I – Passeando até à Escócia 2011

Cucu!

Eis o desenho que tenho estado a fazer, entre estudos para o passeio pelo norte de Espanha e trabalhos de fim de ano lectivo. Está lindo o meu desenho não está?

Estou em estudos pois a data de partida será a 6 de Agosto, depois de muita angústia e negociação para ver o que conseguia fazer com as férias que me sobraram das ordens ministeriais…

Mais uma vez desejem-me sorte que vou sozinha!

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06 de Agosto de 2011
o dia antes

Esta tudo pronto?

Não, não está!

Como de costume demoro a começar a fazer o saco! Stresso toda a gente com o “nunca mais fazes o saco”!

“E se te esqueces de alguma coisa?” “À ultima da hora não sei como consegues raciocinar, quanto mais fazer uma mala para 30 dias!” “Ainda estás aí a olhar para o computador?”

À última da hora nada me esquece, nada falta! Foi sempre assim! Quando preparo tudo com tempo perco a noção do que já está de lado e o que falta pôr!

30 dias? Pois se aqui eu ando sempre com as mesmas roupas, lava-seca-veste-lava-de-novo… porque hei-de stressar com o que vou vestir em 30 dias de viagem! Eu nem vou para uma passagem de modelos!

Preocupação é que não esqueça os carregadores do telemóvel, das baterias da maquina fotográfica, da própria maquina, dos cabos para mp3 e mp4, GPS, computador! O resto? Se faltar há por lá para comprar numa emergência!

Depois o “atordoamento” nunca ajudou ninguém a fazer uma mala!

Desta vez tenho de “racionar” ainda mais a bagagem já que não vou levar a top-case. As Midlands e as Highlands são ventosas e eu não quero andar aos SS só para carregar mais tralhas na mala traseira! Vou para descontrair e não para stressar! E a minha Magnífica parece outra sem o trambolho da mala lá atrás!

Depois o fato de chuva e as botas impermeáveis não podem faltar, não quero molhar-me nem morrer de frio, por isso levo ainda menos roupa de vestir, para levar mais adereços para o clima! Para isto não preciso mesmo de muito tempo, a mala faz-se por si: só vai o que é realmente necessário e pronto!

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06 de Agosto de 2011 – Até Bilbao

Ainda há tão pouco tempo tinha chegado de uma bela passeata pelo norte de Espanha e já estava a preparar-me para partir de novo! A sensação era de estar a fazer uma traquinice!

Quando as pessoas “normais” partem uma vez de vez em quando eu já tinha feito… 3 viagens este ano e estava a preparar-me para voltar a ir…

E a crise? E o dinheiro que o governo me está a tirar a cada mês? A inflação… bolas eu sou uma inconsciente!?!?

Mas de que me serve trabalhar como uma doida, juntar dinheiro, encher um porquinho mealheiro, se não for para fazer o que mais gosto e aquilo porque sonho ano após ano?

“Vou pois, digam o que disserem!”

Tinha partido o porquinho e, surpresa, tinha 960€!

Eram 11 horas da noite e ainda não me tinha dedicado a fazer a mala!

Depois da minha experiencia de ventos fortes, em Marrocos, estava decidida a não levar a top-case. Ela perturba-me bastante a condução com vento, porque sozinha, o vento contorna-me, empanca na dita mala e abana-me toda! Levo menos de tudo e ela fica!

Coube tudo, cabe sempre! Eu não viajo cheia de roupa para mudar e mostrar, não viajo para fazer passagem de modelos e o importante tem mesmo de ir: o fato de chuva, a camisola térmica, as botas de chuva, o resto que se lixe! É pouca roupa? Lava-se e volta-se a vestir.

O meu moçoilo foi levar-me as tralhas até à garagem e tirou-me a únicas fotos que tenho minhas por muito dias! É um querido!

Ninguém diria que estava a partir para 4 semanas de viagem com a motita sem tralhas nem malas extra! Eheheh

Apanhei toda a chuva do mundo logo à saída de casa e por muitos quilómetros! Até Benavente não tive tréguas! Também não havia muito para registar nem visitar, depois de ter viajado tanto por aquelas zonas! Só voltei a sacar da máquina fotográfica em Bilbao!

