2014 – Irlanda & Reino Unido – Passeando por caminhos celtas

Vou voltar a desenhar caminhos…

Posted on 27 de Maio de 2014 by Gracinda Ramos

Aproxima-se o tempo em que tudo voltará a fazer sentido!
O tempo em que a vida estará na minha estrada, como se sempre assim tivesse sido, porque é lógico, porque faz sentido!
Como se depois de um longo período de invernação a minha natureza florescesse e o meu espírito se libertasse!
Há algo de tão natural, de tão esperado, porque eu sou uma porção de universo que reage como ele.
Volto a sonhar e, só agora, a pensar em realizar.
Como, onde, quando?
A cada dia algo de novo surgirá no meu espírito, a cada passo de estrada que me propuser fazer.
É tempo de sonhar, só agora, porque até aqui qualquer sonho seria sofrimento, seria impossibilidade ou irrealização.
Tudo funciona como num processo criativo, quando a inspiração para desenhar e pintar vem desenhando e pintando.
Pego nos instrumentos e eles voltam a falar comigo! Pego no mapa e ele volta a falar comigo também!
De repente é como se voltasse verdadeiramente à vida, voltasse ao meu mundo…
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Hoje parti o meu porquinho!

Posted on 22 de Junho de 2014 by Gracinda Ramos

Hoje parti o meu porquinho… cada vez o faço mais cedo!
As coisas estão tão difíceis que tenho de saber quanto antes com o que posso contar para saber até onde posso ir!

Não importa quanto tinha, importa o que posso fazer com o que tinha…

E está na hora de desenhar algo por onde ir…

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1. Passeando por caminhos Celtas

Posted on 14 de Julho de 2014 by Gracinda Ramos

Cucu!

Pois é, já parti o meu porquinho e já decidi o que vou fazer a seguir!

Não importa quanto tinha, importa o que posso fazer com o que tinha…

E o desenho foi feito à medida do que posso fazer!

Então, depois do azar que tive em 2011 com a minha Magnifica, volto para completar as minhas explorações e passear por essas terras celtas que tanto me chamam há tempo demais!

O meu plano A era outro, mas irrealizável para já, por isso sai o plano B, que será memorável!

Desta vez, baseada no “queres que te faça um desenho?” para ilustrar um pouco do que quero fazer fiz mesmo um desenho!

Digam-me que não está um desenho lindo!

Ora o desenho mais perfeitinho, apenas contendo os pontos onde dormirei, feito no Google maps, ficou assim!

O desenho que fiz à mão, lá em cima, é mais próximo das voltinhas que darei na realidade, o que fará com que esta volta vá dos 8.000km, do Google maps, para uns 13 ou 14.000 na estrada, depois de muito floreado o percurso!

Será isto o meu mês de agosto… desejem-me sorte!

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Glasgow – 12 de agosto de 2014

Posted on 13 de Agosto de 2014 by Gracinda Ramos

(em viagem)

Glasgow ficará para sempre lembrada como a terra do azar para mim! Se alguma vez eu disser que vou voltar à Escócia, por favor alguém me lembre de não ficar em Glasgow, apenas passar e andar!
Apenas falhou por uns 7 dias para ser exatamente 3 anos depois do tal dia 19 de agosto de 2011, quando o primeiro azar se manifestou…
Pois, e hoje foi dia de azar de novo!
Às vezes perguntam-me como farei eu se tiver um azar em viagem, estando sozinha, uma avaria um furo, qualquer coisa!
Uma avaria, tive-a cá no tal dia 19 de agosto e resolvi-a com a minha seguradora e a gente daqui.
Um furo, tive-o hoje e resolvi-o conduzindo por cerca de 40 milhas até chegar onde me pudessem ajudar. Gente simpática, de oficina em oficina, lá me foram mantendo o pneu suficientemente alto para a jante não chegar ao chão, até chegar a uma oficina Honda em Ayr.
O furo? Era uma enormidade, o que foi mantendo um pouco de ar foi o próprio parafuso que o provocou. Um parafuso enorme que atravessou o pneu em dois sítios, por onde entrou e por onde saiu a ponta!
O parafuso era esta coisa monstruosa!
Tudo está bem quando acaba bem… espero!
Até amanhã!
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2. Passeando por caminhos Celtas

Posted on 3 de Setembro de 2014 by Gracinda Ramos

Um ano sem passear…

Um ano sem me mover livremente como sempre fui fazendo na minha vida…

Um ano presa a recordações, e receios, e à incerteza de poder ou não voltar a partir para uma longa jornada!

Ao contrário do que muita gente pode pensar, eu não sonho longamente com cada viagem, penso de vez em quando se poderei ir ali ou acolá, mas nada projeto! Vou recolhendo ao longo do tempo tudo o que encontro, ou me enviam, sobre todos os países e vou arquivando essa informação em pastas com o nome de cada país a que pertencem, nada mais. Quando decido onde vou, pego em cada uma das pastas de cada país onde passarei e vejo o que lá tenho.

Mas não sonho demais.

Tenho alguma dificuldade em lidar com sonhos irrealizados, por isso os meus sonhos são para realizar, então sonho à medida do que posso fazer e pronto!

E assim como os meus sonhos são para realizar, as promessas que faço a mim mesma também e há 3 anos que eu prometera voltar a terras britânicas, realizar o que não pude nesse tempo, quando a minha motinha avariou e me impediu também de ir até à Irlanda. Por isso, quando chegou a hora de perceber que poderia viajar, o destino foi marcado muito facilmente!

Foi quando comecei a desenhar e a marcar o meu caminho!

Desta vez eu iria dormir diversas vezes no mesmo local, não haveria necessidade de andar de um lado para o outro todos os dias, quando o território em que me movia não era assim tão extenso que o exigisse, por isso as 34 noites foram passadas em 19 sítios, o que fez uma média de quase 2 noites em cada local.

E foi neste momento que eu comuniquei aos meus amigos que estaria, durante todo o meu mês de agosto, “Passeando por caminhos Celtas”… porque nós somos celtas e todos os povos por onde passei o são!

Um mapa da presença celta pode ilustrar melhor por onde andei…

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3. até Saint-Jean-Pied-de-Port…

Posted on 3 de Setembro de 2014 by Gracinda Ramos

E como já vai sendo habito, tudo acontece antes de eu partir!

Parece que tudo conspira para desviar a minha atenção da empreitada que me proponho fazer e dos preparativos que procuro ultimar!

Desta vez foi a máquina fotográfica mais pequena, mais pequena mas muito melhor que a maior, aquela que avariou no ano passado e não veio a tempo da viagem e me obrigou a comprar uma nova (a maior) à última da hora! Pronto, este ano só foi à Sony umas 3 ou 4 vezes antes de partir, porque avariou o leitor de cartões, porque meteu porcarias dentro da lente, porque o estabilizador se passou e sei lá mais o quê!

Mas teve de se cuidar pois desta vez eu tinha a outra e nem cheguei verdadeiramente a stressar “Não queres ir? Ficas em casa e eu levo a outra que já foi à Roménia e portou-se muito bem!” e ela acabou por se pôr fina e ir comigo de viagem sim senhor, e trabalhar bem (mais ou menos) toda a viagem e não se falou mais do assunto!

Ora como eu não stressei com a máquina fotográfica o GPS juntou-se à festa e stressou ele! Foi para a Garmin em Barcelona e tudo. Lá veio melhor mas não a 100%, mas também não stressei por isso, o meu amigo Filipe Marques emprestou-me a sua Lulu, que é gémea do meu Rafael, e lá segui viagem com um casal de GPS. Não seria por isso que eu me perderia pelo mundo!

Uma última visita à Mototrofa, para trocar os punhos aquecidos que estavam meio derretidos por uns novos fornecidos pela garantia. E que bem que fiz em tratar disso, pois com o frio que apanhei usei-os todos os dias e sempre quase na temperatura máxima!

A motita é jovem mas já muito experiente! Estava em plena forma para partir!

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29 de julho de 2014

Há muito que eu deixei de me preocupar com o levantar muito cedo para partir numa viagem! Levanto-me quando acordar, sem usar sequer o despertador, e logo se vê como vai ser a seguir! Assim posso despedir-me direito do meu moçoilo, sem ter de o acordar de madrugada, ele vem ajudar-me a pôr tudo na moto e tira-me as ultimas fotos e tudo! Que mais posso querer?

E é sempre aquela sensação, não estou a sair de casa mais uma vez, como faço todos os dias! Estou a sair de casa para só voltar depois de muito ver, muito rolar e muito viver! É tão boa a sensação!!

Outro ritual que já vai sendo habitual é ir imprimir e encadernar o meu livro de viagem, onde tenho tudo planeado, desde o que posso querer ver, até reservas de dormidas e ferrys! Como tudo vem ficando para a última hora, também é na última hora que imprimo a coisa, as meninas da Telma-copias já se estão a habituar à minha visita e ao “Boa viagem” no final!

E naquele dia eu não iria fazer nada de especial, apenas conduzir, conduzir e conduzir, até ao sul de França, direto.

Claro que acabo sempre por parar aqui ou ali… mas nada de especial!

Os Pirenéus sempre me fascinam e eu queria passar a noite lá, numa terrinha deliciosa onde passei há dois anos e que adorei!

Oh, a sensação de conduzir tanto tempo seguido era tão boa que eu simplesmente quase não conseguia parar, até a tarde estar a chegar ao fim e o sol começar a brincar comigo, em paisagens deslumbrantes. Aí eu fui rapando da máquina e tirando algumas fotos.

E cheguei a Saint-Jean-Pied-de-Port e escrevia eu no meu facebook:

“Saint-Jean-Pied-de-Port, quase 900 km depois cá estou de novo! A última vez que aqui estive a minha motita estava mutilada, depois de ter batido dias antes de partir. Uma dor de alma, num ambiente tão bonito olhar para a minha moto partida! Mas hoje o conjunto está perfeito e a minha Ninfa já espantou olhos, parada no centro da cidadezinha, com montes de gente em seu redor a ler todos os seus autocolantes! Que belo dia para passear!”

O hostel ficava mesmo dentro das muralhas, numa casinha recuperada encantadora! Todas as casinhas por ali são encantadoras, afinal!

Fui comer finalmente, comida de panela, de alguma forma eu já sabia que esta viagem seria de comidas de plástico por isso tinha de aproveitar enquanto estava num pais onde se cozinha!

E o sol pôs-se lindo quando eu passeava pelas ruelas!

Era tudo o que eu queria, ver a cidadezinha de noite, com as suas muralhas e pontes e o rio Nive a passar logo ali!

“Em Saint Jean Pied de Port, convergem as três grandes vias do Caminho de Santiago no território francês, de Paris, Le Puy e de Vecelay (Chemin de Saint-Jacques des Pyrénées-Atlantiques) e isso é visível pelo centro de apoio e pela igreja de Nossa Senhora.” (Passeando até à Suiça 2012)

Tão bonito tudo por ali! Tão relaxante e sossegado! Adoro aquela terra!

Ouviam-se vozes que vinham da igreja e eu fui espreitar! Era um coro que fazia lembrar os cantares alentejanos. Pude perceber pelos cartazes à porta que se tratava do Coro Basco de Homens Gogotik e cantavam tão bem! Umas senhoras encostaram-se mais umas às outras, num banco da igreja, para me arranjarem lugar e eu fiquei ali, maravilhada a ouvir! Era lindo!

E acabei por voltar calmamente para “casa”. O pátio do hostel era uma maravilha para se estar ao serão, em conversas sussurradas em diversas línguas e eu, que nem estudei muitas línguas, era a que falava e entendia mais pessoas que falavam em inglês, em francês, em espanhol e em italiano! Foi tão giro!

E foi o fim do primeiro dia de viagem, cheio de encanto e desejos realizados, depois de tanto tempo sonhando em partir, em conduzir muitos quilómetros seguidos, em conhecer terras e gentes…

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4. subindo a França da Aquitaine até ao Limousin…

30 de julho de 2014

Todos os dias são dias bons para viajar, sobretudo quando se tem tanta vontade de o fazer! Tinha pela frente um dia para subir de uma região da França para outra, da Aquitaine até ao Limousine, ambas regiões encantadoras que visito sempre com muito prazer a cada vez que por ali passo! E tenho sempre em mente meia dúzia de sítios onde posso passar porque são lindos!

Fui-me despedindo de Saint-Jean-Pied-de Port, as portas e janelas são encantadoras por ali, vermelhas em contraste com as parede brancas e sempre com flores a completar o quadro!

Também as há em verde, igualmente com flores. Aquelas casinhas medievais são de prender mesmo toda a nossa atenção!

Janelas lindas!

A minha motita dormiu fora da muralha mas iria sair pela porta grande, atravessando todo o povoado!

Lá fui, descendo a rua onde estava hospedada e que é a rua principal da citânia. Não se pode circular por ali normalmente, mas de manhã cedo tudo é permitido, sobretudo quando se está de moto e se está de partida!

Aquilo é lindo, apesar do céu não estar azul!

Aliás, ele estava tudo menos azul, naquele dia! As nuvens estavam mesmo pouco acima do nível do chão!

Um viajante me acompanhou por mais de 40 km, bem agarrado ao vidro da minha motita! Como será para um bicho, um inseto, ver-se de repente a mais de 40km do sítio onde costuma viver? Será que tenta voltar ao ninho ou junta-se aos da sua espécie na terra onde foi ter?

Sauveterre-de-Béarn apareceu no meu caminho, com gente simpática e um ambiente giro para tomar um café, delicioso se o comparar com os cafés horrendos que me esperavam no Reino Unido!

As cidadezinhas naquela zona são encantadoras, parecem terrinhas de brincar, tiradas de livros de contos, com paisagens verdes a condizer!

É o caso de Orthez, com a sua Pont Vieux do séc. XIII, encantadora!

Por aquela altura o meu passageiro continuava comigo, mesmo depois de eu ter desmontado varias vezes e demorado a fotografar e desenhar! Parecia um pouco impaciente, pois ia dando uma olhada ao GPS. Devia ter pressa de chagar algures!

Antes de sair da Aquitaine ainda passei por Mont-de-Marsan, uma cidade cheia de história e com pormenores muito bonitos, afinal tem a sua origem medieval bem visível!

Mas o céu estava meio encoberto e não me inspirava muito andar por ali! Terei de lá voltar noutra passagem pela zona!

Quando tenho muitos quilómetros para fazer aproveito sempre para encontrar o sol, pois certamente ele estará algures mais para longe, no meu caminho!
E assim era, havia sol e girassóis!

Ao longe vi Pujols, um mimo de cidadezinha no topo de uma colina, que eu quero ver noutra altura que ali passe!

E depois Villeneuve-sur-Lot, porque por ali parece que todas as terrinhas são bonitas para se visitar, la parei de novo!

Estava calor e eu tinha de beber algo bem fresquinho!

A cidadezinha é encantadora e havia uma ou duas coisas que eu queria ver por lá.

Como a Eglise Sainte Catherine d’Alexandrie. Eu sempre sinto um fascínio por igrejas vermelhas e em França há algumas!

A igreja não é muito antiga, é do final do séc. XIX e juntando dois estilo românico e bizantino

Numa imagem impressa no local a perspetiva é espantosa!

Fascinou-me mesmo, sobretudo a sua longa torre que sobressai no meio da praça de uma forma impressionante!

E dentro é muito bonita! Com pormenores da época bem elaborados…

E intervenções modernas muito curiosas, que prenderam completamente a minha atenção, como aquela espécie de pórtico em madeira pintado de formas e cores muito interessantes!

Quando cheguei até à minha motita, ela tinha feito amigas! É tão bom passear em França, onde a gente pode parar a moto onde quiser sem qualquer stress, em cima do passeio, numa berma de estrada ou onde ela couber sem perturbar o trânsito! Adoro a França por isso!

Mas o que eu precisava mesmo era de fazer umas estradinhas daquelas onde ninguém anda e onde parece que só passa a minha moto! É sempre o meu fascínio e nesta viagem levei um fartote delas! Uma delícia!

Ainda por cima essas ruínhas levam frequentemente a recantos muito bonitos onde não há ninguém e onde eu posso sempre parar e curtir uma pausa, sem qualquer stress!

Depois passei em Cahors, aquela cidade onde eu estive há dois anos, mas o transito era tanto, o calor tão sufocante e o céu tão cinzento, que eu fui embora quase sem nem explorar um pouco! Desta vez fui direta à Pont Valentré, que era tudo o que eu queria ver lá !

Aquela ponte fascina-me ! Também é conhecida como Pont du Diable. É uma ponte fortificada do séc. XIV que atravessa o Lot e é linda !

Andei por ali, para trás e para a frente, havia muita gente sobre ela e muita gente me pedia para as fotografar com a ponte como fundo. As pessoas adoram isso !

O Lot estava muito bonito! Quando está sol e nuvens tudo parece mais bonito afinal!

E ao menos lá em baixo não havia multidões de pessoas sedentas de se fazer fotografar junto da ponte!

Como sempre a Ninfa pôde ficar mesmo pertinho da Ponte à minha espera! Na França isso é sempre possível!

Então aconteceu-me algo inesperado… a maquina maior, uma Sony Cyber-Shot DSC-H200, que usa pilhas, foi-se! E eu não tinha mais pilhas para ela!

E como se não bastasse… acabou a bateria da maquina fotográfica menor, uma Sony Cyber-shot DSC-HX20V. Fui trocar a bateria e a 2ª estava descarregada. Bolas, como não me dei conta de que não tinha todas as baterias carregadas?

Mas eu tenho uma 3º, porque as minhas ultimas maquinas usaram sempre estas baterias, por isso foram-se as maquinas mas ficaram as baterias!

Raiva descontrolada mesmo… a 3ª também estava descarregada!

Segui o meu caminho completamente frustrada…

Raios! Claro que eu não tinha maquina fotográfica operacional mas tinha olhinhos para ver ! Por isso, apesar da frustração, segui para Saint-Cirq-Lapopie!

Ora Saint-Cirq-Lapopie é uma cidadezinha medieval espantosa, no topo de um monte, que desce pelo penhasco até formar um precipício sobre o rio Lot, lá em baixo. Seria uma frustração visita-la sem poder fotografar…

Cheguei à entrada da cidade, uma grande confusão de trânsito me esperava. Por tras de um grande autocarro estava o estacionamento das motos… cheio de motos mal estacionadas, que ocupavam o dobro do espaço que deviam…

Escrevia eu no meu Facebook naquele dia:

“Hoje aconteceu-me algo que não me lembro que me tenha acontecido nunca…. fiquei sem bateria na maquina menor e sem pilha na maquina maior! Que frustração!
Queria pousar a moto numa aldeia medieval lindíssima, não tinha maquina mas tinha olhinhos para ver, mas o parque para motos estava repleto de motocas mal estacionadas e a minha não cabia “is too big!” repetia o polícia “too big o caraças esses caramelos é que não sabem estacionar direito!”
Deu-me um ataque de mau feitio, parei a moto na frente de todas as outras e pus-me a desenhar, só saí quando acabei todos os sarrabiscos! Os donos das motos? Esperaram, para ver se aprendem a estacionar.
Fotos do local…. nem uma!

Alguns desenhitos que fiz:

Foram desenhos rápidos, havia muita gente por ali e criou-se um interesse particular por mim e pelo que eu estava a fazer, já que havia motociclistas a querer sair e a minha moto não deixava!

Dois ou três vieram mesmo ver-me desenhar, juntando-se a outras pessoas que olhavam com curiosidade! Um senhor queria comprar-me um desenho e uma senhora queria que eu fizesse o seu retrato com a cidade como fundo! Oh valha-me Deus! Arrumei a tasca e pus-me a andar rindo à gargalhada! eheheh

E ainda tirei uma ou duas fotos com o telemóvel, mas aquilo merecia muito maior qualidade…

Eu tenho de lá voltar!

E fui para casa, que naquele dia era em Les Pradelles, Lapleau, no mesmo sítio onde fiquei há 2 anos atrás quando voltava do meu passeio pela Suíça e Bélgica.

Foi muito bonito ser recebida com um abraço e um ótimo jantar, como se lá tivesse estado apenas no dia anterior!

“Ninguém esquece uma super-mulher numa super-moto!” – foi a receção!

E foi o fim do 2º dia de viagem!

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5. do Limousin até à Basse-Normandie.…

31 de julho de 2014

A Chambre d’ hotes Les Pradelles é encantadora! O proprietário é um senhor inglês muito simpático que me recebeu, da última vez que lá estive em 2012, muito amigavelmente. Naquele tempo eu voltava de um longa viagem e cheguei ali um pouco tarde. Na altura ficamos na conversa, enquanto ele me oferecia um chá com bolachas, porque era meia-noite e eu não podia ir para a cama sem comer algo!

Deu-me imensas indicações sobre o que eu poderia ver de interessante na zona, onde eu fiquei por 2 dias e, no fim da minha estadia, despediu-se de mim como se eu fosse amiga de longa data!

Desta vez eu só ficaria uma noite e seguiria para norte. Ele recebeu-me com um grande abraço e um jantar delicioso, acompanhado de bom vinho da região e tudo. Parecia que estava a chegar a casa de um grande amigo. Havia 2 casais, um francês e outro inglês, lá hospedados também e foi um serão e um pequeno-almoço de paleio em 2 línguas, muito interessante. O casal inglês era motard e ambos tinham moto, pude vê-las no dia seguinte na garagem, 2 shoppers.

Dizia a senhora que queria ser alta como eu para poder conduzir outro tipo de moto e, quando viu a minha Ninfa, ficou deslumbrada! Que moto fantástica!

E ainda dizem que os ingleses são altos, eles eram todos mais baixos do que eu, tanto ela, como os dois homens!

No dia seguinte despediram-se de mim, o dono da casa e a hospede motard, tirei-lhes uma ou duas fotos para a posteridade!

E eu, a portuguesa, é que era a mais alta ali! eheheh

Aquela zona é muito bonita! É daqueles sítios que eu vou gostar sempre de atravessar, com lagos e rio e castelos e tudo!

Eu nunca fico indiferente à calmia e serenidade das águas!

E naquele momento elas faziam perfeitos espelhos! Lindo!

Depois há lagos e floresta por todo o caminho!

Claro que fui parando e passeando um milhão de vezes!

Até começar verdadeiramente o meu caminho para norte! Havia uma série de pequenas cidades na linha que eu desenhara e que queria ver, não havia necessidade de correr por ali acima com tanta coisa interessante para alegrar o meu percurso!

Como vaquinhas a pastar nos campos! E eu gosto de as ver “dentro” dos campos, na rua é que me stressam um bocado… têm o rabo grande demais para a minha motita e podem pô-la ao chão!

E lá me aproximei de Corrèze.

Uma terrinha muito bonita e antiga, com direito a porta de entrada e tudo!

E, no largo logo a seguir, uma igreja muito bonita, de origem românica do séc. XII, embora com intervenções posteriores devido a reabilitações necessárias por causa das guerras ao longo dos tempos. O que faz com que ela tenha vestígios góticos também!

Muito bonito o ambiente, rodeado de casas medievais e renascentistas, lindas!

E claro, as janelas que me encantam sempre! Estou a ficar com uma coleção infinita de desenhos de janelas de todos os sítios onde vou e me encanto!

Mais à frente um bocado fica Uzerche, “a pérola do Limousin” nome que lhe faz tão boa justiça, porque é linda de todos os ângulos que a olhemos!

Fui recebida por uma porta de entrada, a Porte Bécharie, tão típica nas cidades medievais, e fiquei sem saber o que fazer! Estacionar cá fora e caminhar, como fazem os automobilistas, ou entrar por ali dentro, qual turista distraído e tentar parar a moto lá dentro?

Bem, que se lixe, estou em França, onde as motos podem ir para e por todo o lado e estacionar quase dentro dos monumentos, por isso certamente poderei estacionar lá dentro! E se não puder… saio pelo outro lado, depois de me ir enchendo de fotografias tiradas de cima da moto, e assim vejo se vale a pena caminhar depois por lá!

Tal como imaginava não houve qualquer problema em estacionar a moto na praça principal, mesmo em frente ao office de tourisme “Posso deixar a moto estacionada aqui fora à porta?” perguntei è menina, por um descargo de consciência “Claro! E boa visita!” respondeu ela descontraidamente! Eu bem dizia, moto é moto, não tem regras de carro naquele país! Yesss!

E lá ficou a Ninfa toda contente junto dos carros dos funcionários do posto de turismo!

E fui visitar a abadia Saint-Pierre, do séc. XI! Uma coisa fantástica com mais de 10 séculos!

A sensação de respeito é grande, quando estou na presença de monumentos tão antigos!

E nesta viagem eu iria estar na presença de monumentos bem mais antigos do que esta abadia espantosa!

A cripta mantem o aspeto original o que provoca um efeito especial…

E logo ali ao lado da abadia fica um miradouro que permite apreciar a envolvência da cidade com o rio Vézère a passar lá em baixo.

Adorei a cidade velha, fiquei por ali bastante tempo, fiz alguns desenhos e passeei com prazer. Há esculturas nas ruas e nos jardins da abadia e isso sempre torna os ambientes mais acolhedores e familiares para mim!

A perspetival entre a cidade antiga e a moderna é harmoniosa e a gente passa de uma para a outra sem choques!

Do outro lado do rio a percetiva da cidade é encantadora! Lá parei eu mais uma vez e fiz um desenhito mesmo em cima da moto, com o depósito a servir de mesa!

Finalmente segui o meu caminho, parando apenas um pouco em Bellac, com ruínhas e casas medievais giras,

e a sua igreja românica do séc. XII, a Igreja de Notre Dame de Bellac!

Depois fui até Saumur… que estava cheia de gente e de trânsito!

Não posso negar que adoro conduzir no meio do trânsito, sobretudo quando se pode “furar” pelo meio das filas de carros, como em França, mas só isso! Parar e andar no meio do povo é coisa que me cansa!

Depois, pensar em pagar bilhete para visitar o que quer que seja, e o castelo estava meio em obras, e andar no meio de milhões de turistas… é a parte que mais me desagrada!

Por isso desisti de visitar o castelo e optei por ir passear em torno da cidade e captar perspetivas do conjunto com o rio Loire a embeleza-lo!

Saumur é uma cidade cheia de história, antiga e moderna, de que se orgulha. Durante a Segunda Guerra foi considerada heroica e condecorada por ter resistido aos ataques alemães!

E o rio Loire é lindo de todos os ângulos!

Aproveitei a magnifica paisagem para comer qualquer coisa e relaxar… e tirar umas fotos a mim mesma, vá lá!

E lá me decidi a seguir o curso do Loire para depois ir até Daon…

Com direito a paisagens incríveis

O rio Loire é encantador, não só pelos castelos e cidades que povoam o seu vale, mas também nas suas zonas mais anonimas, onde vive gente simples que enriquece as suas margens com barquinhos e casinhas comuns, de gente comum! Só que por ali até o comum é extraordinário e belo, pela paz que se sente, pela serenidade que se transmite. Eu passava e parava a todo o momento, apenas para estar, apenas para contemplar!

Coisas bonitas que se encontram na beira da estrada por ali, como o Château de Montgeoffroy, em Mazé!

E cheguei a Daon! Eu não me tinha apercebido bem do sítio onde iria dormir, quando fiz a reserva! Apenas vi a casa, as opiniões de outros hospedes e pouco mais. Mas ao chegar lá encantei-me! Aquilo fica num paraíso à beira do rio, com direito a paisagem linda, movimento de férias e desporto e, no pátio do hostel, um bar com direito a pisaria e tudo!

Estava junto do rio La Mayenne que passa em duas regiões, o Pays de la Loire e a Basse-Normandie.

A minha ideia era ir ver o sítio onde iria dormir e ir dar uma volta de moto, mas a vontade foi-se e fiquei ali a curtir o ambiente!
Ao lado fica um parque de campismo e a seguir um parque de lazer, onde o povo se divertia com uma bolas gigantes com gente dentro, a rebolar na água. Fartei-me de rir e estive quase para embarcar numa bola também! Eheheh

E o sol pôs-se tão bonito, por entre risadas e copos de cerveja…

Com direito a passeio pelo relvado e histórias ditas em várias línguas com as pessoas dos barcos a oferecer taças de champanhe!

Lindo!

E foi o fim do 3º dia de viagem!

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6. a Basse-Normandie, o dia do… embarque!

1 de agosto de 2014

Trezentos e tal quilómetros até Cherbourg para apanhar o ferry às 4 da tarde, não há que stressar! É subir calmamente o que resta do país, dar uma vista de olhos numa terrinha ou outra que apareçam no meu caminho e estar lá uma hora antes, para descobrir onde é o porto e embarcar!

Assim despedi-me calmamente de Daon, aquele recanto tão fofinho onde me diverti um bocado.

E segui para norte

passando por Fougères, onde já tinha passado aquando da minha ultima visita ao Reino Unido, mas desta vez eu queria ver melhor e, tal como eu imaginava, aquilo é muito bonito!

Trata-se de uma cidade fortificada encantadora, cheia de construções medievais, em que o antigo convive com o moderno sem quase a gente se dar conta da transição!

Fora da muralha, logo ali, pertinho da porta de Notre-Dame do séc. XIV fica a Eglis St Sulpice, um encanto de igreja, cheia de história, já que foi a primeira de Fougères.

Claro que ela não era assim no séc. XII, quando foi construída, nessa época era de madeira, mas posteriormente foi adquirindo características dos estilos em vigor, quando foi construída em pedra e à medida que foi sendo restaurada, arranjada ou reconstruida!

E as gárgulas sempre me fascinam, sobretudo quando estão tão visíveis como ali!

É muito mais espaçosa e luminosa por dentro do que parece por fora!

Em redor reina a paz, embora mais acima um pouco o trânsito seja quase infernal! Em frente à muralha as casinhas enfileiradas são lindas!

E quando o trânsito é infernal, com direito a obras com semáforos, há que aproveitar as perspetivas da paisagem sobre a cidade antiga e o Jardin du Val Nancon.

A Eglise de Saint Leonard, gótica.
Eu ia apenas passar, pois já lá tinha estado em 2011, mas um senhor de idade que tinha o carro estacionado na frente, fez questão de o retirar para que eu pudesse ver toda a fachada da igreja sem perturbações e depois veio falar comigo.

Estava visivelmente sensibilizado por eu estar ali a admirar a “sua” igreja. Estivemos no paleio um bom pedaço, enquanto ele me contava histórias de batalhas antigas e guerras mais recentes e de como a cidade foi massacrada e reconstruida depois dos bombardeamentos dos Aliados.

Perguntou-me se eu achava a “sua” igreja bonita, eu disse que sim, que ela é diferente do que eu estou habituada a ver, ele sorriu e depois eu tive de a visitar por dentro, enquanto o senhor se afastava para o seu carro, com o passo incerto mas firme. Perguntei-me se ele não teria mesmo estado naquela ultima guerra de que me falava….

E ela é bonita sim senhor, por fora e por dentro!

E desta vez meti a moto por todos os recantos que me apeteceu, nada de ficar num canto a imaginar como será o resto, sem coragem de caminhar ou de ir de moto!

É muito mais fácil assim, a gente pousa a moto um bocadinho, desmonta e vai ver, anda mais um pouco, volta a desmontar e volta a ir ver, até ter visto um pouco de tudo!

Acaba até por ser divertido!

Cheguei cedo a Cherbourg, é sempre assim, o receio de chegar tarde faz-me sempre chegar cedo demais! Fiz um picnic junto à Basilique de Sainte-Trinité, já que era o recanto mais calmo da cidade, que parece uma passagem permanente para um lado qualquer! Eu tinha de fazer horas para ir até ao porto!

