2010 – Volta à Peninsula Ibérica

Viajar, passear, ver países, cidades ou lugares diferentes é um vicio que se contrai e é difícil superar… Esta minha vontade de partir a qualquer hora é uma situação não resolvida dentro de mim e que tento apenas satisfazer, sempre que possível, já que a cura ainda não é conhecida (nem interessa!!)!

A Páscoa é sempre um período curto de pausa no trabalho, mas longo o suficiente para que eu não pare de trabalhar e me continue a esgotar, como fiz grande parte da minha vida, até constatar que não sou mais feliz por trabalhar mais, nem sequer por ganhar mais um dinheiro extra com esse trabalho… de que me serve o dinheiro se eu não fizer com ele o que mais gosto?!

Espanha, aqui tão perto, acaba por ser sempre o primeiro destino quando não há muito tempo para ir mais longe e quando o nosso país já foi protagonista por anos a fio! Assim, desta vez, veio-me à memória a ideia já muito velha de dar a volta à Península Ibérica! Yeessss! Um projecto que acompanhou todas as minhas motas mas que eu nunca realizei na sua totalidade, demorou a realizar-se mas foi desta!

Tanto planeei e pensei, que acabei por não resistir e partir o mais cedo possível! 31 de Março, depois de uma manhã de reuniões, a mota à porta com a bagagem já pronta, foi só arrancar! Não queria rever coisas demais nesta viagem por isso evitei Vigo e Corunha, saí do pais por Chaves e, depois de muita chuva, frio, vento e até granizo, (só faltou mesmo nevar!) a primeira cidade que visitei, porque não conhecia foi Ourense!

Uma cidade pitoresca, com a sua praça maior muito gira e a sua catedral bem interessante construída e reconstruída, na sua base românica, tem pormenores que lembram a de Santiago de Compostela, sobretudo o Pórtico de entrada.

Estranhamente aqui fizeram muito espanto por eu vir de longe de mota!!!! Longe?! Com o que eu ainda ia fazer?

Depois segui para Santiago de Compostela. O tempo continuava bastante frio e chuvoso, houve momentos em que eu me questionei se valeria a pena continuar com tão mau tempo!

Aquela catedral é imponente e foi reconfortante passear-me por ali, mesmo com o frio e a humidade no ar.

Havia gente muito encasacada por ali, mesmo tarde da noite, e eu não fugia ao conjunto, sempre com o blusão todo apertado, com a cinta posta, pois aconchegava bastante, chapéu, luvas e cachecol! Aquilo era mesmo frio por ali!

1 de Abril de 2010

De manhã as coisas parecem sempre bem mais animadoras! Embora o frio fosse o mesmo…

Desta vez levei a minha motita mesmo até à catedral, afinal ela nunca a tinha visto!

Mesmo com a chuva e o frio, aqueles espanhóis teimam em lavar as ruas!

As paisagens que fui encontrando eram bonitas, com névoas misteriosas e tal, mas o frio queria-me matar! Tanto quilómetro com 2 graus é para testar a resistência da gente! Foram quase 400 km de frio!

Então cheguei ao Lugo. Mais uma cidade bem pitoresca, por aqui por cima as cidades assemelham-se todas um pouco, como acontece com as do sul. Adorei a cidade e até comecei a esquecer o frio!

Lá fui caminhando pela cidade antiga e pelas muralhas para me aquecer um pouco. Funcionou!

E continuei o meu caminho, mais quentinha e animada, fui encontrando aldeias tão curiosas que me perdi em fotos e mais fotos

Como esta igreja de Meira, Românica do sec XII e um dos exemplares mais importantes da Espanha neste estilo, linda!

Então sempre chegou o sol e um pouco mais de calor! Já estava a tardar!

Passei em Oviedo e, mais uma vez levei a minha motita a ver a catedral! É que ela já lá tinha estado no ano passado mas não a tinha visto!

Passeei-me um pouco por todo o lado, tinha de aproveita o sol e o calorzinho!

Depois segui pelos baixos montes dos Picos de Europa, em vez de seguir pela marginal. A montanha continua a atrair-me bem mais que a praia!

Tinha andado por ali com o GAPE em 2008 e aproveitei para ver se estava tudo no mesmo lugar.

E depois, claro, a Catedral Santa Maria La Real de Covadonga, uma construção relativamente recente (1877) mas de um estilo bem próprio e um exemplar digno de se visitar!

