população da época!

Percebi, depois de tirar uma foto a cada um dos meninos, pelos buracos dos túmulos, que não era permitido fotografa-los!

Mas já estava, só não deu para focar melhor! E a verdade é que eles estão mesmo lá dentro!

Então fomos visitar a igreja. Ela foi redecorada em estilo modernista neomudéjar no séc. XIX e o efeito é lindo!

Aqueles tetos pareciam repletos de estrelas!

No claustro fica um dos “expositores” usados anteriormente para alojar os amantes. Não sei como, pois a estrutura é estreita e alta! Presumo que eles estivessem de pé!

O claustro é neogótico, pois o verdadeiramente gótico foi demolido, no final do séc. XIX! Não é só cá na nossa terra que se fazem bostas dessas!

E subimos lá acima ao topo da igreja e tudo! A cidade amontoava-se lá em baixo!

A famosa torre, que é a mais antiga de Teruel, do séc. XIII, estava de repente ali ao alcance da minha mão!

E lá de cima a igreja era linda de se ver!

É sempre giro quando me sinto perto do teto!

As ruelas em redor da igreja são muito estreitinhas, características das urbanizações medievais e anteriores.

Na Plazza de los Amantes estava a decorrer uma animação sobre os diversos casais de amantes, desde os próprios Isabel e Juan, até Romeu e Julieta, passando por Tristão e Isolda ou Cleópatra e Marco António.

Miúdos e graúdos estavam muito animados e atentos ao momento teatral!

E fomos andando para a moto, embora eu ainda fosse pondo o olho por aqui ou por ali!

E tratei de ir embora que o Jaky ficara já “agarrado” à moto pronto para partir!

**** ****

– Albarracín

E estávamos definitivamente a caminho de casa, mas claro que até lá chegar há via ainda duas ou três coisas para ver… ok, a bem dizer haveria um mundo delas, mas não havia mais tempo.

Ao chegar a casa eu teria de estar disponível para o serviço de correção de exames nacionais e então depois novo passeio se desenharia!

Era curiosa aquela sensação de fim de viagem que não custa porque outra virá a seguir. Uma sensação que apenas tinha sentido em pequenos passeios, quando a cada um se sucede outro, mas sempre pequenos. Desta vez seria uma viagem grandinha seguida de outra maior! Que coisa mais fixe!

E então a seguir veio Albarracín!

Uma cidade encantadora na encosta de um monte, entre a Serra de Albarracín e os Montes Universales! Olha-se para ela como para uma cascata sanjoanina, com o castelinho no topo!

Não é preciso entrar muito nela para se entender porque foi considerada Património da Humanidade! Tudo por ali é encantador!

A rua passa-lhe por baixo e fiquei a olhar “por onde se entra ali?”

E o encanto começa logo a seguir!

Coitado do Jaky, que voltava a ter de se arrastar encosta acima, calçada abaixo para ver qualquer coisa do local!

Quem tem dificuldade em andar sofre numa viagem mais cultural, porque não basta conduzir moto e siga em frente! Se se quer ver, tem de se caminhar, para além de conduzir!

E Albarracín “dá trabalho” a visitar porque é ingreme, de ruelas estreitas, onde só se pode ver algo caminhando!

E no meio das ruelas intrincadas e estreitas chega-se à praça principal! Toda a cidade espanhola tem uma praça!

Praça onde desembocam uma infinidade de outras ruelas!

As casas que cercam a praça são encantadoras, algumas mesmo vertiginosamente encantadoras, pela forma como se acumulam ao alto, fazendo-nos sentir pequenos!

Coisas giras que se encontram por ali!

E há uma calma, feita de descontração e simpatia, em cada praça espanhola!

Então, depois de uma breve pausa, segui para o castelo! Ele era mais à frente um bocadinho, depois de mais ruelas estreitas ladeadas de casas giras!

Estávamos a chegar a um dos topos da cidadezinha e víamo-la lá em baixo, bem como a muralha do castelo na outra encosta!

Não pude visitar nenhuma igreja nem catedral porque estava tudo fechado!

A hora do almoço e da “siesta” é “sagrada” para aquele povo! Gente sábia!

E cheguei ao castelo!

Do séc. XII e de origem muçulmana, está em restauro, pois tinha chegado quase à ruina. Os degraus denunciam o grande desgaste dos tempos!

E lá de cima tem-se uma perspetiva muito bonita de toda a envolvência, embora o castelo esteja fechado e por isso não podendo entrar, não conseguimos visualiza a paisagem em todas as direções!

A descida fez-se pelo outro lado, porque havia ali uma infinidade de ruelas que eu queria ver!

E não é que há portas à medida das motinhas! Eheheh

Se eu morasse ali teria uma mobilete para ir desde a moto até casa, pois a Pan não circularia facilmente por algumas daquelas ruínhas!!

Eu não conseguia parar de fotografar os recantos, cada um como um postal ilustrado digno de um livrinho de enquadramentos históricos.

E lá tive de me ir embora… depois de um milhão e meio de fotos!

**** ****

– La Ciudad Encantada de Cuenca!

Logo a seguir entramos no Parque Natural de la Serrania de Cuenca. Não fui procurar a nascente do Tejo nem nada. Não faltarão oportunidades para eu o fazer com calma e sem medo de caminhar o que for preciso para lá chegar. Naquele dia apenas aproveitaria para ver o que levava em mente, sem tentar fazer tudo de uma vez!

Entramos na serrania de Cuenca e o embalse de la Toba surge à nossa esquerda como um lago de águas azuis dos Alpes!