E ali começou o meu stress…

Escrevia eu horas depois, no ferry durante uma noite que pareceu não ter fim:

“Há medos que têm a sua razão de ser, pelo menos comigo é sempre assim! É que por vezes esses medos realizam-se, são como os sonhos, tornam-se realidade!

Pois é, e eu tenho medo de embarcar a minha moto num ferry!
Não tenho medo de andar de barco, nem que a minha moto ande num, não, nada disso! O meu medo é de fazer as coisas erradas e não conseguir embarcar direito! Por isso, da última vez que visitei o Reino Unido não tive coragem de comprar o bilhete antecipadamente através de um site qualquer na internet! Então eu fui até Calais e lá comprei o dito bilhete!

Perguntou-me a menina porque não o comprei através da net pois seria muito mais barato… nem tive coragem de responder e paguei quase o dobro, por o estar a comprar na hora e na bilheteira!
E estou de novo a caminho do Reino Unido e da Irlanda e desta vez tratei de tudo antecipadamente através da net! Pois é, tão antecipadamente que marquei a passagem para o dia 1 de junho e não 1 de agosto!”

Foi a sensação mais estranha que eu podia experimentar, dizia a menina “não tem lugar no ferry porque a viagem foi marcada para 1 de junho!” e eu sem entender direito pergunto “E hoje é o quê? 31?” Na realidade eu nunca sei muito bem em que dia estou em viagem e não entendi logo que o problema não estava no dia e sim no mês!

Quando ela me repete “On est en août et «junho» veut dire «juin», n’est pas?” oh meu Deus, até ela entende melhor português do que eu, olhei para o que o seu dedo apontava no meu papel – 1 de junho! M E R D A !

O sistema deve ter assumido a data em que reservei a passagem e não a data em que eu queria passar. Lembro-me que esta foi a primeira reserva que fiz e fi-la muito cedo, pois dela dependia todo o desenho da viagem!

Muito simpática, ela nunca se mostrou stressada, rapidamente me arranjou uma nova passagem para aquele dia, mas 4 horas depois e sem lugar marcado. Paguei a taxa de transferência, mais a diferença do preço dos dois bilhetes (é mais caro viajar em agosto do que em junho) e sorrindo para mim desejou-me uma boa viagem aconselhando-me a gastar o tempo a passear pela zona para que não desse cabo dos nervos!

E fui passear mesmo! 4 horas é muito tempo para esperar!

Estava tão perto da zona de desembarque da batalha a Normandia, como da zona de embarque na minha Ninfa, por isso fui atras das placas até vários pontos de guerra.

Nesta viagem fartei-me de ver cemitérios de diversas épocas e comecei logo ali, com o cemitério alemão de Orglandes onde estão mais de 10.000 soldados enterrados…

Inicialmente os corpos dos milhares de alemães e americanos mortos na zona foram enterrados na pequena vila, mais tarde foram criados espaços próprios para cada povo, para que os seus os pudessem visitar e então surgiu este cemitério que só foi aberto ao público nos anos 60.

Uma visita feita de silêncio, entre o “peso” emocional do locar e a sua beleza sombria…

Um pouco mais à frente uma homenagem e um agradecimento aos libertadores do local…

Anda-se por ali por ruínhas tão bonitas quanto estreitinhas
Quando a rua é estreitinha, tem dois sentidos e ainda encontro um sinal daqueles na berma, pergunto-me como será a seguir se vier um carro ou um trator em sentido contrario?!

E veio mesmo, um jeep, daqueles bem grandões, que cruzou comigo mais à frente, passou por mim com duas rodas fora da estrada e ainda me cumprimentou! São sempre muito simpáticos com as motos (pelo menos comigo) eles sabem que a moto não pode sair do alcatrão por isso arrumam-se eles.

Depois de ruinhas destas podem-se encontrar cidades pitorescas logo a seguir. É apenas uma questão de escolher bem os caminhos!

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Depois de um cemitério fui visitar uma abadia, não está mal e depois seguramente uma igreja e por aí fora!

A abadia é espetacular e fresquinha! Havia gente a cantar lá dentro, o que tornou a visita encantadora!

Tem origem românica do séc. XI e hoje é também uma escola secundária e de ensino de adultos. Puxa, eu gostava de dar aulas numa escola assim!

E lá está, a seguir fui ver a igreja lá do sítio, pois é tão bonita!

É posterior à abadia, é do séc. XIII, é bem menor e tem outros encantos!

E para terminar, e deixar de lado cemitérios e igrejas… fui visitar a Betterie d’Azeville… pois, por ali parece que está tudo ligado à guerra mesmo!

Ali viveram muitos soldados alemães, mais ou menos em harmonia com a população. Hoje ainda há quem fale de como era o relacionamento da população com os tropas e de como as regras eram rígidas para que os tropas não abusassem das pessoas. Acho que havia algum cuidado para que nada “explodisse” entre ambas as partes durante a ocupação!

Construíram a bateria camuflada de zona habitacional, com galerias subterrâneas e postos de observação.

Ao longe aquilo pareciam casas típicas da zona

Mas na realidade eram casemates bem artilhadas…
Claro que o cenário não enganou para sempre e lá acabou por ser atingida pelo fogo aliado e ir boa parte pelos ares!

E lá fui eu, finalmente, para a fila para embarcar! Havia um espanhol por perto mas não me ligou nenhuma, claro que eu fiz o mesmo com ele.

Eu devia estar muito feia ou ameaçadora naquele dia, porque ninguém se aproximou de mim! Ninguém de moto, pelo menos!

Mas, a bem dizer, também não falaram muito uns com os outros! Deixei-os lá com as suas caras fechadas e fui embora. A população comum parecia-me mais simpática do que os motards!

Sentia-me miserável! Como iria fazer a viagem sozinha sem lugar? Abandonada num canto como os ciganos? Andei a ver o barco, sem saber onde me pôr! Não era nada daquilo que eu tinha planeado…

Acabei por me instalar num dos bares a beber cerveja. Outras pessoas se foram juntando e eu lá me fui sentindo mais “aconchegada”, talvez aquela gente não se fosse toda embora cedo e eu não ficasse ali abandonada!

E aquilo tudo começou a mover-se, estávamos a partir para 16 horas de oceano… o suplício!

(continua)

****

7. uma longa noite… até à Irlanda!

Há noites tão longas…

Mas aquela noite acabou por me reservar momentos interessantes! Afinal eu não passaria a noite por ali, estendida num sofá do bar, sozinha! Na realidade uma infinidade de pessoas se preparava para passar a noite por ali também! Fantástico! Fui vendo uns e outros puxarem inclusive de almofadas e cobertores.

Eu apenas tinha tratado do lanche, achei que fazer tantas horas mal acomodada, só poderia ser menos penoso se tivesse o que comer. Por isso no meu saco de capacete tinha o meu portátil, 2 dos meus livrinhos de desenho e um lanche composto só por “porcarias” que me dessem prazer comer.

Entretanto os lugares estavam todos a ficar ocupados por imensa gente que se estendia por aqui e por ali.

Uma rapariga muito simpática veio perguntar-me se eu lhe dava um pouco do meu sofá para ela se sentar. Mas havia tanto espaço! Então ela explicou que quando nos deitássemos todo o espaço seria pouco! Fizemos amizade. Era francesa e pensava que eu também era! Aliás, eu devia estar com um ar muito estrangeiro porque naquela noite perguntaram-me 3 vezes se eu era inglesa e 2 se eu era francesa!

As minhas vizinhas, no longo sofá que contornava todo o espaço do bar, eram enormes! Passaram boa parte do tempo a maquilhar-se, a pintar as unhas e a olhar para pequenos espelhos… mas continuavam meio monstruosas! É sempre curioso ver mulheres maquilharem-se em público, sobretudo quando a seguir estarão a dormitar desconfortavelmente nos seus assentos.

Não tive coragem de tirar fotos ao ambiente e às vizinhas monstruosas mas desenhei-as à socapa! Alguns desenhos ficaram engraçados sabendo que foram feitos em menos que pouco tempo, entre uma olhadela de uma e uma espreitadela de outra! Eheheh

2 deles:

Aquele amanhecer tardou tanto… como se as horas nunca passassem…

2 de agosto de 2014

Mas mal deu sinal de vida, pôs-se dia num instante! E não foram 16 horas, como eu sempre disse, foram 17, porque a hora na Irlanda é igual à de Portugal, logo ao desembarcar às 12.00h completavam-se as 17 horas de viagem…

O tempo estava cinzento lá fora, na Irlanda!

Lá em baixo no porão, a minha moto tinha ficado rodeada por outras motos. Eu teria de esperar que todos saíssem para sair eu… e eles eram uns aselhas! O tempo que aquela gente demorou a preparar-se e a dificuldade que mostravam em manobrar as motos naquele piso, surpreendeu-me! Cruzes, eu não podia acreditar naquilo!

Acabei por tirar a minha moto (que era a maior e a mais pesada) manobrando-a por entre as outras ou acho que ainda lá estaria à espera para sair. A verdade é que sai sozinha do barco, sem que nenhuma moto me seguisse! Valha-me Deus, apetecia perguntar como tinham chegado até ali com tantos receios!

Lá fora o mau tempo esperava-me e à medida que saia do porto, finalmente 2 ou 3 motos já eram visíveis lá atrás.

Desatei a conduzir à esquerda como se o tivesse feito por toda a minha vida! Curioso que, da última vez, que era a primeira vez que conduzia à esquerda, custou-me muito adaptar-me, o meu cérebro dava uma volta a todo o momento, em cada cruzamento, em cada ultrapassagem. Desta vez foi pacífico, mesmo com o vento forte e a chuva intensa, nada me perturbou!

Fez-me lembrar a primeira vez que fui a Marrocos e andei de camelo, custou-me tanto, não conseguia relaxar nem sequer pensar em retirar as mãos o suporte onde me agarrava com toda a força e, no ano seguinte, tudo foi fácil e até andava “sem mãos” tirando fotos ao mesmo tempo! Acho que uma vez que o meu cérebro se adapte, conseguirá funcionar de novo a cada momento!

Com aquele tempo nem valia a pena parar em lado nenhum, por isso fui direta para Cork, para o hostel.

O tempo estava bem melhor por ali, por isso depois de largar a top-case, fui ver um pouco da cidade.

Cork é a segunda maior cidade da Republica da Irlanda! É uma cidade interessante e, aparentemente cheia d igrejas!

Desta vez eu não tinha muita vontade de ver catedrais, não era essa a minha finalidade, por isso, a maior parte das vezes, bastar-me-ia vê-las por fora, como a St. Fin Barre’s Cathedral. Eu sei que ela é linda e tal, é relativamente recente, em estilo neogótico, lá do fim do séc. XIX. Claro que se fosse mesmo gótica eu provavelmente não lhe teria resistido e teria voltado para a ver por dentro! Que fazer, são paixões que tenho!

Assim só andei por ali a ver todo por fora, casas, igrejas, ruas!

Acho que tantas horas dentro de um ferry, esticada num sofá, reavivou a grande vontade que eu tinha de conduzir, mais do que de andar!

Ou outro lado do rio Lee, mais uma grande igreja, a Holy Trinity Church!

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Mas será que por ali todas as igrejas são neo-qualquer coisa? Os revivalismos na arquitetura singraram na cidade e ali estava um exemplar neogótico, que também não visitei por dentro!

Pode ser que, de uma próxima visita à Irlanda, eu vá mais disposta a ver igrejas e as vá ver todas por dentro, naquele momento só me apetecia passear de moto pela cidade. O sol preparava-se para descer e, subindo a uma colina ali ao lado, eu fui vê-lo, relaxar e fazer um picnic com uma belíssima paisagem. Afinal eu estava finalmente na Irlanda, um país mítico para mim e queria que o meu primeiro entardecer fosse mítico também!

Ao voltar para o hostel fiz amizade com uma francesa muito simpática, fartamo-nos de conversar, ela tinha saudades de falar a sua língua depois de uma visita a solo pela Irlanda, por isso foi só tagarelar.

Ela, como eu, viajando sozinha nunca ia a um bar à noite, mas juntas era outra coisa!

Ela também é professora, de biologia! Muito interessante falar com gente boa e inteligente!

Passeamos um pouco pela cidade, ficando combinado que, quando eu passasse em França, na sua zona, teríamos de nos encontrar de novo!

E finalmente eu iria dormir uma noite decentemente deitada numa cama confortável, com cobertores e lençóis e tudo, numa casa vitoriana, com um jardim muito bonito!

E foi o fim do meu 5º dia de viagem…

****

8. o condado de Cork!

3 de agosto de 2014

Quanta alegria, o dia amanheceu com sol e eu acordei com vontade de devorar o mundo!

Rapei do meu livrinho, e de tudo o que havia para ver por ali nos meus estudos, e parti. Claro que mal a moto começa a rolar eu vou tendo mais noção do que me apetece realmente fazer e ver e, naquele dia, a vontade de ver gente foi diminuindo, à medida que ía entrando nas cidades e tudo estava cheio de festa, turistas e multidões… ok, nem era assim tanta multidão, mas quando a gente não quer ver gente, mais que 4 ou 5 pessoas já chateia!

Enfim, tinha o condado de Cork ao meu dispor e tanta coisa para ver nele!

Uma coisa curiosa e que me agradou foi a cor das casas, poucas têm cores banais e mortiças como cá. Usam-se frequentemente cores quentes e berrantes, o que dá um ar de festa permanente a cada rua! Kinsale foi a primeira a “ferir” os meus olhos!

Mesmo as casas com cores mais “normais” ajudam a alegria cromática do ambiente!

Depois os estabelecimentos, bares, lojas e hotéis, são frequentemente muito enfeitados, com fachadas de madeira pintada e/ou bandeiras e flores!

Logo ali fica o mar, que está quase por todo o lado, com recortes e braços de água a todo o momento, afinal eu estava a contornar o condado pela costa, percorria a West Cork Coastal Route!

E as perspetivas de mar e lagos que fui encontrando eram espantosas!

Então depois do rio Arigideen ficava uma ruina que me prendeu tanto a atenção! A Timoleague Abbey…

Estas coisas sempre têm um grande impacto sobre mim! Uma abadia em ruinas, é como a carcaça de uma história cheia de segredos. Eu tinha de vê-la por dentro e o que me esperava apenas completou a sensação.

É frequente encontrar igrejas e abadias em ruinas que se foram transformando em cemitérios no Reino Unido e por ali não é diferente!

Oh, as cruzes celtas eram espantosas…

Eu queria mesmo fazer uma pequena coleção de cruzes e não ficaria desiludida porque por aquele país elas estão por todos os lados sempre diferentes, sempre espantosas!

A Abadia é do séc. XII e, depois de séculos de história, foi destruída pelos soldados ingleses na época da reforma (séc. XVI) e, embora tenha continuado a ser habitada pelos monges, voltou a ser destruída pelos ingleses uns anos depois quando, não só ela mas também a toda a cidade, foi queimada, de novo pelos ingleses, e assim ficou até hoje…

Acho sempre curioso como as populações vão preenchendo os espaços das igrejas arruinadas com túmulos, por todos os lados, sem qualquer ordem ou sentido.

E, quer se queira ou não, há momentos muito cinematográficos nestes locais! Visitar cemitérios nunca me assusta minimamente, apenas me provoca sensações que vão desde o respeito, até à simples curiosidade, como uma visita ao passado e ao sentido que cada povo dá à morte dos seus! O corvo, num cemitério, tão quietinho, foi o momento magico que se completou definitivamente!

Não consigo deixar de catar todos os recantos de uma coisa daquelas!

Mais à frente fica Clonakilty, Clon para os amigos, e a Church of the Immaculate Conception chamou-me a atenção. Fica num ponto elevado e é imponente!

Havia gente a chegar de carro, com pessoas de idade e dificuldade em andar, que ficaram a olhar para mim.

Claro que quando olham para nós, nós tendemos a olhar de volta, então uma velhinha fez-me sinal para entrar na igreja, e eu entrei!

É muito bonita!

É do final do séc. XIX é neogótica (eu bem digo que naquele país parece que tudo é neo-qualquer coisa!)

E continuei o meu caminho para Baltimore

Naquele momento eu já estava a ficar farta de cidades e casas e pessoas! As localidades começavam a ficar cheias de gente e eu estava a ter uma crise antissocial, por isso comecei a sair das ruas mais largas e a fazer as ruínhas que tanto adoro.

Na realidade eu estava desiludida porque andava à procura de um sitio celta e não o consegui encontrar..

Por isso olhei para Baltimore de longe, onde a confusão e os turistas, banhistas e canoístas não podiam perturbar o meu sossego, e soube-me muito bem essa distância!

E foi quando parei e processei que não queria de todo andar de cidade em cidade! Eu queria fazer caminhos solitários, ruas cheias de curvas, ver paisagens únicas e silenciosas, onde apenas o som do motor da minha moto se ouvisse!

Olhei para o GPS e procurei uma rua cheia de curvas por ali e segui pela que me parecia ir mais para longe… não me arrependi!

Escrevia eu:

“E quando a multidão está por todas as cidades eu subo ao monte, onde não há ninguém para além de mim, a rua que é quase um caminho, e as ovelhas! Estava no sul da Irlanda e não queria mesmo andar no meio das pessoas, olhei para a imagem de estrada do GPS e percebi que havia ali uma estradinha que podia ser interessante, apontava para o monte! À medida que me ia afastando do turismo ia-me embrenhando no mundo dos locais, que me saudavam ao passar com surpresa. Gente simpática aquela! Alguns sorriam, não sei se pensando que eu era louca ou inteligente, pois as paisagens que me esperavam lá em cima superavam qualquer encanto citadino lá de baixo!”

Tudo era tão bonito por ali como incerto! Momentos houve em que eu nem sabia se o alcatrão continuava ou acabaria a qualquer momento, com a agravante de que a cada subida e descida eu simplesmente deixava de ver a ruínha e, por isso, nem sabia o que vinha a seguir!

E quanto mais estreita era a ruela, mais ingreme e pior era o piso, mais bonita era a paisagem!

Até que o encanto se foi quebrando, quando comecei a aproximar-me das populações de novo…

Mas a beleza não tinha de desparecer só porque chegara à população!

Bem pelo contrário! Voltei a parar para curtir um pouco do que me rodeava! Acho que foi o que mais fiz nesta viagem: parar para curtir momentos!

As casas por aquele país fora é que me surpreenderam! Há casas, vivendas, por todos os lados! Parece que não há sequer casas degradadas, como se toda a gente vivesse muito bem!

Em todos os meus caminhos casas de sonho era tudo o que eu encontrava, mesmo no meio de lado nenhum, depois de ruelas mínimas!

Vive-se assim tão bem na Irlanda? Então o país não foi resgatado como o nosso e tudo? Não entendi, mas vou estudar o caso!

E eles sabem escolher onde pôr as suas casas!

A aproximação a Sneem assustou-me! Ali parece que todas as cidades são do topo “risca ao meio” e a rua principal estava cheia de carros e gente a comer e conversar nas esplanadas! Era um ambiente de festa fantástico, mas eu queria tudo menos festa naquele momento!

Por isso passei, espantei olhos, e segui!

Porque havia tanta coisa bonita para ver, sem ser gente a bebericar em esplanadas!

The Ring of Kerry é algo a não perder..

Aproximava-me de Cahersiveen e não queria muito ver mais cidade nenhuma…

As paisagens enchiam-me de encanto e era tudo o que eu queria naquele momento!

Cada enquadramento era mais espantoso do que o outro e variando sempre, entre terra e mar, ao ponto de eu seguir esperando uma surpresa a cada curva do caminho!

Por isso quando Cahersiveen apareceu atravessei-a de uma vez só, sem parar e só parei do outro lado junto da escultura Skellig Monks – ou St. Brendon’s Voyage Sculpture, uma escultura muito interessante com 4 monges num barco em meia-lua, que lembra a viagem dos monges do mosteiro de Skellig Michael pela costa da Irlanda. Eu não visitei o mosteiro e “só por isso” terei de voltar à irlanda. É uma coisa espantosa a não perder, fica numa ilha e é tão antigo (séc VI) e lindo que será de cortar a respiração.

Naquele momento eu parei, olhei para a escultura e decidi: “não hoje, não desta vez, mas eu quero visitar o mosteiro!”

Olhei em volta e a cidade não me atraia, estava cheia de gente, o mosteiro não podia ser visitado naquele dia…

A paisagem atraia-me mais que tudo, por isso segui para Cork por caminhos diferentes, que eu não gosto muito de voltar pelo mesmo lugar!

E o mar voltou a encantar-me e fazer-me parar vezes sem conta!

Que lindo dia foi aquele, que estradinhas deliciosas, que paisagens espantosas!

Voltei para Cork, onde ainda seria a minha casa naquele dia e foi o fim do meu 6º dia de viagem!

****

9. até Galway passando pela Peninsula de Dingle!

4 de agosto de 2014

A frustração de andar à procura de algo e não encontrar aguçou o meu apetite e meu esprito teimoso!

Não que eu seja particularmente teimosa ou preocupada em cumprir programas, mas havia algo que eu queria ver desde mesmo antes de sair de casa e, andar tão perto, saber disso e não conseguir encontrar, arreliou-me um bocado. Eu não iria sair dali sem tentar de novo, por isso no dia anterior procurei a localização certa no Google maps, coloquei-a no Gps por toque, já que ele desconhecia o sítio, e fiz-me à estrada.

Naquele dia eu seguiria para Galway e decidi faze-lo percorrendo parte do caminho do dia anterior para tentar de novo…

Eu nem gosto de repetir caminhos por isso acabei por inventar um bocado, só para não fazer a mesma rua para o mesmo lugar! E ali a gente nunca se arrepende pois, mesmo que não haja nada de especial para ver, as casinhas comuns dos habitantes anónimos, são deliciosas!

Embora passasse em Clonakilty, que aquela hora da manhã estava calma e colorida que até apetecia ficar mais um pouco.

Logo a seguir, tal como eu suspeitara no dia anterior, voltava a sair das estradas nacionais e seguia pelas ruelas de risca ao meio para encontrar o que tanto procurava!

E lá estava ele: o Drombeg Stone Circle…

Escrevia eu na minha página do Facebbok:

“Eu ontem tinha-o procurado, mas sem sucesso! Muito carro na rua, muitas festas nas cidades foram-me distraindo do meu caminho e eu não consegui chegar até ele. Mas depois de bem estudado o caminho, voltei lá hoje! O Drombeg Stone Circle, também conhecido como The Druid’s Altar, era um dos sítios que eu queria muito visitar. Trata-se de um vestígio megalítico remarcável e de uma beleza impressionante, se pensarmos a quantas épocas sobreviveu, desde um passado tão distante. Senti-me verdadeiramente em frente a um altar: um altar da história da humanidade!”

Eu sentia como se pisasse solo sagrado… essa sensação percorrer-me-ia diversas vezes nesta viagem, porque os sítios funcionam como uma maquina do tempo ao contrario, fazendo chegar até nós coisas tão antigas que a nossa mente quase não consegue contabilizar o quanto!

E tudo está ali, ao alcance do toque das nossas mãos, como se muito natural fosse! E estamos na presença de construções com mais de 3000 anos!

Hoje a gente sabe e consegue reconhecer que ali ao lado era uma casa, e uma cozinha, construções posteriores ao círculo mas, a esta distância, parecem tão antigas como ele!

Fiquei por ali uma infinidade de tempo! Sentei-me num canto, onde o desnível formava um longo degrau de terra relvada, e desenhei!

Claro que não podia ficar ali o dia todo mas podia prolongar o prazer seguindo o meu caminho por ruínhas desertas mas ladeadas de casa espantosas! Continuei a confirmar que por aquele país se vive muito bem!

Casas que são mansões com grandes terrenos e relvados em redor, um espanto!

A natureza é encantadora e quando penso na Irlanda não consigo deixar de pensar que ela está por todo o lado, como na Escócia!

E ali parece que a natureza e a habitação estão sempre em harmonia!

Eu tinha de parar de fotografar as casas espantosas ou iria fotografar um milhão delas até sair do país, já que todas as casas são espantosas por lá!

Cortei a direito então pra me dirigir para Dingle e passei por Macroom. Havia tanta coisa para ver por ali mas eu iria seguir! Embora o tempo estivesse a ficar cinzento havia muita gente por ali,

Nem pensar em visitar o castelo!

Quando a paisagem natural me despertava muito mais interesse naqueles dias!

Mais um pouco e estava em Inse, tão pertinho de Dingle que se sentia!

Curioso como as pessoas aproveitam o tempo, se fosse cá, com o frio e aquelas nuvens não haveria ninguém na praia!

Curioso também era as pessoas levarem os carros até à areia!

E a península de Dingle é linda! Impossível seguir sem parar aqui e ali para ver a paisagem!

Eu sabia que as cabras eram alpinistas, mas as vacas? Não fazia ideia!

E lá estava o Gallarus Oratory, que me trouxera até ali!

Traduzido à letra o seu nome quer dizer “Igreja do Lugar dos Estrangeiros” é datado entre os séc. VI e IX e pensa-se que teria recebido peregrinos de fora da península.

Parece um barco de pernas para o ar e é uma construção dos primeiros cristãos da península, por isso era mais um solo sagrado que eu pisava!

Eu andava ali, de um lado para o outro, completamente fascinada com aquilo tudo!

Ao lado fica uma enorme sepultura a que chamam Tumulo do Gigante!

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E dali a paisagem ao longe também é encantadora! Afinal estava numa das penínsulas mais bonitas da ilha!

E, embora estivesse bastante longe do meu destino daquele dia, eu iria passear por ali com toda a calma, levando a moto por caminhos e carreiros até praias e enseadas…

Tudo é tão perfeito e intocado por ali!

Lá fui andando e parando uma infinidade de vezes!

Depois de dar a volta podia ver a praia onde estivera antes ao longe! Tudo parece pequeno comparando com a imensidão da paisagem!

Todo o condado de Kerry é espantoso, mas o West Kerry, aquela ponta da península que se forma ali, é algo de indescritível. Eu via os carros a seguirem pela estrada nacional, bem devagar, como quem olha a paisagem, mas não os segui! Meti por uma ruela estreitinha, que se foi afastando deles e descendo e aproximando do que eu queria ver.

Oh a paz que se sentia ali em baixo, sozinha eu e a minha moto, com as ovelhas a pastar placidamente logo abaixo e o mar!

A costa é recortada de uma forma abrupta e irregular, com o verde da relva a chegar tão perto que tudo parecia quase artificial! Senti uma alegria imensa… afinal estas paisagens existem no mundo real, não apenas nas imagens de “screensaver” em sites da net!

Senti-me imensamente agradecida e privilegiada, por poder estar ali sozinha, com todo o tempo do mundo ao meu dispor!

Até os bichitos convivem pacificamente com a gente, o que quer dizer que não estão habituados a ser maltratados pelo ser humano!

Os cursos de água têm o seu caminho traçado através da rua, pedras alinhadas formam o caminho que a água percorre, rompendo o alcatrão! Lindo!

E as casinhas de habitação a fazerem lembrar casinhas de duendes!

Toda a humidade no ar, gotículas que pareciam ser mais pesadas que o nevoeiro, acabaram por provocar arcos-íris, e quantos eu vi nesta viagem!?

E eis que sou despertada por uma voz que dizia “embarque no ferry” puxa, eu nem sabia mais que o meu Rafael sabia dizer essas coisas! Eu tinha-o programado para me levar para Galway, estava demasiado longe para me pôr a ler placas e a ver mapas, não contava que ele estivesse disponível para me levar a um ferry! E por ali há tantos!

Olhei as horas e os quilómetros, era tarde e se não fizesse o ferry teria o dobro do caminho pela frente! Siga para o ferry, poupemos 100km de estrada!

A minha bonequinha despertou muita atenção por entre os viajantes! Era a única no meio dos carros e roulottes!

o céu parecia que iria cair em cima de nós, com aquelas nuvens gigantescas e espetaculares!

E eu adorei o percurso de ferry, pois só nele eu pude apreciar momentos verdadeiramente mágicos entre nuvens que brincavam com o sol e o mar

Pequenos momentos de pausa e encantamento!

Depois veio a chuva e a noite eu fui para casa, que naquele dia era em Galway. A minha bonequinha dormiu num parque ali ao lado que me custou os olhos da cara…

e foi o fim do 7º dia de viagem!

****

10. o condado de Galway

5 de agosto de 2014

Havia tanta coisa que eu queria ver por ali e, de repente, apercebi-me que era tudo cemitérios, ruinas, castelos e mar!

“valha-me Deus, pareço um rato de cemitério a catar tumbas!”

Que se lixe, cada um gosta do que gosta e eu não podia deixar de ver o que tanto me atraia naquele país! Ok, de uma próxima visita verei outras coisas, nesta vou às cruzes!

Pronto, também não vi só ruinas e cemitérios! As casinhas por ali continuavam a fascinar-me, então as de telhado de colmo eram deliciosas! Consegui desenhar umas quantas para juntar à minha coleção de janelas, castelos e cruzes!

E havia-a sofisticadas mas também simples e fofinhas, como casinhas de bonecas!

Dirigia-me a Kinvarra, uma pequena vila piscatória que tem um castelinho muito fofinho à entrada!

O Dunguaire Castle é uma construção do séc. XVI que fascina pela sua beleza simples e pela sua localização encantadora, sobre a baia de Galway!

Há histórias e lendas associadas ao castelo e ao seu lord, uma lenda conta que o rei, King Guaire, era muito generoso e que, mesmo depois da sua morte, o continuou a ser e que um mendigo que ele sempre ajudara visitou o seu tumulo murmurando “King Guaire, even you cannot help me now.” e naquele momento a mão do rei deixou cair algumas moedas aos pés dele, como sempre fizera em vida!

Mas a lenda que me cativou mais foi aquela que diz que, ainda hoje, se uma pessoa fizer uma pergunta junto do portão da frente, ela terá uma resposta no final do dia. Não experimentei… de repente eu não tinha nenhuma pergunta para fazer, como é possível?!

Está aberto no verão, não se paga nada e não tem muito o que ver lá dentro, apenas o pátio e a torre. Mas é bonitinho sim senhor!

Logo a seguir fica a vila e o castelo é visível da berma da estrada por algum tempo!

A gente pára um pouco e tudo é bonitinho por ali!

E a vila é um sossego, com a baía do outro lado da estrada, que inspira para parar e relaxar!

“Quantas vezes parei, quantas vezes fiquei quietinha na berma de uma estrada, de um rio, de um lago, apenas a contemplar? O segredo é não pensar, não me preocupar com o que há mais para fazer para além disso mesmo, contemplar! Porque há momentos únicos, que não se repetirão numa viagem, mesmo que eu volte a passar no mesmo sítio por qualquer motivo. É assim e pronto, o espirito vai-se, a sensação perde-se e a surpresa já não existe. Por isso cada momento deve ser vivido como se nunca mais se voltasse a repetir, porque não se repetirá mesmo!”

Fixando bem, ao longe, do outro lado da água…

Lá estava ele…

Finalmente decidi-me a seguir para algures, claro que sempre escolhendo grandes avenidas com ótimo piso… ao ponto de temer voltar-me de pernas para o ar com a qualidade do alcatrão!

Quando, quilómetros depois, passei por uma placa que falava de um tal Cloonacauneen Castle! “Boa, vou lá vê-lo!” e segui por caminhos e ruínhas estreitinhas, entre campos de cultivo e pequenas localidades, sempre me maravilhando com umas coisas e outras até chegar a ele.

Era tão lindo, bem enquadrado, com a torre forrada a heras, um sonho! Mas era um restaurante, uma espécie de quinta para eventos e eu não podia visita-lo. Que pena! Andei por ali a espreitar por cima dos muros. Um castelo normando do séc. XV simplesmente encantador!