A primeira vez que passei em Bilbao detestei a cidade! Lembro-me que levava uma pendura que me desgraçou as férias e eu dizia-lhe “a próxima vez que te quiser mandar à medra, vou mandar-te para Bilbao!” de tal maneira detestei a cidade!

Depois, quando fui lá voltando sozinha, comecei a descobrir-lhe os encantos e hoje gosto de lá ir!

Por diversas vezes que passei em Bilbao com a intenção de visitar o Guggenheim. Aquele museu tem dentro uma obra que eu queria muito visitar há anos!

A pousada de juventude era mesmo em frente, do outro lado do rio, e eu só tive de o atravessar para ir visitar o museu.

A minha Magnífica ficou à porta da pousada a espantar olhos!

Não se pode fotografar dentro do museu, mas eu “roubei” uma série de fotos!

As exposições patentes lá dentro não me fizeram arriscar muito fotografar sem autorização, mas a obra de Richard Serra, a que me fez entrar naquele museu, mereceu todo o “risco”!

“La materia del tiempo” uma obra composta de 7 peças extraordinárias, em metal, que nos fazem sentir pequeninos!

Passear-me ali por dentro provocou uma daquelas sensações!

Cá está a obra completa

Mas havia por lá outras obras surpreendentes!

Como obras luminosas que baralhavam a minha maquina fotográfica!

O interior do edifício é surpreendente

Depois de horas a vaguear por ali (cada um gosta do que gosta, né?) lá saí para continuar a explorar o edificio por fora, que é ele mesmo uma obra extraordinária!

E lá fiz eu uns quilómetros a pé para ver aquilo de diversos ângulos!

O rio, que afinal é uma ria! A ria de Bilbao!

Quando apanhei o elevador para descer a ponte, entraram uma raparigas italianas e 2 casais espanhóis. Um dos senhores perguntou se nos éramos todas italianas, eu disse que eu era portuguesa. Concluiu o senhor: “então as meninas italianas são nossas primas, mas esta menina portuguesa é nossa irmã!” tão giro!

Fui para “casa”, da pousada eu podia ver a minha motita e o museu do outro lado do rio, como paisagem!

Fim do primeiro dia!
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La Rochelle – Nantes
07 de Agosto de 2011

O dia estava cinzento mas não chovia, o dia ideal para viajar já que não queria ver nada de especial até alguns quilómetros lá para cima de França. Subi a região de Aquitaine calmamente, com o Patrick (GPS) a anunciar os radares e o povo a ser apanhado aqui e acolá, por não terem um amigo como o meu que os avisasse! Eheheh

Fui seguindo placas que anunciavam locais históricos e encontrei terrinhas pequenas e cheias de encanto, como Saint-Médard!

Com os seus palácios e ambiente calmo e simpático!
Lembro-me que toda a gente ficava a olhar para mim quando dei uma volta por lá!

Mais à frente uma outra placa anunciava Pons, a torre medieval era descomunal e visível à distância. Fui até lá ver e comer qualquer coisa.

Segui então para La Rochelle que era uma cidade que queria visita ha algum tempo!
Estava um belíssimo sol

mas estava também por lá uma festa cheia de gente! O centro estava fechado ao trânsito e eu lá tive de caminhar para ver de perto o porto e as suas torres.

A porta do centro histórico, “La Grosse Horloge”, mostrava lá dentro um mar de gente comprimida a andar de um lado para o outro. Nem entrei, com pena pois há lá construções do sec XII que gostava de ver!

Fui até às torres do porto, também cheias de gente, tive azar com o dia em que lá passei!
As torres de la Chaine e de Saint-Nicholas

E a torre de La Lanterne

Segui para Nantes com a promessa de voltar a La Rochelle, um dia, com menos gente por lá!

Nantes é atravessada pelo famoso rio Loire, o tal que tem a maior concentração de castelos de França! Descobri lá que é a 6ª maior cidade de França e a 4ª mais visitada, depois de Paris, Nice e Estrasburgo, tudo cidades que adoro!

A revista Times considerou Nantes a cidade com mais vida na Europa! Surpreendente pois era cedo e não havia vida nenhuma por lá! Havia até um certo abandono!

