Londres até Brighton passando por Eastbourne
12 de Agosto de 2011
Saí bem cedinho de casa. Já que o dia acaba cedo também tem de começar cedo, o único problema é que cedo, sem sol e com nuvens, apetece é ficar em casa… mas lá fui eu para a praia!
Comecei logo por fazer bosta porque não fui a Rochester e era uma cidade que eu “tinha” de ver… fiquei meio amuada quando percebi que a deixara passar, simplesmente partira rapidamente em direcção a Canterbury e “mainada”!
O que vale é que Canterbury é uma cidade muito bonita, tem uma catedral espectacular e o céu estava negro, senão não me iria perdoar tão cedo!
OK, Rochestar ficou na agenda para próxima visita à ilha…
A dificuldade de encontrar onde parar a moto é permanente, em todas as cidades, pelo que me apercebi: ou pago parque ou dou voltas e mais voltas à procura de espaço próprio para motos!
Como sou paciente e não queria gastar as minhas ricas libras nessas coisas, (tinha de as poupar para entrar em todo o lado que queria visitar), lá ia andando de lado para lado à procura.
Perguntava a um polícia que me mandava para outro mais à frente e, com isso, fiquei a conhecer a simpatia dos agentes da autoridade: gente muito prestável, gostei!
Mais uma cidade fofa, património da humanidade!
Cheia de gente comum, misturada com turistas! Dava para ver como é a vida por lá, porque não eram só turistas nas ruas!
A porta da catedral, um dos exemplares mais importantes da era medieval em Inglaterra! Linda!
Passa-se o portal e dá-se com um jardim espaçoso e a magnífica catedral logo ali!
Esta é uma das mais antigas e mais conhecidas igrejas da era cristã, na Inglaterra e a sua origem tem cerca de 14 séculos!
É nestes momentos que eu gosto de estar sozinha e, simplesmente contemplar…
Passeei-me por ali horas, a explorar os recantos mais antigos ainda visíveis e visitáveis… a catedral espreitava por cima…
Quando saí dali “caí “ na actualidade! Ainda bem que a actualidade por ali também um bocado antiga senão seria um choque! Eheh
Sentei-me por ali a comer porcarias, que o é que se encontra para comer, e segui para Hastings.
É bastante comum encontrar nas praias os “Piers”, são uma espécie de pontões sobre o mar, onde funcionam os mais diversos entretenimentos, desde restaurantes, lojinhas de tudo, máquinas de jogo.
O de Hastings ardeu há um ano, depois de ter sido evacuado e esvaziado em 2006 por ter sido considerado inseguro… A população ficou triste e revoltada porque aquilo era histórico, tinha sido construído no século XIX e já foi o centro da animação local com bailes e festas memoráveis… não é só cá que deixam as coisas ao abandono até desaparecerem e depois andarem a ver se é possível a reconstrução!
Hoje ele está assim, abandonado e trancado a 7 chaves e tem sobre ele um grande cartaz que diz “you can save me” e um endereço a seguir para contacto e donativos…
A praia, aquela como outras, tem muros enterrados na areia grossa para que o mar não a leve. Faz um efeito curioso!
Quem gosta de correr na praia faz uma espécie de corrida de obstáculos!
Subi a colina e lá de cima a cidade tinha mais encanto!
Esta colina é histórica pois foi ali que se testaram os primeiros radares!
Há registo de que ali funcionaram moinhos de vento desde o século 14!
Um senhor aproximou-se de mim e perguntou-me se eu não achava aquilo ali lindo!
Claro que disse que sim! Perguntou-me de onde eu era, disse-lhe que era de Portugal e andava a descobrir os encantos do Reino Unido.
“Reino Unido? Que parte?” perguntou ele.
“Todo o Reino Unido!” respondi eu. Ele ficou todo entusiasmado
“Então vai às highlands?”
“Sim, depois de ver tudo até lá.”
“Fantástico, aquilo é lindo, como eu a invejo, gostava tanto de ir lá de moto!”
Pedi um café num restaurante que tem lá em cima e assustei-me com o canecão que me deram! Aquilo tinha uns 30 centilitros de água de lavar as chávenas!
Voltei à cidade para continuar o meu caminho pela praia
Todo o caminho é bonito até Eastbourne
O Pier de Eastbourne está em óptimo estado e naqueles dias havia por lá festa com direito a festival aéreo e tudo!
Não sei como é que os aviõesitos não se engadelhavam com as gaivotas!
Era uma animação naquela cidade! Acho que foi a única onde não tive qualquer problema em encontrar onde pousar a minha Magnífica!
O povo vibrava com as habilidades dos aviões!