Estava por ali gente e carros demais, era uma verdadeira romaria! Ainda me passeei um pouco no meio da multidão, depois continuei o meu caminho, afinal eu não queria ver muita coisa que já tivesse visto!

E passear por aqueles montes e aquelas curvas é sempre um paraíso!

Depois, por ali nem sequer estava frio! Finalmente!

Cheguei a Santander ao anoitecer, só queria comer e não me apeteceu tirar fotografias!
Às vezes acontece-me!

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2 de Abril de 2010

No dia seguinte a boa disposição tomou conta do dia! Estava sol e o frio já ia longe. Santander estava radiosa com uma luminosidade inspiradora!

Dei por ali umas voltas em “tom” de passeio bem agradáveis.

A catedral muito interessante mas, sem dúvida, a igreja que se situa por baixo é bem mais curiosa! A Igreja del Santíssimo Cristo foi uma surpresa para mim, baixa e de grossas e robustas colunas, fez-me lembrar uma catedral anã, espantosa!

A grossura das colunas deve-se ao facto de elas suportarem a igreja em baixo e a catedral em cima!

Não se podiam tirar fotos lá dentro mas eu “roubei” uma por isso ficou meio desfocada, não deu para focar melhor às escondidas!

Curioso passear junto à praia com os Picos da Europa cheios de neve lá ao fundo! Muito bonito.

E a minha motita, que já estava a sofrer de humidade nos sovacos, pode finalmente espraiar-se ao sol!

E segui viagem, para trás, pois queria ir a Santillana del Mar.

Valeu a pena a visita mas estava demasiada gente por lá… uf que seca!

Muito bonita a vilazinha medieval, muito bem conservada e repleta de exemplares arquitectónicos belíssimos, como a Colegiata de Santa Juliana românica!

Apelidada de ser o “pueblo” mais belo de Espanha, não desilude ninguém nesse sentido.

Ali mesmo pertinho ficam as cavernas Altamira, descobertas em 1879, contêm o primeiro conjunto pictórico pré-histórico de grande extensão descoberto. Já não estão abertas ao público para preservação do seu interior, mas eu tinha pago qualquer quantia para as ver… [:(]

A seguir passei em Santoña com os seus recantos em frente ao mar e o forte lá na berma.

Dizem que a curiosidade matou o gato, mas foi a pura curiosidade que me levou até uma terra que li no mapa, e fui lá apenas pelo nome curioso: Portugalete!

Na net, Portugalete aparece como contendo uma ponte única e extraordinária, a mim pareceu-me mais uma ponte bizarra e sem utilidade visível… até a ver e a “atravessar”

Olhando para esta ponte quem é que adivinha como ela funciona?

Sobem-se escadas para a atravessar por cima? Como os viadutos das auto-estradas para passagem de peões? Absurdo não?

Nada disso! Há um pêndulo que transporta pessoas e carros de um lado para o outro!

Lá vai ele! Este tipo de ponte permite que passem por baixo dela navios imensos sem ter de abrir, basta manter o pêndulo de um dos lados!

Esta ponte a Puente Biscaye mais conhecida por Puente Colgante, é considerada uma obra de arte em engenharia e tem mais de 100 anos (1888) é o transbordador mais antigo do mundo e é Património da Humanidade!

Claro que fui logo buscar a minha menina para a atravessarmos as duas! Ela pagou 0,65€ e eu 0,30€

Aquilo é mesmo giro, funciona como um teleférico na horizontal, desliza sobre as aguas que até apetece ir e voltar, para cá e para lá!

E lá segui, bastante relutante pois apetecia-me mesmo ficar ali a brincar…, para Bilbao, mesmo ali ao lado.

O Museu Guggenheim Bilbao, um dos locais mais visitados da Espanha e eu, que não sou excepção, lá fui de novo ver o que havia por lá, mas acabei por tirar as fotos da praxe se seguir caminho.

A minha capacidade de visitar museus em viagem tem de ser bem gerida ou deixo de conseguir absorver o que vejo…

Que bem que a minha motita fica com estes monumentos a servir-lhe de cenário!

Depois, como já tinha estado em San Sebastian no verão passado, desci para Vitória, onde já não ia há uns 4 anos.

Fartei-me de andar por lá em contramão!

E fui dormir a Pamplona, com a sua cidadela bem no meio.

Esta cidadela não fazia parte do meu trabalho de casa mas o meu Patrick levou-me lá e eu gostei!