A catedral (gótica) estava fechada e não cheguei a vê-la por dentro! “Que importa, vou ver tantas que esta não me fará falta!” pensava eu comigo e tinha razão! A quantidade delas que vi na viagem fez esquecer esta num instante!

O Castelo dos Duques da Bretanha

Eram 21.00horas e, junto ao castelo, ninguém me deu de comer pois já era tarde!!!
Tive de ir para o outro lado, nos quelhos mais movimentados e cheios de restaurantezinhos para comer! Snobes!

Acho que em viagem sou tão simpática e descontraída como vulnerável à estupidez humana! Fiquei tão aborrecida com aquilo que não voltei ao castelo! Um dia volto para o visitar por dentro…

Entretanto andei a descobrir pormenores curiosos na cidade!

Adorei este candeeiro! Gostava de fazer um assim para mim!

Voltei a passear na catedral e fui dormir.

Fim do 2º dia!

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A bela Bretanha!
08 de Agosto de 2011

Comecei o meu passeio pela Bretanha por Saint Nazaire. A cidade fica na foz do rio Loire e não é feia! Também não é bonita… acho que nem banal é! Uma coisa é certa não é para lá voltar, mas já que ali estava andei a catar!

Encontrei o memorial que foi destruído na segunda guerra pelos Nazis. A personagem parece uma bailarina mas não é! É um soldado da 1ª guerra.

Encontrei uns vasos gigantes engraçados!

O porto mostrava vestígios de festa nocturna e, lá ao fundo, via-se o Bunker de barcos e submarinos durante a II Guerra

Havia fila para visitar o Bunker por dentro mas não me apeteceu ir…

A Bretanha estava ali à beirinha cheia de beleza não queria ver coisas feias! As casinhas são uma delicia por ali, apetece entrar e ver como são por dentro, mas são casas particulares e ali não entrei em nenhuma!

E fui andando por ruelas entre campos até chegar à cidade que me atraia verdadeiramente e essa não só não me desiludiu como me fascinou! A linda Vannes!

Uma cidade medieval, dentro das muralhas de um castelo, encantadora que excedeu as minhas expectativas

Casas com vários séculos permanecem como sempre foram, tortas, inclinadas, mas para ficar!


A catedral gótica de Saint Pierre a espreitar por cima das casas

É espantoso como as casas quase se tocam

Uma cidade que é um postal permanente! Apaixonei-me por ela!

Não conseguia deixar de dar voltas ao castelo e fotografa-lo de todos os ângulos!

Depois de horas de voltas e voltinhas por ali lá me consegui afastar e seguir para Quimper… Vannes não me saía da cabeça! Mas Quimper não lhe fica muito atrás!

Parece que por ali a beleza abunda!

Aquela casinha está forrada por fora com pratos pintados à mão! Havia de ser cá, já tinham desaparecido!

A catedral não pode faltar! É pela catedral que eu me guio numa cidade europeia, pois normalmente é em torno da catedral que se desenvolve o centro histórico de uma cidade.

Passei em Brest e quebrou-se um bocado o encanto…

Não encontrei os encantos da cidade que estava em obras e me saturou só de procurar caminhos…
O forte estava ali em baixo e era tão difícil encontrar o caminho pelos devios e buracos que desisti…

Então fui para Saint Brieuc à procura da beleza perdida!

Depois de ter ido tão longe no mapa até Brest, que fica lá bem na pontinha, no recanto mais a Este da França, disse um bocado mal da minha vida! Podia não ter perdido aquele tempo e ido directa para outras paragens que tinha preferido conhecer ou rever, como St Malo ou Le Mont de St Michel! Então dei uma aceleradela pela via-rápida, queria sair de Brest rapidamente, e fui até St Brieuc e reencontrei a tal beleza perdida!

Mais uma cidade muito antiga ligada à história da Bretanha e cheia de vestígios do passado, casas de estuque e madeira com vários séculos, perfeitamente conservadas e dignas de um milhão de fotos!

Mais uma vez fui procurar a igreja/catedral, é sempre por lá que se desenvolve o mais bonito de uma cidade

Catedral de Saint-Etienne de Saint-Brieuc do sec XV

E as casinhas em seu redor, lindas e antiiiigas para caramba!

