Perguntam-me muitas vezes se não me sinto só ao viajar sozinha por tantos dias, respondo sempre que não e explico como é giro e interessante, que se conhecem pessoas, que se tem tempo para ver mais e melhor…
…naquela noite senti-me só!
Senti que foi um dia em “suspensão”! Nem estava em viagem, nem estava em casa, nem estava só, nem estava acompanhada, apenas estava à espera de quem não veio…
Fiquei muito tempo contemplando a noite. A minha Magnífica estava por ali, algures, também sozinha…
20 de Agosto de 2011
De manhã não sabia o que fazer!
A moto estaria pronta de tarde. Eu tinha as minhas tralhas no armário do meu quarto e não tinha como as levar dali, pois não tinha saco! Comecei o dia por aí, comprar um saco para transportar tudo comigo. Depois tinha toda a manhã para explorar Glasgow, até à hora de ir buscar a motita.
Os sacos de viagem estavam todos a preços exorbitantes! Não estava disposta a pagar 50£ por um saco para usar meia dúzia de vezes! Acabei por encontrar um trolley bem giro a 12£!! Até pensei que o preço estava errado, mas não estava e foi a coisa melhor que eu podia ter comprado, pois pus tudo lá dentro e não tive e de carregar saco nenhum às costas! Foi só puxar e andar e foi assim que dei a volta a Glasgow: de trolley e de autocarro!
Mesmo pertinho do hostel ficava a estação de caminho de ferro, a Central Station.
Em frente ao hostel fica o rio Clyde com uma ponte tão gira para peões.
Depois, ali à beirinha fica a zona comercial. Dizem que as pessoas de Glasgow adoram fazer compras e, pela zona comercial que têm, deve ser verdade! The City Centre é a maior zona comercial do Reino!
Glasgow é uma cidade cheia de construções surpreendentes, embora não seja aparentemente particularmente bonita, depois de toda a beleza que se encontra noutras cidades, tem os seus pormenores de encanto!
Estava sol, o que tornava as coisas menos difíceis para mim, a arrastar o trolley atrás de mim pela cidade!
Então encontrei uma paragem do autocarro panorâmico e fui dar a voltinha à cidade.
Claro que fotografar lá de cima não é a mesma coisa… mas ao mesmo tempo sabem-se muito mais coisas, com a vozinha sempre a murmurar as curiosidades, história e estórias da cidade!
The Clyde Arc, uma ponte famosa pelo seu design inovador, gostava de ter lá passado à noite, mas não deu…
Mais à frente the Scottish Exhibition and Conference Centre, um edifício com mais de 20 anos mas sempre espantoso, como uma couraça de bicharoco, é o maior do reino e é giro! Chamam-lhe o Tatu!
The Glasgow Science Centre, logo a seguir, é mais um edifício delicioso! Aquela zona do rio Clyde parece ocupada por edifícios vindo de outro planeta!
O Clyde Titan Crane – Vestígios da história da cidade, ligada à construção naval!
O Kelvingrove Museum, que queria visitar mas não tive disposição para o fazer… tem tanta coisa lá dentro que eu queria ver… só por isso já vale a pena passar em Glasgow, um dia que volte ao Reino Unido!
Se há coisa que não me faço a mim mesma é obrigar-me a fazer o que não me apetece, mesmo que seja para não perder algo fantástico! Não me apetece, não vou, e pronto!
Os edifícios da Universidade são muito bonitos e imponentes! Glasgow já foi conhecida pelo seu grande centro universitário.
Os bares mais característicos da cidade têm muitos anos de existência!
O Tennent’s Bar teve licença para vender bebidas alcoólicas em 1888 e até 1971 apenas homens podiam lá entrar até que uma multidão de mulheres invadiu o bar e encheu a rua em filas infinitas para entrar. Desde então elas foram aceites e, curiosamente, “todos os” gerentes têm sido mulheres a partir daí!
The Old College Bar, de 1810, basta olhar para ele para se ver o quanto é antigo!
Whistlin Kirky bar, este é mais jovem, é de 1920
Segui olhando para todo o lado, ouvindo histórias dos locais e registando perspectivas da cidade… a cabeça estava na minha motita…
The George Square, recebeu o nome do Rei Jorge III, a praça principal de Glasgow, onde vi acontecer de tudo!