Paciência, não dá para ver de mais perto vê-se de mais longe! Depois não faltam coisinhas lindas para ver, casa por exemplo, que eu adoro!

… e os cemitérios…

São tão frequentes os cemitérios com uma abadia em ruinas no meio que a dada altura eu já não pararia em todos, ou ainda por lá andaria a cata-los! Mas há ali uma atmosfera que me fascina, isso há!

A Annaghdown Cathedral é do séc. XII e só tem as paredes em pé, mas tem uma janela românica espantosa!

Parece que ficou em ruinas há muitos séculos, entre guerras e lutas…

E lá estavam elas, as cruzes, cheias de liquens que as tornavam ainda mais espantosas!

Escrevia eu no meu Facebbok:

“A Cruz Celta sempre me fascinou, tão anterior ao cristianismo e no entanto uma cruz! Podem-se encontrar por todas a zonas celtas, mas a Irlanda está cheia delas, desde as originais até às versões mais recentes. E são lindas! A cruz do sol, dedicada ao deus Odin pode representar os 4 elementos. Hoje está também associada à religião cristã, afinal os celtas também se foram convertendo ao cristianismo. Para mim será sempre a «cruz daqui»!”

E então o perfil do cemitério relvado, com as cruzes incertas, em contraste com o céu cheio de nuvens sugestivas, foi o êxtase total para mim! Sentei-me numa tumba e desenhei, pois então!

Há por ali mais vestígios das construções da abadia a completar o quadro, com uma relva que quase parece almofadas debaixo dos nossos pés, de tão fofa e espessa que é!

Lá voltei às ruelas e ruínhas e segui até ao lago, o Loch Corrib!
A bem dizer eu nunca sabia se o que via era mar ou lago, porque ali há de tudo e por todos os lados! E o lago dali é simplesmente enorme, de perder de vista!

Pus-me a desenhar barcos, pus-me a desenhar tudo! Afinal eu nem queria ir muito longe, apenas queria curtir o estar ali!

E tem um castelinho e tudo! Pelo menos onde eu andava, porque do outro lado deverão haver outros, já que aquilo é tão grande e os antigos sempre gostavam de pôr os seus castelos ou em cima das colinas, ou na berma dos lagos! Dizem que o condado de Galway tem mais de 200 castelos!

Fui procura-lo, queria vê-lo mais de perto!

Mas não dava, era privado e não dava para aproximar, uma pena!
Castelos privados, é o que há mais por ali! Como será ser proprietário de um castelo, só nosso, privado?

Acho que a mim me bastaria ser proprietária de uma pequena casinha encantadora, de telhado de colmo! Grande nau, grande tormenta e sustentar um castelo não há-de ser barato!

Voltei a parar, voltei a desenhar, que coisinha linda!

E sim, logo a seguir havia outro!

Um castelinho branco! Embora à primeira vista possa parecer que terá sido adulterado, isso não é verdade. O castelinho, é do séc. XVI e foi restaurado de acordo com o aspeto que ele teria na época!

Na realidade ele é uma torre/casa fortificada que tinha como finalidade proteger os seus habitantes e não uma população!

E as mansões sucediam-se! Vive-se bem naquele país!

De repente uma ruina por trás das mansões! Cruzes, o que é aquilo, sem qualquer indicação? Se fosse na Inglaterra teria uma dúzia de placas a indicar o monumento, mas ali não tinha nada!

Eu até podia nem descobrir o que era, mas iria até o mais perto que pudesse! Segui por carreiros de cabras enquanto a moto passou, até chegar a um portão. “Ok, mais uma propriedade privada!”

Pousei a moto, avancei a corrente que fazia de porta e fui caminhando pelos campos.

Ao olhar para trás podia ver a minha motita a ficar longe, perdida no meio do verde!

E lá estava ela, uma abadia em ruinas, imponente!

Então, quando estava a chegar perto… havia um riacho que não me deixava ir até ela..

Bolas… amuei, sentei-me por ali, tirei um milhão de fotos iguais umas às outras e fui embora.

Acabei por descobrir depois que se chama Abbey Ross, que pode ser visitada, mas não indo do lado que eu fui. É do séc. XV, é franciscana e é uma das ruinas mais bem conservadas da irlanda, do tempo em que a religião católica era oprimida na irlanda.

Bela bosta, a visitar será de uma outra vez…

Segui pelo mapa acima ainda por alguns quilómetros até Castlebar, sem ver nada de especial para além de ruínhas e ruelas encantadoras.

Parei para fazer um picnic num jardim muito bonito com direito a rio e tudo.

Com gente gira a passear os cachorros!

Então, quando já não pensava em mais nada senão no meu caminho lindo, na música nos meus ouvidos e no prazer de conduzir, uma torre redonda despertou-me do meu piloto automático!

Puxa, uma torre redonda!

O que eu gosto daquelas torres tão típicas por aquelas terras!

As Irish round towers são aquela coisa que eu apenas vira em livros e sites da internet e eu tinha previsto ver algumas, mas não ali, não naquele dia e estava ali uma! Wow!

Em irlandês chamam-se “Cloigthithe” o que quer dizer “torre do sino” e são torres medievais, lá pelos séc. IX e XII, o que as leva para o românico e não se tem muita certeza da sua finalidade, se eram mesmo sineiras, ou refugio protetor ou de vigia contra os Vikings.

Uma coisa é certa, estão sempre junto de igrejas e muitas vezes a sua presença ajuda a descobrir igrejas desaparecidas, basta procurar perto da torre que estarão lá as fundações!

Adorei aquele momento inesperado, voltei a sentar-me numa tumba e apreciei o momento, com a minha motita lá ao fundo na estrada a olhar para mim…

Logo ali à frente fiz amizade com uns meninos muito engraçados!

Gostaram de mim, chegaram-se perto e tudo. Fiquei a saber que gostam de chocolate, era tudo o que eu tinha e dei-lhes um bocadinho!

Cheguei a Ballina sem vontade alguma de visitar cidades ou ver gente! Chovia, as pessoas estavam encolhidas nas entradas das lojas e eu segui com uma ou duas fotos gerais do rio e mais nada!

E fui embora para casa, que naquele dia era em Galway.

E foi o fim do 8º dia de viagem…

****
11. atravessando a ilha, de Galway até Dublin

6 de agosto de 2014

De Galway até Dublin são cerca de 200 km que se fazem nas calmas em pouco mais de 2 horas, mas acabei por fazer mais do dobro dos quilómetros e demorar todo o dia a chegar de um lado da ilha até ao outro! Fantástico não é?

Quando confiro as horas em que tirei a primeira foto e a ultima, constato que demorei 16 horas naquele caminho! Depois ao passar os olhos pelas fotos e ao tentar escolher algumas para relembrar todo o dia, a enorme dificuldade na escolha explica bem todo o tempo que demorei naquele caminho… foi um dia lindíssimo!

A primeira foto foi no hostel quando me preparava para tomar um “pequeno-grande-almoço” e decidia o que iria ver.

Há dias assim, em que me apetece ver tudo, fazer tudo, mas tenho consciência de que não pode ser, por isso há que traçar um plano e ir andando e ir vendo!

Ora os meus planos não são sempre cheios de lógica, por isso decidi ir para a costa este antes de me dirigir para costa leste. Logica decisão não é?

A lógica é que seu sabia que ali havia muita coisa bonita para ver e que eu não podia partir sem conferir um pouco, pelo menos!

Quando preparava a minha motita para partir, reparei que aparecíamos refletidas na montra em frente, não resisti em registar o momento! Acho sempre giro, mais tarde, relembrar o aspeto que ambas tínhamos durante a jornada!

Claro que, como sempre, antes de partir dou uma voltinha pelo sítio onde estou. Galway não é a cidade mais espetacular que conheço, mas tem pormenores bonitos. Naquela despedida decidi ver aquela enorme igreja por onde eu passara varias vezes.

A Cathedral of Our Lady Assumed into Heaven and St Nicholas é uma igreja extraordinária!

Tem pouco mais de 50 anos de vida e é um edifício surpreendente. Olha-se para ela de fora, construída em pedra cinzenta, e não se adivinha a luz, o espaço e a beleza interior!

Tem planta cruciforme e o altar fica no ponto onde a nave se cruza com o transepto, o que faz com que haja filas de bancos alinhados em todas as direções e a gente quase perca a noção de que lado entrou!

Por cima do altar fica uma cúpula com mais de 40 metros de altura, com uma luminosidade diferente para o interior e é visível, no exterior, a partir de quase toda a cidade. Uma construção recente cheia de referências e influências do passado, muito interessante!

Logo ali fica o rio Gaol e demasiada confusão para que me apetecesse ir ver a igreja medieval da cidade. Terá de ficar para a próxima vez!

Passeei pelo rio um pouco, seria a última imagem da cidade!

E segui para a costa este, que eu tinha muita vontade de conhecer! Eu sabia que teria estradas lindas junto ao mar para fazer, mas o caminho começou bem antes a maravilhar-me!

Ruínhas desertas, montes e vales, rios e lagos, tudo tão quase irrealmente lindo.

Eu dirigia-me para a “Wild Atlantic Way” e tudo era tão bonito mesmo antes de lá chegar!

Cada paisagem, cada enquadramento parecia ou merecia um desenho! Não, merecia um quadro!

Então eu parava e focava mais a minha atenção e havia casas, lagos, arvores e todo um cenário de encantar! Sim, tive de desenhar de vez em quando!

E no meio do lago havia pequenas ilhotas e um castelinho em ruinas…

Lá em baixo vi o Clifden Castle… a tentação era grande de o ir ver de perto.

mas eu podia ver que o acesso se fazia por um caminho de terra e não me apetecia nada meter por ali a moto ou, pior ainda, caminhar para caramba até lá…

sobretudo sabendo que havia tanta paisagem deslumbrante para ver por ali. Decidi pelas paisagens, se um dia eu voltar ali, não me esquecerei de ir até ao castelo.

A ruínha era tão inspiradora, eu passeava pelo Connemara National Park e a ruínha que fazia tinha um nome muito inspirador: the Skye Road Loop!

A vantagem de fazer uma rua daquelas de moto é que se pode parar a todo o momento, desde que se encosta bem à berma, pois se formos de carro nem pensar, há que ir atento e procurar uma “orelha” próxima para se meterem e permitirem o cruzamento!

Oh, e as vezes que eu parei!

Ao voltar fiz outro caminho, uma rua mais civilizada, sem jardim no meio e tudo! Um pouco mais acima da outa e com uma perspetiva diferente a paisagem.

Mas eu sou um pouco irrequieta e fazer uma rua com um piso tão bom não foi por muito tempo! Havia algo que eu queria ver e lá meti a motita por caminhos menos aconselháveis! Ela não é uma trail mas já está habituada!

Eu sabia que valia a pena ir espreitar lá para baixo!

Voltei a passar em Clifden, mas só vi a cidade “por cima”

porque o Connemara National Park é logo ali e é deslumbrante!

Tudo estava perfeito, o céu azul com nuvens deslumbrantes, os lagos, os montes, parecia artificial!

Houve momentos em que parecia que estava na ilha de Skye, na Escócia!

Oh, as vezes que eu parei e o tempo que fiquei parada de cada vez!

Tudo era tão perfeito que tinha a sensação que fotografia nenhuma, desenho nenhum, conseguiria captar o que os meus olhos viam!

Mas na realidade era a minha grande satisfação que me fazia sentir quase eufórica de prazer e me fazia temer não conseguir guardar o momento para sempre…

E cheguei à Kylemore Abbaye

Na realidade aquilo era um castelo construído só séc. XIX e só se transformou em abadia depois da I Grande Guerra, em 1920, quando freiras beneditinas vinda da Bélgica, o compraram. E as freiras mantiveram a abadia em funcionamento com uma escola para meninas católicas até 2010!

Ali ao lado fica o Pollacapal Loch que quase se liga ao lago maior, o Kylemore loch, que me acompanhara no caminho para ali.

É impossível não tirar um milhão de fotos ao local!

O palácio estava cheio de gente dentro, que não se mexia, apenas estava por ali a conversar e a tirar fotos junto de tudo o que pudesse!

Dei a volta e fui-me embora para os jardins que, sendo maiores, não deviam estar tão cheios paparazzi!

Há ali uma igreja que chamam gótica, mas é neogótica, claro. Até as gárgulas são anjinhos em vez de monstrinhos!

Bonitinha e pequenina, com um teto muito bem conseguido!

A igreja é praticamente da largura do altar-mor! Muito fofa!

Depois há os jardins vitorianos, muito bonitos e coloridos.

O tempo já não estava nada simpático e começava mesmo a chover…

uma pena pois eu queria ver muitas coisas e agora sim, estava um bocado longe do meu destino daquele dia! por isso segui sem parar mais para leste.

No meio do país ficava um dos meus grandes destinos daquele dia e daquela viagem.
The Monastery of Clonmacnoise era um dos sítios históricos que eu queria muito visitar. Espantoso, antigo, impressionante… sagrado! Fundado no séc. VI remonta aos primeiros tempos da cristandade por terras celtas.

Simplesmente espantoso, com o seu cemitério impressionante e as suas cruzes únicas e extraordinárias!

São 3 as grandes cruzes que eu queria ver: North Cross – a Cruz do Norte, lindíssima e a mais antiga das cruzes de Clonmacnoise não é mais uma cruz, é apenas o tronco principal

A South Cross – a Cruz do Sul, gravada com pregos redondos e uma cena da crucificação.

e a Cross of the Scriptures – a Cruz das Escrituras, a mais bonita e a que me apaixonou completamente! 4 metros de cruz!

Eu gosto de tirar fotos sem ninguém por perto, mas ali esperei que as pessoas se chegassem para poder ter um termo de comparação, alguém que fizesse de escala, para se poder ver a dimensão da obra! É grande!

Não resisti, peguei no meu livrinho e pus-me a desenhar. Um senhor que andava por ali, tão maravilhado quanto eu, quis a todo o custo comprar-me um desenho! Mas eu não queria arrancar a folha do livro, então ele foi pedir uma folha de papel ao balcão da receção e eu fiz-lhe um. Tive de aceitar 30£ depois, ou ele não me largava!

Desenhei as 3 mas mostro aqui a que mais gosto!

Estas 3 cruzes e algumas lajes e pedras gravadas, foram movidas para o interior do centro de interpretação e, no seu lugar foram colocadas réplicas perfeitas, para proteger património tão extraordinário.

Tinha voltado um pouco de sol, só para alegrar a minha visita exterior ao cemitério e mosteiro. Perfeito!

Uma pinguita de chuva de vez em quando, mas nada de especial, a menos que acerte na lente!

Lá estava uma das réplicas. Obra espantosa! Depois de ter estado junto da original já nem tinha a certeza se tinha lido bem, pois esta também me parecia original!

Exatamente em frente à porta do mosteiro fica a “minha” cruz das escrituras… linda e perfeita como a original!

O mosteiro tem dentro tumbas e cruzes, como acontece em toda a Irlanda, o que permite enquadramentos curiosos!

As pessoas junto das cruzes pareciam tão pequenas…

“Eu queria muito vê-las… e elas estavam mesmo por todo o lado, as cruzes celtas! Tão belas e misteriosas a levar-me para histórias antigas de fadas e druidas. E a levar-me também para cemitérios e ambientes cheios de significado. Eu sempre apreciei estes climas de intensas sensações e a Irlanda proporcionou-me muito mais do que eu pudera imaginar, em entardeceres que provocaram arrepios de prazer e respeito que percorrerem a minha coluna a cada momento…”

O cemitério que o rodeia é utilizado até hoje e ali se celebram serviços religiosos regulares, por isso há no local uma construção moderna em vidro, que faz lembrar a capela das aparições em Fátima, só que mais modesta e discreta. A sensação de pisar aquele solo foi muito forte e curiosa…

E a chuva voltou de novo e eu fui embora para Dublin toda satisfeita porque tinha conseguido ver o que queria. Dei umas voltas e fui encher-me de comida para um self-service chinês, que a fome já era negra!

A comida era muito boa e muita! Exatamente o que eu precisava!

E fui para casa de naquele dia era em Dublin!

E foi o fim do 9º dia de viagem!

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12. o condado de Meath e o Brú na Bóinne!

7 de agosto de 2014

Mais um dia feito de história…

O hostel onde fiquei não era nada de especial mas tinha alguns pormenores que me agradaram. Um deles eram as mesas no pátio, onde se juntavam pessoas ao serão, que conversavam em inglês arranhado, entre risotas e petiscos! Junto da maior parte delas o meu inglês até parecia perfeito

Outro era a sala do pequeno-almoço! Um espetáculo!

Sim, era uma capela linda, em que o altar era a cozinha, e a nave, com mesas corridas, fazia lembrar o ambiente da sala de jantar do Harry Potter, mas em muito pequenino!

E ao fundo, pendurada nas grades do coro, estava a bandeira portuguesa! Espetáculo! Lugar de destaque com a bandeira espanhola ao lado!

Do pátio eu vira a capela no dia anterior quando estacionara a moto, mas não tinha percebido que era parte do hostel!

A moto estava logo ali, eu podia vê-la desde o meu quarto ou da sala do pequeno almoço, com direito a parque privado e tudo!

O dia estava lindo e eu decidi dedica-lo a viajar para trás no tempo, muito para trás!

Peguei nas minhas coisas básicas, os meus livrinhos, a máquina fotográfica e fui dar uma volta de dia inteiro pelo condado de Meath, que fica ligeiramente acima do condado de Dublin, e onde a gente cruza com a história a cada passo que se dá …

Brú na Bóinne era o meu principal destino, não só daquele dia mas de toda a viagem! Era um dos motivos que me levaram até aquele país e àquela zona!

E sentia-me particularmente feliz por poder realizar mais um dos meus objetivos, depois de, no dia anterior ter ido ao mosteiro de Clonmacnoise, a minha lista de destinos estava quase realizada… que bom!

O centro de visitantes está bem servido de parques e o espaço para as motos é grande e bem posicionado.

A minha bonequinha ficou muito bem acompanhada por uma prima branca de nacionalidade espanhola!

Não cheguei a ver o dono da branquinha, uma pena, mas aquilo é tão grande que andávamos uns por cada lado e não nos cruzamos! Até que achei piada à moto em branco!

Brú na Bóinne é um complexo neolítico impressionante, composto por 2 zonas visitáveis Newgrange e Knowth. As pessoas ficavam meio desorientadas sobre qual escolher mas eu tinha o tempo todo do mundo, por isso fui visitar os dois! Eu sabia o quanto aquilo era bonito… para mim, pelo menos!

Embora Newgrange seja mais conhecido e procurado pelos turistas, Knowth é, para mim, mais impressionante.

Estas construções espantosas, são anteriores às pirâmides do Egito, por isso dá para imaginar o meu fascínio a caminhar por ali!

Estamos perante construções do neolítico, lá pelos 3000 a 2000 aC, que foram ficando subterradas e que pareceram colinas por muito tempo!

Durante séculos, gerações e civilizações viveram ali, sem saberem que por baixo dos seus pés algo muito mais antigo e extraordinário estava subterrado!

E tudo foi preservado por essa terra que permitiu que nada se estragasse até um dia alguém descobrir e começar a escavar e encontrar…

As pedras gravadas estão perfeitamente intactas, são tantas mais de 100 dizem, só em torno do grande monte… deslumbrantes!

E os alinhamentos não se faziam só com pedras! Eles faziam-nos também com troncos, provavelmente teriam uma cobertura!

E são tantos os montinhos! São 18! Os arqueólogos dizem que eram túmulos!

Se pensarmos que Knowth contém um terço da arte rupestre em toda a Europa Ocidental, podemos entender melhor a importância daquele sítio!

No total são mais de 200 as pedras gravadas que foram encontrados nas escavações de Knowth.

Pode-se entrar numa câmara do grande monte

Mas o fascínio está cá fora mesmo!

De cima do grande monte pode-se ver a redondeza e ao longe Newgrange e o seu grande monte!

Hoje há uma escadaria para subir o monte, em épocas passadas subia-se por um carreiro de terra batida!

Há alinhamentos de pedras com a porta de entrada, o que mostra conhecimentos astronómicos e solares!

E ali em cima viveram populações da era do bronze, medievais e normandas, como se aquilo fosse uma colina, sem imaginarem que era um monte artificial construído por alguém antes deles! Não é fantástico?

Depois da visita a Knowth, voltamos ao centro de visitantes para voltar a apanhar um novo autocarro para ir a Newgrange.

E Newgrange é a estrela do local e, juntamente com Knowth, foi designado como Património Mundial pela Unesco.

“Newgrange foi construído há 5.000 anos (cerca de 3200 aC), sendo por isso mais antigo que o Stonehenge na Inglaterra e a Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. Newgrange foi construído durante o Neolítico ou Nova Idade da Pedra por uma comunidade agrícola que prosperou nas ricas terras do vale do rio Boyne.“

A porta está “protegida” por pedras gravadas de uma beleza espantosa… a guia falava e eu ouvia a sua voz ao longe, completamente hipnotizada pelo que via!

Embora se fale em Newgrange como um túmulo, eu não vi aquilo assim e os arqueólogos parece que também já não! Eu vi como um templo que teria outras finalidades que não enterrar gente!

A forma como está construído, as pedras decoradas e o alinhamento do sol aquando do solstício… leva-me para um templo, um lugar de importância astrológica, espiritual, religiosa e cerimonial!

Não se pode fotografar lá dentro, não sei porquê já que não há nada que se estrague!

Uma câmara cruciforme tem todo o ar de templo, como uma igreja ou uma catedral, pequena, debaixo da terra e, num momento único, quando o sol se alinha, o solstício, entra por uma frincha e desenha um rasto de luz no chão, quando o escuro e o frio inverno se vai e se anuncia o início da primavera!

Ora num túmulo esses requintes de refinado conhecimento não teriam qualquer utilidade!

Andei por ali, não havia muito mais para ver ou desenhar mas apetece sempre dar mais uma olhada antes de partir, afinal eu não vou voltar ali amanha!

E lá segui o meu caminho porque havia mais coisas antigas que eu queria ver na zona! Da rua eu ainda podia ver o monte de Newgrange…

(continua)

****

13. o condado de Meath, the Hill of Tara e Trim castle!

Continuando um dia feito de história…

Ainda no condado de Meath fica o Hill of Tara – Cnoc na Teamhrach, que quer dizer em irlandês “Colina dos Reis” embora, ao que parece, não tenha vivido ali nenhum rei!

Aquilo seria lindo de ver de helicóptero pois consta de desenhos por saliências no chão relvado, formando círculos concêntricos com efeitos a lembrar a ondulação da água quando cai uma pedra. Por isso eu sabia que do chão pouco veria mas, a sensação de pisar aquele solo era algo que eu não podia perder!

A High Cross está ali no meio de nada, marcando o local da batalha de Hill of Tara, quando rebeldes irlandeses foram derrotados pelos ingleses no final do séc. XIX.…

E as “ondas” são visíveis por vezes de um ponto mais alto!

A Lia Fáil ou Stone of Destiny, a pedra onde, diz a lenda, todos os reis irlandeses formam coroados por muitos séculos.

Há muitas lendas em volta desta pedra, mas o que mais me fascinou foram os seus poderes, que dizem ter reconhecido o verdadeiro rei da irlanda, soltando rugidos de alegria, ou ainda que tinha o poder de rejuvenescer o reio o dar-lhe um longo reinado!

Isto a ser verdade não faltaria quem lá se fosse esfregar a ver se ela lhe ofereceria uma longa vida ou um pouco de juventude, sei lá!

Tara vem do neolítico também, pensa-se por isso que virá de épocas pré-célticas…

O que eu acho curioso é que, nestes milhares de anos todos ninguém lixou aquilo tudo para construir uma porcaria qualquer e tudo se manteve pelos tempos infinitos intacto até hoje! Espantoso!

O centro de visitantes fica na igreja de Sant Patrick e a estátua do santo está ali perto.

“Saint Patrick, o “Apóstolo da Irlanda” foi um missionário do séc. V que é o grande padroeiro da Irlanda! A sua história mistura-se com a lenda e não se sabe mais como foi realmente, mas dizem que foi raptado de sua casa, na Grã-Bretanha, quando era um adolescente e levado para a Irlanda onde viveu até conseguir fugir e voltar para os seus. Quando se tornou padre voltou para a Irlanda percorrendo-a como missionário pelo país. Saint Patrick’s Day é hoje a grande festa da Irlanda, em março, quando toda a gente sai à rua vestida de verde em memória do bonequinho que o representa e que parece um duende! Quando o encontro vestido de bispo não o associo de todo ao boneco irlandês!”

Logo ali na rua ficam vários estabelecimento alguns deles curiosos! Fui dar com um atelier de pintura de um fulano que estava de volta de uma tela que fazia lembrar as mandalas!

Estivemos ali no paleio enquanto ele pintava com uma minucia impressionante!

Parece que tudo o que ele pintava era do mesmo tipo de composição, telas ou suportes quadrados com desenhos caleidoscópicos que leitura a partir dos 4 lados. Muito bonito!

Ainda me fui meter num alfarrabista que me prendeu a atenção por longos minutos, até eu decidir que o inglês não é a língua que eu mais facilmente leio e que não queria massacrar-me a puxar pela cabeça por isso não iria comprar livros e ponto final!

E pus-me a andar na direção da costa até ser surpreendida por uma construção em ruinas! Eu sei que é o que mais há por lá, igrejas em ruinas, mas há algumas a que não consigo resistir, pronto!

E acabei por me divertir um bocado! Estava a chegar um grupo de pessoas que percebi eram as damas de honor e os respetivos moços, mais os noivos, para fazerem fotos no local!

Eu adoro estas coisas e há sempre um ou dois casamentos no percurso de todas as minhas viagens! Faltava um nesta!

As damas de honor eram redondinhas e não sabiam andar de saltos altos, por isso pareciam meio tortinhas, uma acabou por os tirar e seguir descalça pela relva! Eheheh

Os moçoilos vestiam todos de igual, o noivo incluído, não entendi porquê, ainda por cima de calças beges com suspensórios!

A noiva era a mais bonita, a mais magra e a mais elegante! Será que o casamento era um bom pretexto para desencalhar as damas de honor?! Eheheheh

Bem fui saindo dali, para não aparecer uma sombra negra de chapéu no fundo das fotos, e fui ver a abadia.

Era a Bective Abbey, do séc. XII, e descobri que foi palco de filmagem de cenas do filme de Mel Gibson, “Braveheart”. Fantástico, assim se encontra uma celebridade sem saber!

Claro que teria de ver o filme todo outra vez para tentar descobrir onde aparece a abadia!

Independentemente das pessoas do casamento, foi curioso constatar que as pessoas vão para ali passear e fazer picnics!

Havia ali famílias com miúdos a passar a tarde! A verdade é que o relvado é excelente e o dia estava bonito para se estar ali!

Ali ao lado havia também vaquinhas a relaxar!

E os carros dos “modelos” do casamento!

Ainda se ao menos tivessem levado uma cestinha com algo de comer lá da festa de casamento! Mas só havia os carros e mais nada!

Depois tinha de passar em Trim para ver o seu castelo. Ficava no meu caminho e o dia ainda ia alto!

Eu queria vê-lo porque ele é diferente de tudo o que conheço! A planta da torre é cruciforme, o que não é muito comum porque torna-a mais difícil de defender por ter muitas reentrâncias!

É o maior castelo normando da Irlanda e já esteve para ser desmantelado! Acabaram por o proteger e o abrir ao público com guias que conhecem a sua história e, por isso, tornam a visita interessante.

As perspetivas que se vai tendo ao subir a torre são impressionantes e fazem pensar nos diversos andares que ali existiam em tempos áureos!

O topo foi coberto para proteger o interior e em volta a cidade é visível num ângulo de 360º.

Com direito a visitas curiosas!

Uma senhora ofereceu-se para me tirar uma foto!

As pessoas estranham sempre eu andar a tirar fotos a tudo e não as tirar a mim mesma e oferecem-se para me fotografar e eu aceito sempre!

O castelo é imponente e eu fartei-me de o fotografar!

Também fiz um desenho ou dois, mas muito rápidos porque aquilo iria fechar!

A cidade em redor tem pormenores encantadores!

Ao ir para casa vi mais uma torre redonda, era o Donaghmore cementery…

As Round Towers estavam a ter o mesmo efeito sobre mim que as cruzes celtas e eu tive de parar, ok, só um bocadinho, vá lá!

Na Irlanda, como na Inglaterra, usam um pormenor muito curioso nos cemitérios! Há sempre um muro com um portão, que está frequentemente fechado! Ok, a gente percebe que não pode passar ou terá de saltar o muro! Então há uma série de degraus de um lado do muro e outra do outro, para nos facilitar a vida de “saltar o muro”! Não é espantoso?

Por isso é suposto a gente avançar o muro mesmo!

O cemitério era antigo e pequeno, mas com perspetivas encantadoras e uma relva fofinha como uma almofada verde!

E fui para casa, toda encantada com um dia histórico cheio de coisas que se calhar só a mim me encantam, mas encantam muito!

E foi o fim do 10º dia de viagem!


de Dublin até Belfast


8 de agosto de 2014

O dia estava uma bosta e eu iria sair da República da Irlanda para a Irlanda do Norte sem poder levar comigo as paisagens mais encantadoras… simplesmente porque nada se via do fim da rua para a frente! Uma pena!

Quando isto acontece nunca sei muito bem o que fazer, ir direta por ali acima ou tentar dar uma volta procurando alguma aberta nas nuvens cerradas? Decidi pela segunda hipótese, dar uma voltinha antes de seguir para Belfast!

Segui para a Upper Lake region of Glendalough, um recanto encantador que eu não queria deixar de visitar antes de partir. Glendalough, em irlandês “Gleann Dá Loch” significa “vale de dois lagos”, é um vale glaciar que é conhecido pelo seu mosteiro medieval do séc. VI.

Eu não sabia se o veria, pois o tempo estava mesmo miserável, mas eu iria tentar!

A paisagem por ali é linda e seguramente que, com um dia de sol, seria deslumbrante!

Apesar de por vezes a humidade no ar ser altíssima e a visibilidade quase nula, passear por aqueles caminhos era ainda um prazer! Sem ninguém na única rua que rasgava a montanha, com os tons verde intenso, que pareciam ativados pela humidade, era a sensação de estar sozinha no meio do mundo! Tão bom!

O rio Inchavore acompanhou boa parte do meu caminho e eu voltaria a passar por ele no regresso, podia perceber pelo mapa, por isso olhei-o na sua descida pelo vale, em catarata e depois iria ve-lo mais de perto na volta!

Era imponente a forma como ele escorregava por ali abaixo, assim de repente, sem que a gente suspeitasse vendo-o de cima!

Finalmente cheguei ao Lower loch. Apesar de o dia estar cinzento o verde era intenso e a água parecia um espelho!

São aqueles momentos em que apetece parar e ficar, simplesmente, a olhar!

Não sei quanto tempo fiquei por ali, o lago nem ficava no meu caminho, nem tinha seguimento, o caminho apenas levava ao outro lago. Eu fui ali por ele e por ele ali fiquei.

Eu não sabia, mas aquele recanto de paraíso, seria a ultima coisa que eu veria da República da Irlanda…

Eu vira ao passar para o lago a torre redonda tão característica, o mosteiro seria mesmo ao lado, seguramente!

Lá estava a relva fofinha e muito verde, a parecer irreal, um cenário de um filme qualquer, com cenas a puxar para o tenebroso, já que cemitério lembra sempre ambientes desses!

Mas não havia nada de tenebroso no local, apenas muito de histórico, isso sim!

A catedral é do mais antigo que há, da época da transição da cultura celta para a cultura cristã e mantem-se totalmente original, o que é espantoso!