Aquelas janelas e portas fizeram-me disparar dezenas de fotos!

E segui para Rennes, uma cidade que não visitei há 2 anos quando andei por ali e ficou na minha agenda até agora!

Fiquei um pouco desiludida com a catedral. Com uma história gótica na realidade hoje ela é mais neo-clássica… estava fechada por isso nem pude ver o que ela é por dentro, se conserva algo da sua história medieval ou se é toda posterior!

Tenho de admitir que o meu fascínio fica quase todo nas construções Românicas e Góticas, pela sua grandiosidade e pureza… o neo-clássico ainda me inspira, mas não tanto. Daí para a frente, dispenso o barroco e as suas talhas douradas e só volto a fascinar-me pelo muito moderno!

Ali em volta as casinhas medievais estão por todo o lado no entanto, o que ajudou a desilusão com a catedral posterior!

E a Porte Mordelaise que quase não se dá por ela, embora já tenha sido a porta de Rennes!

Aquelas casinhas com meia dúzia de séculos tão bonitas!


E as portas, sempre as portas!

E isto passa-se numa cidade também moderna, em que ao sair daquele núcleo histórico se depara com uma paisagem como esta!

Magnifica França!

Voltei a Nantes para dormir e partir para Calais no dia seguinte, mais um pouco de França antes de entrar no Reino Unido!

Fim do 3º dia!

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Pela Normandia até Calais
09 de Agosto de 2011

No meu caminho para Calais eu tinha alguns locais a visitar. Rennes, a capital da Bretanha, já estava fora do meu caminho, por isso contornei-a e segui mais para norte.

Independentemente do que pesquiso em casa vou rolando sempre aberta a novas cidades e localidades que se me deparem pelo caminho e neste dia descobri algumas “coisas” com muito interesse!

Treffieux, uma cidadezinha muito pitoresca, onde pude refrescar-me dos últimos calores de que sofreria antes de Inglaterra!

Por aquela região as casas parecem todas iguais e pintadas da mesma cor, por todos os lados! Deduzo que um arquitecto não tenha a vida muito facilitada por ali!

Acho que teria de memorizar bem o nome da minha rua e o numero da minha porta, se vivesse ali, para não me perder ao voltar para casa!

Mais à frente segui a placa de Fougêres, um nome que não me era estranho mas não constava nos meus planos!

Fougêres é chamada a Porta da Bretanha! Uma cidade fortificada que merece uma visita mais cuidada! Desta vez só consegui dar umas voltas por lá e descobrir recantos muito antigos!

A porta Notre-Dame do sec XIV

As 4 rodas de moinho !

A catedral gótica!

E a frase de Victor Hugo: “Je demanderais volontiers à chacun: avez-vous vu Fougères?”
Eu vi mas vou lá voltar para catar aquele castelo a palmos, pois pareceu-me muito interessante e merecedor de uma visita detalhada!

E segui para Saint Lô, outra cidade que ficou na minha agenda desde 2008, quando andei por ali a visitar as catedrais do norte de França.

A sua catedral mutilada é testemunha de uma batalha terrível que arrasou a cidade e a região, na 2ª guerra Mundial, durante a libertação da Normandia…

Na igreja tem uma exposição permanente, como acontece em quase todas as catedrais vítimas da guerra, com as fotos do que a igreja era antes e como ficou depois da guerra.

No restauro da catedral decidiu-se deixar a fachada como ficou, apenas completando o pedaço em falta com tijolos verdes, como forma de lembrar para sempre o que aconteceu ali, “para que a memória não se perca e o erro não se repita”!

Ainda bem que a restauraram, pois é linda…

Mais è frente está a porta da prisão que também foi destruída na batalha e onde morreu muita gente! Hoje é um memorial.

E ainda em ambiente de vestígios da guerra fui até La Cambe, onde queria visitar o cemitério Militar Alemão…

É para mim impossível passar naquela zona e não ir visitar estas coisas… devia ser obrigatório, “para que a memória não se perca e o erro não se repita”…

“La paix n’est pas une question publique. C’est plutôt une question personelle qui s’adresse à chacun d’entre nous!” Karl Jaspers

“A paz não é uma questão pública. É antes uma questão pessoal que se diz respeito a cada um de nós!”