Naqueles dias estava cheia de grades, zonas fechadas e muita gente. Não entendi muito bem o que se estava a passar, pensei que fosse uma simulação de incêndio ou acidente, por haver por ali muitos carros de bombeiros… mais tarde vim a saber que era outra coisa bem mais interessante…
The Steeple Tolbooth, uma torre de 7 andares que foi parte de um edifício maior, hoje está ali, isolada, quase no meio de uma rua no centro da cidade!
Encontrei a fonte de Doulton, junto ao Palácio do Povo, a maior e a mais bem conservada fonte em terracota do mundo. Ninguém diria que aquilo não é feito de pedra ou mármore!
Ainda passei no arco do triunfo do Green Park , quando me ligaram da oficina e eu nem tomei mais atenção a nada!
Saí na paragem mais próxima e caminhei até lá!
Estava de novo junto à estação central perto do hostel e perto da oficina!
Fui vendo montras para me distrai e as montras de cerimónia são muito interessantes para homem, nada como aqui que só as roupas de mulher é que merecem toda a atenção e cuidado!
Cheguei à oficina para receber a notícia de que a moto não estaria pronta nem naquele dia, nem tão cedo!
O problema era mais grave do que se pensava e teria de levar várias peças novas…
A minha primeira reacção foi ligar para a Assistência em Viagem e pedir para me levarem a mim e à moto embora dali… sim senhor, iam tratar rapidamente disso…
Então o meu moçoilo ligou-me e disse-me para não fazer isso! A moto demoraria para caramba a chegar a Portugal, eu também iria andar de lado para lado em transportes de que não gosto, faltavam muitos dias para o fim das férias, valia a pena pagar e continuar…
Aos seus argumentos juntei a fortuna que teria de pagar, só da mão-de-obra, muitas horas já gastas e mais umas quantas para voltar a montar a moto, para depois ela voltar para casa estragada e ter de pagar o arranjo cá, na mesma…
Voltei a ligar para a Assistência em Viagem “já não é preciso… parem o processo, ela vai voltar para casa a circular!” e voltei para o hostel a arrastar o trolley atrás de mim… tão só, que me apetecia chorar… a Magnífica continuaria internada por mais 3 dias…
Fui para o bar, encher-me de comida (ali comia-se comida a sério! Até sabiam o que era arroz!) e de cerveja e reformular a minha viagem a partir dali. Tinha de decidir o que fazer com menos aqueles dias de caminho!
“Como pode isto acontecer com a minha motita?
Depois de tantos quilómetros na maior paz eis que algo lhe falta, algo rebenta dentro dela e ela quer andar mas não pode!
Não sei o que falhou nem sei se tomei a melhor decisão ao manda-la arranjar cá, em vez de a fazer transportar para Portugal pela Assistência em Viagem… mas há o problema das condições em que ela seria transportada, há o tempo de espera para que tudo seja resolvido, há o problema de ter de a arranjar de qualquer maneira e há o que teria de pagar para a voltarem a montar para a enviarem para casa!
Há tanto tempo que queria cá vir e agora que estou cá, tudo parece conspirar para me impedir de ir, de ver, de continuar! É a frustração total, como se tivesse uma amiga no hospital, no momento melhor da viagem!
Hoje de manhã comprei um trolley, pus as minhas coisas dentro e fui visitar a cidade, como fazem as pessoas normais que não andam de moto. Foi a melhor coisa que pude fazer, senão teria andado por aí cheia, de sacos e saquinhos às costas! Relaxei! Ainda não sonhava que ela não ficaria a andar hoje!
Depois fiz o quilometro que separa o Hostel do stand Honda, cheia de ilusões, pegar nela, amarrar o trolley no banco de trás e partir sem mais demoras! Mas ela ainda está ligada às máquinas em coma induzido… e assim ficará até virem as peças para transplante!
Voltei ao hostel, havia lugar para mim e cá vou ficar hospedada à espera de novidades…
Espero voltar a partir terça feira…
Espero!”
Fim do 15º dia de viagem… de autocarro!
De certeza que alguns desses edifícios não são extraterrestes ????
Nem imagino se me passasse uma coisa dessas com a minha moto assim cá por fora…
Ali só tenho pena de não ter tido vontade nem disponibilidade mental para visitar alguns daqueles edificios muito loucos! Pois são espectaculares por dentro!
Terá de ficar para a proxima visita à Escócia!
Oi Gracinda,
Sou do Brasil e achei muito legal o seu post sobre Glasgow. Vai me ajudar bastante em minha viagem.
Um beijo
Olá!
Ainda bem que serviu de ajuda!
Se continuar lendo os seguintes falam sobre aqueles dias por aqueles lados!
Boa viagem para si!
Beijos