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E foi mais uma visita sagrada, pelo antigo e histórico que continha! Eu nunca fico indiferente a essa carga histórica de um local tão antigo…

Logo ao lado fica a cruz de Saint Kevin que, embora pareça mais pobre que todas as que vi, é simplesmente extraordinária porque é esculpida numa única pedra de granito, um monólito. Tem 2.5m de altura e é um dos primeiros exemplares da combinação da cruz céltica com a cruz cristã, num esforço dos monges em receber a cultura pagã no seio da cultura cristã, incluindo e aceitando o círculo que representa o sol, venerado pelos celtas.

Há uma lenda que diz que quem conseguir abraçar a cruz de St Kevin e tocar os dedos do outro lado, fechando o círculo, verá os seus desejos realizados. Mais uma vez nada tentei e nada pedi… uma pena pois eu tenho os braços compridos e certamente conseguiria dar a volta à cruz com eles e tocar os dedos do outro lado. Sim, porque parece fácil porque não há ninguém perto da cruz na foto, senão ver-se-ia como ela é grande e grossa!

Por entre tumbas de lápides inclinadas pelo passar do tempo e a vegetação que levanta a terra, chega-se à Igreja de São Kevin, o fundador do mosteiro e o primeiro santo irlandês.

E logo a seguir um riacho de águas escuras…

olhando bem eu achei que as águas eram mesmo castanhas! Curioso!

E a “Monastic City” como lhe chamam é fantástica! Estivesse um pouco mais de sol e seria um encanto, assim foi um encanto misterioso, por entre brumas e gotas de agua que molhavam os meus pés e faziam as varias pessoas que visitavam o local, enfeitarem-se com capas de plástico coloridas!

Havia sítios onde eu tinha de passar por baixo das lápides das tumbas,

que coisa mais inspiradora!

O tempo piorava a olhos vistos e começava a chover a sério, só para encher a minha despedida de tristeza!

Não haveria condições para visitar mais nada, só me restava seguir para a Irlanda do Norte a ver se o tempo melhorava para lá. Mas a Republica da Irlanda ficou-me no coração e a vontade de ver muito mais, procurar, descobrir e viver histórias antigas, uma sensação que tenho de voltar a sentir!

Uma certa nostalgia acompanhava-me já ao fazer-me à estrada.

Parei um pouco para apreciar o rio Inchavore que vira em catarata na ida para Glendalough.

E sim, ele é castanho!

“O tempo estava cinzento, uma pena porque a paisagem por ali merecia pelo menos um céu cheio de nuvens revoltas e inspiradoras, com nesgas de azul por trás… mas estava cinzento, com promessas de chuva a cada momento. E os montes inspiravam-me, com lagos a aparecer a cada momento, na solidão do meu caminho. Que coisa linda é o Wicklow Mountains National Park, podia passear-me por ali por muitos dias seguidos e encantar-me sempre. Então parei junto do rio e… espantei-me! O rio Inchavore é castanho! Ainda pensei se poderia ser apenas influencia da sombra da vegetação, do reflexo sei lá do quê! Mas não, a gente aproxima-se, desce até ele, e as suas águas são mesmo daquela cor! Impressionante!”

Coisa estranha olhar para um rio da cor do chá! Não, aquilo é mais da cor do café!

Eu conhecia rios de águas brancas, de águas azuis turquesa, de aguas verdes… agora posso dizer que também os conheço com águas castanhas!

Claro que fui investigar a razão daquela cor e, a cor castanha é provocada pela turfa que há por aquelas terras, e é muita, o que torna a água castanha e ácida e a vida aquática não é muito rica por causa disso, mas existe e até há espécies raras a viver nela! Claro que sendo eu meio fora das biologias e ciências, imaginei logo que uma água acida teria uma espécie de sabor a limão! Associação lógica não? Eheheheh

Muito curioso!

Acabei por ficar por ali mais um pouco, a chuva parara e eu fui desenhando umas ovelhas que estavam muito quietinhas em pose para mim, para juntar à minha coleção de animais dos meus percursos!

E a seguir lá estava a estrada magnífica que precisava tanto de um céu azul por cima para me levar ao êxtase…

A dada altura já só com fato de chuva poderia continuar. Que pena ter de guardar a maquina fotográfica e embrulhar-me toda num momento em que tudo o que eu queria era ver um pouco mais daquele país lindíssimo…

e foram mais de 200 km de chuva e estrada, sem nem parar para passar a fronteira, sem nem tirar uma foto junto da placa a dizer Irlanda, até entrar em Belfast.

Quando eu amuo com o tempo acontece-me isso, “ai não é para ver nada? Então conduzo sem parar e pronto!”

A minha chegada a Belfast e ao hostel foi o primeiro contacto com uma realidade que eu conhecia mas não imaginava ser “tão possível”! Por entre as coisas que me foram dizendo, recomendações, indicações de atrações e tal, disseram-me onde era o ponto mais perto para comprar bebidas com álcool!

Oh valha-me Deus, então comprar álcool é assim mesmo, um momento extraordinário na vida da gente, que até é referido no meio das atrações e curiosidades da terra?! Estes irlandeses são malucos!

E veio o sol! E eu peguei na moto e fui passear, depois da chuva todo o sol seria de aproveitar! Claro que estava tudo fechado, passava das 6.00h da tarde, mas não importava nada!

St Anne’s Cathedral ou a catedral de Belfast, um edifício do inicio do séc. XX que teria valido a pena visitar mas nada feito! Eu não voltaria ali por isso fiquei-me pelas imagens exteriores!

O que eu procurava era outras coisa em Belfast e ainda bem que a procurei naquele dia, ou não teria tempo de ver mais tarde!

Guiei-me pela St Peter’s Cathedral que eu via ao longe!

Mais uma igreja imponente e extraordinária, a primeira igreja católica a ser construída em Belfast, ao estilo gótico francês, por isso mais uma construção revivalista!

Muito bonita, fica no meio de bairros habitacionais com ar pouco asseado, pensei eu, até perceber que lixo é o que não falta nas ruas da cidade!

A catedral foi projetada pelo padre da paróquia, que tinha estudado arquitetura antes de se tornar sacerdote, e construída num terreno doado por um padeiro local. Uma história simples para uma construção extraordinária!

Ali perto começam os Murais, descrevendo as divisões políticas e religiosas do passado e do presente da região… era isso que eu queria ver!

Diz-se que perto de 2.000 murais foram documentados entre os anos 70 e 2014 e o ‘The Belfast Mural Guide’ diz que mais de 300 estão hoje visíveis pela cidade, em diversos estados de conservação/degradação!

Os murais servem para comemorar, comunicar ideias, mostrar aspetos culturais e históricos de populações, crenças e ideologias de comunidades, eu sei lá! Sei que são fantásticos!

Andava ali eu sozinha a ver tudo em pormenor, quando chegou um grupo de táxis! Eu sabia que as pessoas se organizavam em táxis para visitar aquela zona da cidade, sendo os próprios taxistas guias que contavam as histórias e tal. não sabia é que eles andavam assim aos magotes!

Eu não queria ver todos os murais possíveis, queira ver alguns, estar perto, tocar-lhes, ver como eram pintados, nada mais!

Alguns não são pintados sobre a parede, diretamente, são impressos em grandes painéis e colocados ali, com placas que explicam de onde vêm.

E alguns têm placas informativas e identificativas.

Alguns murais ficaram-me na memória pela mensagem que transmitiam.

Ao lado de tão fantástica arte, outros cartazes se impõem!

Escrevia eu no meu Facebook:

“Curioso, eles proibirem o álcool nas ruas, mas as pessoas devem embebedar-se em casa pois deixam as ruas cheias de lixo! Não seria de proibir o lixo pela calçada então?”

Mas havia outras placas por la que me fizeram sorrir! Tão bom quando tratam bem as motos!

E fiz uma selfie de cima da minha motita, refletidas as duas numa montra!

E fui para casa, pois tinha marcado jantar no hostel, mas não sem por o olho ao que me aparecia na berma da estrada:

“Na margem do rio Lagan, na berma da Queen’s Bridge, fica Beacon of Hope, uma escultura feminina de 15 metros, trabalhada em aço inoxidável e bronze. É tão imponente quanto leve e frágil, como facilmente uma imagem feminina pode parecer. O escultor, Andy Scott, escreveu sobre ela: “Espero que a figura seja adotada pelo povo de Belfast como um símbolo de paz e reconciliação, e como um farol luminoso de modernidade e progresso”. Está ali desde 2007 e é já uma referência, um recanto a visitar, para quem chega a Belfast!”

A menina do hostel tinha referido aquela escultura por isso eu tinha de a ver!

O jantar que me esperava era muito louco, com gente muito maluca, com direito a conversa fiada sobre tudo e em todas as línguas possíveis e eu la fui dando “agua sem caneco” até às tantas, que um serão animado sabe sempre bem!

E foi o fim do 11º dia de viagem!


a calçada dos gigantes e os castelos


9 de agosto de 2014

Quando acordei e vi que o dia estava lindo fiquei impaciente! Uma coisa que a vida me ensinou foi a aproveitar cada dia de sol que me aparece em tempo de chuva, por isso tratei de me pôr a andar antes que alguma reviravolta me levasse a oportunidade de ver o que de mais importante me levou até ali!

Peguei na moto e pus-me a andar para norte, sem inventar de parar aqui e ali. Lá em cima eu tinha coisas demasiado importantes para ver para me permitir perder a oportunidade no cruzamento com uma qualquer nuvem mal disposta!!

O que sempre me fez querer visitar a Irlanda do norte foi a Giants Causeway por isso destinei todo o meu tempo à exploração do local. Falaram-me que deixava a moto não sei onde e caminhava pelo penhasco até encontrar a descida da falésia e tal, visitava a coisa e voltava a subir por ali fora…

Decidi que não iria fazer a coisa como um ladrão que se escapa por entre quem paga bilhete, e fui até ao Giant’s Causeway Visitor Centre. O preço não é muito elevado a visita faz-se como eu gosto, cada um com o seu áudio-guia a passear por conta própria! E a informação e história que nos é contada é interessante, fácil de acompanhar e pertinente!

O edifício é muito interessante, tendo como inspiração clara os blocos verticais da calçada, cria um ambiente simpático a quem chega.

Um casal espanhol chegava na sua scooter e acharam que eu era uma supermulher qualquer por andar por ali de moto sozinha! Eles estavam de roulotte e a scooter era o elo de ligação do seu “caracol” ao mundo, onde não poderiam andar com tal carripana.

E fui passeando e ouvindo histórias, pela rua junto ao mar, em praias de pedras e pedregulhos…

Histórias de nomes que foram dados às pedras, como o camelo que se vê do outro lado da primeira baía.

E vê-se mesmo o dito camelo!

Depois da curva, ao fim da primeira baía, começam-se a ver ao longe as primeiras pedras em “agulha”, para lá da calçada, ao longe.

Na zona há pedras semelhantes às da calçada em vários locais, já que foi um fenómeno de arrefecimento da lava que provocou a formação dos blocos

Fui saindo do caminho alcatroado e passeando pelo meio das pedras junto ao mar, ao som das explicações, bastante interessantes e bem narradas do áudio-guia.

E a calçada foi-se tornando próxima, com os seus blocos impressionantes a fazer muros…

Os blocos hexagonais, às vezes pentagonais ou octogonais, estão tão perfeitamente encaixados entre si, como num puzzle da natureza. A gente sobe por eles, como se degraus fossem e a paisagem é quase surrealista!

Dizem que são mais de 40 000 colunas prismáticas de basalto que por ali há! Não sei como as contaram mas acredito que sejam essas todas já que há tantas e continuam pelo mar dentro!

O fenómeno deu-se há mais de 60 milhões de anos, quando uma erupção vulcânica provocou a disjunção colunar do basalto das grandes massas de lava provocando a calçada que conhecemos hoje. Choques de temperaturas fizeram-na solidificar daquela maneira!

Escrevia eu no meu facebook:

“The Giant’s Causeway ou A Calçada dos Gigantes é aquele pormenor da natureza que eu tinha de ver há tempo demais! Já em 2011 eu queria lá ir e não foi de todo possível, mas desta vez eu vi-a… um encontro quase surrealista para mim, embora eu soubesse muito bem o que iria ver. As pedras brotam do chão como esteios esculpidos pelo homem e diz a lenda que o foram mesmo, mas por um gigante Irlandês que queria confrontar com um gigante escocês! Ora quando o gigante escocês veio até à Irlanda o irlandês pode constatar que ele era enorme e muito mais poderoso do que ele próprio! Pânico total! E foi a sua mulher quem salvou a situação, vestindo-o de bebé, apresentou-o ao gigante escocês como sendo o seu filhote! Ora o outro vendo um filhote tão grande apavorou-se imaginando a dimensão do pai da criança! Pânico para ele também! Então voltou a correr para o seu país, partindo tudo o que podia da calçada para que o outro não pudesse segui-lo! E por isso a calçada se estende sobre o mar até desaparecer, e daí os 40 mil blocos hexagonais de basalto! A história é contada num filme de animação muito engraçado no Visitor’s Center. Acho que tirei por ali umas vinte mil fotos…”

E lá está ela a entrar no mar, na direção da Escócia, como conta a historinha!

“A calçada destaca-se do chão em blocos que atingem vários de metros de altura sobre nós e a gente sobe pelas pedras e caminha sobre ela. É irregular de uns lados e plana de outros, como paralelos hexagonais que se encaixam mas saem aqui e ali. Formam mesmo paredes e desníveis curiosos. Mas quando nos afastamos, percorrendo o caminho que nos leva pela encosta até onde os nossos olhos se perdem entre o mar e a escarpa quase em estado puro, e olhamos para trás… ela lá está ao longe, com pequenos pontos de cor formados pelas pessoas que lhe caminham por cima. Faço zoom com a minha maquina e é espantoso o que ela é, vista assim de longe! E entendo tão bem porque foi chamada de construção de gigantes!”

O que eu caminhei por ali, sempre com a calçada no horizonte!

E no outro lado da baía lá estão eles de novo, os blocos em alinhamentos como esteios, a formar paredes!

Não faltava gente a caminhar por ali comigo. Um percurso longo mas muito bonito e interessante de se fazer!

Depois subi a escarpa, pela escada bem ingreme e voltei para a moto por cima com a falésia sempre ao meu lado!

Ao chegar ao estacionamento o casal espanhol que chegara comigo estava se partida e um grupo de motos chegava! Uma animação, entre uns que se despedem e outros que chegam e se apercebem que eu estou sozinha! Gente boa com direito a muita conversa!

Finalmente, depois de muita conversa do tipo “de onde vens?” ou “ Onde estão os teus amigos?” (esta será para sempre pergunta numero 1 de todas as minhas viagens!) ou ainda “Como chegaste até aqui sozinha com uma moto tão grande e pesada!”, depois de umas gargalhadas, de muitos cumprimentos e apertos de mão, lá segui para leste. Mais à frente, na costa encontra-se a ruina do Dunseverick Castle.

O castelo é muito antigo, do séc. V, e diz-se que já foi visitado por Saint Patrick , o bispo da Irlanda!

Fica numa saliência num recorte da costa, quase uma pequena península, um ambiente muito romântico!

Mas por ali tudo é encantador e algo romântico mesmo!

Praias de areia branca, que não são nada comuns por aqueles lados, enchem de magia todo o percurso!

Localidades bem pequeninas, de casinhas brancas, destacam-se do verde a cada momento, como ilustrações de livros de poemas!

E cheguei a Carrick-a-rede rope bridge…

Quem anda por aqueles lados vai sempre ver a famosa ponte de rede e, como seria de esperar, estava uma bela fila para a visitar. Um motard estava junto da sua moto quando cheguei e foi paleio até dizer chega. Ficou fascinado comigo e com a minha moto, tiramos fotos juntos e tudo, para mostrarmos aos amigos!

Conversa pegada e acabei por decidir deixar a ponte para outra vez. Não me apetecia pagar para caminhar até ela, encontra-la cheia de gente e voltar para trás!

Pus-me a inspecionar a redondeza cheia de encantos

E vi, ao longe, depois das ilhas e das nuvens… a Escócia!

Um pouco de zoom e lá estava ela!

A sensação de ver o outro lado do mar fascinou-me mais do que qualquer ponte. Se pensarmos na dificuldade de se encontrar tempo de sol, com atmosfera suficientemente límpida para se poder ver tão longe, entende-se melhor a minha alegria!

Então andei por ali a passear, por pequenas aldeias piscatórias, voltando agora para Este no mapa. Havia outro castelo que eu queria ver, por isso fui explorando a costa no sentido inverso, deliciando-me com o sol e com as paisagens!

Ballintoy, uma pequena vila que quase vai desaparecendo ao longo dos tempos, tendo cada vez menos população!

Com uma envolvência extraordinária e uma igreja linda!

E então cheguei a mais um dos sítios que eu queria tanto visitar!

O castelo medieval de Dunluce fica logo a seguir a The Giant’s Causeway, foram até usadas pedras da calçada na sua construção e podem-se ver no meio das outras se se olhar com atenção!

É um daqueles castelos que aparece por todo o lado quando se busca pela palavra “castelo” no Google! E lá estava ele, num promontório sobre o mar, a casa do Clan MacDonnell de Antrim. Pensa-se que o Dunluce Castle terá sido a inspiração para Cair Paravel, o castelo dos reis das Crónicas de Nárnia!

Aquele castelo sempre me fascinou e eu fui até ele para o visitar mas, ao olhar para ele, sentei-me a desenhar e não visitei coisa nenhuma! Afinal o mais espetacular dele vê-se de fora!

Está ali, periclitante no limite do penhasco parecendo tão frágil!

Mais uma longa pausa, um desenho ou dois, um milhão de fotos e aquela sensação de estar perante uma celebridade muito antiga…

Eu queria que o sol estivesse de outro ângulo para o poder ver melhor…

Mas não iria esperar até ao entardecer para o sol “se virar” por isso continuei a explorar a costa…

E há mais rios castanhos por aquelas terras, não é só na República da Irlanda!

E os recortes que a terra desenha sobre o mar são fascinantes!

Eu chegava-me perto! Pousava a moto e caminhava até ao precipício, voltava a sentar, voltava a desenhar e a sensação de estar viva e feliz era tão intensa que quase beirava a euforia!

Lá me fui dirigindo para Belfast saboreando as estradinhas mais estreitinhas que fui encontrando! É assim que gosto de viajar!

Então, no meio de lado nenhum, ou antes, no meio de um lugarejo minúsculo, apareceu-me um castelo!

Ui, se eu tivesse de viver num país assim, onde há um castelo em cada esquina, eu não iria parar em casa nunca, até não haver mais nenhum castelo para procurar!

Era o Caulfield castle, do séc XVI, que o que teve de mais encantador foram os enquadramentos que permitiu, com jogos de sombra e luz, com o verde da relva a criar contrastes impressionantes!

O que eu gosto destes momentos solenes!

E o dia estava a chegar ao fim, embora o sol ainda estivesse alto. Tempo para uma pausa junto ao grande Loch Neagh

De baixo do sítio onde parei e me sentei vinha uma restolheira, grande algazarra mesmo! Quando espreitei, era uma grande patada!

Palravam com uma intensidade que parecia mais uma discussão entre eles! Tão giros!

Fiquei ali uma série de tempo a aprecia-los e até desenhei alguns!

Estava já perto de Balfast e podia perceber que as grandes nuvens me esperavam mais à frente!

E foi o diluvio total!

Parei rapidamente numa paragem de autocarro e abriguei-me. É nesses momentos que eu percebo o quanto é importante aproveitar bem o sol… enquanto ele se mostra!

Como uma chuvada tropical, o temporal afastou-se e deixou para trás um lindo arco-iris!

E fui para casa e foi o fim do 12º dia de viagem!


tanta chuva, Armagh … Belfast e o Titanic!


10 de agosto de 2014

E a chuva ficou até ao dia seguinte!

Depois de um serão de grande algazarra no hostel, onde meio às escuras no pequeno pátio, montes de hóspedes divertidos foram contando as sua histórias, por entre cerveja e hambúrgueres, a animação perdeu-se de manhã! Fomo-nos amontoando à porta do hostel olhando para um dia cinzento, cheio de chuva e com visibilidade nula!

Um grupo de mochileiros tinha deixado a Calçada dos Gigantes para visitar naquele dia e estavam todos inconsoláveis, pois para norte o tempo estava ainda pior, dizia na meteorologia!

No dia anterior alguém comentara que eu fizera mal em ir logo a correr explorar o norte, devia ter passeado por perto para descansar, pois não havia pressa em ir à Calçada… hoje todos olhavam para mim com um “tu é que fizeste bem!” já que ninguém ali veria mais aquelas paisagens tão cheias de sol como eu vira, apenas no dia anterior!

“Num país de chuva há que saber aproveitar o sol!” respondera eu na noite anterior… acho que aquela gente aprendeu isso comigo naquele dia!

Ora bem, mas eu tinha de decidir o que fazer com tanta chuva! Se para norte estava péssimo e para sul/este a coisa prometia algumas abertas, eu tentei aquele lado, pois então!

Mas as promessas de “abertas” não se viriam a realizar durante o meu caminho, e eu cheguei a Armagh debaixo do mesmo diluvio que estava em Belfast!

Chamam-lhe a cidade das catedrais e, ao chegar, parei junto da primeira igreja que me apareceu aberta. Eu tinha de sair da chuva, era domingo e estava tudo fechado, só me restava enfiar-me numa igreja mesmo!

Apercebi-me que estava por ali muito movimento, dois homens na porta receberam-me com muita simpatia e eu perguntei se podia visitar a igreja. Claro que sim, mas venha por aqui que vou leva-la ao andar de cima onde tem menos gente. Fiquei intrigada onde me levavam, toda empacotada de fato de chuva vestido, cinta por cima para prender toda a roupa, capacete debaixo do braço a pingar para o chão, como toda eu pingava, e o chapéu a pesar já uns 2 kg de água que o ensopavam. Mas lá fui, pelas escadas acima imaginando onde iriam dar!

E escrevia eu na minha página no Facebook nesse dia:

“Hoje o dia acordou com um mau feitio terrível e parece que toda a chuva, que foi ameaçando cair nos últimos dias, decidiu cair hoje, desde muito cedo pela manhã, sem parar! É sempre difícil decidir o que fazer nestas situações, apetece ficar no choco mas, ao mesmo tempo, é uma pena não sair e aproveitar o que se puder! Então peguei na motita e fui até Armagh, a cidade das catedrais, como lhe chamam! Chovia tanto que entrei na primeira igreja/catedral que encontrei, a Presbetyrian Church e foi muito bonito! Fui recebida com toda a simpatia por dois senhores que estavam à porta, estava a começar a celebração e eu pensei que me mandassem embora, mas não, convidaram-me a entrar, conduziram-me ao andar superior. Pensava que era o coro mas, na realidade era um nível superior que rodeava toda a nave e onde outras pessoas acompanhavam a celebração. Fiquei até ao fim e adorei. Tudo o que foi dito e mostrado foi bonito, cheio de humor e alegria, havia miúdos também e o clima era tão simpático. No fim conduziram-me até ao “pastor” (não sei se se chama assim) que me agradeceu a visita e me perguntou se eu me tinha sentido bem. Outras pessoas me cumprimentavam, claramente sabiam que eu não era dali, eu estava cheia de roupa, com fato de chuva vestido e capacete no braço e tudo! Pediram-me para assinar o livro de visitas … uma experiencia para não esquecer!”

A princípio apenas tirei o chapéu e fiquei ali, de pé, com o capacete na mão, mas as pessoas olhavam para mim e faziam-me sinal para eu me sentar. E foi o que fiz, pousei o capacete e o chapéu na beira da janela e fui-me sentar junto das pessoas e o que era para ser uma visita rápida tornou-se num experiencia simpática e curiosa! A minha primeira visita a uma igreja presbiteriana, com direito a assistir a uma celebração e tudo!

Quando terminou a celebração pude fotografar o que quis, com direito a cumprimentos simpáticos das pessoas, que não mostraram qualquer estranhamento nas minhas vestes e os comentários eram do tipo “Bloody rain for a biker!”

E o raio da chuva estava lá, no mesmo sítio quando saí, horas depois! Bem só restava procurar um sítio para me refugiar, um café, outra igreja, sei lá! Não estava dia para passear e tirar fotos, isso já dera para entender, o tempo não melhoraria!

Então encontrei a catedral de Saint Patrick, a católica, pois há outra protestante com o mesmo nome.

Ela fica numa colina destacada, com um lindo relvado em degraus, com uma magnífica escadaria a subir aquilo tudo. Estava aberta, toca a subir por ali acima.

A catedral é deslumbrante! Foi construída entre o final do séc. XIX e o início do séc. XX em estilo neogótico, para substituir a anterior catedral medieval dedicada ao mesmo Saint Patrick, mas que fora tomada pela igreja da Irlanda, aquando da reforma religiosa. Por isso a cidade tem 2 catedrais, o que contribui para o seu cognome!

E a igreja é linda, embora haja vozes discordantes que se referem aos melhoramentos e alterações que sofreu ao longo dos anos 80 e 90, em que muita coisa foi alterada, como o altar original! Como não vi antes não sei avaliar… mas gostava de ver como era esse altar neogótico que foi retirado…

Quando olhei para o teto, ricamente trambalhado, não consegui evitar de percorrer todo o espaço, não apenas a nave, de nariz para o ar, a olhar!

Lá fora chovia copiosamente e o ambiente dentro da catedral era tão descontraído e acolhedor, que eu fiquei por ali uma infinidade de tempo, até sentir vertigens de tanto olhar para cima!

Por cima da porta não há uma rosácea, tão característica das igrejas góticas, há uma grande janela que, ao fazer contraluz, se torna muito interessante, com os anjos a fazer efeito de sombra chinesa! Desenhei aquilo, está algures num livrinho que tenho de procurar!

O ambiente de uma grande igreja sempre me fascina, sobretudo quando ninguém me perturba nem me questiona e me deixam estar por ali, com a música nos ouvidos e os livrinhos para desenhar! Ok, pronto, não sou só rato de cemitérios a catar tumbas, também sou rato de igreja a catar altares!

O inferno molhado continuava lá fora…

Armagh aos meus pés, é a cidade menos populosa da Irlanda do Norte, a segunda da irlanda e a quarta de todo o Reino Unido! Não se nota nada, com aquele temporal nem que houvesse por ali a maior multidão a viver, não se notaria, pois estaria tudo fechado em casa! Só um maluco como eu é que sairia à rua!

Eu podia ver a catedral se Saint Patrick, a medieval, no topo da outra colina em frente.

“Será que vale a pena «nadar» até lá para a ver?

Oh pá, molha por molha, já que estás na rua mesmo vai lá, pois então!

A igreja tem origem no séc. V e foi o próprio St. Patrick, o tal, o primeiro santo da Irlanda, que colocou a primeira pedra para a sua construção!

Ela foi destruída e reconstruida 17 vezes ao longo da sua história e hoje há nela muita coisa bem posterior às suas primeiras características românicas.

Achei tanta piadinha às almofadas de ajoelhar que tive de experimentar uma, era fofinha!

Metade do seu encanto foi-se com as remodelações, mas é ainda uma igreja muito interessante!

É por fora que ela conserva mais da sua “raça”!

E por falar em cá fora… a chuva não desarmava nem por nada!

Parei apenas um pouco na cidade, aquela cruz na berma da estrada não me deixou indiferente, afinal Irlanda do Norte também é Irlanda e também é celta!

E ao lado um mural, pois, a Irlanda do Norte é toda destas coisas! Ainda lá hei-de voltar com tempo para explorar e conhecer todos os murais possíveis, que são mais que muitos pelo país todo!

Quando o meu mp3 deixou de funcionar e começou a mostrar mensagens bizarras no seu visor, eu percebi o quando a humidade estava a afetar o meu dia!

Então amuei e voltei para Belfast sem nem olhar mais para o lado! Não valia a pena ir mais longe, nem valia a penar parar em lado nenhum, a chuva era tão serrada e o tempo estava tão húmido, que só pegava na máquina fotográfica e a lente ficava toda embaciada!

Por isso decidi ir-me meter dentro de um espaço onde eu pudesse ficar o resto da tarde sem me chatear mais!

E sim, fui visitar o Tinatic Centre! Como eles dizem, fui visitar “the birthplace of Titanic”

Escrevia eu no meu facebook naquele dia:

“O temporal não me deu paz todo o santo dia, lixei o meu mp3 com a chuva e tudo! Então amuei e fui-me enfiar no Titanic! Parece que estou a fazer o maior sucesso por aqui, não falta quem se ofereça para me tirar fotos! eheheheh

Bem, acho que vou comprar mais cerveja que esta bosta de tempo está a deprimir-me!”

Muito tempo depois os estaleiros Harland and Wolff voltaram à vida com o centro Titanic no local rebatizado de “Titanic Quarter” em 2001.

A construção é impressionante e faz justiça aos grandes gigantes marítimos que foram ali construídos, lembrando 4 proas de grandes navios. Estava chuva, uma pena, porque aquele imenso edifício merecia um céu deslumbrante por trás! Faz um efeito visitar um local onde tanta gente trabalhou arduamente por tempo demais, para que o produto do seu trabalho fosse a morte de tanta outra gente também…

O interior do edifício é espaçoso e acolhedor, com uma atmosfera entre o ambiente de feira provocado pelos turistas ruidosos, e o ambiente solene deixado pela história que o local encerra…

Para além dos objetos da época expostos, são recriados ambientes e sensações para permitirem aos visitante entender um pouco da dimensão e condições de trabalho no estaleiro ali montado na época.

Mapas, planos, projetos, desenhos, fotos e tantas outras coisas fazem-nos reviver uma das histórias mais conhecidas no mundo!

Ah, e maquetas também, como aquela que mostra como era o estaleiro antes de começar a construção do grande barco.

Há mesmo um percurso, numas gondolas suspensas, que nos levam numa viagem cheia de voltas e reviravoltas pela obra, onde se pode ver como os homens trabalhavam sem quaisquer condições, ou equipamento próprio.

E o lançamento do barco é feito virtualmente num recato, onde a cadeia de corrente em tamanho real é impressionante, e cobre todo o espaço ladeado de vidro, sobre o real local do lançamento na época!

Por muito que a gente veja e leia, ali tem-se mais a noção da verdadeira dimensão das coisas….

O fim da história já todos o conhecemos há mais de um século…

Cá em baixo há uma cafetaria e um restaurante, onde se podem comer coisas interessantes, o que foi muito útil para ganhar coragem para voltar para a chuva!

E não pude deixar de dar uma volta pelo espaço do estaleiro, hoje chamado de “Titanic Quarter”

E ver o edifício de todos os ângulos

E a minha bonequinha também teve direito a uma foto junto do grande título!

E fui para casa, que de chuva já tinha levado a minha dose para me pôr a inventar mais e foi o fim do 13º dia de viagem!


do outro lado… a Escócia


11 de agosto de 2014

Foi tudo muito estranho naquela manhã, como eu stresso sempre que tenho de embarcar a moto num ferry, levantei-me cedo para ir com calma até ao porto, que, estupidamente, não me lembrara de procurar no dia anterior! A minha ideia era ter todo o tempo do mundo para o procurar, trocar o papel de reserva pelo bilhete e embarcar sem stress.

Nada disso aconteceu, toda a gente parecia querer conversar comigo ao pequeno-almoço. Fazendo perguntas, querendo saber do que eu já vira na minha viagem e por aí fora! Acho que se tinha espalhado a ideia de que eu era uma grande viajante de moto, que viajava sozinha e já vira “mundos e fundos”. Valha-me Deus, tive de desiludir aquela gente e dizer-lhes que nada de especial se passava, eu apenas estava a fazer uma viagem muito menos impressionante do que outras que já fizera.