Várias pontes atravessam o rio, bem interessantes

Gostei bastante da cidade, embora parte dela estivesse pilhada de gente por causa das procissões da semana santa, é que afinal era Sexta-feira santa!

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3 de Abril de 2010

Pamplona estava mais calma de manhã, depois de uma noite de procissões acompanhadas de lágrimas e lamentos.
Em Espanha vive-se muito sentidamente a semana santa e, especialmente, a sexta-feira santa é qualquer coisa de profundo a viver-se por ali.

Até domingo de Páscoa as ruas estão sempre meio fechadas, circula-se com algumas restrições, mas de manhã dá sempre para “furar” algumas barreiras.

O tempo não estava frio, por isso decidi seguir pela base dos Pirenéus, não queria ir por Zaragoza como me indicava o GPS, pois tinha lá estado em Agosto passado, e fiz muito bem!

A temperatura não foi abaixo dos 12 graus e, embora o céu estivesse grande parte do tempo cinzento, a paisagem era muito interessante e diferente mesmo do que eu tinha imaginado!

E cheguei a Jaca, uma cidade a uma altitude interessante, o meu Patrick (GPS) indicava mais de 800metros.

Fica pertinho da fronteira de França, no coração dos Pirenéus, com a sua cidadela, semelhante à de Pamplona, em forma de estrela de cinco pontas, faz lembrar a nossa de Almeida, (só que a nossa é mais recente um século e é de 12 pontas.)

A sua catedral foi a primeira catedral românica de Espanha (século XI), talvez por isso seja tão fora do comum!

Por ser uma cidade fronteiriça desenvolveu características defensivas que ainda se notam no seu “casco” antigo e cidadela.

Depois tinham umas “bugigangas” de comer com um aspecto delicioso! E eram mesmo! Fui comer! Que bem que soube…

Os Pirenéus são simpáticos vistos de perto, mas eu estava com receio da neve… só a vi de longe.

E cheguei a Huesca.

A Catedral da Transfiguração do Senhor ou de Santa María de Huesca é gótica (sec XII) e muito interessante! Cada Catedral que vejo é uma surpresa porque tem sempre algo de surpreendente em relação a outras que já vi, nem que sejam do mesmo estilo!

Uma cidade calma onde ninguém me chateou comigo por eu me passear, mais a mina motita, por ruas interditas ao trânsito! 😀

Depois passei numa terra que se chamava Fraga e que tinha um castelinho lá no topo. Gira.

E cruzei-me com a placa que fez sensação cá dentro!
É quase me perdi do meu caminho para a seguir! O vale de Arãn…
Mas esse será um dos meus destinos em Agosto, não agora… por isso tive de ignorar e seguir…

E cheguei a Lleida, com a sua Sé velha linda! De raiz românica tem já coberturas góticas em ogiva, é um belo exemplar de transição entre os dois estilos.

Todo o recinto envolvente e a própria catedral foram usados como base militar por volta de 1700 e esteve para ser destruída pelo cunho militar e defensivo que assumira, mas salvou-se.

Cá está ela imponente!

E cheguei a Barcelona quase me esbarrando com o grande “pirilau”!

Barcelona, a cidade da motas, de scooters e das fila para ver tudo, até o sol passar no céu!

Arranjar uma nesga de espaço para estacionar a mina menina foi obra, cada vez que quis parar! Conseguem vê-la ali no meio? Este foi um estacionamento até bem “arejado” junto da catedral depois de tantos onde as motas se encostavam literalmente umas à outras!

E fui ver a Catedral de la Santa Cruz e Santa Eulalia (Sta Elalia é a patrona da arquidiocese de Barcelona) embora seja gótica (sec XII) a fachada é neo-gótica, isto é, uns 6 ou 7 séculos mais recente.

Muito bonita apesar de estar em obras de recuperação.

Depois fui “catar” o bairro gótico, com todo aquele emaranhado de ruínhas bem estreitinhas, as construções góticas bem conservadas e visíveis a qualquer momento em qualquer lado!

O famosíssimo balcão ou passagem superior à moda antiga, as ruas cheias de gente o tempo todo.

As ruas estreitas que era preciso o povo encostar-se à parede para a minha motita passar.

Pormenores bonitos da zona mais bonita da cidade…

E quem disse que as ruínhas do Porto são estreitinhas… nunca foi a Barcelona!