“On parle depuis plusieurs milliers d’années déjà des larmes verses par les mères. Il faut avouer que ces discours n’empêchent pás leurs fils de mourir.” Antoine de Saint-Exupérys

“Fala-se há milhares de anos das lágrimas choradas pelas mães. É preciso admitir que esses discursos não impedem os seus filhos de morrer.”

Lamento a quantidade de fotos, mas não consegui ficar indiferente à beleza do local… à paz que ele emana… à tristeza que ele comporta…

Depois segui caminho, passei em Caen, ela também bombardeada durante um mês aquando da batalha de Caen, quando os Aliados entraram em França pelas praias da Normandia para libertar o pais e marcharam sobre Paris…

Esta abadia foi refúgio da população. Foi casa, hospital e igreja… a chamada Abbaye-aux-Hommes… A abadia dos homens.

Nesta abadia está o túmulo de Guilherme o conquistador

Ainda há a Abadia da Mulheres que hei-de visitar na próxima passagem!

Depois embrenhei-me por ruelas e caminhos onde descobri coisas lindas

E cheguei a Calais. A minha Magnífica dormiu como o cachorro, sobre o tapete da entrada! Linda!

«Cucu!

Estou em Calais, o tempo melhorou e tem estado como eu gosto, com nuvens, céu azul e fresquinho! Hoje fiz mais uma vez uma infinidade de quilómetros o que faz que not total já tenha feito perto de 3000 km.

Há pouco, a 80km daqui, fui gentilmente socorrida por uma menina simpática que me pôs 30€ de gasolina, quando a minha Magnifica já se estava a preparar para morrer de sede! Não havia qualquer bomba aberta e a única que funcionava com cartão só aceitava cartão “bleue”, coisa de francês! Então ela pôs-me gasolina com o cartão dela e eu dei-lhe o dinheiro! Uf…

Amanhã atravesso para o lado de lá! Não me posso esquecer que do lado de lá o comércio ainda fecha mais cedo!

Agora vou dormir…

Beijucas»

Fim do 4º Dia de viagem!

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De Calais até Londres

10 de Agosto de 2011

Estava à porta da Grã-bretanha, era o dia de passar!

A minha preocupação era encontrar o balcão para comprar o bilhete e o sítio do embarque! Eu sei que é caricato mas embarcar a moto para qualquer lugar assusta-me sempre um bocado!

Tinham-me dito que Calais não era nada de especial e se calhar não é mesmo, mas toda a cidade tem os seus recantos, por isso, depois de comprar o bilhete (que teria ficado bem mais barato se não fosse estúpida e o tivesse comprado pela net) fui procurar os encantos da cidade. Tinha uma hora para passear um pouco e voltar para embarcar!

Fui naturalmente encontrar a cidadela de Calais!

Um forte sem nada de especial mas que se presta a boas fotografias, sem dúvida!

Ao longe via a porta de Neptuno, lá dentro há um espaço desportivo… estava a contar com tudo menos com isso!

Mais à frente a igreja, antiga e interessante mas não havia tempo para a ver por dentro!

E o farol, ali no meio da rua!

e num instante estava na hora de ir para o cais de embarque!

Conheci ali uns italianos que iam a Londres visitar a filha de um deles. Foram tão simpáticos que começou ali a “minha reconciliação” com os italianos! Aliás, ao longo desta viagem a quantidade de italianos, todos simpáticos, que encontrei, mostrou-me que no ano passado eu apenas tive azar com os estúpidos com que me cruzei no norte de Itália! 😉

O ferry é muito confortável e a viagem não custa nada! Eu que enjoo a andar de carro ainda não enjoei a andar de barco, é curioso, não é?

Por uma janela podia-se ver o cais e a nossa porta de embarque

Por outras podia-se ver Calais a ficar para trás!

Calais é o ponto de França mais perto da Inglaterra, fica apenas a uns 34 quilómetros do território inglês: Dover!

A confusão começou aqui!