Não adiantou nada, continuaram as perguntas e, se eu não me pusesse a andar, ainda estaria lá hoje a contar histórias de tudo o que vira e vivera pela estrada fora!

Gente simpática com quem gostei de falar, não fora o meu stress em descobrir o porto e tratar de tudo a tempo. O caminho que eu faria naquele dia inspirava toda a gente…

Quando finalmente consegui seguir foi tudo uma correria. Primeiro a porta do porto que me aparecia não era aquela onde ficava o meu cais de embarque, depois entrei onde não devia e não conseguia sair! Oh pânico, com o tempo a escoar-se! “calma que é para lá estar 1 hora antes, por isso tenho essa hora a meu favor, posso ser a ultima a embarcar!”

Um guarda viu-me chegar de dentro do porto, e veio ver o que eu queria. O torniquete estava fechado e eu não podia sair! O senhor foi muito simpático, fez o desenho num mapa do caminho que eu tinha de fazer até ao Belfast Port – Victoria Terminal com direito a um livrinho sobre o que ver em Belfast. Muito bom, sobretudo quando eu já prometera a mim mesma lá voltar um dia.

As suas indicações foram tão precisas que eu, que já estava a ficar atrasada, acabei por chegar cedo ao terminal! É sempre assim, por isso eu sempre acho que stressar é uma perda de tempo!

E a minha bonequinha ficou ali sozinha, no meio de um parque infinito!

É assim que eu gosto, chegar cedo e explorar o local com calma, musica nos ouvidos e máquina em punho.

Não chovia por isso deu para eu andar mesmo por todo o lado e meter conversa com as pessoas do porto e tudo!

Quando os carros e os camiões começaram a chegar as perspetivas do parque de embarque eram cada vez mais interessantes. Comecei a perceber que eu seria a única motard a bordo!

Tudo o que eu queria é que o tempo se mantivesse estável do outro lado do mar… não queria nada ser recebida com chuva na Escócia!

Mandaram-me entrar sozinha! Que sensação de “star” só faltava o tapete vermelho!

Tratamento VIP para a minha Ninfa!

E demorou para caramba a começarem a entrar os carros! Parecia que eu seria a única a partir!

“O mar e as águas sempre me fascinam, eu poderia contar aos milhares as fotos que capto desses encontros com paisagens que me cativam com lagos, rios e mares! Naquele dia eu juntava mais um mar e uma travessia ao meu mundo de experiencias inesquecíveis: o Irish Sea. Uma faixa de Atlântico entre as duas ilhas que separa, por vezes, dois climas tão diferentes como se atravessássemos todo um planeta! Naquela travessia assim foi, em Belfast o tempo estava cheio de nuvens inspiradoras, com o sol a espreitar e provocar enquadramentos fantásticos, em Cairnryan e pela Escócia até Glasgow, o céu ameaçava cair com toda a força em cima de mim… o que acabou por acontecer mesmo.
Mas o mar, oh o mar era lindo, quase irreal, uma cor e uma calma inesperada num espaço longo entre duas grandes porções de terra que me tinham feito imaginar turbulência e ondulação fortes. Tenho de explorar melhor aquele mar e as ilhas que nele se encontram…”

(in “Passeando pela vida” – a pagina)

Naquela viagem fiz amizade com 2 senhoras de idade que viajavam sozinhas, eram irmãs e vinham da Austrália. “Não há idade para se conhecer o mundo!” dizia a mais faladora. Muito inspiradora a conversa que mantivemos, fiquei com vontade de ir até à outra ponta do planeta visita-las um dia!

A viagem foi curta e eu podia ver a chuva à minha espera, lá fora. Por isso já sai do ferry, toda empacotada no fato de chuva… uma pena!

Detesto não poder parar e ver o que há, como tudo é. É uma frustração entrar num país e nem poder ver como é a entrada! Já me acontecera isso ao entrar na República da Irlanda, depois na Irlanda do Norte e agora na Escócia! Raios de chuva!

Mas na Escócia a chuva viria a revelar-se bastante inspiradora! Entre umas nuvens e outras eu teria tempo de captar enquadramentos muito curiosos, com nuvens monstruosas, por vezes, o que me agrada sempre!

Logo ali fica Kirkoswald, uma aldeia muito fofinha onde o mau tempo e a ventania pareciam nada perturbar!

Aproveitei uma aberta para desenhar uns cavalos muito simpáticos, de jaqueta vestida, que encontrei num campo. Faltava-me um cavalo na minha coleção de animais, que já contava com ovelhas, vacas normais e vacas cabeludas, patos, cisnes e um esquilo que se metera comigo algures!

E os cemitérios com as suas igrejas em ruinas, continuavam a fascinar-me! Iria visitar mais uns quantos pela Escócia fora!

Mais à frente ficava a Crossraguel Abbey, uma construção do séc. XIII em ruinas. Tinha de pagar bilhete para visitar! Como? Com aquele tempo foleiro, pagar para andar à chuva a ver ruinas? Nem pensar!

Vi-a da rua e pronto! Se eu fosse a pagar para ver todas as ruinas que me aparecessem no caminho, precisaria de um orçamento de viagem inteiro só para isso!

Ok, tive pena porque era muito bonita, mas nem um céu azul eu tinha para fazer umas fotos decentes, por isso, fotografei da rua e segui caminho!

Só parei em Glasgow. O tempo piorara, com chuva mais intensa e rajadas muito fortes de vento, o que tira um bocado o prazer de conduzir.

Glasgow… já fui infeliz ali, quando em 2011 a minha motita avariou e eu fiquei tão desamparada sem ela. Estacionei a Ninfa junto do parque onde a Magnífica colapsou naquela época. Não me apetecia nada pôr esta moto no lugar onde a outra se sentiu tão mal!

O parque era aquele edifício amarelo às riscas e lembro-me de estar lá dentro, espreitar cá para fora e ver um estacionamento para motos, onde havia uma Pan European estacionada. Desta vez foi a minha moto que ficou no estacionamento da rua!

Fiquei hospedada no mesmo hostel onde fiquei há 3 anos e, como quem chega a casa, fui passear pela cidade ao anoitecer. Afinal eu acabei por conhecer bem aquelas ruas em dias de espera que ali passei…

A ponte pedonal sobre o rio Clyde fica particularmente bonita de noite, com iluminação em vermelho!

E o rio, com as luzes da cidade, é sempre tão bonito!

Fui passeando pela zona comercial The City Centre, muito inspiradora com as luzes!

Encontrei edifícios que conhecera durante o dia e que de noite eram bem curiosos!

E the George Square, a praça principal de Glasgow, onde 3 anos antes vira a “lavoura” das filmagens com Brad Pitt do filme dos zombies que estriou há cerca de um ano por cá! !

Acabara por se pôr uma noite bonita e havia gente a passear por ali e a tirar fotos como eu. Lá estava o mausoléu aos heróis de Guerra da cidade.

Eu já fotografara aqueles leões e voltei a faze-lo. São giros!

Eu gosto de fotografar de noite, quando as luzes provocam enquadramentos dramáticos!

“Há 3 anos, quando me passeava pela Queen’s Street, em Glasgow, deparei-me pela primeira vez com a Gallery of Modern Art – GoMA, um edifício neoclássico imponente! Eu gosto bastante daquele estilo, por isso admirei a construção em todos os ângulos! Em frente fica a estátua equestre do Duke de Wellington e ostentava na época um cone de trânsito na cabeça! Pensei que tivesse sido um ato de vandalismo, depois acabei por descobrir que aquilo era arte e desta vez descobri que é um símbolo! Representa a atitude de despreocupação da cidade em relação à autoridade. Aquele cone já foi substituído por diversas vezes para manutenção, já foi pintado para comemorações, (dos jogos olímpicos, por exemplo) e já foi substituído por um chapéu (para honrar patrocínios da equipa de futebol)! Desta vez, ao voltar ali, lá estava o cone às riscas vermelhas e brancas na cabeça do homem e a novidade é que o cavalo também tinha direito a um só para si, em amarelo! Aqueles escoceses batem mal!”

(in “Passeando pela vida” – a Página)

E fui dormir… esperando secretamente que o tempo se mantivesse suficientemente estável para me permitir dar umas voltas por ali e depois seguir para norte sem muita chuva, nem céus depressivos de nevoas até ao chão… Desta vez eu queria ver a Escócia sem preocupações, nem avarias, nem aborrecimentos…

Não seria bem assim, mas eu ainda não sabia!

E foi o fim do 14º dia de viagem!


mais um azar em Glasgow…


12 de agosto de 2014

O tempo não melhorou nadinha de ontem para hoje, a bem dizer piorou e muito, isso sim!

É deprimente acordar com um dia cheio de chuva e humidade, de cima a baixo, um dia daqueles em que nem é bom pensar sequer em tirar a máquina fotográfica para fora, sob pena de a humidade no ar dar cabo “dos seus rolamentos”!
M%//()%$da!

De novo me punha a questão, “saio ou fico no choco, a ver a água correr pelos vidros da janela?”
Decidi sair, eu decido sempre sair, na esperança de que algures, a uns quilómetros dali, o tempo esteja melhorzito… não estava e eu iria mesmo arrepender-me de ter saído de casa…

..  fui para sul!

Uma coisa que eu gosto é conduzir à chuva. Aprecio aquela sensação de atravessar o temporal sem me molhar, ouvindo musica confortavelmente, ao mesmo tempo que sinto a chuva bater em mim e o vento abanar um pouco a moto. Mas só aprecio esta sensação quando me convenço de que nada mais haverá para fazer, e foi o que aconteceu naquele dia.

O tempo não melhoraria em direção nenhuma que eu fosse, por isso decidi passear um bocado à chuva, voltar para Glasgow e enfiar-me “em casa” a escrever e a desenhar e pronto.

Há um encanto na natureza em reboliço que eu fui apreciando, percorri ruínhas estreitas que me levaram para longe de cidades ou aldeias, alegremente cantarolando ao som da música, até que precisei de abastecer… e foi aí que começou o pesadelo.

Estava numa pequena localidade e a bomba era quase a única coisa que havia ali para ver. Foi ao sair dela que eu senti algo de diferente na moto.

“Puxa, a rua é bem torta por aqui!” foi o primeiro pensamento que me veio à cabeça quando ela oscilou. Mas a rua era mesmo uma ruela por isso não estranhei de todo. Acelerei, reduzi, travei e aparentemente estava tudo bem, por isso siga para o monte…

Mas ou a rua era cada vez mais torta ou a moto não estava mesmo bem!
Eu estava já no meio de lado nenhum quando processei o que não quisera processar antes… eu tinha um pneu furado!

Quando a gente teve 11 furos numa moto durante apenas um ano e meio, como me aconteceu com a minha Africa Twin, a gente sabe muito bem qual é a sensação, eu apenas não quisera acreditar, até porque num pneu tubeless demora a perceber-se um furo. Na Africa Twin sentia-se logo pois quando a camara de ar fura o pneu vai-se abaixo rapidamente e pronto!

Ora eu estava algures na Galloway Forest, com uma moto de 326kg nas mãos com o pneu de trás furado, um temporal infernal cheio de vento e chuva e Glasgow a quilómetros de distância…

Não parei sequer para ver o pneu, enquanto eu conseguisse controlar a moto eu iria seguir. A sensação era que, se parasse a olhar para a moto, perderia o ar do pneu sem avançar dali para fora, por isso eu queria continuar, como quando uma moto deixa de funcionar e a gente a deixa continuar rolando até perder de todo a velocidade e parar por ela! E assim fui andando, quase sem reduzir a velocidade, por milhas e milhas!

Eu sentia a moto oscilar, como se a rua estivesse cheia de buracos e eu não conseguisse seguir a direito, mas o que me começou a perturbar mesmo foi o barulho do pneu vazio! Era horrível e assustador! Comecei a fazer filmes de terror, imaginando a jante a trilhar o pneu, este a esmagar-se para um lado e para o outro e a moto a descontrolar-se!

Calma, um dia eu conduzi a minha Varadero por centenas de quilómetros com o pneu de trás furado, por isso eu faria o mesmo com a minha Ninfa, e ponto final! Pus a musica mais alto, para não ouvir o barulho do pneu, e segui cantarolando, o que ajuda a relaxar!

Mais de 20 milhas depois cheguei a uma localidade, Maybole! As pessoas olhavam para a moto, tal era o barulho que o pneu vazio fazia! Havia uma oficina numa estação de serviço, fui pedir ajuda!

Só aí eu vi o pneu… e vi o furo, ou antes, o que provocava o furo, e processei que 20 milhas são mais de 30 km, a distância que eu já percorrera com o pneu assim!

Os homens não queriam acreditar que eu conduzira a moto desde a Galloway Forest até ali com tamanha monstruosidade enfiada no pneu!

Não me podia resolver o problema, pois não trabalhavam com motos, por isso encheram-me o pneu e indicaram-me uma oficina mais à frente umas milhas onde me ajudariam a seguir mais para frente.

A oficina seguinte também era de carros, por isso não me resolveriam o problema lá, mas o responsável/dono era um tipo muito simpático, que ficou impressionado por me ver ali sozinha, com aquela moto enorme, depois de a conduzir por tantas milhas com o pneu assim e deu uma grande ajuda. Ele também era motard e iria tentar remover o parafuso e pôr um remendo provisório que aguentasse o ar dentro do pneu para eu poder ir até à cidade seguinte e aí sim, trocar o pneu!

Fui dar uma pequena volta pela localidade, comer algo, relaxar!

Quando voltei a moto estava com o pneu em cima! Oh maravilha!! E o senhor deu-me um presente… a principio não entendi o que ele me dera para a mão, foi preciso ele dizer-me que aquilo era o parafuso monstruoso que estava enfiado no meu pneu! Céus!

“siga por umas 4 ou 5 milhas e encontra uma oficina de pneus, peça para lhe verem a pressão e lhe indiquem a oficina que fica na estrada X” dizia o senhor “tenha cuidado, não vá para Glasgow, porque o que eu fiz é muito provisório e pode sair a qualquer momento!”

“Go on and good luck brave girl!” terminou ele, erguendo o polegar para mim…


E foi um percurso em estafeta, seguindo indicações de oficina em oficina, onde me verificavam o pneu e me indicavam a oficina seguinte, até chegar a Ayr, num “Turn left, go straight and left again!” lá estava a ultima oficina para onde cada um me foi guiando, como se estivessem coordenados entre si: uma oficina Honda!

Fui recebida com simpatia, mas só tinham um mecânico a trabalhar, por isso teria de esperar até às 3 horas para ser atendida. “No problem”, com a bosta de tempo que estava a pressa não era nenhuma! Alem de que passava da 1.00 hora e eu tinha de comer, o esforço e a preocupação sempre me enchem de fome!

Senti-me vaidosa porque a minha bonequinha despertou a atenção de quem estava, várias pessoas a vieram ver a elogiar! Era a única Pan no estacionamento e era a mais bonita moto que lá estava! A mim chamaram-me “the best rider in the world” porque cheguei com ela ali depois de mais de 40 milhas de Estrada com o pneu furado!

“Glasgow ficará para sempre lembrada como a terra do azar para mim! Se alguma vez eu disser que vou voltar à Escócia, por favor alguém me lembre de não ficar em Glasgow, apenas passar e andar!
Apenas falhou por uns 7 dias para ser exatamente 3 anos depois do tal dia 19 de agosto de 2011, quando o primeiro azar se manifestou…
Pois, e hoje foi dia de azar de novo!
Às vezes perguntam-me como farei eu se tiver um azar em viagem, estando sozinha, uma avaria um furo, qualquer coisa!
Uma avaria, tive-a cá no tal dia 19 de agosto e resolvi-a com a minha seguradora e a gente daqui.
Um furo, tive-o hoje e resolvi-o conduzindo por mais de 40 milhas até chegar onde me pudessem ajudar. Gente simpática, de oficina em oficina, lá me foram mantendo o pneu suficientemente alto para a jante não chegar ao chão, até chegar a uma oficina Honda em Ayr.
O furo? Era uma enormidade, o que foi mantendo um pouco de ar foi o próprio parafuso que o provocou. Um parafuso enorme que atravessou o pneu em dois sítios, por onde entrou e por onde saiu a ponta!
O parafuso era uma coisa monstruosa!
Tudo está bem quando acaba bem… espero!”

E fui passear por Ayr!

É uma cidade muito antiga e interessante, não fora a situação que lá me levara e o péssimo tempo que me recebera, e teria sido uma visita muito interessante a uma bonita cidade!

Foi uma alegria, porque apesar do mau tempo as ruas estavam cheias de gente e isso era tudo o que eu precisava naquele momento para me distrair e alegrar um pouco!
A Wallace Tower é quase como a torre dos Clérigos no Porto, vê-se de todos os cantos da cidade!

Deu para comer e passear, ver montras, visitar o posto de turismo e o rio Ayr, que dá o nome à cidade!

Quando voltei estava a minha bonequinha na “mesa de massagens” toda contente!

Foi quando o senhor que me atendera me veio dizer que o meu pneu da frente estava muito gasto para eu fazer todo o caminho que ainda me faltava fazer naquela viagem, por isso não me queria deixar ir embora assim e me aconselhava mudar também o pneu da frente!

Fiquei a olhar para ele! Como é que ele sabia o caminho que eu estava a fazer se eu nada lhe dissera a propósito! Então ele explicou que foi para a internet procurar pelo nome que está nos autocolantes da moto e descobriu o meu blogue “Passeando pela vida” onde estava o desenho da minha viagem.

Ora, mesmo não sabendo se eu estava na ida ou na volta, já que naquela zona a viagem cruzava sobre si própria, percebeu que eu estava muito longe de casa e que o meu pneu da frente não aguentaria de qualquer maneira, trazer-me em segurança até cá, por isso o melhor era mudar o pneu ali, pondo o par do que me estava a pôr atrás, e eu não teria mais com que me preocupar até casa!

E deixaram-me estar junto da moto e ver tudo o que faziam. pude ver os estragos do furo de perto..

E ver, por dentro, o remendo que o outro senhor fizera. injetara uma matéria tipo borracha que soldara o furo provisoriamente.

Aqueles escoceses são mesmo como nós, gente simpática que sabe conversar e argumentar. Fez-me um preço de amigo e pôs-me o par de pneus Michelin, um pneu novo que ele diz ser especialmente bom para chuva e inverno, e que eles usam muito por lá por causa do clima…

A verdade é que o piso dos pneus é muito diferente do que estou habituada com os Bridgestone!

280£ e não se fala mais disso!

Toca a pôr o pneu da frente, porque o outro estava mesmo bastante gasto e eu sabia que teria de o trocar algures mais dia, menos dia, por isso fi-lo ali mesmo e pronto!

E o pneu da frente ainda tem um piso mais curioso que o de trás!

Uma voltinha para ver se está tudo bem e a minha bonequinha estava pronta para enfrentar o mundo… se não encontrasse outro parafuso mafioso pelo chão, claro!

Se a cada vez que eu for à Escócia eu for tomar um chá a uma oficina Honda nova, o melhor é eu pensar em não ir lá muito frequentemente!

Despedi-me antes que começasse a querer comprar bugigangas pela loja e fui embora.

Uma belíssima bosta de tempo esperava-me para me acompanhar até Glasgow!

Não segui imediatamente para Glasgow, quando estou longe e vou a uma oficina com a moto, nunca parto a correr dali para longe, pode alguma coisa não estar bem com ela e eu quero estar perto para poder voltar à oficina se for necessário. Por isso fui dar uma volta… para o cemitério da terra!

Ok, eu sei que normalmente as pessoas não passeiam em cemitérios, mas eu gosto! E por lá parece que toda a gente gosta de passear em cemitérios também, por isso até me enquadro na mentalidade deles!

E uma coisa que me chamou a atenção e me fez entrar foi o cemitério dos bebés!

Eu sempre acho que a morte não é coisa de criança ou bebé, por isso sempre achei os cemitérios “normais” muito “pesados” para uma criança pequena! E ali eles têm um jardim todo enfeitado para as criancinhas, como se elas pudessem querer brincar a qualquer momento e nada lhes faltasse.

O ambiente enterneceu-me e foi isso que me fez ir ver de perto! Muito bonito…

E como por aquele país se passeia pelo cemitério como por um jardim, pode-se também conduzir por ele e foi o que eu fiz!

Lá estavam as cruzes celtas, aqui e ali. E o ambiente era muito bonito para se passear mesmo!

Ainda bem que se podia andar por ali de moto, porque aquilo era mesmo muito grande para se visitar a pé!

Finalmente lá segui para Glasgow, quando me certificara já de que tudo estava bem com a minha motita!

A Glasgow Cathedral é uma construção impressionante que eu não tinha visitado da última vez que estive na cidade e, infelizmente, desta vez encontrei-a fechada! Pousei a moto num canto e fui explorar a zona, já que a igreja estava fora de questão!

O edifício é lindo, é gótico e é a única catedral que sobreviveu ilesa à reforma religiosa escocesa. Foi construída no séc. XII, dedicada a Saint Mungo, e hoje não é católica.

Por trás, depois de atravessarmos uma ponte pedonal, fica a Glasgow Necropolis, que se estende por uma grande colina em construções extraordinárias que fazem dela muito mais que um mero cemitério.

E sim, fui visitar mais um cemitério! 😀

Aquilo é um verdadeiro jardim de esculturas imponentes e impressionantes!

E juntei mais duas ou três cruzes celtas à minha já extensa coleção… tão lindas!

Um jardim vitoriano que é um memorial aos patriarcas e comerciantes da cidade e que contém os restos dos grandes nomes da época. Hoje é um dos cemitérios mais importantes da Europa e é, por isso, uma grande atração para os visitantes do Reino Unido!

Com o tempo escuro e chuvoso a visita ao local tornou-se muito mais inspiradora e as perspetivas da cidade e da catedral eram espantosas, para quem olhava lá de cima. Inspirador!

E foi o fim de um dia esgotante, fui-me enfiar no bar do hostel a comer e a beber porque estes dias em que nada se faz para além de apanhar chuva e resolver problemas, esgotam um viajante!

E foi o fim do 15º dia de viagem…


o regresso a Glen Coe e à Isle of Skye!


13 de agosto de 2014

Oh, quando eu abri os olhos e vi que estava sol, saltei da cama sem nem para o relógio olhar, tomei o meu “very-fast-duche” e saí a correr! Ainda não eram 7 horas da manhã e eu já andava na rua! E que lindo dia me esperava!

Depois de toda a chuva e de todo o aborrecimento do dia anterior, qualquer nesga de céu azul faria a minha felicidade!

Passei à porta do stand da Honda onde a minha Magnifica esteve internada

E segui, antes que a Ninfa se desse ao luxo de querer fazer uma visita!

Claro que passei pelo Riverside Museum, que estava a ser inaugurado da última vez que lá passei!

Muito interessante a construção, sobretudo com o sol a fazer reflexos nos vidros da entrada! Uma extensão do Glasgow Museum of Transport que, claro estava fechado àquela hora, o que me permitiu meter a moto onde quis para fotografar!

E fui fazendo uma visita às construções mais futuristas da cidade, que tinha já visto um dia, mas no autocarro panorâmico!

O Scottish Exhibition and Conference Centre, tattoo para os amigos!

A bola gigante que integra o Glasgow Science Centre

Com a moto por perto vê-se melhor a sua real dimensão!

E a construção meio arredondada, meio plana de vidro, do corpo principal do Centre, com vista para o rio Clyde.

Tudo aquilo fica no cais de Glasgow, o Glasgow Harbour. Ali ao lado está o edifício quadrado, tão vulgar perto das construções futuristas, da BBC Scotland.

E rumei para norte, o dia em que eu iria voltar a Skye era um dia de sol! Quanta alegria!

Pouca estrada depois cheguei à margem do Loch Lomond e foi delicioso.

Parei vezes sem conta, voltei para trás em alguns momentos, fotografei, sentei-me sem nada fazer, apenas a olhar e desenhei…

Uma espécie de euforia silenciosa percorria o meu coração, 3 anos antes eu prometera a mim mesma voltar ali de moto, depois de ter visitado o lago em mini-coach, quando a Magnifica avariou.

Nada foi tão sentido como desta vez, em que pude decidir o que fazer a cada segundo, a cada batida do meu coração. É essa liberdade que me preenche e me faz querer voltar aos lugares sozinha, em silêncio com todo um mundo que preenche o meu imaginário e alegra o meu encantamento!

Saia da estrada principal e deixava a minha bonequinha a todo o momento para ir ver de perto as perspetivas deslumbrantes do lago!

E as margens têm também os seus encantos, casinhas de bonecas autênticas sucedem-se fazendo apetecer entrar e apreciar o mundo visto de lá!

Atravessava depois o Queen Elizabeth Forest Park, onde montes de gente caminhava ou se preparava para caminhar por todos os lados! O tempo começava a ameaçar chuva de novo e o frio era bastante! Tive de parar para tomar algo quente e encher-me de roupa!

A passarada não tem medo de ninguém e foram vários os passaritos que vieram depenicar as migalhas do meu pão!

O sol não voltou cheio de força, mas também não choveu, foi espreitando aqui e ali enquanto eu me fui aproximando de Glen Coe!

Oh aquelas paisagens sempre me fazem sonhar!

Montes que são ondas vertiginosas e me fazem parar a todo o momento, a cada vez que lá passo!

Uma das minhas ânsias era voltar ali e desenhar e foi o que fui fazendo a cada vez que parava e não havia ninguém por perto!

Porque às vezes havia chineses aos magotes, que se espalhavam pela paisagem para se fotografarem uns aos outros lá no meio. Uma chatice porque aquela paisagem é quase sagrada e merecia uma silenciosa contemplação!

Então a minha moto despertava-lhes a atenção e, de repente, parecia tão interessante como toda beleza que nos envolvia!

E enquanto eu apreciava a paisagem deslumbrante, um monte deles apreciava a minha moto, tiravam fotos junto dela e tudo, como se fosse a maior atração da Escócia! Pediam-me para montar, e eu deixava, desde que deixassem a paisagem livre de gente para mim!

O tempo que eu andei por ali a passear!

Não havia muitos carros e as pessoas que caminhavam eram insignificantes no meio da grandiosidade da planície.

O Glen Coe é um vale encantado… é o que sinto ao passear por ele!
Grandioso, frequentemente considerado um dos lugares mais espetaculares e belos da Escócia, desta vez eu quis vê-lo de outros ângulos.

Desviei-me da estrada nacional que toda a gente faz, não há muitas para escolher por ali e as que há não têm saída, mas vale a pena ir por qualquer uma e apreciar o silêncio feito de encantos que aqueles recantos têm para nos dar.

E o céu já não estava azul… mas as nuvens podem ser também inspiradoras, sobretudo quando se passeia por um Glen que, como dizem por lá, “shows a grim grandeur”!

Fui parando, fui andando, fui fotografando e fui desenhando e tive vontade de ficar a cada paragem.

E a paz que eu senti da primeira vez que ali andei voltou a acontecer e a vontade de voltar instalou-se quando eu estava apenas a chegar!

Uma das coisas que eu mais queria era estar com tempo e calma na ilha de Skye e desenhar e pintar aqueles vales de Glen Coe. Era essa uma das grandes motivações da viagem que me levou da Irlanda para a Escócia. E eu dei-me o tempo necessário para o fazer, mesmo que o tempo não ajudasse.

Mas o tempo ajudou e eu pude estar em cada sito, e não apenas passar, e fotografar e desenhar e viver aqueles pequenas grandes emoções que parecem querer explodir no peito, quando as paisagens se sucedem quase irreais de tão perfeitas e belas.

Alguém exclamava de cá, no meu Facebook, “Escócia outra vez?”

E eu respondia mentalmente “A beleza não tem «outra vez» tem «sempre»!”


ainda Glen Coe e a Isle of Skye…


13 de agosto de 2014 – continuando

Os lagos sucedem-se e as pequenas povoações quase não se percebem na imensidão da paisagem. Casinhas pequenas, que se alinham discretamente junto a ruínhas estreitas, como se tivessem sido postas ali apenas para embelezarem o quadro. Claro que quando se vê uma casinha pitoresca com 2 motos à porta, ninguém consegue ficar indiferente!

Do outo lado da rua ficava o Loch Lochy, com uma luminosidade quase sobrenatural a torna-lo espetacular!

E de lago em lago fui-me deliciando de beleza! Desviei-me do meu caminho em busca de algo…

Cada enquadramento é um quadro perfeito que merecia ser pintado e tornado eterno na minha memória…

… mesmo o céu não estando azul, mesmo as nuvens ameaçando derramar-se a qualquer momento!

E encontrei-o, o Castle Stalker! Aparece numa curva da estrada, quando nada mais há no nosso lado direito e o lago fica livre no nosso raio de visão. Lá estava ele lá em baixo!

“Eu desviei-me bastante do meu caminho só para ir até ao Loch Laich encontrar o Stalker castel! Ele foi uma fortaleza do séc. XIV e conservou até hoje o seu ar de torre fortificada que lhe dá um toque de mistério. Da rua a gente vê-o lá em baixo, numa pequena ilhota de maré, e é inevitável parar e ficar a olhar! A minha motita serviu de suporte para eu o desenhar e perdi-me no tempo contemplando-o. Não estava aberto a visitas mas o seu encanto está também na paisagem que o envolve, se calhar mais que no seu interior… tão lindo, tão perfeito no seu enquadramento”

(in “Passeando pela vida” a página)

Eu iria passar ali de novo, por isso segui na direção de Fort Williams, porque a paisagem chama para continuar

com o Loch Linnhe, sempre encantador, a acompanhar o meu caminho!

O Commando Memorial estava cheio de gente, ao contrário da última vez que ali estive em que o pude visitar sozinha, com um sol inspirador como companhia!

Embora a magia que sentira da última vez se tenha perdido, com a presença de tanta gente, foi gratificante a sensação de que os homens a quem o memorial é dedicado não estão esquecidos…

O Memorial foi dedicado aos soldados que perderam a vida na II Guerra e posteriormente foi adicionado o Garden of Remembrance, onde têm vindo a ser colocadas as cinzas dos sobreviventes da mesma guerra.

Ali também têm sido colocadas as cinzas, e objetos de homenagem, de outros soldados que morreram em guerras mais recentes, como a Guerra das Maldivas, a Guerra do Afeganistão ou a Guerra no Iraque!

É grandiosa a escultura…

O povo chegava aos magotes, agora camionetas de turistas, mais do que gente devota ao local!

Segui para Skye com o sol a brincar com as nuvens e e o lago e a fazer parecer o crepúsculo, quando ainda havia tanto dia para viver!

Quando eu fiz aquele caminho da última vez, era de manhã cedo e eu sentia-me a entrar num mundo paradisíaco, em que tudo conspirava para me maravilhar!

Desta vez era fim de tarde a sensação era a mesma! Não há hora para aquele caminho nos surpreender mais ou mesmos, simplesmente é maravilhoso!

O Loch Loyne é apenas uma nesga de água no meio de tantos outros lagos que por ali há, mas a sua beleza é impressionante, porque pode ser visto da berma da estrada, com os montes a enquadra-lo tão perfeitamente que, se tivesse sido deliberadamente desenhado para ser belo, não teria ficado melhor!

Mesmo quando o sol e as nuvens o tentam tornar sombrio, nada perturba o seu encanto!

Coisas curiosas que encontro na berma da estrada! Se alguém ali ainda está à espera de um lembrete daqueles, já deverá ter pregado muito susto a muita gente pelo país acima! Eheheheh

O caminho de Skye é mesmo o caminho do céu!