E quando eu já andava a explorar a zona há um bom pedaço, mais a minha motita, encontrei um sinal curioso, que me fez estacionar a menina e seguir a pé! E foi aí que eu me vi e desejei para a encontrar depois…

Isto é que é uma menina das bolas grandes! Eheheh

Lá acabamos por nos encontrar, eu e a minha motita e voltar para a civilização, junto à catedral, antes que o Patrick se passasse da cabeça de tanto “recalculando” no interior do bairro gótico onde o sinal do satélite quase nunca chegava! Não sei como é que ele atinou em encontrar a mota lá dentro…

Depois ainda dei uma voltinha a pé, com aquele povo todo como companhia.

E fui-me encher de comida! Eheheheh que aspecto óptimo aquilo tinha!

Um americano simpático tirou-me uma foto, só para eu ter a certeza que também fui nesta viagem, em que eu, como sempre, não apareço nas fotos!

E passei de novo na catedral ao seguir para casa. Xixi cama!

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A previsão era ficar 3 dias em Barcelona para ver museus e coisas afim, pois das vezes que lá fui ou não tive tempo ou fui com pessoas que não queriam ver. Correu um bocado fora do previsto porque nunca tinha visto aquela cidade com tanto povo! Em Agosto está muito menos gente!

Mesmo assim ainda consegui ver boa parte do que queria!

Tirei o rabo da cama cedo (não muito pois aquilo abre às 10h) e fui ver a Fundação Miró. Um artista que admiro muito pela sua visão livre de preconceitos técnicos e artísticos que ainda hoje é admirável e por vezes rara!

O curioso de andar por ali a ver as suas obras é que ele próprio as doou, aquilo foi construído quando ele ainda era vivo!

Lá dentro não se podem tirar fotos (curioso que no Louvre pode-se fotografar tudo e ali não!). Quando saí a fila era já bem longa!

Depois fui ao Museu Nacional d’Art de Catalunya, imponente!

Lá de cima a paisagem é espantosa!

E… espanto! Aqui tudo se pode fotografar! As coisas do Gaudi, ele tem mobiliário espantoso!

Até as obras que não podem ser fotografadas nos museus que os emprestaram! Como as obras de Miró!

O museu é muito bonito como construção em si, foi construído para a Exposição universal de 1929 e é o Palau nacional.

Contem uma das melhores colecções de pintura Românica do mundo, em frescos recolhidos de igrejas dos Pirenéus, algo digno de se ver!

Estas pintura foram compradas e retiradas dos locais, antes que se degradassem completamente, e colocadas em espaços construídos especialmente à sua dimensão, no museu, para se manterem com a configuração inicial, mas em segurança.

Tem ainda uma espécie de arena interior surpreendente! Ouvir aquele órgão lá ao fundo deve ser um espanto num espaço destes!

Mesmo ali ao lado fica o espaço olímpico, onde se realizaram os Jogos Olímpicos de 1992 os 25º, que tem o seu interesse visitar!

A tocha olímpica.

Barcelona vista lá de cima! Se se olhar com atenção pode-se distinguir a Sagrada Família lá no meio!

A zona portuária

Depois fui toda contente continuar a minha ronda cultural, mas a coisa estava ruim à porta do Museu Picasso!.. para estacionar a mota foi um 31… lá a estacionei junto ao mercado bem bonito por sinal, mas a visita? Nem pensar era mesmo muita gente demais para eu me pôr à espera! Era a rua cheia de gente!

(Fachada da Natividade)

Fui dar uma vista de olhos à obras de sagrada Família, não entrei porque estive lá há 2 anos e só tenciono voltar a entrar daqui a uns 3 ou 4 anos quando se notar mais a evolução da obra. Parece que só estará pronta em 2026, por isso ainda há muito tempo para acompanhar as etapas!

(Fachada da Paixão)

É uma catedral que me provoca sempre uma grande sensação… já agora o seu nome completo é: Templo Expiatório da Sagrada Família.

Depois amuei porque estava tudo cheio de gente por todos os lados e eu não conseguia ver nada sem me por em filas enormes, por isso pus-me a andar para Montserrat, um monte todo às “maminhas” que já me andava a interessar há tempos.

O monte tinha um chapéu de nuvem em cima e a chuva não se fez esperar, o que provocou imagens extraordinárias da paisagem vista lá de cima!

Lá ao fundo viam-se os Pirenéus cobertos de neve e de sol! Até se confundiam com o céu! Essa imagem ficou-me na memória e comecei a ponderar a hipóteses de lá ir!