«Desembarca-se, anda-se atrás de uns e de outros, passa-se uma fronteira, depois outra, tudo muito simples e sai-se para a rua directo! Em filinha vou-me sentindo a conduzir à esquerda “que fixe! Afinal é fácil!” então reparo que vou toda catita pela via da esquerda mas pela faixa da direita! “espera aí, se é tudo ao contrário eu vou na faixa de ultrapassagem!”…

Não sei se devo pôr o meu Patrick a contar milhas ou quilómetros. Experimento milhas e ele dá-me a minha própria velocidade em milhas também. “boa, fico a saber como é isso das milhas” mas então vejo placas a dizer que Londres fica a 70 milhas e eu não sei se é longe ou perto! O GPS também me diz que estou a X milhas de Londres…

O meu cérebro dá uma volta sobre si, não sei se vou pela estrada correctamente ou a fazer asneiras! Tenho pela primeira vez a sensação, que me acompanhou por vários dias e em várias situações, de que estou a fazer bosta!

Saio da via-rápida “afinal eu não viajo para conhecer vias-rápidas, são todas iguais!” Quero ver um castelo que fica mais ou menos no caminho e vou andando pelas estradinhas…

À sensação de “vou a fazer bosta!” acrescentei a sensação de “vou a correr perigo!!!” só me resta colar-me toda à esquerda, às sebes e aos muros e ao entrar num cruzamento fazer contas por onde seguir… acho que vou ter um treco!»

Cheguei ao Bodian Castle, tão concentrada na estrada (que era uma ruela e onde eu achava que nenhum carro conseguiria cruzar comigo sem me rapar o espelho direito) que nem o vi!

Mas ele estava ali mesmo ao lado da estrada…

Naquele país é comum fazerem-se estacionamentos sobre relvados!

O castelinho do sec XIV com todo o ar de quem quer impressionar a vizinhança!

por um lado é imponente, por outro é “frágil” para defender o que quer que seja!

Aquela gente aproveita bem o sol, talvez por ele ser pouco ou pouco frequente! Levam o almoço ou o lanche e vão fazer pic-nics para estes locais bonitos! Haja sol, que lá vão eles para os relvados!

Ali ao lado um comboio a carvão passou para completar o quadro!

E segui para Londres… diziam-me que andava para lá tudo em manifestações, revoluções, pilhagens e não sei que mais…

A mim pareceu-me tudo calmo… uf, ainda bem!

Junto à National Gallery, na Trafalgar Square, o ambiente era de serenidade, a confusão que se vivia por ali tinha a ver com turismo e não com terrorismo!

Ao longe podem-se ver as torres do Big-Bem e do Parlamento

Pormenores curiosos de Trafalgar Square

O edifício da National Gallery domina a praça! Este é, afinal, um dos museus mais importantes da Europa! Eu queria visita-la e iria faze-lo noutro dia e não acreditava no que estava a ler: a entrada era gratuita!!!

Então fui ter com o meu amigo do Facebook, Hugo Ribeiro, que vive perto de Londres e fomos jantar ao Ace Café!

Um espaço curioso e simpático que é um ponto de encontro entre motards muito interessante! Um café que nasceu, nos anos 30, para servir camionistas e acabou por cativar motociclistas!

Gostei bastante do local, comi bem e voltaria lá no meu regresso a Londres, quando voltava da Escócia.

Fim do 5º dia!
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De Londres até Bath passando por Stoneheng

11 de Agosto de 2011

“Que maravilhosa sensação, acordar em Londres!

Hoje posso dizer que a minha casa é em Londres! O céu cinzento do lado de fora da janela comprova que estou aqui… não pode haver duvidas, está um nevoeiro do caraças! Viva Londres!

Nem sei o que vou fazer nem para que lado me hei-de virar primeiro! É nestes momentos que eu agradeço a mim própria o tempo que perdi a pesquisar o que há para ver em todos os meus percursos e imprimir o trabalho num livrinho! Agora é só rapar do livro e ver que voltas posso dar e com o que há para ver! Delicia, sou melhor que uma agência de viagens!

A pousada não tem parque e de repente dou um salto da cama “ai a minha motita, na rua toda a noite, com as revoluções que há por aí e eu aqui a sornar na maior calma!”

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Não se passava nada com a moto, podiam-se ver policias a passear pela rua onde ela estava estacionada. Ai que alivio!