E a placa esperada, aquela onde a minha Magnifica também teve a sua foto histórica! Skye à vista!

A seguir fica o Eilean Donan Castle…

Um dos castelos do meu coração mesmo antes de o conhecer! Eu queria vê-lo ao entardecer, sem multidões por perto e, se possível, com um céu lindo, um pôr-do-sol e iria voltar ali mal o céu estivesse do meu agrado… esperando que isso acontecesse durante os dias que destinara para estar por perto!

Por isso estive ali um pouco, tirei algumas fotos mas nem tentei desenhar. Havia multidões de gente e o ambiente não era inspirador, por isso!

Fui andando e olhando-o de longe

“Deus queira que haja um dia, um momento apenas, em que eu o possa ver como quero, enquanto estou perto…”

era tudo o que eu conseguia pensar, enquanto me custava seguir o meu caminho sem o ter desenhado uma vez sequer…

Então, quando a multidão não se interessava mais pela paisagem, a ponte de Skye aparecia ao longe!

“ Eu podia ver a ponte de Skye ao longe, por entre a penumbra do entardecer, e as nuvens tornavam-na quase misteriosa. Do outro lado a ilha de Skye parecia apenas a outra margem de um rio, de um lago! Chamam àquelas águas Loch Alsh, mas é um braço de mar que separa a ilha da Escócia e divide um paraíso em dois! Eu estava perto do meu destino e não me apressava em chegar, parei a moto mais uma vez, sentei-me na beira do muro e fiquei ali muito tempo, a ver a noite chegar. Eu sabia que precisava daqueles momentos para reviver sensações, matar saudades e criar novas memórias… A serenidade que sinto por aqueles caminhos é feita de um encanto que não se esgota em pequenas visitas, por isso eu quis voltar e por isso voltarei, seguramente, de novo…”

(in “Passeando pela vida” a página)

A minha casa era do outro lado da ponte…

E foi o fim do 16º dia de viagem…. dormindo no paraíso!


the beautiful Isle of Skye…


14 de agosto de 2014

“Um dia eu elegi a Iha de Skye como um dos paraísos do meu coração. Desde esse dia eu quis lá voltar e sentir de novo, sem pressas, tudo o que me apaixonara. Este ano eu voltei e as emoções foram mais fortes ainda e eu vou querer lá voltar de novo! Há uma paz por ali, que eu apenas pressenti há 3 anos atrás, e que desta vez me preencheu! Deixava a moto na berma da estrada e percorria caminhos, que eram apenas vestígios, no meio dos campos privados, e a falésia era logo ali. Um arrepio de êxtase percorria a minha espinha e eu sentava-me, apenas a contemplar. Quanta beleza pode encerrar um momento de solidão e paz? Toda a beleza do mundo…”

(in “Passeando pela vida” – a página)

E eu estava lá a dormir!

Por isso dar a volta à ilha seria como dar a volta ao jardim do meu hostel!

Na realidade eu passaria todo o dia a explorar caminhos que me tinham deixado curiosa desde a última vez que ali estivera, por isso, chovesse ou fizesse sol, eu iria andar pela ilha até anoitecer!

O dia não estava a coisa mais solarenga, mas não estava a chover o que já era uma grande coisa!

Todos os caminhos são lindos por ali, em cada curva do caminho, um lago, um braço de mar, uma montanha, aparecem para tornar tudo mais irreal e fantástico. E o céu meio encoberto? Apenas acrescenta um toque de mistério e encanto ao quadro!

E o silêncio da manhã? Apenas torna tudo mais irreal ainda…

Uma das coisas que eu aprecio em Skye, e um pouco por toda a Escócia, é a sensação de andar a passear sozinha por um jardim infinito, porque onde houver uma ruínha, um caminho ou um trilho eu posso ir, sem que uma multidão de turistas enlouquecidos perturbe o meu passeio! E isso é fantástico!

Quando cheguei a Portree, embora tivesse feito pouco mais de 25 milhas, tinha já a sensação de ter feito centenas de quilómetros, por tantos caminhos e paisagens cheios de beleza que passara!

O tempo não prometia chuva, apenas havia que esperar que o ceu se abrisse um pouco para que toda a paisagem se iluminasse!

Uma coisa que eu aprendi é que não vale a pena pedir café naquele país, pois é sempre uma experiencia horrível tentar beber uma mistura mal saborosa servida em doses de litro! Por isso eu pedia sempre chá…

Parei no cafezinho central onde já me habituei a ficar um pouco. Também não há muita escolha por ali. Portree é a principal e maior cidade da ilha, onde vive mais de um terço de toda a população de Skye, por isso não há muito por onde escolher para se parar e tomar algo quente!

O porto da cidade é muito bonito, com casinhas coloridas alinhadas e um ponto privilegiado para o apreciar, no outro lado, elevado sobre a colina!

Passeei um pouco por ali, antes de seguir para o meu passeio pela ilha…

Não há muitas estradas para se escolher, apenas se segue a única na nossa frente e a paisagem vai-se revelando como uma sequência de cenários de encantar, provocando uma enorme vontade de parar a qualquer momento e simplesmente olhar!

Ao longe o The Old Man of Storr, aquela colina é inconfundível, com os pináculos de pedra espetados para o céu!

Um dia tenho de subir até ali!

Há caminhos que se percorrem até à grande pedra, só tenho de ir preparada para a caminhada, sem pressas nem pesos! Desta vez estava fora de questão faze-lo porque a vontade era de explorar outros caminhos, mais à frente, que me estavam a chamar mais!

Dali a paisagem era deslumbrante, com o sol a querer aparecer e a provocar efeitos de contraluz na máquina, por isso eu podia imaginar que, vista lá de cima, deveria ser de cortar a respiração!

E um dos encantos de Skye são os recortes vertiginosos da costa sobre o mar. A gente pode vê-los da estrada a cada passo!

Mas pode também caminhar até às bermas, de vez em quando!

Claro que eu fui parando nos pontos turísticos, onde toda a gente pára, e há tabuletas explicativas sobre o que se está a ver e tal, mesmo já lá tendo estado!

Porque também não é por acaso que foram decretados como pontos de interesse! As paisagens captadas dali são um espanto! E, se olharmos em redor, de um lado temos a falésia e o mar, mas atrás de nós continua visível o Old Man of Storr ao longe.

Havia gente por ali a caminhar e a fotografar a paisagem como eu, mas eu queria mais! Eu queria ver outras perspetivas, outras encostas! Por isso segui até onde ninguém estava, ninguém vai se não souber onde é, pousei a moto e subi! Um caminho quase impercetível através de um terreno privado, que subia bem acima do nível da estrada. Um espacinho entre os toros que seguravam a rede que delimitava a propriedade, permitia que passasse uma pessoa não muito gorda! E eu passei!

E lá em cima estava… a beleza e a paz absoluta…

Do outro lado daquele “morro” elevado, estava a falésia impressionante, onde de um lado estava o mar e do outro, um lago, criando a sensação de impossibilidade que só uma imagem fantástica consegue provocar em nós!

Que coisa linda, que momento exuberante! Com o mar muito abaixo dos meus pés, lindo!

No regresso para a moto quase não encontrava o caminho, depois de ter andado por ali não estava fácil descobrir a abertura na vedação para descer para a rua!

Mais à frente fica the Kilt Rock viw, onde toda a gente para, e voltei a encontrar os turistas todos que não se veem nas ruas mas estão nestes pontos!

Um grupo de motards ingleses veio falar comigo, gente simpática que ficou um pouco deslumbrada ao descobrir que eu estava mesmo ali sozinha, vinda de tão longe, com uma moto tão grande!

Trocamos informações sobre o que ver e o que já tínhamos visto e descobrimos que eu conhecia muito do seu país! Fiquei orgulhosa de mim! (Puxa, não tenho nenhuma foto do momento! Eu bem digo que sou tímida e ninguém acredita!

Na realidade eu tenho dificuldade em fotografar as pessoas com medo que elas não gostem! 😦 )

O nome Kilt Rock vem da associação das colunas de basalto verticais às pregas de um kilt, com cortes de pedra horizontais a formar o padrão, o tartã. Inicialmente eu pensava que era a catarata que era associada à saia, mas depois percebi que, embora ela possa ajudar, é a falésia que provoca o nome!

Estava a chegar ao ponto que eu queria explorar devidamente.

Ok, “devidamente” mas sem caminhada, que terá de ficar para uma próxima vez, (quem sabe quando eu voltar para ir até ao Old Man of Storr), mas com uma estrada magnífica para fazer!
Fosse ela mais longa que eu a percorrê-la-ia repetidas vezes na mesma!

Chega-se a Quiraing, anda-se por ali um pouco, as casinhas são encantadoras, fazem-se algumas fotos lindas, que mais parecem tiradas de um livro de encantar. Ok, alguns desenhos também, que aquelas casinhas têm de fazer parte da minha coleção de “desenhos de casas lindas de todos os países que visitei”!

E… a montanha me espanta, de novo, logo a seguir!

“A sensação de voltar a um sítio que me encantou é aquela que nos faz sentir conhecedores dos encantos que nos cativaram, de fazer caminhos que já percorremos e seguir por aqueles que nos chamaram a atenção mas não pudémos ver, porque o encanto estava por todo o lado e havia que fazer escolhas.

Passear por Quiraing até ao cume Trotternish foi atravessar o coração de Skye, cheio de silêncio e deslumbramento, como se nada nem ninguém conseguisse nunca perturbar toda aquela imensa paz! As vezes que eu parei, apenas para olhar, apenas para estar? As vezes que eu parei para fotografar, desenhar… fui e voltei, de um lado da ilha até ao outro e a cada perspetiva novos encantos se revelaram… um pouco do meu coração ficou ali, para sempre!”

(in “Passeando pela vida” – a Página)

E apenas o silêncio é digno de acompanhar tal paisagem! Acho que esse silêncio se pode sentir mesmo nas fotos…

Havia gente por ali, muitas pessoas param os carros e vão caminhar até ao cume, mas a montanha apenas tudo silencia e nada mais se ouve para além do leve som do vento….

Parei, desenhei, fotografei, segui até ao outro lado da ilha…

e voltei pelo mesmo caminho, só para ver tudo de outro ângulo!

Eu tive vontade de caminhar por aquela montanha com todos os caminhantes que ali se reuniam, e seguiam e… mas eu não podia!

Como conseguira depois continuar a conduzir com as pernas doridas? Para o fazer tenho de ficar tempo suficiente por lá depois, para recuperar do desgaste da caminhada, por solos íngremes e difíceis…

Não faz mal, eu vou voltar e vou escalar aquilo! Assim a vida mo permita!

E segui para Quiraing, para continuar as minhas explorações deslumbrantes!

Oh, aquela estrada é linda….

Pelo caminho, alem do milhão de fotos que fui tirando, ainda pude acrescentar mais uma ovelha ou uma vaca à minha coleção de animais desenhados em viagem!

Os bichos naquele país são uns atrevidos, não têm qualquer medo do ser humano e ficam assim, pasmados a olhar! E eu aproveito-me do seu ar de espanto para os desenhar!

E no meio de lado nenhum… há uma cabine telefónica! Não é espantoso?

De regresso ao ponto de partida, com o mar em baias encantadoras em Quiraing…. As pessoas olham para mim com curiosidade!

Eu sorrio e solto um “hello”, recebo logo um sorriso como resposta, acompanhado com um aceno de mão. As pessoas simples são iguais em todos os países!

ainda a bela Ilha de Skye…


14 de agosto de 2014 – continuando

A estrada fica perto do limite da terra e do início do mar e recorta-se em falésias impressionantes que a gente pode ver enquanto conduz calmamente. Mas eu queria chegar até perto do mar, ver os limites da terra junto da ponta dos meus pés, por isso procurei no meu GPS onde estava uma ruela que me levasse até lá.

Não faltam por ali ruelas, mas que não vão a lado nenhum, para além das casitas das pessoas, no meio da planície. Era preciso escolher uma que fosse para mais longe da rua principal e para mais perto da falésia.

Lá estava ela, estreita e a perder-se de vista pelo meio dos campos, e o que me esperava era tão lindo quanto eu suspeitara e a sensação muito mais espantosa do que sonhara…

Só o silêncio era música de fundo apropriada para aquele momento…

Sentei-me na berma do precipício agradecendo o facto de não ter vertigens e perdi-me em momentos de puro prazer para os sentidos…

Muito tempo depois voltei para a moto, podia vê-la à minha espera, depois de um terreno “minado” com buracos de patas de vaca, que formavam poças de água e ficavam escondidos por baixo da relva espeça e onde eu ia enfiando os pés, a todo o momento…

E o caminho continuava contornando a ilha, cheio de beleza.

Voltei a sair da estrada mais comum, onde anda toda a gente que visita a ilha, para seguir por ruelas encantadoras e estreitinhas, mais à frente, ali, onde a ilha se recorta e retorce para uma enorme saliência e direção a norte de novo!

Havia miúdos na rua que me fizeram uma festa ao passar, e havia casinhas com telhados de colmo e o mar ali à beira, com terra do outro lado…

Havia vacas no pasto e eu pousei a moto para ir por ali abaixo!

mas as vaquinhas não eram das peludas, não tinham graça… voltei a parar vezes sem conta por causa delas até as encontrar!

The Two Churches Walk aparece na berma da ruínha.

Um percurso aconselhado que leva de uma igreja até outra passando pelos cemitérios inspiradores… mais cemitérios! Eu continuava o meu percurso de rato de cemitério?

Mas não fiz a caminhada, apenas visitei aquele cemitério e a St Mary’s Church porque me fascina sendo o lugar de enterro do clã MacLeod.

O cemitério em seu redor é espantoso (para mim) com a relva fofa por todo o lado e as tumbas espalhadas de forma alectória, pelo menos aparentemente, já que não se percebe nenhuma ordem ou vestígio de enfileiramento.

E lá estava a igreja dos MacLeod! Puxa, que sensação!

E estava a cruz celta também…

Havia outras cá fora.

Alguns nomes conseguem-se ler ainda e eu dediquei-me aos Mac que são mato por ali:
MacKenzies, MacSweens, MacLeans, MacDonalds, MacAskills, MacPhies, MacRailds,MacKinnons

E seguindo começava a ver o enorme Cuillin Ridge…

Eu iria vê-lo por muito tempo no meu caminho, como acontecera da ultima vez que estive na ilha, mas ainda não seria desta vez que eu iria até ele…

e então, num pasto na berma da estrada lá estava elas, a minha vaquinhas queridas!

“Um dia eu dei-me conta de que ainda não tinha visto as minhas vaquinhas adoráveis! Distraida com tudo eu nem sabia se tinha já passado por alguma, porque normalmente elas estão no meio de rebanhos de vacas “normais” e nem devia ter dado por elas. Que pena! Então, meti-me por ruelas e de repente elas estavam por todos os lados, mesmo em rebanhos só de vaquinhas peludas, todas da mesma raça. Acho mesmo que devem ser mais inteligentes que as outras, ou então, o facto de terem tanto pelo fê-las desenvolver capacidades diferentes, como não se coçarem sacudindo a cauda e sim usando a pata de trás, como os cães! Tão queridinhas, ficavam ali a olhar para mim, por entre a espessa franja, como se esperassem pela foto. Adoro-as!”

(in “Passeando pela vida” – a página)

Com um ventinho a afastar a franja a gente pode ver que têm uma carinha parecida com as outras!

Mas com a franja no lugar quase nem parecem vacas, lembram mesmo cachorros grandes! Então quando se põem a coçar as orelhas são deliciosas!

Logo a seguir estava a quietude de um caminho que ninguém faz e de uma paisagem que é de um paraíso.

“Há momentos de mar inesquecíveis na minha história, porque sempre ele me chama cá dentro, desde o dia em que eu nasci em frente a ele! O mar e o sol, o mar e as nuvens, paro na berma da rua estreita e fico a olhar. Não vem ninguém, por aquelas ruínhas estreitas parece nunca vir ninguém, o que me permite sempre abandonar a moto e descer pelos campos, andar pelo meio das vacas, aproximar-me da falésia e apreciar o momento, como se o tempo parasse e nada mais houvesse para fazer na minha vida. Momentos de paz!”

(in “Passeando pela vida” – a página)

E as ovelhas estão por todos os lados, dando um toque de branco a todo aquele verde!

E de novo o Cuillin Ridge ao fundo!

Um cadeia de montes impressionante, não tanto pela sua altura mas mais pela sua imponência e localização, sendo um dos 40 pontos das National Scenic Areas da Escócia. E é mesmo um conjunto cénico!

A minha motita ficava parada na berma de qualquer estrada enquanto eu me perdia em explorações pelos terrenos fora…

Numa próxima visita à ilha eu irei até lá, eu quero ver aquele monte de perto…

Desta vez eu estava cheia de fome e queria comer antes do sol se pôr.

Não, eu não me iria transformar em lobo ao anoitecer, nem temia que alguém se transformasse! Eu apenas queria ver um pôr-do-sol muito especial…

Por isso fui jantar ao restaurante junto da pousada de juventude, onde tinha net e tudo. A comida era muito boa, 3 mini hambúrgueres deliciosos com uma cerveja local a acompanhar!

Gostei do aspeto do prato, uma rodela em ardósia, muito bem arranjadinho !

E segui para o Eilean Donan Castle, que eu não podia perder aquele dia lindo, que tanto desejara e por que tanto suspirara!

“A hora estava a chegar e o Eilean Donan Castle ficava a pouco mais de 15 milhas do meu hostel em Skye, por isso fui para lá. Eu sabia que não me podia dar ao luxo de desperdiçar um fim de dia tão fantástico como aquele se tornara! E o entardecer que me esperava era muito mais encantador do que eu pudera desejar, porque o céu estava cheio de nuvens translucidas, que se transformavam em rendas luminosas penduradas no céu com o sol como fundo. Nada mais me importou para além do que os meus olhos viam e fiz vários desenhos sem nem me preocupar com quem se aproximava e olhava. Simplesmente eu não conseguia quebrar o encantamento, nem impedir-me de captar compulsivamente cada momento mágico que o sol encenava para mim, à medida que se ia indo embora…”

(in “Passeando pela vida” – a Página)

Eu queria tanto captar o que via, imortalizar aquele momento….

Da última vez que ali estive desenhei-o de fugida, encostada ao muro, da parte de fora, como quem rouba algo! Mas desta vez foi uma alegria!

Rapei do meu livrinho, dos pinceis e das canetas e desenhei sobre a moto um pouco do que via…

E o sol reservara-me os cenários que eu tanto queria encontrar! Uma das razões porque eu decidira ficar 3 noites da Ilha de Skye era para ter mais probabilidades de encontrar um belo pôr-do-sol no castelo e ele não me fez esperar!

Eu não tinha a certeza se queria visitar o castelo por dentro! Ele está sempre cheio de gente e se eu o visitasse seria apenas para poder atravessar a ponte e chegar perto da construção! Então tive uma surpresa, depois de encerrarem as visitas a ponte está aberta e a gente pode ir até à ilhota, passear em torno do castelo e tirar as fotos que quiser! WhoW!

Era tudo o que eu queria!

Deu tempo para desenhar em técnicas diferentes e tudo!

Porque tudo ali é inspirador!

Demorei todo o tempo do mundo a atravessar aquela ponte, com a máquina ao peito e sempre parando para desenhar ou fotografar!

O sol completava o quadro e criava novos enquadramentos a cada minuto que passava, no seu caminho para o crepúsculo! Que coisa linda!

Uns espanhóis usando kilt fotografavam-se em todos os cantos e esquinas.

Andei por ali a passear um pouco, a luminosidade do sol poente era extraordinária e proporcionava enquadramentos muito bonitos!

E voltava ao castelo…

com o sol já no seu ocaso…

Segui para Skye quase contrariada! O quanto me custou deixar aquele entardecer perfeito! Ao longe eu via a ponte de Skye e parei para a fotografar…

Parei quantas vezes?

Há momentos que eu queria que fossem, senão eternos, muito duradoiros! Eu queria ficar ali por muito tempo, por muitos desenhos, por muitos momentos de paz! Eu queria …

“Momentos de paz, era tudo o que eu procurava nesta viagem, e encontrei verdadeiros momentos de encantamento! Sonhos que se realizam, sem pressas, sem lamentos, sem ansiedade, porque o que não vir não me fará falta, se eu viver bem o que vou conseguindo ver! A Ilha de Skye ficará para sempre gravada nas minhas memórias de viagem!”

(in “Passeando pela vida” – a Página)

E foi o fim do 17º de viagem….


de Skye à procura do sol


15 de agosto de 2014

Ao acordar o tempo estava tão ranhoso que eu nem sabia em que direção ir! Tentei descobrir onde andava o sol para não ir na direção errada e passar uma bosta de dia enfiada num fato de chuva a ver coisa nenhuma para além de chuva e nevoeiro!

O que eu queria ver estava visto, eu tinha aproveitado bem o sol até ali, por isso qualquer direção que eu fosse seria boa para mim!

Quando passo no Eilean Donan Castle nunca consigo ficar indiferente, entro de fugida no parque e dou uma olhada, ele estava lindo!

E fui seguindo na direção de Loch Nesse. Eu tinha de lá ir, estando tão perto, para vê-lo mais uma vez!

As suas águas são negras de tão profundas e a sua configuração é longa, estendendo-se ao longo da falha geológica, a Falha de Great Glen, por cerca de 40 km!

Há recantos espantosos no lago, onde as aguas negras formam espelhos

E há o Loch Ness Centre & Exhibition, que desta vez eu fui visitar e… honestamente não vale a pena! Pequenos filmes de documentários criados, alongando a história de sala em sala, com efeitos visuais básicos e primários, criados apenas com a finalidade de prender o visitante e convence-lo de que valeu a pena pagar o bilhete… mas não valeu, de todo! Enfim…

O tempo estava fraco e deprimente, estava na hora de rumar para sul, a ver se tinha mais sorte na minha busca pelo sol.

E, ao meter-me por ruelas, lá estavam as minhas amigas vaquinhas de franja!

São tão simpáticas e bonitinhas que voltei a desenhar mais uma ou duas!

Apetece mesmo brincar com elas como se fossem cães!

O tempo estava a ameaçar chuva e eu desorientei-me! Nem sabia mais o que fazer, queria visitar o Urquhart Castle que fica logo ali, numa saliência do terreno sobranceira ao Loch Ness, mas a multidão era tanta e o tempo tão reles, que desisti! Em dias de sol ou, pelo menos, de boa visibilidade, ele tem uma boa vista sobre o lago, mas naquele dia nada se veria, para além da quantidade de pessoas que por ali andava, por isso decidi ir para sul, à procura do sol!

Passeando pela margem do Loch mais famoso da zona…

O Nessie não quis nada comigo e não se mostrou para mim…

As águas daquele lago são tão negras quanto espantosas!

“O Loch Ness estava triste e só. O lago é tão profundo que as suas águas são negras e sombrias e, naquele dia, pareciam mesmo mais negras do que nunca. Uma ponta de tristeza apoderou-se de mim, eu queria tanto ter um pouco de sol naquele momento… parei num recanto da sua margem e procurei que a cor das flores animasse o meu enquadramento. Revivi a ultima vez que ali passei, quando partia para casa e o tempo estava cinzento, depois de vários dias de sol radioso. Afinal são apenas perspetivas e sensações diferentes sobre o mesmo local… mas que fazem um efeito sobre mim!”

(in “Passeando pela vida” – a Página)

Ele é tão profundo que se perde a visibilidade rapidamente nos seus mais de 200 metros de profundidade e na turfa que o escurece! Por isso o Nessie se esconde tão bem lá no fundo da escuridão do lago! 😀

E ao longo da falha geológica outros lagos se alinham, estreitos e compridos, como o Loch Ness.
O Loch Lochy e o Loch Linnhe seguem-se em filinha…

E não havia maneira do céu se abrir e aparecer um pouco de sol, por isso fui descendo o mapa, com a paisagem sombria mas linda a acompanhar a minha busca!

Aos poucos comecei a pressentir uma luminosidade agradável por trás das nuvens cinzentas, andava eu a explorar rios e riachos que ladeiam o Loch Linnhe!

E voltei a passar pelo Castle Stalker. Ainda olhei para ele, mas eu passaria ali de novo no regresso e podia ser que aí me desse para parar e desenhar!

Porque eu tinha outro castelo em mente naquele momento, o Dunstaffnage Castle.
Havia motos e sol e um relvado delicioso à minha espera! Só por isso já valera a pena ter ido até ali!

O castelo fica junto à Baía com o mesmo nome, numa curva entre a foz do Loch Etive e o Loch Linnhe, Lin para os amigos.

É que por aquelas terras os lagos têm foz, desaguam uns nos outros e alguns são até lagos-mar, isto é, abertos para o mar!

O castelo é uma construção do séc. XIII, cheio de história.

Depois do caminho ladeado de uma relva perfeita e fofa, lá estava ele, em cima de um grande rochedo que mais parecia ter sido arrancado de um lado qualquer e levado para ali, com o castelo em cima e tudo.

O conjunto apenas não parecia ter nascido ali!

Mas nasceu!
Ali foi o reduto do clã MacDougall, no tempo das lutas pela independência da Escócia e foi mesmo tomado por Robert the Bruce, rei da Escócia e sucessor de William Wallace, o mesmo do Bravehart, na luta pela libertação do país do jugo da Inglaterra.

O Castelo não tem muito o que ver lá dentro, o seu encanto está no exterior e nos enquadramentos que permite!

Com a baía ao longe e um pouco de sol a animar!

É isso que me aborrece, cobrarem bilhete para vermos meia dúzia de muros em pé! Outros castelos mostram muito mais e são de visita libre! Não entendo o critério!

Pronto, ok, tive a honra de pisar o solo que Robert the Bruce pisou, mas ele também pisou o jardim e esse era de borla para visitar!

E, do jardim, o Castelo era bem mais interessante do que do interior!

Oh, eu tinha de aproveitar o sol!
Sentei-me por ali, no relvado fofo, e fui desenhando, uma e outra perspetiva, com o sol a aquecer-me as costas!

Ali ao lado fica a capela do Castelo.

E já que tinha pago bilhete para andar por ali, fiz um belissimo picnic no meio da relva, com o sol a animar o momento! Ao menos gozei o bilhete e aproveitei o sol!

Quando finalmente me decidi voltar para casa, ainda fui podendo ver perspetivas da baía e do Castelo, muito bonitas!

Voltei a passar no Castle Stalker, como imaginara na ida e, embalada pelos desenhos que fizera em Dunstaffnage, finalmente desenhei o castelinho no meio da água!

Os lagos estão por todos os lados e até me dei ao luxo de escolher quais acompanhariam o meu regresso a Skye!

As nuvens cinzentas estavam no mesmo sitio à minha espera…

E fui para casa, que seria ainda em Skye naquele dia…

E foi o fim do 18º dia de viagem.


subindo até John o’ Groats


16 de agosto de 2014

Não se pode fugir eternamente da chuva, ela acaba sempre por nos apanhar, mais aqui ou mais ali. E pelas terras altas é mesmo assim, o sol é uma sorte que temos de aproveitar bem. Isto para dizer que uma bela bosta de tempo me esperava, justamente quando eu me preparava para subir o país até ao topo norte.

E eu queria passar em alguns sítios com calma e bom tempo… nada feito!

A minha motita dormira ao relento e espreitava para mim, por entre a folhagem do jardim com um “vamos lá embora?”

Eu fizera amigas naqueles dias, gente boa com quem eu falei sei lá quantas línguas. Mulheres que viajavam sozinhas, tal como eu, arrastando as suas malas e mochilas pelo reino fora. É tão gratificante falar com gente inteligente que viaja para ver, visitar e descobrir! Fomos constatando que eu via tanta coisa mais que qualquer uma delas num dia apenas! O facto de eu ter rodas próprias permitia-me andar por todo o lado ao sabor da minha vontade, sem esperar por transporte ou caminhar por distâncias demasiado longas e sem interesse, para alcançar algo imperdível mais à frente!

Uma delas teve direito a selfie e tudo, depois de um belíssimo pequeno-almoço para aquecer a alma e nos preparar para a luta com o mau tempo!

O plano para aquele dia era subir, subir e subir, pelo mapa acima!

O sol não conseguia romper as nuvens e o espectáculo que dava na travessia da ponte de Skye era surreal!

“Hoje, ao passar a ponte de Skye, o tempo ainda não se decidira se iria estar bom ou mau e o espetáculo que a sua indecisão dava era deslumbrante! Parei a moto numa nesga na berma da estrada e captei um pouco do que os meus olhos viam… Belíssima ilha, belíssimo pais, belíssimo momento!”

(in “Passeando pela vida” – a página)

Fui andando em direcção a Invernes por caminhos que eu sabia eram lindos mas tudo o que via eram paisagens de mistério! Ok, lindas na mesma, mas misteriosas!

Há sempre um sentimento de desolação quando o tempo está tão encoberto, como se eu me sentisse perdida no meio de lado nenhum, sem muita noção de onde ir!

Acabei por ir passear para Invernes, embora não tivesse a certeza se valeria a pena!

Mas valeu!

Estava cheia de gente e animação o que me aconchegou o coração depois de tantos quilómetros de solidão no meio da chuva e nevoeiro!

Dediquei a minha atenção aos pormenores, pessoas que tocavam realejo, pessoas que faziam esculturas de areia no chão, jovens marinheiros que participavam numa campanha solidária de angariação de fundos….

Adorei o ambiente da cidade, tão diferente do ambiente que ali encontrei 3 anos antes, mesmo na época tendo estado ali com sol, a cidade estava bem menos viva!

O rio Ness, que liga o Loch Ness ao mar, atravessando Invernes… será aquela porta que permite ao Nessy ir passear para longe do lago a cada vez que o tentam captar no fundo das águas e não o encontram! Acho que o mistério existe porque o bichinho é muito inteligente! 😀

E fui até ao castelo, onde fiz amizade com uns rapazes acrobatas que estavam a ensinar a um grupo de miúdos habilidades de Parkour. Fartei-me de os fotografar!

O castelo fica no meio do movimento da cidade com o rio de um lado e a estrada do outro. Nada de coisa isolada no topo de uma colina distante!

Em frente fica a estátua de Flora MacDonald, a heroína escocesa que eu visitei no cemitério em Skye, descobria eu na época:

“Mas o que faz este cemitério ser famoso é o jazigo de Flora MacDonald, que viveu no séc. XVIII e ficou na história como uma heroína porque ajudou Charles Edward Stuart, conhecido por “Bonnie Prince Charlie”, quando este tentou reclamar o trono de Inglaterra. Não foi bem-sucedido e Flora foi presa na Torre de Londres. Mais tarde foi libertada e emigrou para a América, mas foi morrer à sua terra, onde é até hoje aclamada pela sua coragem.

Diz-se que no seu funeral estiveram presentes 3.000 pessoas (uma enormidade para uma ilha tão deserta ainda hoje) e que estas pessoas beberam 300 litros de whisky, há que afogar a dor!”

(in Passeando até à Escócia – 2011)

O rio visto dali é muito bonito, com a cidade de ambos os lados…

Coisas giras que fui encontrando pela cidade. Reajo sempre que encontro a nossa bandeira, claro!

Desta vez num bar onde tomei mais um pequeno-almoço! É um pormenor que eu aprecio, o facto de servirem pequenos-almoços durante todo o dia, o que é uma grande coisa, considerando que ele é composto por comida consistente, tipo almoço e se não houver mais nada que agrade para comer, um pequeno-almoço composto de tanta coisa é muito bem-vindo!

Lá me fui preparando para seguir viagem, olhando para tras e pensando na pena que era não ter um pouco de sol!

Então passei junto da catedral e constatei que nunca lá tinha entrado!