Foi uma pequena viagem ao monte muito bonita mesmo com chuva!

O mosteiro é Beneditino e a grande atracção é a virgem negra ou morena como eles lhe chamam. Está encrostado nas pedras que parece maminhas! Muito curioso.

Lá dentro rezava-se e cumpriam-se promessas.

Aquele monte fascinou-me!


É visível a grande distância, surpreendente!

Depois voltei para a guerra dos monumentos! Ainda não foi desta que visitei a Casa Milá, mas paciência, ficará para uma próxima… espero!

A casa Batló, que tinha estado cheia de gente, estava já fechada…

Foi só dar uma vista de olhos pelo exterior já que por dentro só com muuuuito tempo e paciência para esperar.

Que linda que a minha motita é num enquadramento destes, heim?

Disse boa noite aquilo tudo e fui nanar!

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5 de Abril de 2010

Voltei a sair da cama suficientemente cedo para ir visitar o Museu Picasso, já que no dia anterior nem se podia entra na rua com tanto povo na fila e, para minha surpresa, já lá estavam uns quantos madrugadores (não muito pois ali tudo abre à 10h)

Ainda demorei um bocado a entrar, primeiro porque faltavam uns 20mn para as 10 e segundo porque já tinha uma pequena multidão na frente.

Mais uma vez não se podem tirar fotos lá dentro e… desilusão! Não fiz bem o trabalho de casa e a grande obra que eu tanto queria ver não está lá! Estava tão convencida que lá estava que nem me questionei!

Queria ver a “Guernica” uma das obras mais emblemáticas do grande mestre e só lá é que percebi que ela está em Madrid no Museu Rainha Sofia… por isso, de castigo vou ter de voltar a Madrid, especialmente para a ver…

O palácio onde está instalado o museu é muito bonito e o museu conta, entre outras, com uma colecção muito interessante de obras de estudo sobre d’ “As meninas” de Velasques, para quem não estiver muito dentro do assunto pode ver. No local um pequeno filme em que mostra a lógica dos estudos presentes. Gostei muito!

As manhãs no bairro gótico são bem mais calmas que as noites, mas a verdadeira multidão estava no Parc Güell de Gaudi! Aquilo parecia a aldeia dos macacos!

As pessoas agarravam-se às esculturas para tirar fotos, sentavam-se por todo o lado, empurravam-se, gritavam e não andavam, simplesmente ficavam ali a olhar e a tirar fotos umas às outras, pois parece que ninguém sabe ou quer tirar fotos ao que está lá para se ver sem pôr alguém na frente!

O parque é espantoso, foi inaugurado em 1922, mas eu pus-me a andar rapidamente pois aquele povo todo estava a dar-me cabo da paciência…

Amuei de novo e desta vez pirei-me para os Pirenéus!

E que bem me fez voltar a ver estrada livre, montes e vales de paz e sossego!

É por isso que eu quero “catar” bem aquela cordilheira no Verão, de ponta a ponta!…

Que bem me fez ver a neve!

Fui a Andorra comprar um GPS igual ao meu Patrick para um amigo a quem roubaram o Garmin 550 (Aquele igual ao que eu perdi…)

E fui ver a neve de perto! Que bom que foi andar por ali, não estava frio e aquela neve toda fez-me mesmo ter vontade de skiar um pouco…

Aquilo ali é lindo em verde, mas em branco é mágico!

Estávamos a 2.400 metros de altitude, mas chegamos mais alto!

Eu devo ser filha de um pinguim porque adoro estes ambiente e paisagens!

E à medida que regressava a neve era menos e a piada também!

Demorei “a vida toda” a chegar a Barcelona, pois o prazer de conduzir era bem maior que a vontade de me enfiar no meio do povo e da confusão!

Não tirei mais fotos naquele dia, tudo o que eu queria era seguir viagem e ver outras paragens menos povoadas…

6 de Abril de 2010

E no dia seguinte parti toda contente para Tarragona! Mais uma cidade património Mundial, linda!

Acumula vestígios desde o tempo dos romanos.

A catedral é muito interessante e é de transição entre o românico e o gótico.

As ruinhas são do género “arrumem-se para eu passar”

Ali perto fica a Pont de Diable, que não é uma ponte e sim um aqueduto, da época de Trajano, construído portanto pelos romanos para levar água até à cidade.

Depois fui dar uma vista de olhos ao porto.