Ao pequeno-almoço a televisão estava ligada e pude ver a dimensão da nuvem em cima de Londres e toda a redondeza, cruzes aquilo iria ser chuva para todo o dia. A apresentadora reforça o meu pensamento “chuva até ao fim da tarde”…

Ao mostrar o mapa de toda a ilha podia-se ver que toda a zona leste estaria debaixo de chuva a maior parte do dia, mas para Este nem por isso!

Parti para Este, claro!

Segui para Winchester, uma cidade ali no sul de Inglaterra que já foi capital do reino e tem uma catedral lindíssima!

Aquela catedral espantosa foi começada a construir no sec XI embora só tenha sido concluída alguns séculos depois!

É uma das maiores catedrais inglesas e a gente sente-se pequenina lá dentro!

Monumental e linda!

Aqueles tectos fizeram-me andar tempos infinitos de nariz no ar!

Estava muito perto de Londres e o mau tempo não estava longe, aliás, estava em cima de nós! A cidade perdia a piada com todo aquele cinzento, por isso peguei na moto e fui para mais longe um bocado!

Segui para Salisbury. Mais uma catedral espantosa me esperava ali, a catedral de Saint Mary uma construção com 750 anos!

Hoje é uma catedral anglicana em perfeita utilização para oração e visita-la foi uma agradável surpresa!

Mesmo em frente uma mulher enorme caminha para ela determinada!

Até eu era pequena perto dela!

Lá dentro, alem da beleza da construção, haviam pormenores surpreendentes que me prenderam a atenção por muito tempo e fotos!

Uma fonte silenciosa, um espelho vibrante, ali, bem no meio do caminho… surrealista beleza!

Mergulha-se naquelas águas como num espelho! É espantoso!

Depois daqueles minutos de contemplação das águas tudo é magico!

E de repente, no meio daqueles túmulos centenários, um tumulo muito original!

Havia esculturas deste artista um pouco por todo o espaço o que achei surpreendente e delicioso!

Os claustros da catedral são espantosos! Numa sala ali ao lado está guardado um dos 4 exemplares da Magna Carta, uma espécie de tetravó do constitucionalismo!

Quando cheguei cá fora a minha Magnífica tinha arranjado uma amiga!

O céu estava azul e as nuvens tinham-se afastado mais um pouco, tal como dissera o boletim meteorológico! Eu estava no bom caminho: o caminho do sol! 😉

Ali perto fica Old Sarum! Um nome que me enchia de respeito e curiosidade! Às vezes os nomes antigos têm muito poder sobre mim! Encontrei por lá uma foto aérea do local e a seguir fui vê-lo!

Old Sarum é o lugar mais antigo da região, data de 3.000 ac… é quase solo sagrado, heim?

Ali passaram povos desde os romanos aos saxões. O castelo e a catedral eram do sec I dc.

Aquilo fica no topo de uma colina perto do rio Avon e, no sec XIII decidem demolir tudo e construir a New Sarum mais abaixo, junto ao rio, hoje Salisbury!

No inicio do sec XX descobriu-se o local exacto da catedral por causa das falhas na relva que não crescia direito nas zonas onde estiveram as paredes!

Há um fosso em torno do montinho onde ficava o castelo, a catedral ficava cá fora, junto das construções da população.

Dali vê-se Salisbury ao fundo

A nuvem negra tinha voltado. Por lá é sempre assim, num momento está sol e sai tudo para rua para o aproveitar, no momento seguinte está tudo cinzento de novo!

Segui para Stonhenge, ali pertinho.

O trabalho que se tem para se tirar uma ou duas fotos sem ninguém por perto!

Felizmente as pessoas não podem aproximar-se das pedras senão não haveria tréguas e aquilo estaria sempre pilhado de povo!

Como eu imaginava, aquilo é monumental!

Quanto mais antiga é a construção mais silenciosa e solitária deve ser a visita para mim… aquilo estava um inferno de povo!… fui-me embora.

Afinal tinha tanta estrada tipo ruela aos “sobes-e-desces” para fazer e sentir o estômago saltar a cada descida e o coração nas mãos a cada cruzamento!

Fui para Bath!

Bath é uma cidade surpreendente!

Como o seu próprio nome indica, a sua tradição é termal, de banhos curativos, de águas milagrosas, daquelas que saem da nascente a altas temperatura e fumegam ao passar.