Fiquei ali uma infinidade de tempo, eu sabia que o tempo que gastasse ali ía fazer falta a seguir, já que às 5,30h tudo fecha, mas que importava, estava tão bem no meio da animação!
Estava sol, ainda por cima! O calor é que não era muito, não vi ninguém de fato de banho, mas também com 12 e 13 graus quem se quer despir, mesmo com aquele sol?
Então lá me obriguei a seguir caminho para Brighton. Já estava a chegar a hora crítica do “tudo fechado” mas que importava, se não pudesse ver o que queria por dentro veria por fora pois é também espectacular! Recuso-me a viajar às corridas para ver tudo e foi em “passo de passeio” que lá cheguei.
Encontrei logo o que mais me atraia na cidade: o Royal Pavilion, espantoso!
Um edifício surpreendente em estilo Indo-Sarraceno do sec XIX, que foi residência real e enche os olhos a quem lá passa!
Tive tanta pena de não o poder visitar por dentro!
Mas pelo menos catei-o todo por fora!
Então, quando eu andava nas minhas explorações, eis que chega um casamento, para a sessão de fotos, que pelos vistos é como aqui, vai tudo para o local mais bonito da cidade fazer a poses mais interessantes.
O curioso é que… era tudo tão piroso que eu, e outras pessoas que passeavam pelos jardins, ficamos a olhar deliciados, com um sorriso nos lábios!
O noivo era pequenino e usava fato cinzento com gravata, lenço, sapatos e chapéu rosa choque! Era mesmo chocante! Não tirava as mãos dos bolsos, nas poses mais “azeiteiras” que já vi!
A noiva era bem mais corpulenta do que o noivo e mal sabia andar nos sapatos de salto alto, o que era comum a quase todas as convidadas! Acabou por troca-los ali mesmo por uns rasos. As roupas em geral eram extravagantes e as pessoas não pareciam nada confortáveis dentro delas.
Ao meu lado, comentavam que o carnaval tinha chegado à cidade. Fiquei mais elucidada, pois percebi que a cena não era caricata só para mim, também o era para as pessoas de lá. Havia gente a rir descontraidamente, sem nem disfarçar! Também me ri, mas sem ninguém ver…
Perto do Royal Pavilion fica, sobre a praia, o glorioso Pier de Brighton, também conhecido por Brighton Marine Palace and Pier
Fui ver como era por dentro
Passeia-se por ali como num jardim ou praça, só que sobre a água.
Ao fundo tem uma parte mais larga onde ficam as diversões, tipo pequena feira popular.
Há restaurantes com a porcaria do “fish and ships”, sentia-se o cheiro cá fora!
Ao longe a estrutura de um outro Pier é visível: o West Pier (construído também no sec XIX, mas uns anos mais velho que o outro), que rivalizou durante muitos anos com o primeiro, mas acabou por ser abandonado em 1975 e mais tarde vítima de um incêndio em 2002… a sua “ossada” jaz ali triste na berma do mar…
De um pequeno cais em pedra com uma escultura em forma de Donut podem-se ver os 2 Piers um de cada lado
Voltei a passar no Royal Pavilion e apetecia continuar a tirar fotos e mais fotos! Não resisto tenho de por mais uma ou duas tiradas da rua…
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A motita estava estacionada mesmo pertinho e já tinha uma série de amigas junto dela quando voltei!
Continuei o meu caminho… estaria tudo fechado para a frente mas vale sempre a pena passar e ver o que se pode ver da estrada! Com imensa pena minha o Arundel Castle estava naturalmente fechado….
Queria muito vê-lo mas não seria possível… andei por ali a deambular, numa zona muito bonita e cheia de encanto, já que o castelo me era vedado…
Encontrei um sinal de trânsito giríssimo que faltava na minha colecção de vacas, cavalos, gazelas e tanques de guerra, que já tinha encontrado até ali!
E lá estavam eles mais à frente, tive de parar para suas excelências passarem a rua, de rabinho a abanar. Mas os cisnes foram a surpresa do momento! Eram simplesmente gigantes! Tive pena de não haver uma pessoa por perto para que se pudesse comparar a dimensão dos bichinhos!
Quando o cisne maior estava de pé a cabeça chegava-me quase ao ombro!!
Por ali tudo é calma e serenidade, nem os patos fogem da gente!
Parei a motita muito direitinha em cima da ponte para tirar fotografias… em contramão! Um carro que passou ficou meio confuso a olhar para mim… ups, eu nem tinha dado por ela!
E cheguei a Chichester! Tudo fechado, parecia noite, mas não era! Passava pouco das 6.00h da tarde!