E tem coisas bem pitorescas, como este farol que parece portátil!

E segui para Valência, uma cidade surpreendente! Adorei-a, melhor dizendo!

Estas são as Torres de Serranos ou Puerta de Serranos, uma das portas das muralhas que dizem que eram 12!!

A catedral, que tem uma torre que eu subi… asneira, pois depois de 4.000km é lixado ficar com os músculos das pernas a doer! No dia seguinte não ia conseguir levantar-me na mota para relaxar músculos ou costas!

Pelo menos lá de cima a paisagem tinha a sua piada!

Se por um lado a Catedral, na sua base é gótica, por outro podem encontrar-se elementos românicos e até barrocos! Isto é, tem vestígios de 9 ou 10 séculos de intervenções arquitectónicas e decorativas!

E resulta numa mistura curiosa!

Depois por ali não falta o que ver!

E fui dar à outra porta as Torres de Quart medievais, como as primeiras e muito interessantes!

O leito do rio foi transformado num imenso parque/jardim, onde as pessoas se podem passear e praticar desportos ou caminhar, num ambiente muito interessante e relaxante!

Com uma série de pontes a decorar o ambiente.

E fui para “casa” tratar de comer e descansar.

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7 de Abril de 2010

Valência é muito bonita, uma das informações que eu tinha (do meu trabalho de casa) é que o mercado é um edifício muito bonito e que o interior está recheado de coisas boas e bonitas. A gente questiona-se o que são coisas bonitas num mercado, até entrar naquele!

O Mercado Central de Valência de estilo modernista (1900 e pouco) muito bonito como construção.

Simplesmente lindo!

O edifício e as bancadas! Frutas, legumes, peixes, tudo é apresentado de uma maneira simplesmente linda e apetitosa!

Depois, mesmo em frente fica o edifício que eu tanto queria visitar, só estava à espera que abrisse… sempre às 10h!

La Lonja de Valencia ou La Lonja de la Seda, como o meu Patrick conhecia, dizem que é talvez a maior jóia gótica civil espanhola, e foi construída no final do século XV.

É tão ou mais bonita do que prometem as publicidades na net! Simplesmente espectacular!

Lindo!

Depois de muito dar ao dedo por ali, apetece mesmo fotografar aquele edifício de todos os ângulos, é que eu nunca tinha visto nenhum do género! lá segui para Cuenca, o principal motivo que me fez ficar 2 noites em Valência.

Cuenca é uma terra deliciosa! Percorri por ali uma infinidade de quilómetros em voltas e mais voltas, antes de começar a caminhar pela cidade.

É uma cidade lá nas alturas chamam-lhe mesmo «a cidade alta» ou «cidade das Casas Suspensas», fica mesmo lá nas alturas, nos desfiladeiros dos rios Júcar e Huécar

Com a suas Casas Colgadas, literalmente penduradas, que é o que quer dizer o seu nome.

Mas toda a paisagem por ali é curiosa!

E não há apenas casas em cima e nas bordas dos montes! Também há montes em cima e nas bordas das casas!

E tem uma catedral gótica interessante por fora, porque por dentro o homem não me deixou ver! Ía fechar dali a 15 minutos por isso não dava tempo para eu a ver a tempo de ele sair para comer… mesmo besta! Eram 12.45h isto é, aquela personagem tinha medo de não ter 3 horas para comer!

– “volte à 16h quando reabre”

“às 16h? Estarei longe daqui e de gente estúpida como o senhor!”

A zona envolvente da catedral é simpática, se nos passearmos por ali a pé chegamos facilmente às famosas casas colgadas.

São casas do século XV, já foram muitas mais, agora existem estas que são restaurantes.

E tem uma ponte para peões memo ali à beira, o que permite ve-las de frente e fotografa-las decentemente.

E é muito bonito passear por ali, em cada curva da estrada se depara com um espectáculo grandioso da natureza!

Depois foi o regresso a Valência e estava tanto vento que a mota era levada a cada rajada… esgotei-me e saí da estrada! 100km daquilo é desgastante! Saí em Requena e segui o GPS por montes e vales, onde o vento quase não se fazia sentir…

Muito bonito também, não me arrependi nada de seguir o Patrick por reservas de caça!

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8 de Abril de 1020

Depois de um serão numa esplanada a ouvir musica ao vivo e a beber um copo, a noite soube bem. No dia seguinte parti de novo pela marginal, em passo de passeio, estava sol e apetecia passear… não fossem os carros em filas por todos os lados…

A paisagem é interessante por aqueles lados.