Um grupo de turistas ingleses estava a descer do seu autocarro e fizeram-me uma festa, a mim e à moto. Aproveitei a algazarra e parei ali mesmo, em cima do passeio.

A Saint Andrew Cathedral of Invernes é neogótica, do séc. XIX e é linda! Construída em pedra vermelha, no exterior e granito no interior

Consegui entrar e visitar antes que os turistas enchessem aquilo tudo!

Aquela foi a primeira catedral a ser construída na Grã-Bretanha depois da Reforma! Histórica por isso!

E vesti de novo o fato de chuva e segui para norte!
Havia réstias de sol, ou seria a cor das searas que fazia parecer?

A verdade é que aquele amarelo provocava cenários fantásticos com o céu cinzento a contrastar! O tempo de chuva pode proporcionar momentos únicos, se a atmosfera se mantiver límpida e foi o que aconteceu a partir de Invernes, o sol nunca veio com força, mas a chuva também não e as paisagens tornaram-se inesquecíveis e únicas!

E sim, uma nesga de sol lá aparecia de vez em quando!

“Invernes sempre será um nome que provoca efeito sobre mim, a cada vez que o repita na minha mente, a cada vez que passe na cidade. Um nome que existe no meu imaginário desde sempre e que demorei a conhecer de perto. Capital da região de Highland, tão mítica para mim quanto a cidade. Desta vez eu segui para norte, ali onde a estrada ladeia o mar por quilómetros sem fim. O céu estava cheio de nuvens inspiradoras e a luminosidade era surreal. A Escócia sempre me recebe com momentos incomparáveis de rara beleza, e ali não foram apenas momentos foram horas e quilómetros de encantamento absoluto!”

(in “Passeando pela vida” – a página)

Pude tirar o fato de chuva logo a seguir, o tempo estava a ajudar!

Então ao longe algo prendeu a minha atenção!

Eu sabia que a Escócia tinha petróleo perto e até que Aberdeen era conhecida como “capital do petróleo da Europa”, porque tem explorações no Mar do Norte e tal, mas não esperava ver poços de petróleo ali, assim, olhando da estrada para o mar, tão perto de Invernes!

Eu nem fazia ideia que ali também se explorava o bendito ouro negro!

Por isso fiquei a olhar quando apareceu aquela enorme construção flutuante, num braço de mar que me pareceu tão estreito!

Que bizarra combinação, um poço de petróleo com uma zona do planeta tão bonita e tão pouco intervencionada pelo ser humano, se pensarmos nas poucas estradas que por ali existem e na pouca população que aquele país tem.

Fiquei a olhar, como uma criança que descobre que o homem do saco afinal existe!

Fui-me enfiar no Dunrobin Castle para encher a minha memória de encanto outra vez e esquecer o petróleo!

O senhor da entrada foi-me dizendo para eu ir direta ao jardim para ver a apresentação dos falcões. Não sabia se tinha entendido bem o que ele me dissera mas ao ser recebida pelos simpáticos bichinhos, percebi logo que entendera sim!

Falcão, águia, gavião, milhafre e por ai fora, para não falar dos mochos e corujas… são aves que me fascinam!

Eles ficavam tão quietinhos que consegui desenhar rapidamente um!

Desenhei este passarinho de olhos grandes! Claro que tive de retocar tudo de memória depois, mas foi tão giro, ele ali quietinho a olhar para mim…

Podia ver o castelo lá ao longe, para lá das pessoas e dos voos rasantes das aves!

O castelo é imponente visto dos jardins, eu sempre me maravilho com um castelo…

O mar fica logo ali atrás, quase irreal para lá dos portões!

O castelo é conhecido como uma jóia das Highlands, e embora tenha origens medievais, o aspeto que tem hoje é renascentista de inspiração francesa.

Não se pode fotografar lá dentro, não sei porquê! Roubei uma ou outra foto e deixei-os para lá com os seus interiores infotografáveis!

Vê-se claramente que aquilo tudo vem de épocas em que não existia protectora dos animais nem qualquer preconceito em caça-los e depena-los!

Mas o museu, no jardim, ainda é mais chocante nesse aspeto!
Eu fui lá para ver as pedras gravadas dos Pictos, mas fui ficando chocada com os animais embalsamados que ali existem!

Foi da maneira que eu entendi que sou bem mais pequena que o pescoço de uma girafa!

O tempo não melhorava de novo, por isso despedi-me do local com mais um ou dois postais e segui caminho!

O castelo é muito mais bonito visto da parte de trás do que na entrada!

Enquanto esperava que a chuva parasse…

E voltou a brincadeira entre o sol e a chuva, que me foi permitindo curtir o caminho, cheio de paisagens encantadoras!

As casinhas a encantarem-me e a enriquecer a minha colecção de exemplares de todos os lados onde vou!

Então a estrada “chega-se” à berma do mar e segue por ali acima em sucessões de paisagens deslumbrantes!

Havia momentos em que eu tinha de parar, pois a sensação era de que atravessava um cenário quase artificial de tão bonito que era!

E a vantagem do tempo húmido é que, quando há sol à espreita, cria momentos únicos como arcos-íris que se movem connosco até se tornarem irreais!

Isso foi o que aconteceu a dado momento quando um arco-íris se formou na minha frente e, naturalmente, se afastava à minha aproximação até se “enfiar” no mar!

Deslumbrei-me!

“A natureza presenteia-nos com os espetáculos mais deslumbrantes quando menos esperamos. Quantos arcos-íris eu já vi na minha vida? Quanto eu já vi nesta viagem? Quantos eu vi hoje? Mas aquele foi de cortar a respiração! Eu via-lhe o fim, como se ele tivesse sido ali colado para mim! Parei de repente, olhei em volta, e não havia mais ninguém por perto a presenciar tal espetáculo. Que coisa linda! A escassos quilómetros do mítico John O’ Groats, tudo conspirava para que a minha visita ao local fosse inesquecível… e foi mesmo!”

(in “Passeando pela vida” – a Página)

Então cheguei…

John o’ Groats é uma aldeiazinha no topo das Highlands que é considerada o ponto mais a norte de toda a Grã-Bretanha, no entanto não é! Esse ponto fica ali perto em Dunnet Head.

Desta vez eu queria ir ali! Queria passear por aquelas falésias, sentar e parar de pensar!

Na próxima vez que ali for, quando eu for embarcar para visitar as ilhas a norte, aí eu visitarei Dunnet Head….

E depois de horas a catar as falésias lá fui conhecer a famosa placa que indica que estamos no princípio ou no fim de um caminho, dependendo de onde vimos de para onde vamos!

E não, não paguei para ter uma foto junto da placa que é de pôr e tirar apenas para sacar as librar aos turistas!

Interessou-me mais a John o’ Groats House”, mesmo ali ao lado!

E fui para casa, que naquele dia era em Thurso, e foi o fim do 19º dia de viagem.


descendo a Escócia…


17 de agosto de 2014

Um regresso é sempre triste para mim e, naquele momento, eu sentia que começava o meu regresso! Talvez porque estava no ponto mais a norte da minha viagem e a partir dali tudo seria descida até casa… embora estivesse ainda a 14 dias do fim da minha viagem!

Tudo o que eu esperava era que houvesse um pouco de tempo seco para que as minhas memórias da descida das Highlands fizessem justiça ao meu caminho…

Eu planeara fazer outros percursos, diferentes do que fizera na subida, mas o tempo incerto mudaria os meus planos e eu redesenhei o meu percurso de acordo com o sítio onde as nuvens e o mau tempo estavam, o que acabou por dar um refazer a mesma estrada do dia anterior. Isso não me entristeceu minimamente, já que o caminho da costa é encantador e ver a paisagem de outro ângulo, enquanto conduzia, deslumbrar-me-ia de novo!

E o tempo estava bastante ruim em Thurso. A minha motita dormira no quintal dos vizinhos e estava bem molhada. Aproveitei ela ter estado de molho toda a noite para lhe limpar o lixo!

A cidade tem os seus encantos mas o mau tempo nem permitia aprecia-los devidamente. Passeei um pouco junto ao mar tentando entender se o tempo mudaria ou não!

Não havia vivalma nas ruas, o que tornava tudo mais triste ainda. Puxei do telemóvel e só então entendi que era domingo… eu nunca sei a quantas ando quando ando em viagem! Bolas! Claro que estava tudo desoladamente só, com aquela bosta de tempo e sendo domingo!

Como não havia (quase) ninguém pelas ruas da cidade aproveitei para me meter por recantos, subir passeios e quase entrar nos quintais das pessoas, para ver o que havia sem descer da moto, Esse “quase ninguém” é para os senhores que caminhavam, todos encasacados, e pararam meio aparvalhados a olhar para mim, a fazer malabarismos com a moto pela beirinha dos passeios e a passar entre o muro do cais e os mecos das amarras, onde a minha motita parecia grande demais para passar.

“You’re a sweet crazy girl, you know?!” disse um deles è minha passagem

“You’re not supposed to be there looking at me!” respondi-lhe eu! ahahahah

Se há dias em que me apetece conduzir, arriscar um pouco, procurar caminhos inusuais, aquele era um deles, mesmo o tempo não estando a ajudar muito! Por isso meti-me por ruelas que nem eu sabia onde ia dar, mas que prometiam perspectivas diferentes do meu caminho.

Pássaros, muitos pássaros, pareciam corvos (eu adoro corvos) levantavam voo à minha aproximação e voavam perto de mim! Sentia-me no meio de um filme de Hitchcock.

Caminhos que me levavam pelo meio dos campos de cultivo e de pasto, sem ninguém para além de pássaros!

Torre de Harold, construída no séc XVIII, fica ali, no meio de lado nenhum, campos a toda a volta, visível a longas distâncias porque está numa elevação com o mar abaixo. É um mausoléu, embora digam que os corpos não estão lá dentro.

Mais uma curva e não havia mais alcatrão, apenas terra batida e o caminho que desaparecia. Pousei a moto e fui se dava para seguir.

Fui seguindo na direcção de John o’Groats, já que tinha de apanhar chuva, que fosse pelo caminho mais bonito, já que pelo interior a coisa estava negra!

Eu sempre fico impressionada com os enquadramentos que os cemitérios por aquelas bandas permitem, com o mar ao fundo! Continuava o meu trabalho de rato de cemitério a catar tumbas em Canisbay.

Jon o’Groats estava só mas com boa visibilidade…

Até desatar a chover e eu nem conseguir mais fotografar decentemente! Apareceu um perdido, como eu, um suíço muito bem-disposto que reclamava para os céus “Eh toi lá haut, arrête cette pluie je ne sais pas si je pourrais revenir ici!”

Fartei.me de rir com ele “deixe lá, é mais um motivo para cá voltar!

Ele ficou por lá na esperança que o tempo melhorasse, mas acho que não iria ter grande sorte, a considerar pelo céu pesado que se instalou. Eu despedi-me do local e vim embora…

E comecei a descida, com uma plateia que ficava muito espantada a olhar para mim, cada vez que eu parava para dar uma olhada na encosta!

Era só eu parar e a multidão parava de comer e olhava toda para mim! Que sensação!

O tempo realmente melhorava à medida que eu ia descendo, o que era fantástico pois ia-me permitindo ver e registar.

E o tempo incerto permitia cenários verdadeiramente extraordinários, que um dia de sol nunca permitiria!

Deslumbrei-me a cada quilómetro!

Aquele mar parecia de prata a cada vez que as nuvens se tornavam um pouco menos espessas e deixavam a claridade passar!

Castelinhos, torres e casa senhoriais… um conto de fadas!

As pingas de chuva faziam estragos nas minhas fotos, mas a paisagem valia o risco…

Então vi um castelo!

“Ao longe vê-se mais uma torre, procuro o caminho até ela, não é evidente, porque parece que é acessível por várias ruelas que aparecem no entretanto, mas nenhuma delas se aproxima. Na realidade não há uma rua até lá, há um caminho privado, dentro de portões, dentro da propriedade. Não sei o que fazer, não há ninguém por perto e o portão está aberto para uma longa alameda… Da rua não se vê o castelo, por isso decido armar-me em turista inconsciente e entrar com a moto por ali dentro. A teoria é sempre a mesma, se me puserem fora eu vou, mas levo comigo tudo o que consegui ver! E ninguém me pôs fora, ninguém apareceu, e eu passeei com a moto pela propriedade sem qualquer impedimento. O castelo é chamado de torre, the Ackergill Tower, pode ter sido construído antes mas só aparece mencionado no séc. XVI, e tem uma lenda que conta que o seu primeiro proprietário raptou uma belíssima rapariga que, para escapar dos seus avanços, caiu do topo da torre, desde então diz-se que o seu fantasma ainda é visto de vez em quando. Se é assim, não parece assustar muita gente, pois o castelo é hoje um local de realização de eventos e não consta que noivos ou convivas temam a intromissão da rapariga nas suas festividades!”

(in “Passeando pela vida” – a página)

Lá estava ele!

Quando se fala de um sítio, de uma cidade, de um país, há sempre uma imagem que me vem à memória e, quando se fala de Escócia, essa imagem é sempre de um castelo. Um qualquer, mesmo inexistente, mesmo construído pelo meu imaginário. Este, que eu nunca vira, é tão parecido com tantos castelos que já desenhei na minha cabeça ao pensar naquele país…

Senti-me no meio de um cenário de filme! A atmosfera junto de uma construção daquelas sempre me fascina!

Claro que não pude deixar de captar a minha bonequinha naquele ambiente!

E eu sabia que o meu crédito de tempo aceitável estava a chegar ao fim, as nuvens eram negras por todo o lado! Tinha de aproveitar enquanto aquele céu todo não começasse a cair-me em cima!

Parei um pouco em Wick, tinha de comer qualquer coisa…

“A minha descida pelas Highlands foi linda e cheia de nostalgia. Cenários grandiosos de céus e mar deslumbrantes me fizeram companhia, com a terra no meio a servir-me de suporte paradisíaco. Quanto tempo demorei eu a percorrer aqueles caminhos? Todo o tempo do mundo até a chuva tomar conta de tudo… Quantas vezes voltarei eu àquele país? Seguramente algumas mais, assim a vida mo permita, porque há sentimentos e sensações que precisam de ser revividos e alimentados ou definharão quem os sente!”

(in “Passeando pela vida” – a página)

Então vi-as!

Um pasto cheio delas!

Lindas, fofinhas, simpáticas!

Parei de repente, larguei da moto e fui vê-las de perto!

Não resisti, saltei a cerca e fui mais perto!

São umas queridas! Apetecia mesmo trazer uma para casa comigo!

E as filhotas? Pareciam grandes cachorrinhos!

E uma fotografia de família para terminar!

Estava a aproximar-me de Invernes e o Dunrobin Castle a aparecer de novo, por cima das árvores na berma da estrada!

E foi quando o temporal foi tanto que eu tive de parar e guardar a máquina fotográfica. E ainda bem que o fiz… porque foi o verdadeiro dilúvio, à medida que me aproximava do Cairngorms National Park, onde eu iria pernoitar, junto ao Loch Morlich … já imaginando que nada veria da região que é tão linda…

E assim foi!

Uma luta renhida com o temporal, sem vontade de parar em lado nenhum. O nevoeiro era cerrado e até ao chão, nada se via para além de uns 4 ou 5 metros à frente da moto. Carros, camiões e autocarros enchiam o pouco espaço de visibilidade na minha frente de spray sujo de terra, que dificultava ainda mais a minha condução. E paravam, e abrandavam, que o tempo não estava para brincadeiras! E eu que tinha de fazer o percurso a mais velocidade por causa do vento que me abanava, lá ia ultrapassando uns e outros, ao som da minha música aconchegante, que me fazia sentir agasalhada e protegida, dentro do meu fato de chuva que nada deixava entrar…

Quando cheguei à pousada fui recebida por gente muito simpática que me indicou um “drying room” onde pude pôr toda a minha roupa a secar, capacete e tudo! Fantástico!

Ter um “drying room” queria dizer que eles tinham muita chuva por ali? Sim, sempre, quase todos os dias, verão e inverno! Que fixe, queria dizer também que haveria pouca esperança de, no dia seguinte, ver o que quer que fosse então! Pois, seguramente, a meteorologia já andava a dizer que a chuva estaria por lá mais uma semana, nada de novo, é sempre assim!

Merda!

Amuei e fui-me meter numa ponta da sala de jantar, que parecia um aquário ao contrário, vidro com a água do lado de fora…

E foi um serão muito giro e agradável com longas conversas, cerveja da terra e muitos desenhos de interior, do tipo que não costumo fazer nas minhas viagens, mas que ali me fizeram bastante companhia. Às vezes é assim, quando não há mais nada para fazer, desenha-se…

E foi o fim do 20º dia de viagem.


até Manchester…


18 de agosto de 2014

Tal como predito pelo meu amigo da receção, no dia seguinte chovia a potes!
Ele era chuva por todo o lado, só me restava enfiar o fato de chuva e continuar a descer o país sem nem olhar para o lado… uma pena…

Voltei de desenhar o interior da sala de estar onde passei todo o tempo que o tempo não me deixava sair. Acho que nunca tinha desenhado tantos interiores como desta vez!

Porque os exteriores estavam uma sopa!

Por ali tudo é verde e até é fácil de entender porquê, com tanta humidade e chuva…
Os bichinhos são bem tratados por aquelas terras, há comida para os pássaros nas árvores

e há coelhos a passear por ali como se fosse a coisa mais natural, em plena harmonia com os patos que entravam quase pela casa dentro à procura de comida!

Lá tratei de partir, depois de um pequeno-almoço tomado a espreitar de janela em janela…

O lago que me levara ali estava cinzento e triste, era mesmo do outro lado da rua e eu nem o vira ainda…

Como tudo deve ser bonito por ali e eu nada vi…

Há mesmo paisagens surreais que eu queria ver, mas apenas as vislumbrei levemente, no meio do mau tempo!

E a estrada na minha frente parecia o caminho da tempestade!

Mesmo assim eu não desci tão direta assim, fui-me encostando à costa leste, já que tinha de seguir sem paragens que fosse tenho algo para ver, como o mar do norte!

Claro que aquele caminho não foi uma escolha inocente!
Havia uma réstia de sol por aqueles lados na meteorologia da manhã, e havia também algo que eu queria ver, nem que fosse de passagem!

“Finalmente fui até ao Castelo de Alnwick, lindo, antigo, medieval mas, não importa quanta história ele conta, a sua mais recente fama o tornou mundialmente conhecido, quando emprestou os seus exteriores para as filmagens de Hogwarts, o castelo do Harry Potter. Embora muita coisa tenha sido inventada e criada em desenho digital, a alma do castelo permanece no filme, pude senti-lo hoje. Estava cheio de famílias com miúdos, havia atividades engraçadas e bastante realistas para alegria da pequenada e os relvados, fofos como almofadas, serviam de alcatifa onde toda a gente se sentava a todo o momento, até eu, aproveitando o lindo sol que espreitava finalmente entre as nuvens!”

(in Passeando pela vida – a página)

A chuva tinha parado e quando eu entrei no castelo, ninguém diria que tinha sequer chovido!

Depois da chuva, depois de nada ver por tanto tempo, o Castelo de Alnwick foi um paraíso de luz e alegria na minha viagem, apesar de estar cheio de gente e de as nuvens logo se voltarem a fechar.

Não, não se pode fotografar lá dentro… eu sei, sou uma fora da lei, pois roubei uma ou duas fotos para a posteridade!

Que bem que me soube ver o sol em tão bonito lugar pelo tempo suficiente para me animar a alma!

Andei por ali, sentei-me no relvado fofo, subi às torres, desci ao rio…

nada me fazia lembrar o Harry Potter, porque tudo era alegria e luz por ali, a não ser as animações e encenações que faziam os mais pequenos delirarem e sonharem, por mundos de magia a que aquele castelo serviu já de cenário…

Lá estava o rio e a ponte que eu queria atravessar! Lá de baixo a perspectiva sobre o castelo devia ser linda!

Nuvens gigantes aproximavam-se rapidamente e eu nem iria ver os jardins. Tratei de dar a volta ao circuito de regresso para ir ver o castelo por fora e pôr-me a andar, antes que a chuva voltasse a apanhar-me!

Uma escultura imponente de Sir Henry Percy, um herói do séc. XIV nas guerras anglo-escocesas, fica entre o mundo da brincadeira e o jardim de relva fofa e verde.

Deixei os jardins para outra visita (eu sei que são lindos e imperdíveis) porque o que eu queria ver era a ponte e a perspectiva que Turner tomou para a sua pintura desde a ponte, lá em baixo! Manias!

E realmente lá de baixo as perspectivas do castelo são encantadoras e voltei a sentir a atmosfera do Harry Potter ali!

Mais um milhão de fotos, um desenhito ou dois… e parti de novo!

Havia mais coisas que eu queria ver…

“Um dia eu ía a passar e vi-o, the Angel of the North, mas eu seguia para norte, na A1, e como se conduz pela esquerda, ele ficava à minha direita e eu nem tive tempo de raciocinar para sair algures para o ir ver… uma pena! Desta vez eu vinha no sentido contrario e lá estava ele de novo. Rapidamente saí na primeira oportunidade, tinha mesmo uma placa a indicar que era por ali que eu devia sair! Tinha parado de chover, o céu estava cheio de nuvens e sombras, e o Angel estava ali, maior do que a lente da minha máquina parecia poder captar, lindo. Uma escultura extraordinária de um anjo com 20m de altura, com longas asas que impressionam pela sua excessiva dimensão, mais de 50m de asas, o que as faz muito maiores que a altura total do corpo. Construído entre 1995 e 1998, fazia parte das coisas que eu queria muito ver, desde o seu primeiro dia de “vida”… desta vez eu vi-o!”

(in Passeando pela vida – a Página)

O contraluz que a imensa escultura desenhava contra o azul do céu, fascinou-me!

Nervuras de metal decoram todo o comprimento do corpo conferindo-lhe uma ideia de robustez bem necessária para suportar todo aquele peso!

Grandiosa! Conhecia-a tão bem a escultura… e de repente não conhecia nada, ficava ali a olhar aquele enorme gigante, em perfeito êxtase!

E o raio da chuva voltou a apanhar-me no caminho e acompanhou-me por ali fora até chegar a Manchester! Nada a fazer senão levar com ela!

Manchester era uma cidade que eu ainda não tinha visitado, a segunda cidade da Inglaterra, cheia de história e música, afinal é o berço de varios músicos/ bandas míticos.
Alguns que me lembro são sobejamente conhecidas, como os New Order, Joy Division, Simply Red, The Smiths ou Oasis!

Dei uma pequena volta pelo centro da cidade, só para ver como era, pois no dia seguinte é que eu visitaria a coisa melhor!

E fui para casa, que era ali perto e tinha um mural lindissimo pintado na enorme parede em tijolo!

Aliás iria encontrar diversos murais por ali, a lembra um pouco Belfast!

E foi o fim do 21º dia de viagem, com uma espécie de oração “que amanhã não chova, que amanhã esteja sol”.


Até Cardiff, a capital do País de Gales!…


19 de agosto de 2014

Trouxe a minha bonequinha até à porta do Hostel para lhe colocar a mala que tinha de carregar desde o 3º andar até à porta. As pessoas são sempre tão simpáticas quando vêm uma menina a carregar uma grande mala e não faltam cavalheiros que se ofereçam para me ajudar.

Manchester era um nome que eu trazia na minha lista de vontades, talvez apenas pelo nome, talvez apenas pela música e músicos que dali saíram, mas simplesmente estava na lista “a visitar”!

Depois, como é sabido, eu adoro conduzir no trânsito, nunca me nego a meter a minha motita gordinha pelo meio dos carros, numa gincana de arranca e para, fura e segue, como faço no Porto ou em Lisboa! Por isso quando me recomendam que evite as cidade eu nada digo e faço exactamente o contrário! E que bom que é “surfar” com uma moto “gigante” por entre a confusão!

E fui até ao centro, não era muita coisa que eu queria ver, apenas queria sentir a cidade em torno de mim. Contra o que seria de esperar, fui até Albert Square, porque o que me prendia a tenção não era uma igreja ou uma catedral, era antes a Town Hall.

Aquele edifício é deslumbrante e eu ia preparada para tentar tudo para o visitar… não foi preciso! Apenas me deixaram entrar e pronto, sem que fosse necessária qualquer pressão ou argumentação da minha parte! Eu adoro aquela gente prática e sem “frufruzices”!

O edifício é neogótico e ali funciona o governo local, como uma câmara municipal deve ser!

Claro que só andei nos corredores e espaço públicos, mas que lindo aquilo é tudo!

Ninguém me incomodou enquanto andei por ali! Pessoas passavam, no seu percurso de trabalho, e sorriam para mim por eu andar ali maravilhada a olhar!
“It’s beautifull, isn’t it?” perguntava alguém a cada passo
“Oh yes, you are privileged to work here!”

O edifício tem ligações por corredores passadiços para o edifício lateral, onde funcionam outros serviços, a lembrar os corredores da idade média que também atravessavam ruas!

Então depois de muitas voltinhas por ali, lá fui ver a catedral!

É sempre uma surpresa entrar numa catedral inglesa, tudo se pode encontrar lá dentro sem ser um tradicional ambiente de culto! A porta de entrada estava decorada com bordados pendurados em tiras infinitas!

Numa igreja por vezes encontra-se um bar, com mesas e gente a lanchar, outras vezes encontra-se uma sala de exposições….

E ali havia algumas obras curiosas, como candelabros criativos,

ou trabalhos imensos de bordados em cores chamativas!

Os vitrais são inspiradores e modernos, lindos!

E o local de culto está lá na mesma, numa nave lateral!

A catedral, mais propriamente, Cathedral and Collegiate Church of St Mary, St Denys and St George, é gótica na sua origem, com muitas reformas e transformações ao longo da sua vida conturbada por momentos religiosos menos favoráveis, e momentos de guerra também. Mas lá está ela, linda, como se nada fosse!

Nasceu católica e hoje é anglicana.

E depois da história, e embora eu nem seja muito dada a futebóis, fui ver outra catedral que levava na minha lista de vontades!

Eu tinha de ir ver o estádio do Manchester!
Cheguei lá e havia chineses por todos os lados! Eu não sei se eram mesmo chineses, mas que tinham os olhos em bico, isso tinham!

Aproximei a moto e um segurança veio ter comigo, perguntar-me onde eu queria ir com ela. Expliquei que só queria tirar uma foto sem gente nem carros na frente. Ele perguntou de onde eu era, respondi que era portuguesa. O seu rosto iluminou-se “Portuguese? Great! Of course you will take your photo with your bike!” e desatou a enxotar os chineses do meu caminho para que a moto ficasse sozinha!

Mas o efeito do “I’m portuguese” ainda iria fazer-se notar mais à frente!
Pousei a moto no meio dos carros e fui tentar visitar o estádio.

As chinesas revelaram-se úteis ao tirarem-me uma foto, claro que depois de eu lhes ter tirado uma dezena delas também!

Um estádio é sempre aquela construção imensa que me fascina!

Pude vê-lo numa maquete na loja, mas eu queria mesmo visita-lo por dentro!

Então depois de muito catar pelos corredores laterais onde ficam as portas para as bancadas, cheguei à grande porta lateral, a sir Alex Ferguson Stand, onde fica o museu. Estavam 2 homens muito simpáticos à porta, que depois percebi que eram guias do estádio.

Dirigi-me a eles, eu queria visitar o estádio, mas tinha deixado a carteira na moto, do outro lado, junto da porta principal. De onde era eu? De Portugal! Fantástico! Quanto tempo tinha para visitar o estádio? Pouco! Sem problema, era só ir buscar a moto para ali e eles me fariam uma visita guiada cirúrgica, aos pontos mais importantes do estádio, sem que eu tivesse de demorar toda a hora e meia da visita que os chineses estavam a fazer! Genial!

E assim foi, trouxe a moto até à porta, um segurança veio-me receber, guardou-me o capacete e tudo, e eu fui visitar aquilo tudo como visitante VIP, sozinha com um guia e com tarifa reduzida, enquanto os chinocas andavam em bandos de muitos. Eu podia vê-los do outro lado do campo enquanto eu estava na bancada VIP!

O meu guia era simpático, contava histórias interessantes e fazia-me perguntas também. Apanhei-o numa foto!

Ele ofereceu-se para me fotografar também. Parecíamos velhos amigos!

O espaço amplo de um estádio sempre provoca em mim uma sensação forte, de pequenez, quase de êxtase! Se juntar a essa sensação o mítico do local, então entende-se melhor o mundo de sensações que passou por mim, ali!

Então depois veio o museu… toda a história de um grande clube e um grande estádio em infinitas memórias!

E lá estava o Ronaldo…

E as taças aos milhares!

Quando saí parece que caí num outro mundo!
O segurança veio trazer-me o capacete e pôs-se ali à conversa comigo.

“So you’re portuguese? Oh Ronaldo, Ronaldo, come back please!” Dizia ele!

Perguntou-me onde ía eu a seguir, disse que ía para Liverpool. O homem ficou alarmado

“Don’t go! Don’t go to Liverpool! Liverpool is shit!”

Oh valha-me Deus que a rivalidade futebolística não era para aqui chamada! Expliquei que ia a ver a cidade, que não ia ver os seus estádios e seguiria para sul, para Cardiff.

“Cardiff is too far, too many miles away from here, go straight to there, don’t go to Liverpool, Liverpool is shit!”

Adorei a conversa do homem, dizem que os ingleses são pouco expressivos mas há momentos em que o são e muito! Adoro-os!

E fiquei com uma fita muito bonita de Manchester como recordação daquela visita que adorei!


descendo o País de Gales até Cardiff…


19 de agosto de 2014 – continuando

Peguei na moto e segui para Liverpool!

Nem sei há quantos anos queria lá passar, por nada em especial, apenas porque é uma cidade e um nome que trago no meu imaginário desde sempre, talvez porque deve ter sido das primeiras cidades Inglesas de que ouvi falar, um dia, quando o meu mundo ainda terminava bem perto da minha casa.

Como muitas outras cidades que visitei na minha vida apenas porque o seu nome não me saiu da cabeça por toda a minha vida até eu lá conseguir ir, como Budapeste, Cracóvia ou Bucareste… ou Leninegrado onde ainda irei!

Bem, Liverpool é afinal a terra dos Beatles, por exemplo, e só por isso eu queria lá passar, e pronto!

Fui entrando pela cidade sem nada que me prendesse a atenção até cruzar com uma igreja em ruinas! Não é muito comum cruzar-se com uma igreja em ruinas no centro de uma grande cidade, mas naquele país as igrejas têm uma simbologia bem diferente da que tem por cá, por isso tudo é possível!
Parei e fui ver!

A ruina ganhou um significado especial quando me aproximei e entendi a sua história!

Tratava-se da St Luke’s church, uma igreja neogótica do final do séc. XIX, que foi profundamente danificada durante o bombardeamento, chamado de Liverpool Blitz, quando a cidade foi atacada pelos alemães em 1941.

Liverpool foi a segunda cidade do Reino Unido mais atacada e danificada durante a II Grande Guerra, depois de Londres, devido ao seu importante porto que os alemães queriam neutralizar…

Hoje a Igreja de St Luke permanece como um memorial às 4.000 vítimas daquele ataque. Os jardins estão bem tratados e o espaço é usado para eventos culturais, como concertos, recitais e coisas do género.

Cartazes colados em seu redor sensibilizam a população para ajudar a manter a igreja de pé!

E de igreja em igreja, na realidade aquela que eu queria mesmo ver na cidade, era a catedral!