A Catedral de Chichester merecia ser visitada, já foi considerada a catedral mais típica de Inglaterra! É a única catedral que tem a torre sineira separada do edifício e uma série de coisas que eu queria ver…
Pus-me a apreciar sozinha os encantos da cidade pois então, não havia vivalma nas ruas!
As portas por aquele pais fora são tão giras!
Não me apeteceu ir mais longe… estaria tudo fechado, sem ninguém nas ruas e a noite a chegar. Peguei na minha motita e voltei para Londres e nem sequer fui ao centro, meti-me “em casa” no paleio com uma série de viajantes mochileiros que por lá estavam e que vinham de países que me interessava “conhecer” pelas informações de quem é de lá… tirei muitas notas naquela noite para uma próxima viagem…
Fim do 7º dia!
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Passeando por Londres
13 de Agosto de 2011
“Que chatice, o dia está uma porcaria!
O chão está todo molhado e o céu parece de chumbo! Acho que vou deprimir! Como se consegue viver eternamente debaixo das nuvens cinzentas sem se ser um cinzentão?
Mas as pessoas são simpáticas por aqui! Ontem um senhor fez todo um esforço para me cumprimentar e me dizer que a minha mota é linda! E tinha percebido que o “P” era de Portugal, não pensou, como é habito, que era de Polónia!
Brincou com a condução à esquerda “então o que acha de conduzir à esquerda?” perguntou ele sorrindo
“muito estranho e difícil para mim” respondi eu com o meu pequeno vocabulário inglês
“pois, todo o planeta tem a mania de conduzir ao contrário!” respondeu ele com uma gargalhada.
Perguntei-lhe como fazia quando saia do seu país para conduzir “Eu? Quando saio de Inglaterra não conduzo! Recuso-me a matar alguém nas estradas! Ando de transportes públicos ou de táxi!” e ria-se todo animado.
Boa gente os ingleses.
Hoje ainda nem sei o que vou fazer… apetece-me ficar aqui na cama a ver televisão e deixar o cinzento para quem anda na rua…”
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Mas não deixei. Saltei da cama como se estivesse o dia mais lindo lá fora e toca a andar. Tinha visto na televisão que o tempo tenderia a melhorar ao longo da manhã, por isso se calhar nem teria de comprar um guarda-chuva para visitar a cidade. Sim, porque com tantas andanças nos arredores ainda não tinha dedicado o tempo mínimo a Londres!
Como não tinha pressa nenhuma, já que não ía sair de Londres, andei por ali a arrumar as minhas tralha e tal, quando saí à rua… espanto! O cinzento estava mesmo a ir embora e já se via um pouco de céu azul! Que maravilha!
Desci ao centro e fui até ao London Eye
Que bom, estava pouca gente para entrar, nem fila tinha! Comprei o pacote dos 2 bilhetes com desconto para visitar também o Museu da Madame Tussauds.
O London Eye é uma estrutura espantosa, faz lembrar uma roda de bicicleta com os aros dispostos de forma semelhante e tudo!
Quando o via na televisão pensava que seria uma espécie de carrossel, mas não tem nada a ver! É antes um miradouro gigante e giratório!
As perspectivas da cidade, à medida que se vai subindo, são espantosas, mesmo quando a estrutura do “carrossel” se mete na frente!
Whitehall Court, onde funcionam diversas associações e instituições.
O parlamento, e o Big Bem com a Abadia de Westminster logo atrás. Muito branquinha a catedral, deve ter sido limpa para o casamento o príncipe Williams, não?
O “ovo” dos vizinhos lá em cima, tão giro!
O lado norte do Rio Tamisa, o lado onde fica a ponte e a Torre de Londres.
O Tamisa, do lado Sul, para além do Parlamento.
Curioso que o Tamisa seja amarelado, parece que está cheio de terra!
Fez-me lembrar o Danúbio que é da mesma cor, embora a musica lhe chame Danúbio Azul!
Dentro do meu “ovo”. Curioso que não deixam entrar mais gente num ovo, o que me pareceu muito acertado! A gente podia-se mover de lado para lado e tirar fotos à vontade. Se estivesse mais cheio seria difícil!
E lá fomos descendo… tinha vontade de levar aquela roda gigante comigo para outros sítios para poder ver outras perspectivas dos lugares…
Passeei-me um bocado pela margem do rio… havia muita gente na rua, e começavam a fazer filas para tudo o que havia para visitar. O próprio London Eye estava cheio de gente!
Um dia esplêndido realmente! Acabei por escolher o melhor dia para visitar a cidade, sem dúvida!
E fui procurar a ponte, a famosa…
E lá estava ela!
