“Já fiz de tudo!
Já dei voltas à cidade…
Já dei voltas a Edimburgo…
Hoje fui dar mais voltas às highlands, foi muito giro, pude falar com as pessoas que iam comigo, pude conhecer o condutor do furgão, brincar e rir… mas tinha sido tão mais bonito de moto!
Estou cansada de esperar, da incerteza sobre como vai ser o fim da história, da prisão em que estou!
De repente compreendo onde reside a minha independência! Ela está na capacidade que tenho de sair por onde quero, estar se me apetece, não ir se assim me dispuser!
Essas minhas asas que são rodas, ou rodas que são asas é que me dão esta dimensão que tenho e sinto quando saio do meu canto pelo mundo fora!
É o que vejo sim, o que me faz andar por aí em viagem, mas é também o que eu sou quando estou em viagem o que me faz vir e eu sou o que sou com a minha moto ao meu lado, sem ela tudo perde piada… de tal maneira que apenas aqui estou porque há a hipótese de ela voltar a andar, porque se tivesse de continuar noutro meio de transporte, já teria voltado para casa!
Nunca esperei um dia com tanta ansiedade e apreensão como tenho esperado o dia de amanhã…
Que não seja uma espera em vão…”
23 de Agosto de 2011
E o dia chegou!
A minha Magnífica só estaria pronta da parte da tarde… esse “da parte da tarde” podia ser apenas à 7.00 horas, por isso fui perguntando na recepção do hostel se haveria lugar para mim por mais uma noite. Havia sim… “provavelmente vou precisar dele!”
Aproveitei a manhã para acabar o meu relatório de auto-avaliação, para mandar para cá por mail para que o meu moçoilo o entregasse na minha escola. Ocupei boa parte da manhã concentrada nesse trabalho o que ajudou a passar o tempo e controlar a ansiedade.
Almocei no bar e tirei-lhe a única foto, depois de tantas horas lá passadas naqueles dias!
E claro que acabei por ir cedo demais ver como estava a minha motita querida!
Estava toda despida!
Comecei a mentalizar-me para o facto de ir ficar sem ela mais uma noite…
Fui-me sentar no stand, ler o jornal motard que saira naquele dia, conversar um pouco.
Estava surpreendentemente calma e resignada! É sempre assim, depois do primeiro impacto nenhum outro tem mais o mesmo efeito, felizmente!
Então de repente vejo-a passar lá fora, toda despida, parecia uma naked, mas lá ia toda catita!
Então quando já estava mentalizada para ficar sem moto mais um dia, ela foi-me entregue!
Eram 2.00h e eu não sabia o que fazer com ela, de tal maneira me convencera de que não a teria!
Também não perdi muito tempo a pensar, amarrei-lhe o trolley no assento e fiz-me à estrada, pelo caminho alguma ideia me viria à mente!
A sensação de liberdade era tal, que parecia que não conduzia há meses, sentia-me eufórica!
Não sabia em que direcção estava a ir, nem em que direcção queria ir, apenas sabia que queria ir e pronto! Não tinha dormida marcada para aquele dia, por isso qualquer direcção podia ser seguida.
De repente um nome veio à minha cabeça: Glencoe
E foi para lá que fui!
E passei por lagos lindíssimos, onde me apeteceu ficar, fotografar e desenhar…
E fui-me aproximando…
Glencoe é considerado frequentemente o recanto mais bonito da Escócia! É um imenso vale longo (que é o que quer dizer Glen) ladeado pelas montanhas mais surpreendentes que se possa imaginar!
Quando se fala em “terras altas” pode-se ter a ideia de que aquilo fica a grande altitude, mas não fica! Na realidade rolamos frequentemente apenas a 200 ou 300 metros de altitude. O que é surpreendente são as diferenças de declive que se podem observar ali!
A dimensão de cada monte é descomunal, alguns não cabiam na objectiva da minha máquina!
Pode-se ver pelas casinhas minúsculas nas fotos!
O silêncio daquela imensidão pode-se sentir um pouco nas fotos, não?
O dia do regresso à estrada foi maravilhoso! A sensação nunca sairá da minha memória, as minhas rodas voltavam a fazer-me voar!
Fim do 18º dia… de novo com a minha Magnífica!
Só me resta dizer bem vinda Magnifica!
Fotos lindas!! 🙂
Foi tão bom voltar à estrada depois de 5 dias sem a minha motita!