E chegamos à Ciudad Encantada… um local que eu queria visitar há tempos!

Na realidade não se trata propriamente de uma cidade e sim de um lugar cuja origem se perde no tempo, onde as pedras foram esculpidas pelo vento, pela chuva e pelo gelo, há mais de 90 milhões de anos!

Entre pedras corroidas e de forma periclitante, como “el Torno Alto”

árvores que nascem em pedras, rachando-as para crescerem,

até imensas massas gigantescas, como “los Barcos”

As pedras gigantescas parecem, por vezes, ameaçar cair sobre nós e todas têm nomes, de acordo com as formas sugestivas que têm!

Há algo de cogumelo gigante em alguns pedregulhos!

São cerca de 3 quilómetros de deslumbramento e espanto!

Nesgas estreitas deixam-nos passar por entre gigantes pedregosos!

Buracos bizarros permitem passagem por sítios inimagináveis, basta vergarmos as costas!

Há momentos em que parece que nos passeamos por cenários de filmes de ficção científica!

Seguramente que lá irei voltar um dia, para explorar mais atentamente cada pedregulho e cada caminho!

A paisagem que percorremos a seguir tem o efeito de nos trazer suavemente ao mundo real, porque ainda é espantosa mas mais próxima do comum!

E a minha Magnifica completou os primeiros 1.000 km acima dos 200.000! Momento a registar!

Por paisagens lindas!

E foi o fim do décimo quinto dia…

**** ****

– Avila, Salamanca… casa…

21 de Julho de 2011

Passamos o passo de Guadarrama, um dos pontos mais altos da Serra de Guadarrama, onde fica o Alto del León.

Lembro-me que a primeira vez que ali passei, há muitos anos, havia neve e eu fiquei tão assustada que parei e não tinha coragem nem de seguir para a frente nem de voltar para trás! Uma parte de mim dizia “volta” outra dizia “segue”. Então vieram carros no sentido contrário e eu parada na berma em plena subida, olhei para os seus pneus! Não traziam correntes! Enchi-me de coragem e segui. A neve estava apenas acumulada nas bermas e nas zonas onde os carros não haviam passado, fui fazendo pontaria pelos carreiros limpos e fui relaxando, pois a motita não fugia! Lembro-me de ir a conduzir e a rir-me à gargalhada, com a excitação de passar pelo meio da neve sem escorregar, com uma paisagem de cortar a respiração em meu redor!

E chegamos a Avila, uma cidade encantadora que se pode avistar de Los Cuatro Postes, um pequeno santuário ligado a Santa Teresa de Avila.

E lá estava ela, com as suas imensas muralhas!

Eu sabia que não iria ver muito da cidade. Seria para dar uma volta, ver as coisas por alto e decidi naquele momento que, na viagem seguinte que começaria dali a dias, incluiria Avila no meu caminho!

Aquela muralha medieval tem 2,5 km de extensão e de 20 em 20 metros tem uma torre, o que faz 88 torres ao todo!

E fui vendo tudo pelo exterior!

Não foi desta vez, nem da seguinte, que fiquei o tempo necessário na cidade para explorar as muralhas, mas cada coisa a seu tempo!

Aquilo tem uns quilómetros de encanto para passear!

O Jaky nem descia da moto para tirar fotografias, apenas se retorcia e fotografava! Eheheheh

A Basílica de San Vicente era um dos locais a visitar na próxima passagem na cidade, sem dúvida!

Logo ali fica la Puerta de San Vicente, que leva à catedral, mais à frente, no interior da muralha.

A Catedral del Salvador de Ávila é extraordinária e é considerada a primeira catedral gótica do país! E eu não visitaria naquele dia…

Paga-se para visitar e não justificaria pagar para a visitar a correr, por isso ficou também na minha agenda para a próxima visita à cidade!

Ainda dei uma pequena voltinha pelas ruelas circundantes.

E mais à frente encontrei o porco, que tinha ar de ser o namorado da nossa Porca de Murça!

Os bordados de pedra dos topos da catedral podiam-se ver por cima das casas.

E fui embora, que o Jaky ficara boa parte do tempo agarrado à moto enquanto eu serandava por ali…

O que eu catei um mês mais tarde aparece na minha crónica da Escócia em:

https://gracindaramos.wordpress.com/2011/11/19/41-passeando-ate-a-escocia-de-avila-ate-avis/

E seguimos para Salamanca, porque era preciso comer qualquer coisa e comer numa cidade linda é sempre mais inspirador!

A Plaza Mayor de Salamanca foi considerada a maior da Europa em 2005.

Logo ali ao lado começam as ruelas com esplanadas e era para aí que a gente tinha de ir para comer.

Não faltariam oportunidades para visitar a cidade, pelo menos para mim que passo por lá com alguma regularidade!

Enchemos a barriga e seguimos para Portugal!

Era a primeira vez em muitos anos e muitas viagens que eu não sentia nostalgia ao encerrar uma viagem! Era também a primeira vez que eu chegava a casa para esperar um curto período de tempo e voltar a partir! Era ainda a primeira vez na minha vida que, a uma viagem “pequena”, em quilómetros e distância, se seguiria uma longa e distante!

Por isso voltar ao meu país com tanta coisa por ver, numa viagem que ficou demasiado cara para o percurso que foi, significou o início de algo maior e mais à minha medida!

10 dias depois, no dia 6 de Agosto de 2011, eu estava a partir para uma viagem de 28 dias até à Escócia!

FIM

Deixe um comentário