Fiquei meio palerma a olhar para ela! Ninguém me tinha avisado para o facto de ela ter aquela cor azul cueca!
Não sei porquê, mas eu sempre achara que os metais eram pintados em vermelho escuro! Também não sei onde fui buscar essa ideia!
Fiquei meio… desiludida (?), pensei que era maior, mais imponente, mais… acho que ela me pareceu uma imitação de si própria, ou uma imitação da ponte que eu desenhara na minha mente, não sei…
Estava aberta e tive de esperar um pouco no meio, enquanto apreciava a estrutura.
Ali ao lado fica a Torre de Londres, com uns leõezinhos tão giros, todos num material que parecia arame.
A fila para entrar era assustadora!
O que me preocupa na multidão não é o tempo que tenho de permanecer na fila… é mais visitar um espaço fantástico daqueles, com uma multidão histérica a pôr-se na frente de tudo para tirar fotos, a correr e a gritar porque só se divertem se o fizerem…
Andei ali a decidir “vou ou não vou”… a ponte é logo ao lado e fui tirando fotos…
Por trás da imponência dos muros do castelo o barulho das pessoas ouvia-se cá fora…
Decidi não ir… “eu venho cá a qualquer hora num voo barato e visito isto fora do tempo dos turistas enlouquecidos…”
Fiquei por ali a apreciar a animação histórica, para miúdos e graúdos, nos relvados do castelo
Enquanto comia num banco de jardim, acompanhada por uma multidão de pessoas que também comia, um franguinho delicioso (a única coisa que comi de jeito por lá: frango!) numa caixinha fast-food, em cima dos joelhos, acompanhado por um sprite que detesto, mas não há mais nada para beber naqueles sítios… ou isso ou coca cola que ainda gosto menos… cerveja? É difícil encontrar, e nestes botecos de pronto a comer, nunca!
Voltei a passar a ponte, só para a ver doutro ângulo e habituar-me à sua cor…
Continuei a achar que aquele azul lhe tirava a “raça” que ela tinha no meu imaginário…
Lá me embrenhei de novo no trânsito!
As motitas e as scooters usam uns pára-brisas bizarros na frente! Mais parecem suporte de leitura e são também! Vi muitas com aquele vidrinho cheio de mapas e papeis preso com molas! Acho que são os GPS’s mais comuns para moto por lá!
E fui ver gente famosa!
Sempre me disseram que o Museu Madame Tussaud era coisa a não perder em Inglaterra…
Quando estive em Amesterdão parava frequentemente a moto à porta do Museu de lá e não o quis ver, mas desta vez era Londres, era a não perder!
Acho que quem me foi dizendo que “era coisa a não perder” não considerou os gostos de cada um… Claro que me interessa a forma como aquilo se faz, o realismo das personagens… mas as salas pareciam, todas, secções da aldeia dos macacos! As pessoas estavam estéticas, agarravam os bonecos, mexiam-lhes nos cabelos, beijavam-nos, empurravam-se e empurravam-me!!
Lá consegui ver os reis, por uns segundos sem ninguém agarrado a eles!
Alguns artistas que não despertavam tanto o interesse dos visitantes histéricos, talvez porque não reconhecessem o Picasso e o Van Gogh, ou porque não são artistas de cinema bonitos!
Já os Beatles, tive de esperar que a maluqueira acalmasse um pouco para tirar uma foto tímida!
Não tenho paciência para aquilo! O melhor da visita e foi o que me fez não chorar o dinheiro do bilhete, foi a filme em 4 dimensões, com alguns super-herois, que foi verdadeiramente uma surpresa, com direito não só a imagem 3 D, como as sensações de vapores de agua e dedos que nos “espetavam” nas costas! Espectacular!
Fui para a National Galery ainda a flutuar naquelas sensações…
A Trafalgar Square está permanentemente cheia de gente e a escadaria da National Dalery um imenso sofá!
A entrada é livre mas não se podem tirar fotos lá dentro. Claro que “roubei” algumas!
Gostei de encontrar lá dentro obras que pertenceram à minha história como aluna!
Tinha dado uma infinidade de voltas à procura de um parque para motos e, qual não foi o meu espanto quando cheguei junto dela e tinha um “bilhetinho” colado ao vidro! Um “penalty”, dizia o papel, muito dobradinho dentro de um pacote autocolante de plástico!
“mas estes gajos estão a gozar comigo! Com todas estas motos aqui e a minha tem um bilhete?!”
Meti o “penalty” ao bolso e pus-me a andar dali, já tinha a minha parte de Londres…
De repente sentia-me tão revoltada com Londres!