Entre montes e praias!

Não achei a menor graça a Benidorm e, para piorar a situação, fui mal recebida numa estação de serviço, Galp, onde me obrigaram cheios de arrogância a pagar antecipadamente. Do tipo “aqui é assim, paga-se antes” fiquei furiosa com os modos do “paga ou vai embora sem gasolina”

“então pague-se aí de 40 €” apresento o cartão

“40? E a mota leva tanta gasolina?!”

“não sei!! O senhor sabe?” “não!!!” “então faça o que lhe digo, pague-se de 40€ e depois dá-me o troco!”

Muito relutante lá se pagou, a mota logicamente só levou 22€… eheheh

Fica prometido, da próxima vez que me obriguem a pagar antes vou querer pagar 50 ou 100€! Depois quero o troco!

Já de Alicante gostei bastante, andei a passear pelo Monte Benacantil e pelo castelo de Santa Bárbara, que tem um elevador no meio que fura todo o monte na vertical e nos traz cá abaixo num instante, ao nível das praias! Giro!

Lá de cima a paisagem é bastante bonita!

Fiz amigas lá em cima! Estas “personagens” quase se deixam agarrar! Que coisa estranha, não aprecem ter o menor medo da gente, ou seria só de mim?!!

Comi numa esplanada simpática e seguir para Múrcia

Com a sua catedral (mais uma!) uma mistura de estilos arquitectónicos que conjuga desde o gótico ao renascentista e neo-clássico sem esquecer um barroco ali pelo meio! Uma espécie de puzzle arquitectónico que atravessou vários séculos!

Cá está o puzzle completo!

Depois fui até Cartagena, uma terra que não conhecia e que também é bem interessante.

Curioso que herdou o seu nome de Cartago! Cartagena deriva de Nova-Cartago em latim!

Com o seu anfiteatro Romano que foi descoberto por acaso em 1987 e desde essa época recente tem vindo a ser estudado, por isso o ar ainda pouco definitivo da sua envolvência.

Está rodeado de ruínas interessantes.

Obras bem mais recentes se encontram por lá bem giras!

Depois parti para Granada onde iria dormir. A Sierra Nevada começou a fascinar-me quilómetros antes de lá chegar, deslumbrante!

Gostei muito da envolvência de Granada, será uma zona a revisitar!

A catedral é renascentista lá pelo sec XVI, pelos vistos um bom exemplar do renascimento espanhol, por isso não é muito parecida com nada… (que maldade a minha!)

Granada é uma trapalhada para se circular! Temos de sair de ruas principais por quelhos do Casco Antigo, para voltar mais à frente a entrar na mesma rua principal, porque esta tem zonas só para autocarros

O pior é que esses quelhos por vezes têm um piso que parece encerado!

9 de Abril de 2010

No dia seguinte fui a Alhambra como manda a tradição, e aquilo é bonito!

Um complexo palaciano a revisitar com mais tempo mais tarde, pois os interiores merecem toda a calma e atenção!

A paisagem lá de cima é muito interessante

Temos uma Granada aos pés!

Para cima temos a Sierra Nevada! Que eu não pude deixar de visitar!

Ali esquiava-se mas eu já não teria “pedal” para o fazer, afinal leva uns milhares de quilómetros no corpo e começavam a sentir-se!

A magnifica montanha, com ou sem neve!

E os pueblos, que parecem casinhas de brincar nas bordas dos montes!

Lá cheguei a Cordoba, com os seus vestígios romanos

As suas ruinhas lindas

E as suas obras malditas que não me deixavam chegar à catedral: a Mesquita Catedral, simplesmente ESPANTOSA!

Com a sua selva de colunas, uma infinidade delas!

Data do sec X como mesquita e passa a catedral no sec XIII e o resultado é uma fusão espantosa entre a cultura e arquitectura islâmica e cristã!

Não me apetecia sair daquele espaço gigantesco cheio de colunas, sombra e mistérios..

Quando, no meio daquela beleza surpreendente, provocada por aquela floresta de colunas, aparece a “zona” cristã, a dita parte cristã… e parece tão fora do ambiente, tão “o que é isto aqui?”…

Lá estão finalmente os elementos mais característicos das nossas coisas de igreja…

Cá fora tudo é bonito de se ver! Vários pátios andaluzes, lindíssimos, por exemplo!