Por ali andaram os romanos que apreciavam aquelas águas e construíram um complexo termal remarcável, mas parece que a origem da cidade é bem anterior, outros antes deles já tinham apreciado aquelas águas!

Depois de passar o jardim a catedral era mesmo ali ao fundo, mas não fôra a catedral que me atraíra ali!

Ali eram mesmo os banhos romanos o centro da minha atenção!

Todo o complexo está em bom estado de conservação e perdem-se ali umas horas a catar todos os recantos!

Chamo-lhe complexo porque tem todo um conjunto de piscinas, tanques menores e banheiras para tratamentos especializados, desde banhos de relaxamento até banhos curativos.

Aqueles romanos eram mesmo conhecedores das potencialidades de umas termas!

A fonte “milagrosa” ainda jorra hoje a água quente que passa junto aos nossos pés fumegante, pelas canalizações que os romanos construíram há muitos séculos!

As pessoas ficavam ali sentadas na borda da piscina e eu fiz o mesmo!
Acabei por fazer ali alguns desenhos também.

Os romanos faziam ofertas aos deuses atirando moedas para o tanque “the Hot Sacred Spring”

Quando este tanque foi descoberto e escavado muitas dessas moedas foram recuperadas e estão hoje em exposição.

Os visitantes podem hoje fazer também as suas ofertas, pedindo um desejo e o dinheiro será usado na permanente conservação do local.

Coisa gira ver a moedas a brilhar no fundo da água!

Depois de horas a deambular pelos banhos, a ler placas, a tirar fotos, a desenhar e a imaginar como aquilo teria sido… lá fui ver o segundo ponto de interesse da cidade para mim: o rio e a ponte!

O rio Avon desce ali, literalmente, as escadas!

E com que elegância ele o faz!

Por cima dele passamos uma ponte que da rua… parece uma rua! Ao estilo da Ponte Vecchio (sec XIV) em Florença, esta Pulteney Bridge (sec XVIII) é toda ladeada de lojinhas que fazem com que, quem lhe passa em cima, nem se aperceba que está a atravessar uma ponte!

Com isso é uma das 4 pontes ladeadas de comércio no mundo (tenho de descobrir quais são as 2 que me faltam ver!)!

Vista de cima parece uma rua comum!

Fiz um pic-nic rodeada de pombas que me vinham comer à mão, ali num jardim que era um labirinto

e parti para St Alban, queria ver aquela catedral, embora já soubesse que estaria fechada… depois da 5.30h o que é que está aberto naquele país?!

Esta é a 2ª maior catedral do Reino Unido, depois da de Winchester… e a sua nave é a maior de todas… gostava de a ter visto por dentro, sei que é diferente das que tinha visto. Mas nada feito!

Dei por ali uma volta a pé

E fui para Londres passear. Ao menos lá a vida não acaba às 5.30h!

A torre do Big Ben está ali ao lado da estrada o que achei surpreendente, pois pensava que estaria recuado não “à mão” de quem passa na rua!

Big Ben, na realidade não é a torre nem o relógio e sim o sino que pesa uma porrada de toneladas, (12 ou 13 acho eu) porque o relógio chama-se apenas… Tower Clock!

Dali mesmo podia-se ver o London Eye, eu ainda havia de dar uma volta nele, nem que isso custasse uma fortuna!

O edifício do Parlamento tinha uma esquina às escuras, o que era uma pena!

Ali mesmo ao lado fica a Westminster Abbey considerada a catedral mais importante do reino porque lá são coroados os reis… e casou lá o príncipe há tempos!

Não cheguei a vê-la por dentro porque quando chegava a Londres era sempre tarde demais!

Na praça em frente varias pessoas tentavam desesperadas fotografa-la sem conseguirem porque havia pouca luz e o flash não fazia efeito nenhum! Eheheh

Fui comer uma massinha italiana, acompanhada por uma cervejinha espanhola e ser vida por um português… ali pertinho já que o “fish and chips” deles quem quiser que o coma!

Então voltei para a “minha casa em Londres” pelas ruas cheias de movimento num país que já dormia desde as cinco e meia! Viva Londres!

Fim do 6º dia de viagem!

(continua)

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