Já nem eram horas de visitar nada (já passava das 5.30h) mas saí da cidade sem pensar para onde. Acabei por seguir as placas e ir para Winsor.
Pousei a moto onde me deu na telha, “afinal não adianta ter cuidado, eles multam quando lhes dá na gana!”
Claro que o castelo estava fechado, mas eu também não estava com pachorra para visitar castelos com o mau humor que me deu…
A redondeza valeu a viagem e eu deixei-me andar por ali a acalmar o ânimo!
Tomei um café de meio litro, que é aquilo a que chamam lá um café curto, numa esplanada muito “mimi”.
E falei com gente muito simpática que me ajudou a reconciliar um pouco a raiva para com as autoridades… “eles que lhe mandem a multa para casa” disse um senhor muito simpático quando lhe contei do “penalty”. Toda a gente se riu…
Desci até ao rio, que é o Tamisa, mas muito mais provinciano, e tinha também um… Winsor Eye (será?) pequenino!
Voltei para Londres sem vontade de ver mais nada.
Fim do 8º dia!
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Passeando pelo Oxfordshire!
14 de Agosto de 2011
Finalmente restava-me a voltinha para norte, uma volta de “vai e vem” que me levaria a Oxford e Cambridge, entre outros recantos e caminhos deliciosos que queria muito ver!
Oxford foi sempre daqueles nomes que me enchiam o imaginário! Eu sempre quisera lá ir, ver as universidades, passear-me nos jardins, sentir o ambiente!
Depois tinha o condado, Oxfordshire, antigo, pitoresco, cheio de história e encanto.
E a realidade ali é tão ou mais bonita que o sonho!
As casinhas com telhado de colmo não são tão pequenas assim, vivem nelas famílias inteiras com conforto como em qualquer casa comum. Iria encontrar tantas dali para a frente!
Capelinhas que parecem de brincar condizem com o ambiente!
E cheguei a Abingdon, uma cidadezinha no ponto onde o Tamisa se junta com um outro rio, o Ock. Dizem que é a cidade mais antiga da Grã Bretanha!
Havia ali “coisas” para catar e descobrir… mas em toda aquela paz e luminosidade eu apenas me sentei e desenhei…
Passei na igreja de St. Nicholas do sec XII, mas o tempo que passara sentada no chão junto ao rio fora suficiente, não me apetecia catar mais nada ali!
Logo a seguir era Oxford… parei quase mal entrei na cidade, o Museu de História Natural era mesmo ali e fiquei por lá uma infinidade de tempo.
Curioso como museus como este ou a National Galery, são de entrada gratuita, e castelinhos em ruínas, onde o que há para cuidar é apenas o relvado, cobram bilhete de entrada! Faz sentido?
Deliciei-me a apreciar os ossos dos bichinhos mais simpáticos como este Tyrannosaurus Rex! Não é todos os dias que se tem oportunidade de encontrar tão ilustre bicharoco!
Depois segue-se uma filinha deles, cada um mais curioso e delicado que o outro!
Ali não é apenas o conteúdo que é espantoso, o espaço também é muito bonito, um edifício neo-gótico surpreendente!
Um museu como este só podia estar num sítio como este, no Oxfordshire, onde foram encontrados os primeiros dentes de dinossauro da Europa!
Um pouco mais à frente fica o centro, pelo menos o centro do meu interesse! Ali também não me custou estacionar! Motos e bicicletas não faltavam por todos os lados, foi só encostar algures!
E, embora fosse domingo, fui visitar os jardins e algumas dependências dos colégios que estavam abertos a visitas. Adorei!
Colégios são universidades, entenda-se.
Os jardins são espantosos, apetece mesmo ficar por ali, sentado na relva a ler!
Um pequeno grupo de estudantes ensaiava uma peça de teatro ali mesmo, no meio do jardim!
Os edifícios de aulas confundem-se com os das orações!
Estou a falar da mais antiga universidade do mundo anglófono, como eles dizem! Aquilo é quase solo sagrado!
Logo na porta ao lado fui visitar outro colégio, os jardins são paredes meias entre os dois!
Mais espectacular ainda que o primeiro! Mais vontade me deu se ficar!
O refeitório! Mais parece uma sala de reuniões cheia de pompa, não? A comida pode não prestar mas a sala vale a pena!
Esta “casa” tem hoje 456 anos!
A capela, há sempre um local para rezar nos colégios.
E mais um grande jardim, com cadeiras e espreguiçadeiras e mesas e… será que também têm um Ambrósio para servir os meninos doutores? Puxa eu quero ir para ali !
Não faltam recantos para os estudantes se esticarem e se inspirarem para os estudos!