E as ruinhas giras…

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10 de Abril de 2010

Os últimos dias desta viagem foram com os amigos!
Depois de tanto tempo sem falar português acho que “melguei” um bocado as pessoas… eu falo muito quando volto de viagem! :I :I :I

É curiosa a sensação de ter companhia depois de tantos quilómetros sozinha!

E a minha motita também teve boa companhia! Faz-lhe bem “conviver” com outras motitas!

Amigos que tiveram a gentileza de me receberem e que acompanhei num passeio muito simpático que passou pelo Buddha Eden – O jardim da Paz, que andava há tempos para visitar!

Relaxante!

Grupinho simpático! 😉

E eu finalmente apareço em algumas fotos! Quanto não vale ter amigos por perto! eheheh

E fui conhecer, finalmente, o Cabo da Roca!

11 de Abril de 2010

Depois foi o Dia do Motociclista!

Com gente conhecida! É sempre giro encontrar uma menina de mota!

E cada vez éramos mais motas!

Com o GAPE por perto a minha motita nunca se sente solitária, muito menos única!

Então ao chegar ao recinto da celebração ficou simplesmente invisível!

Alguém me disse recentemente muito surpreendido que não viu a minha mota lá! Estranho seria conseguir vê-la, não?

A bandeira mais gira que lá estava…

Então cansei-me de motas e de gente e de tanta confusão! Depois de um “retiro estradista solitário” só me apetecia sair da confusão e voltar para casa!

O meu percurso total:

E voltei para casa sem parar em mais lado nenhum, depois de:

• 7.000km

• 3.000 fotos

• 750€

• 11,5 dias de prazer!

O que me faltou?
Tempo para ver mais umas coisas que já estão em agenda…

O que sobrou?
Bons quilómetros de estrada, óptimas paisagens e deliciosas refeições…

O que valeu a pena?
Tudo, até os banhos de multidão que, se por um lado aborrecem qualquer um, por outro fazem a gente sentir-se viva e acompanhada!

O que teria dispensado?
O frio estúpido que se fez sentir na Galiza e quase me fez arrepender de ter saído de casa!

O que me apetece dizer ainda?
… nunca mais é Agosto!

Beijucas e até uma próxima crónica!

FIM

7 thoughts on “2010 – Volta à Peninsula Ibérica

    • Obrigada!
      É uma viagem cheia de diferentes possibilidades de percursos e sempre bonita!
      Se for feita no inverno ou em epoca fria, eu sugiro que se faça como eu fiz: de cima para baixo, para se começar no mais frio e se acabar no mais quente! É mais animador!
      Beijucas

  1. Olá Gracinda. 🙂
    Excelente volta que fizeste pela Península Ibérica.
    Existe pormenores que me fascinaram de alguns sítios por onde passaste. As catedrais, os monumentos, os museus, as montanhas e sua beleza, etc… Simplesmente adorei!!
    Algumas expressões tuas no relato da crónica estão fixes. O que mais achei “castiço”, foi quando disseste que devias ser filha de algum pinguim. ehehehe 😉
    Por fim terminas esta viagem em muito boa companhia o que é sempre excelente.
    O Video está bem conseguido e música de fundo a condizer. Fiquei “fã” das músicas dos “Lake of Tears” através dos teus vídeos que apresentas as tuas voltas. Obrigada

    Continua com esta força e vontade de Ir…
    Que a vida te proporciona muitas e boas viagens por esse mundo fora e por muitos anos.
    Beijinho Simone

    • Obrigada Simone!

      A Espanha é um país que me fascina!
      Costumo dizer que já que temos o azar de ficar na ponta da Europa, ao menos temos a sorte do país a seguir ao nosso ser lindo! Senão seria uma seca ter de o atravessar para se ver algo de jeito!
      Eu sei que há quem pense que atravessar a Espanha é a maior seca, mas isso é quem tem pressa de chegar a outros destinos e aí, qualquer país que esteja entre nós e o nosso destino, será uma seca!
      Espanha será sempre uma fonte inesgotável de história, paisagem, cultura e deserto também, e eu adoro-a!

  2. Antes de mais começo por dizer que são as únicas crónicas de viagem que tenho paciência para ver, pois a qualidade e empenho são excelentes, muito devido ao gosto e prazer da sua autora. Acrescento que a vontade e coragem são sempre exemplos para qualquer um, ainda mais para motards que se dedicam ao mototurismo.

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