Cá fora, na rua principal fica a Biblioteca e mais uns serviços à universidade. Ali encontrei um moço de peúgas rosa que desenhava! Ainda estivemos um pouco à conversa! Era inglês de uma cidade que não identifiquei, mas percebi que era longe dali, pois ele estava tão maravilhado com a universidade quanto eu. Interessante o traço dele!
De repente e humidade no ar começou a interferir com a lente da minha máquina e um ambiente de mistério apareceu nas minhas fotos! Curioso!
The Bodelien Library – Uma das bibliotecas mais antigas do mundo!
Tem um pátio interior de onde se entra para as diversas áreas do saber. Fica-se a li a olhar e a vontade é entrar em todas e ver como é por dentro. Mas a visita só permitia grupos pequenos e eu teria de esperar cerca de 1 hora e 15 para poder ver…
The Tower of the Five Orders… fiquei ali a olhar e não pude entrar… estou a falar de uma biblioteca que desde o sec XVII funciona com é hoje, mas a dua história é anterior a essa data!
Os colégios sucedem-se, parece que ali tudo é universidade e mais nada!
A igreja: The University Church of St Mary the Virgin.
The Radcliffe Camera, a inovação de um biblioteca circular, é dedicada à ciência.
A famosa ponte dos suspiros, inspirada na ponte dos suspiros de Veneza!
Descobri ali ao lado um quelho estreitinho, que levava a outro ainda mais estreitinho e, quando pensava que se calhar aquilo ia dar a casas particulares, eis que se sucedem uma série de pequenos bares e restaurantes, entalados entre as casas! Lindo!
Então continuei o meu passeio pelo Oxfordshire, que prometia ser cheio de encantos…
As casinhas com telhado de colmo surgiam a qualquer momento entre outras casas mais comuns. Curiosos os “bordados” que aqueles telhados têm lá em cima.
São tantas e tão bonitos as casinhas que não conseguia passar sem fotografar!
Encontram-se Igrejas rodeadas pelos cemitérios relvados em qualquer lugar! É curioso ter de se atravessar o cemitério para se ir à igreja!
Então para mudar um pouco o assunto fui até Silverstone, viam-se ao longe os carros nos treinos e o seu ronco chegava até mim!
Estava fechado ao público mas andei por lá a ver o que havia.
Segui então para ver mais universidades!
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Passeando por Cambridge!
14 de Agosto de 2011 – continuação
A caminho de Cambridge fui dar uma vista de olhos a Northampton, uma cidade que é capital de condado, o Northamptonshire e que é a Felgueiras de lá do reino Unido, já que foi a capital do fabrico de calçado do reino!
O edifício neo-gótico do Council.
Uma terrinha simpática embora simples e pouco especial!
Depois desviei-me um pouco do meu caminho para ir conhecer Peterborough e a sua catedral, Já no condado de Cambridgeshire.
Por trás do portal, como acontece noutras catedrais, abre-se um jardim espaçoso que a catedral domina, com a sua fachada única, um pouco assimétrica e linda!
A catedral do sec XII é dedicada a 3 santos: São Pedro, São Paulo e Santo André.
Ao entrar fui recebida por um senhor que me disse que a igreja estava em oração e que, por isso eu não podia circular por ela, mas podia assistir.
Entrei e foi muito bonito! Um coro cantava ao som do órgão, de vez em quando uma voz feminina, cantava a solo, alternando com uma voz masculina.
Estive ali uns 45 minutos a assistir e a ouvir um momento muito bonito e tocante, porque toda a catedral participava naquilo para que fora construída, a valorização do som, da música e da oração…
Quando saí o exterior parecia ter outro aspecto, outra luz, outro ambiente… o senhor, à porta, agradeceu a minha visita!
Em frente ao portal a praça da catedral “the Market Square”
Do outro lado da praça mais uma igreja completa o quadro, a igreja de São João Baptista, que em inglês é muito mais bonito: St John the Baptist, uma igreja do sec XV.
A imensa catedral espreita por sobre o portal, imponente!
Acabei por não ir ver a Burghley House, mais à frente, e segui para Cambridge!
Cambridge é uma cidade espantosa! A capital do condado de Cambridgeshire. Uma cidade cheia de história que está gravada na história do reino! Toda a cidade vive em função da universidade e, em conjunto com a universidade de Oxford, são chamadas por vezes de Oxbridge.
Na realidade o seu nome deriva de “ponte do Cam” que é o seu rio!
Ao passear pela cidade encontrei coisas curiosas, como um tipo que tocava e cantava dentro de um caixote do lixo!
A Universidade e os seus diversos colégios são qualquer coisa de espantoso!
Este King’s College encheu-me os olhos! O Queen’s Collega estava fechado e não era tão imponente visto da rua.
O Clare College tinha os portões abertos e permitia a passagem da porta norte do King’s College para o rio que o contorna do outro lado… o que eu gostava de estudar ali!
E lá estava o rio de novo, com os barquinhos conduzidos por estudantes, do lado do Clare College
E do lado do King’s College
Espantosas as construções da universidade
Professores fardados a rigor guardavam as portas dos Colégios onde já só alunos podiam entrar áquela hora.
À entrada da cidade os barquinhos podiam ser alugados para dar uma volta pelo rio. Não fui, preferi ficar ali sentada na margem a beber cerveja e a relaxar. O tempo tinha aquecido e eu tinha mesmo vontade de não fazer mais nada!
Mas ainda passei em Bury St Edmunds
Era já quase noite quando cheguei e a catedral ainda parecia mais imponente na penumbra!
O cemitério fica logo ali ao lado, como muitos por lá, é como um jardim e como um jardim é usado. Estavam por lá, nos bancos, grupos de pessoas a conversar. Eu também me passeei pelo meio das campas centenárias, é uma sensação muito curiosa!
E voltei para Londres, para a última noite na capital.
Fim do 9º dia!
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Passeando pela campanha inglesa até Bristol!
15 de Agosto de 2011
Tinha grandes planos para este dia mas o azar não quis que eu concretizasse o que planeara fazer!
Desde que comprara o meu Patrick que constatara que ela trazia o endereço da Garmin Europa gravado, isso despertou-me a curiosidade porque mesmo quando tentava apaga-lo ele aparecia de uma forma residual, se assim se pode dizer, mais tarde, a cada actualização!
Constatei também que a Garmin ficava no caminho que pretendia fazer! Então decidi lá passar.
Fica na zona industrial da cidade de Marchwood, que acabei por nem ver com as voltas que o GPS me fez dar!
Encontrei numa vitrina um troféu do Trans Portugal de 2011
O meu Patrick espantou olhos por lá, nunca tinham visto um GPS tão gasto! Mas como está fora da garantia o que me ofereciam era menos vantajoso que arranja-lo cá, por isso despedi-me e pus-me a andar. E foi então que a coisa começou a correr meio torto pela primeira vez!
Queria seguir para Exeter, a umas cento e poucas milhas dali, quando o GPS começou a recalcular… recalcular… recalcular…
O ecrã mantinha-se branco, apenas o velocímetro e o mp3 iam trabalhando. E eu ia seguindo sem ligar muito ao caminho, pois o GPS iria dizer-me a qualquer momento vire aqui ou vira ali!
Mas ele nunca o disse!
Parei, desliguei-o, abri-o, tirei a bateria… e nada! “queres ver que este estúpido avariou?” a minha preocupação não era o caminho, se há coisa que não perco de vista é o mapa do caminho! O meu problema eram as dormidas que ele tinha memorizado!
Ainda hesitei em voltar para trás, com tanto quilómetro percorrido nunca tal lhe acontecera, provavelmente iria começar a trabalhar a qualquer momento… mas acabei por voltar para trás. Tarefa complicada quando se fizeram uns 7 ou 8km sem olhar direito para o caminho! Mas pude comprovar que o meu sentido de orientação é bem mais infalível do que poderia imaginar! Fui lá ter direitinha!
Espanto geral! O dito tinha-se desconfigurado sem que ninguém conseguisse explicar como aquilo acontecera! Fizeram-lhe um reset, voltaram a configura-lo e lá voltamos à estrada, com um atraso monstruoso… percebi logo que não conseguiria ir até onde queria… a Cornualha iria ficar para trás…
Com um tempo daqueles fiquei triste… mas não valia a pena correr, por isso lá fui seguindo para Exeter, apreciando calmamente o céu magnifico e a paisagem.
Já que não dava para ir tão longe quanto eu queria fui seguindo por ruínhas e ruelas pois aí é que se encontra o país profundo!
Ao chegar a Exeter começou a chover! O tempo é tão incerto naquele país! Almocei junto à catedral que tinha uma torre em obras.
A catedral é espantosa, dedicada a São Pedro, mais uma catedral que tem o seu estilo inicial românico e o aspecto final gótico.
A chuva não afastou as pessoas das esplanadas, As pessoas apenas se juntavam mais e pronto!
E eu fiz o mesmo! Eu estava melhor que eles, até tinha o blusão vestido!
Havia inclusivamente casais de namorados sentados no relvado debaixo das árvores que se deixaram lá ficar!
A chuva aparece a todo o momento, mas eu não queria vestir o fato de chuva, por isso dei uma voltita a ver se passava.
Acabei por seguir para Brixham, uma cidadezinha costeira a que chamam de Riviera Inglesa, com céu cinzento, mas sem chuva!
Meti-me pelos quelhos mais a minha Magnifica. Os velhotes, surpreendidos perguntavam-me onde eu queria ir, “quero ver o que a vossa terra tem!” respondi eu, “ah, então vá por aí a cima que, não vai dar a lado nenhum, mas é bonito ver cá para baixo!” Tão queridos!
E eu lá fui subindo e tirando fotos
A catedral fica lá no “2º andar”, estava fechada.
Achei que a cidade fazia mais lembrar Cudilero, no norte de Espanha, onde estivera um mês antes, do que a Riviera!
Lá de cima realmente a paisagem era inspiradora!
Só faltava um céuzinho azul ali…
Do outro lado do porto a vista não era menos bonita!
Ali em cima voltaram a perguntar-me se eu viera de moto desde a Polónia… “não, mas vim de Portugal!”…
As ruínhas estreitas são, frequentemente de 2 sentidos, o que stressa qualquer português habituado a espaço ou sentido único! Enquanto as palavras pintadas no chão são legíveis a coisa vai!
O pior é quando a coisa aparece de pernas para o ar! Ficava a olhar, “a rua é tão estreita, será que vou ao contrário? Será que é só de um sentido?”
A primeira ver que vi “MO7S” escrito no chão, assim num repente, não entendi o que queria dizer! “MOTS” pensei eu, “será que se refere a motos? Mas não é assim que eles escrevem motos!”
Logo a seguir, um carro dirigiu-se a mim, bem de frente e tirou-me qualquer duvida “m**da que vou ao contrário!”
A partir daí quando via “SLOW” ao contrário punha-me a medir a largura da rua, a ver se era mesmo de 2 sentidos!
Então meti-me pelo Dartmoor National Park, “já que não vou até à pontinha da ilha, vou-lhe ver as entranhas!”
As quintas são lindas e estão por todo o lado
Uma coisa que me fascinou naquele país foram as igrejas e catedrais com os cemitérios em volta! Não acho minimamente tenebroso, acho simplesmente lindo, um ambiente calmo e cheio de serenidade!
As ruinhas continuava a ser de 2 sentidos… embora só coubéssemos eu e a minha Magnifica nelas!
Um pormenor muito curioso nos jardins das casas e nos campos de cultivo é que os muros, naquela zona, são feitos de terra relvada! Tanto os baixinhos e rapadinhos…
Como os altos e cheios de plantas!
É espantoso passear por ali!
E cheguei a Bristol, literalmente, pelo meio dos campos! Foi um caminho lindo de fazer, só tive pena de não ter tido mais tempo…
Fim do 10º dia de viagem…
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(continua)
Cara Senhora Gracinda
estou encantada com suas narrativas que até começo a ter vontade de viajar, mas só pela Espanha
Podes me dizer se existe uma enseada na Espanha onde se chega com o mar em maré baixa? deve ser
uma cidade pequena com nome de santa e ao entrar ve-se montanhas do lado direito, campos de lavanda
Se conseguir me responder, eu agradeço. Sou do Brasil e moro no interior do pais. obrigado
Obrigada pela sua mensagem!
Quanto à Espanha conheço boa parte do país mas não consigo identificar a localidade que refere! Espanha tem duas grandes zonas de costa: no norte com o Atlântico, e a sul/sudoeste com o Mediterrâneo. As suas cidades, vilas e aldeias costeiras são muitas, muito variadas e muito bonitas. Mesmo sem saber onde fica a terra que procura, vale a pena cá vir e dar a volta ao país e descobrir tudo o que há como localidade costeira!
Beijucas
Olá Gracinda.
Bem…. nem sei que dizer perante imagens tão espectaculares!!
Estou a adorar o que leio e vejo.
Cito palavras tuas:
“Pedi um café num restaurante que tem lá em cima e assustei-me com o canecão que me deram! Aquilo tinha uns 30 centilitros de água de lavar as chávenas!”
Dizendo que a mim também me aconteceu por algumas vezes, essa do “canecão” as vezes que visitei outros países da Europa.
Boas Curvas
Simone
Pois é, nunca pensei que um café decnte me fizesse tanta falta como fez na Inglaterra!
Depois daquele café terrivel, o francês pareceu-me aceitavel e o espanhol delicioso! Quando cheguei a portugal… o café cá ja me parecia uma “bomba” de tão forte e crmoso! eheheh
Maravilhoso. Parabéns!