“A catedral de Liverpool é um edifício espantoso! Com quase 190 m de comprimento é a catedral mais comprida do mundo mas, quando a gente entra, não é o seu comprimento que impressiona, é o seu espaço amplo e a sensação de altura infinita, ao ponto de não se ter ângulo para a enquadrar completamente na máquina fotográfica! Um neogótico impressionante do século passado, com um ambiente que surpreende, onde o espaço religioso convive com exposições de pintura, uma cafetaria e uma loja. Toda esta vida torna o enorme edifício bem menos austero, porque as suas diversas alas podem ser quase opressoras, ao estilo das antigas igrejas góticas. Explorei tudo com a calma e o deslumbramento que o espaço provoca e mesmo desenha-lo não era fácil…”

(in Passeando pela vida – a página)

“Entrei ali e tudo o que eu vira em livros e na net pareceu uma brincadeira de meninos! A catedral de Liverpool é simplesmente grandiosa! Por momentos eu nem sabia em que direcção ir, ela é tão ampla, tão alta e tão vazia! Não conseguia entender para que lado era o altar, as cadeiras estavam tão longe que nem percebi logo para que lado estavam voltadas. Depois, na dúvida de não saber para onde ir ou olhar, ergui os olhos e segui o seu teto impressionante, porque pelo teto tudo leva ao transepto, ao altar e à abobada no cruzamento das naves, que era tão alta quanto a imensa torre que se via ao longe! Sentei-me por ali no meio e fiquei a admirar a vertiginosa altura por cima de mim e os efeitos que a luz provocava na imensa torre… momentos de espanto!”

(in Passeando pela vida – a página)

A descontracção com que se passeia por ali, por entre conversas murmuradas mas sem qualquer preocupação!

Homens e mulheres, usando batinas vermelhas, conversam com quem visita de forma natural, explicando pormenores de história e religião e as luzes desenham ambientes surreais no grandioso espaço sem nos oprimir!

Dentro da catedral fica a Lady Chapel, uma obra mais pequena e pormenorizada, contrasta com a grandiosidade do corpo principal da catedral e é linda!

A sensação era incrível, de ter entrado numa igreja dentro de outra igreja, com a estranheza de um “será que eu saí da catedral sem dar por ela’”

A semipenumbra do espaço fascinou-me realmente!

Claro que a catedral estava lá, logo à saída da porta da capela, eu apenas tinha entrado num mundo dentro de outro mundo!

E ali se fazem exposições, concertos, jantares, festas! Havia obras artísticas nos altares laterais muito interessantes!

E havia uma espécie de arvorezinha dos desejos, onde eu coloquei um coraçãozinho que sarrabisquei, lembrando-me de tanta coisa e tanta gente ao faze-lo, como quem põe uma vela por alguém!

O edifício é grandioso e vermelho e pode ser visto de muito longe na cidade!

E depois de um banho de igreja não me apetecia ver muito mais coisas, apenas passear pela cidade e apreciar os seus pormenores!

Tomei um café (mais ou menos horroroso) num café com o nome da minha terra!

E passei pelos estádios de futebol lá da terra, aqueles que em Manchester não queriam que eu visitasse!

O mítico Liverpool Football Club, o Anfield, construído nos finais do séc. XIX… e não, não fui visita-lo por dentro! Nem só de estádios se faz uma viagem!

E de passagem fui também ao Everton, que é logo à frente, rivais e vizinhos!

E não, também não o fui visitar!
Pronto, eu prometi em Manchester que não visitaria o Liverpool por isso terá de ficar para outra passagem pela zona!

Memoriais a grandes jogadores, Dixie Dean, o maior artilheiro do clube “um dos maiores avançados centro da sua era” dizem ainda hoje.

As paredes cheias de plaquinhas comemorativas!

Há sempre vida onde há futebol “You’ll never walk alone”

Passeei um pouco pelo tão desejado porto da cidade, no tempo da guerra por ser um bom porto, hoje por ter muitas atrações, de festas e comes-e-bebes!

Estava um belo dia para se beber uma cerveja numa esplanada, mas eu não o faria! A campanha anti-álcool estava na rua com toda a força e eu ainda tinha uma série de quilómetros para fazer!

Ao longe a catedral parecia um fantasma avermelhado que tudo observava!

Pelos caminhos do porto podia-se apreciar o mar e as nuvens magníficas!

E depois da King’s Dock era a saida da cidade ou, pelo menos, do centro da cidade, com coisas que me chamavam a atenção, mesmo por trás dos carros!

Havia muito tempo que eu percebera que não adiantava nada pedir café, é uma bosta mesmo, por isso parei para um chazinho! Afinal estamos na Inglaterra “time for a cuppa!”

Ainda dei dois dedos de paleio com 2 motards que apareceram entretanto e se deslumbraram comigo, por causa da minha motita, que eu e ela fazíamos um conjunto muito bonito! Wow, nunca imaginei ouvir piropos de ingleses, os sérios, cínicos e distantes! Que nada, boa gente!

Havia um sítio onde eu queria ir antes de seguir para Cardiff, um sítio onde eu queria ir desde a última vez que andei por ali, há 3 anos, e me distraí com outras coisas no lado leste da ilha. Desta vez eu iria lá nem que chegasse a Cardiff a meio da noite!

Caernarfon e o seu castelo!

“O Caernarfon Castle tinha ficado para trás nas minhas escolhas da ultima vez que estive no País de Gales, mas desta vez eu fui vê-lo. É uma fortaleza medieval bem no meio de Caernarfon. O castelo embora tenha aquela aparência de construção robusta e completa, não tem muito mais do que as muralhas intactas. A sua história conturbada de guerras e batalhas, desde a sua construção no séc. XIII, é rica e está ligada à história do país até ser deixado ao abandono e só no século XX voltou à sua imponência e beleza, agora como muralha e ruína deslumbrante! Eu queria vê-lo e enquadra-lo na sua redondeza, por isso fartei-me de dar voltas em seu redor, até parar no outro lado do rio Seiont, sentar-me e admira-lo… Que lindo dia se pusera, e permitiu que eu viajasse um pouco pela história enquanto o desenhava e fotografava em momentos que ficaram na minha memória para sempre!”

(in Passeando pela vida – a página)

A ponte que atravessa o rio é basculante, não vi muitas pontes assim na minha vida e foi curioso ficar ali a vê-la rodar sobre si própria para deixar passar os barcos!

Apesar de atravessar a ponte eu queria ir aquele lado com a moto!

Por isso voltei à cidadezinha para a buscar e ir procurar o caminho!
O ambiente era muito agradável por ali, com pessoas que passeavam calmamente e comiam gelados… e eu que não gosto de gelados, limitei-me a ficar a olhar! Ok, sai mais um chá!

Encontrei uma das casas com 3 frentes mais estreitinhas da minha vida! Parecia um livro de pé!

Enquanto se toma um chá quente aprecia-se muito mais coisas do que quando se come um gelado! Só pelo tempo de espera para que arrefeça, dá para ver tudo o que nos rodeia!

E lá peguei na moto e fui ver o castelo do outro lado do rio!

E por cima dos campos de milho!
Eu sabia que ele estaria naquela direcção, bastou pôr-me de pé em cima da moto, e ele lá estava!

E continuei a escolher percursos de sonho até ao meu destino!
Porque viajar é como viver, o facto de sabermos qual o nosso destino, não quer dizer que façamos o caminho de toda a gente, nem o mais fácil, ou o mais rápido! Porque não fazer o mais bonito?

E eu escolhi descer o país por Beddgelert, por ruelas antigas, entre aldeias perdidas nos montes!

Esta aldeiazinha lindíssima tem uma lenda que lhe dá o nome e eu queria ver de perto a sua beleza!

Na realidade Beddgelert quer dizer Gelert’s Grave – sepultura de Gelert.

Diz a lenda que Gelert foi um cão que o rei João de Inglaterra ofereceu ao Príncipe de Gwynedd em Gales. Ora um dia o príncipe chegava da caça quando viu o berço do seu filho tombado e o bebé desaparecido. Quando o cão aparece com a boca cheia de sangue ele saca da espada e mata-o, acreditando que ele matara o seu filho. Mal o cão solta o seu uivo de morte o príncipe ouve o choro do seu bebé e então percebe que há um lobo morto no chão do quarto. Cheio de remorsos por ter morto o cão salvador do seu filho, sepulta o cão com uma grande cerimónia no local onde fica hoje a aldeia, mas continua a ouvir o seu uivo, e a partir daquele dia ele nunca mais voltou a sorrir.

Embora a lenda seja triste a verdade é que a aldeia é linda e estava cheia de gente bem disposta que começou a acenar-me a cada vez que eu passava, já que eu andei para lá e para cá com a moto à procura de onde a parar! Acabei por a parar bem no meio da ponte e pronto!

E as paisagens por ali são verdadeiramente exuberantes!

Uma simples estrada era um postal ilustrado feito de beleza! Bastava erguer a máquina e disparar, pois todas as fotos ficariam lindas, com o céu azul e as nuvens inspiradoras!

A verdade é que, naquele país, basta estar um pouco de sol, que tudo é lindo!

E fui para casa, que naquele dia seria em Cardiff!

E foi o fim do 22º dia de viagem


…pelo País de Gales…


20 de agosto de 2014

Aquele seria um dia muito especial! Não apenas pelo que eu tinha planeado ver mas também pelo que eu tinha planeado fazer… ou tentar fazer, claro, pois há coisas que a gente nunca sabe se são mesmo possíveis até estar lá, no local!

Não seria um dia cheio de quilómetros, mas seria, seguramente, um dia cheio de emoções!

O País de Gales é uma das zonas celtas que eu mal tinha visitado da última vez que estivera no Reino e desta vez propunha-me a catar os seus recantos mais encantadores, porque as ruelas são ladeadas de casinhas que lembram os contos de fadas e as histórias de encantar!

Embora eu não seja arquitecta, as casas de cada país, zona, ou aldeia, sempre me fascinam! Gosto de ver como vivem as pessoas, que gostos têm, que decorações usam, por aí fora, por onde passo! Então as casinhas de telhado de colmo, que se encontram pelo Reino Unido, são um encanto.

Para além do telhado de colmo, tão comum em tantos países, como no nosso, por ali têm requintes de decoração em palha no topo, onde se separam as águas, e são mesmo dignas de histórias de encantar.

Depois os jardins, com plantas que frequentemente são trepadeiras, completam o quadro, por trás de muros que não nos impedem de ver quão bonito é tudo ali dentro. Um quadro pintado a cada curva do caminho, quando se passeia com calma por terras de sua majestade!

E todo este encanto ficava no caminho para o primeiro destino do dia!

O Castle Combe Circuit!

Eu tinha lido que se podia correr ali mas apenas encontrara tarifas para grupos de 6 motos, por isso não sabia se eu podia dar uma corridinha por ali com a minha moto!

Fui-me aproximando, dei uma volta ao circuito por fora e acabei por meter conversa com uns e com outros.

Aquela gente olhou para mim como se eu fosse um ET, meio espantados pela minha motita!
Eu sabia que aquela hora era das motos, podia vê-las a correr…

Tinha de concordar que a minha moto não era a coisa mais previsível para aparecer ali, no meio das “Rs”, para correr!

E aquela gente não me levava a sério, acho que pensavam que eu apenas queria ver o povo correr!

Quando entenderam finalmente que eu queria correr um pouco com a minha moto, que ela andava há dias demais a baixas velocidades e queríamos, eu e ela, dar o gosto ao dedo e leva-la ao limite, houve um sorriso geral!

“A moto não é muito rápida!” – dizia um

“Claro que não é, mas é rápida o suficiente para fazer o que aqueles estão a fazer na pista com motos muito mais rápidas que a minha!” – respondia eu.

“Quanto dá?”

“Muito mais do que eles estão a dar ali!” – eu via-os a passar na pista e não iam a mais de uns 130 ou 140 km/h. O preconceito de que a minha moto é enorme e anda devagar não os deixava pensar que 130 ou 140 km/h qualquer moto dá! – “A minha moto dá 250 km/h e está sem top case, por isso conduzi-la na pista é só uma questão de habilidade minha!”

Havia um sorriso nos rostos deles, acho que um sorriso irónico! Então alguém me ofereceu 5 voltas!

“Deixe aqui tudo, eles vão sair daqui a pouco e você tem 5 voltas por sua conta! Nós vamos ficar aqui a ver, qualquer coisa e pare, não arrisque!”

O meu coração deu um salto!

Tratei rapidamente de me preparar, deram-me uma joelheiras para eu pôr por cima das calças, apertei-me toda, prendi o cabelo, enfiei o capacete, fui para a moto e fiquei à espera.

As motos foram saindo e os pilotos ficavam a olhar para mim, gente comum que ia para ali correr, como eu, a única diferença é que eram todos homens e com motos de pista!

Então entrei!

Eu tinha estudado a planta da pista em casa e ali nos placares, mas percorre-la era outra coisa bem diferente! Tinha a consciência de que todos os olhos estavam postos em mim, algures lá para trás, mas ignorei tudo isso mal comecei a conhecer o percurso, e sim, dei muito mais do que os 130 ou 140 km/h!

Que sensação, depois de tantos dias a conduzir em baixas velocidades, poder correr livremente.

Houve retas em que o ponteiro passou os 230 km/h. A pista não é muito grande mas tem curvas largas que se fazem a mais de 180km/k e fui perdendo a noção de quantas voltas dei, até que alguém na berma da pista me fez sinal para sair. Claro que teve de esperar que eu desse mais uma volta pois eu vi o sinal de relance e não dava mais para sair logo!

Quando me apanharam cá fora fizeram um escândalo! Como me atrevia eu a correr daquela maneira com uma moto daquela dimensão e sem conhecer a pista!

Afinal em que ficamos? Primeiro não devia correr porque a moto andava pouco, depois escandalizam-se porque eu corri para caramba?

Que nada, diz-me o homem que me ofereceu as 5 voltas, foi um prazer para os olhos verem-me brincar com a minha moto gigante a tamanhas velocidades, as outras motos até podiam ter continuado a correr que a minha moto não teria perturbado nada! Parabéns! Então bateram-me palmas e tudo! De onde vinha eu? Portugal? E os meus colegas de viagem onde andavam? Não havia colegas, eu viajava sozinha! Quase se fez silêncio! Sozinha por ali com aquela moto?

E pronto, tive direito também a chá e a bolachas só por andar a viajar pelo Reino, depois de ter vindo da República da Irlanda, completamente sozinha, com uma moto enorme e a correr em circuito como se fosse a minha segunda profissão! Eheheh

Senti-me uma estrela!

E com isto foi-se quase toda a manhã! Saí dali com a energia renovada e ainda cheia de adrenalina, que foi passando pelas ruelas que fui fazendo a seguir e onde nem pensar em dar mais que os 90km/h permitidos por lei! A bem dizer, quem daria os 90 por aquelas ruinhas?

Comecei a procura de uma aldeia encantadora que tinha em mente, dei voltas e voltas e voltava sempre ao ponto de partida! Parecia um filme de terror, a lembrar o Pesadelo em Elm Street, quando as pessoas tentam sair da cidade e voltam sempre ao mesmo sitio!

Parei numa St Peter’s Church porque na falta do que procurava há sempre outras coisas para ver no caminho!

O que me chamou a atenção da rua foi uma cruz esculpida numa peça só, a partir do tronco de uma árvore! Uma cruz céltica!

O que eu gosto daqueles ambientes!

E lá estava elas de novo, as cruzes! Desenhei mais uma ou duas para a minha colecção de cruzes recolhidas nos países celtas! Lindas!

A cruz de uma peça só fascinou-me!

E na falta do que procurava e não encontrava, segui as placas até a Malmesbury abbey.
“À procura do que quero ver, vou vendo tudo o que me aparecer no caminho e pronto!”

Uma abadia espantosa, românica, com uma história rara de vida monástica continua desde a sua fundação no séc. VII até ao fim das congregações e mosteiros no séc XVI

Acho sempre curiosa a maneira como a porta de entrada é assumida lateralmente e não pela fachada, como fazemos por cá em geral!

E a porta é linda!

O interior é surpreendente! A simplicidade do estilo românico é mantido e a altura da nave torna-se vertiginosamente acentuada pela nudez das paredes! Lindo!

Impossível não andar por ali de nariz no ar!

Há traços posteriores, de “arcos quebrados”, o que só torna o conjunto mais fascinante!

E o teto, espectacular!

Para quem não quisesse andar por ali de nariz no ar para ver a abobada, um espelho, estrategicamente colocado, tornava a tarefa mais fácil!

E como em todas as igrejas e catedrais naquele país, lá estava o cafezinho onde se serviam chá e bolos!

Estava um belo dia de sol, apetecia mesmo passear por ali, junto da belíssima construção!

Parte do complexo religioso está em ruinas, o que permite enquadramentos muito bonitos!

E onde deveria ser a porta principal, a fachada, no extremo oposto ao altar mor, fica uma parede fechada!

A cidadezinha de Malmesbury é muito bonita e pitoresca, com casas lindas e ruas estreitas, de traçado medieval!

E na saída do jardim, pelas traseiras da abadia, fica uma escultura impressionante, bem no meio do portão. Dois homens que lutam acrobaticamente!

Uma obra tão expressiva que me encostei ali a desenha-la um pouco!

Estava eu naquela contemplação fascinada quando aprecio o jardineiro que andava por ali a tratar dos jardins! E não é que o homem usava apenas uma t-shirt como indumentária! Eu vi-lhe mesmo o rabo quando se inclinou sobre as sebes! Eheheheh

Muito próprio para quem trabalha nos jardins de uma igreja! Eheheheh

E a minha procura continuou mais um pouco… os caminhos que percorria eram lindos, o dia estava espantoso e só me apetecia dar voltas e mais voltas pela zona! Parei num café/restaurante, só pelo encanto que era!

O The Baker’s Arms era a coisa mais encantadora! Sai mais um chá que café nem vale a pena pensar!

As ruas mais simples são lindas por ali!

“A minha ida até Castle Combe não foi nada inocente, havia coisas que eu queria fazer ali, mas a aldeia em si, não foi fácil de encontrar. Depois de umas corridas, que também sabem bem numa viagem essencialmente feita em baixas velocidades, andei para trás e para a frente por ruelas infinitas, sem conseguir encontrar… então decidi desistir! Às vezes é preciso saber-se deixar cair uma ideia para seguir outras mais possíveis!”

“E foi quando desisti que a encontrei!
O deslumbramento do local acolheu-me assim, na berma da estrada que eu escolhera fazer.
Pousei a moto entre os carros, junto a um grupo de velhotes, sentado no muro. Perguntei se incomodava eu deixar ali a moto, não, não incomodava nada. Fiquei um pouco por ali, sentada no mesmo muro a desenhar um pouco! Então uma das velhotas chegou-se a mim e perguntou-me de onde eu era, pois os seus amigos questionavam o “P” da minha moto mas estavam envergonhados de perguntar. “Sou portuguesa” disse eu “ah, eu bem dizia que não era da Polónia!” exclamou ela. Disse-me que era irlandesa mas estava na Inglaterra há muitos anos. “Lindo país, eu venho de lá nesta viagem!” todo o seu rosto se iluminou às minhas palavras. O tempo que eu ali fiquei a divagar sobre as 2 Irlandas, a alegria que se instalou naquela ponta do muro….”

(in Passeando pela vida – a página)

Arlington Row, em Bibury, com o rio Coln a completar o quadro, considerada desde o séc. XIX “a mais bela aldeia de Inglaterra”, por um artista famoso quando a visitou.

E as casinhas lá estavam, tão típicas da zona, mas aquelas bem alinhadas, de pedra cor-de-mel e telhados a condizer, como se fosse um cenário ali posto para os turistas verem!

É tudo tão bonito ali!

O tempo que eu andei por ali, fartei-me de desenhar casinhas lindas com flores e pormenores encantadores!

Então os enquadramentos daquelas casas encantadoras com uma moto em frente, deliciaram-me!

Pormenores decorativos surreais…

e outros reais!

Então cruzei com o segundo casamento da minha viagem!

Não cheguei a entender se aquele seria o noivo ou o pai da noiva!

As pitorescas casas Arlington Row foram construídas em 1380 como uma loja de lã monástica. Continuam hoje como eram, alinhadas e lindas!

Valera a pena catar a zona à procura da aldeiazinha!

A igreja mais à frente, na mesma pedra bege, rodeada por um jardim com florinhas!

Eu gosto de ver por dentro igrejas de outras religiões! Há sempre algo de diferente do que estou a costumada a ver numa igreja!

O cemitério no jardim da igreja é a coisa mais comum e esperada por aquelas terras! Quase senti falta de ter algo do género por cá pelas nossas terras também!

E segui para a última etapa do meu passeio por terras galesas, do Gloucestershire para o Oxfordshire para chegar a Burford.

Sempre na rota das terras mais bonitas do Reino! De origem saxónica a cidade é encantadora, com o traçado e construções medievais bem visíveis!

Entrei na cidade pela parte de cima, pela High Street, e ainda bem, pois pude ver a rua principal até ao fundo, cheia de movimentos, casas encantadoras e esplanadas que se sucediam à minha passagem! Lindo!

Queria comer e aquele era o ambiente perfeito! Sentei-me numa esplanada, com a moto bem pertinho, e pedi um pequeno-almoço, que ali se serve todo o dia!

Claro que um pequeno-almoço ali não tem nada a ver com malgas de café com leite e torradas!

Tem mais a ver com comida variada, com direito a ovos e feijões e tudo que, acompanhado com cerveja é mil vezes melhor que comidas suspeitas, feitas de fritos cobertos com camadas de massa frita encharcada em óleo!

Fico sempre na dúvida se uma casa daquelas se irá aguentar de pé por muitos mais anos, com os tetos todos tortos, deformados pelo tempo!

Mas parece que estão para durar!

Que bem que a minha motita ficava naquele ambiente!

As lojinhas são encantadoras e apetece entrar em todas!

Não admira que Burford seja o lar de diversos escritores, na realidade ali tudo inspira para escrever, e desenhar, e pintar e acredito que para fazer música e dançar também, só para falar nas artes mais populares!

E voltei a subir a High Street, com vontade de parar a cada momento para ver e fotografar cada casa por onde passava!

Ainda havia um sítio onde eu queria passar, certamente não para visitar longamente mas para ver! Se não desse para ver da rua, pelo menos o caminho até lá era bonito, por isso não seria tudo perdido!

Eu queria ver uma abadia em ruinas, daquelas coisas que me fascinam sempre e segui pela margem do rio Wye até ela!

Sim, era visível da rua e não, não iria pagar para a visitar!

Simplesmente não podia andar a pagar para ver tudo o que me passava pela cabeça! Depois uma ruina daquela dimensão, tão visível da rua, não justificava um pagamento para a ver por dentro! Com muita pena minha, mas seria de fora que eu a veria e pronto!

A Tintern Abbey, vem desde o séc. XII cheia de história feita de remodelações, reconstruções, destruições e finalmente abandono por séculos, até ao séc XVII, quando o romantismo despertou o interesse pelo misterioso e impressionante da construção, exacervada por poemas e textos. Desde então tem sido mantida e protegida.

Claro que não se pode esquecer que foi utilizada para o videoclip dos Iron Maiden – Can I Play With Madness

https://www.youtube.com/watch?v=ocFxQjPeyiY

Provoca-me sempre uma grande sensação estar na presença de tão fantástica construção em ruinas!

“O poder que uma abadia em ruinas tem é impressionante, como se uma força ela exercesse sobre mim e me deixasse quase paralisada de respeito de admiração. É sempre assim! Então fico a olhar e, intimamente, agradeço o facto de estar sozinha, apenas e eu e ela, e todo um mundo de sensações que me percorrem! A Tintern Abbey voltou a provocar esse efeito, não entrei, não pude por isso percorrer o seu interior mas, mesmo assim, o seu poder avassalou-me! Uma construção do séc. XII mostra hoje vestígios de séculos de transformações arquitetónicas, até ser deixada ao abandono por tempos que se perdem no tempo até alguém no séc. XIX voltar a dar valor ao seu corpo esquelético, mas muito belo, e o estudar. Quando foi considerado monumento de interesse nacional e foi finalmente protegido…”

(in Passeando pela vida – a página)

Os seus pormenores impressionantes… como aquilo se manteve de pé por tanto séculos em ruinas?

A minha motita parece insignificante e minúscula junto dela!

Uma ultima olhada e segui para Cardiff…

Ainda era dia por isso fui passear um pouco pela cidade e ainda não ficariam por ali as minhas visitas a igrejas e cemitérios!

A catedral estava a chamar-me a atenção, ainda por cima tinham-me indicado um sitio para comer lá perto! Ora, era cedo para comer, por isso fui passear pela redondeza!

A Llandaff Cathedral é anglicana e fica perto da margem do rio Taff na antiga “Cidade de Llandaff” que hoje é rodeada por Cardiff e por isso faz parte dela.

Estava fechada e ouvia-se lá dentro música. Alguém estava a ensaiar órgão e coros, ainda me sentei perto a ouvir mas depois fui andando pela propriedade da igreja. Soube depois que a música é tradição da igreja, com coros de homens e rapazes!

Tem origem normanda e foi sofrendo transformações ao longo dos séculos desde o séc. XII e lá estavam as cruzes celtas, num dos sítios cristão mais antigo da Grã-Bretanha! Lindo!

Então fui seguindo os caminhos, saindo da relva bem aparada em torno da igreja e percorrendo trilhos que me levaram por aquilo que parecia um cemitério abandonado, embora começasse logo ali, ao lado da catedral!

De cruz celta em cruz celta pelo meio do mato… eu podia ve-las ao longe, parecia gente no meio do caminho!

“Eu nunca fui dada a medos de cemitérios, mortos ou locais assombrados, passeio-me por eles como por jardins incomuns, apenas! Mas passear pelo cemitério de Cardiff foi a coisa mais parecida com um filmezinho de terror que se possa imaginar! É enorme, fica mesmo ao lado da catedral e tem todo o ar de coisa abandonada, cheio de ervas altas e mato, de onde brotam as tumbas antigas e desalinhadas, com cruzes celtas à mistura. Não bastando o cenário já sombrio por si, o entardecer tornava tudo ainda mais a puxar para o sinistro, quando a vegetação encobria a já pouca luz do dia e eu cruzava com enormes árvores centenárias que preenchiam quase todo o meu caminho, que não era mais que um carreiro de folhas pisadas. Ao longe ouvia as risadas dos miúdos que jogavam futebol numa clareira que eu vira ao chegar e que já ficara para trás há muito. Ninguém parece preocupar-se com um cemitério por ali, de repente miúdos passavam por mim em bicicletas de montanha em grande velocidade, como se o cemitério fosse o sítio mais comum para se brincar. E tornou-se noite, e ninguém pareceu se importar, nem eu, que continuei as minhas explorações, pensando numa meia dúzia de pessoas que conheço que desmaiariam de terror se se encontrassem ali naquele momento. E não, nenhum morto se ergueu para me matar à dentada!”

(in Passeando pela vida – a página)

E se eu me perdesse por ali pelo cemitério? É que aquilo parecia que não tinha fim! A única coisa que me provocava alguma apreensão eram os rapazes que eu ouvia ao longe e que passavam perto nas suas bicicletas. Os mortos nunca me preocupam, os vivos sim, porque lhes chamo miúdos, mas não eram tão miúdos assim, eram mais jovens para lá de teenagers!

Mas a preocupação não era assim tanta que me impedisse de sentar numa tumba a comer amoras! Eheheheh
Eu adoro amoras silvestres!

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E lá voltei ao mundo dos vivos, placidamente!

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Fui comer qualquer coisa…

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E foi o fim de dia no jardim do hostel, com direito a internet na rua e tudo, só para gelar um pouco os dedos!

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E foi o fim do 23º dia de viagem


Land’s End…até ao fim da terra!…


21 de agosto de 2014

Entre alguns erros frequentes que cometo estupidamente em viagem, está o esquecer-me de pensar em quilómetros quando leio milhas, e isso aconteceu-me naquele dia, tudo me pareceu mais perto do que realmente era, e não processei logo que as cerca de 500 milhas que faria naquele dia eram, na realidade, quase 800 km!

Claro que quando dei conta, nada mudou nos meus planos e continuei alegremente o meu caminho, apenas passando ao lado de algumas pequenas coisas que gostaria de ter visto, para poder chegar onde queria! Nada que me matasse de cansaço ou infelicidade, portanto, e fui até ao fim da terra, Land’s End!

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Esta viagem ficaria marcada, entre outras coisas, pelos estádios que visitei e aqueles onde passei à porta, definitivamente! E o hostel onde eu pernoitava era bem em frente do estádio do Cardiff, o Milénium Stadium, da sala de estar eu podia ver a minha bonequinha em frente da janela, com o estádio do outro lado do rio Taff!

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Ora naquele dia eu rumaria para sul, muito para sul, milhas e milhas a sul…

Sair de Cardiff em direcção a sul é aquela seca de dar uma grande volta. Em torno do recorte que a terra faz em torno do Bristol Chanel até ao river Severn, onde fica finalmente a primeira ponte para começar a descer o mapa!

E a estrada é uma seca, ao estilo de uma via rápida mas, na realidade, não se podem passar as 50 m/h (80km/h), o que torna a coisa lenta e morosa para caramba, dado que a estrada até é rápida e larga e a paisagem nada tem de inspirador!

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Quando finalmente sai daquele carrossel chato, tratei rapidamente de me meter pelas ruelas do costume, aquelas que  parece que são de apenas um sentido mas na realidade são de dois!

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Porque havia por ali uma vilazinha que eu queria visitar desde a minha ultima visita ao Reino Unido! Uma vila piscatória, por isso a costa seria o meu percurso de encanto!

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E as perspectivas do mar ali de cima eram paradisíacas!

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Clovelly é uma vilazinha piscatória no Devon.

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Eu sabia que ela era encantadora, senão teria desistido de a visitar logo à chegada, ao perceber que tinha de pagar bilhete para entrar… mas além de eu saber que valeria a pena, as pessoas foram verdadeiramente simpáticas comigo, oferecendo-me espaço para deixar o capacete e o blusão e poder visitar tudo descontraidamente.

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Então depois veio a descida, e que descida! A vilinha fica lá no fundo, depois de um percurso por ruelas a pique, pavimentadas em pedras redondas do mar, que nos fazem caminhar “ a travar” todo o tempo, sob o risco de escorregar e descer aquilo tudo de rabo pelo chão.

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E tem degraus e nenhum veiculo ali pode circular, a não ser uma espécie de tobogãs, como na ilha da Madeira, que deslizam por ali abaixo com as cargas. Para as pessoas, só resta caminhar ou descer de burro! E chega-se ao ponto em que, numa curva apertada que passa por baixo de uma casa, se vê lá em baixo o portinho!

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Parei e, não fosse o tempo fresco que por ali se fazia sentir, a sensação fazia lembrar a visita às Cinque Terre em Itália, no ano passado. Que bonito tudo por ali!

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Tudo parece artificialmente perfeito ali, desde as casinhas, as ruelas, o porto e o próprio mar!

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Pessoas de idade sofriam para chegar até ali, descendo com dificuldade a rua íngreme, pavimentada com pedras redondas que magoavam os pés!

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Mas a descida valia a pena! Lá em baixo o ambiente era sereno, com as pessoas relaxadamente sentadas junto ao mar!

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Do cais a perspetiva da vila, pelo monte acima, é vertiginosa e parte do casario não se pode mesmo ver cá de baixo!

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Sentei-me empoleirada no mais alto degrau de pedra e tentei desenhar um pouco, mas havia muita gente atenta ao que eu estava a fazer, afinal ali no meio de toda a cor, eu parecia o zorro, toda vestida de preto, só me faltava a capa, e isso despertava as atenções!

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Não estava calor nenhum, uns 17 ou 18 graus, mas aquela gente está habituada a aproveitar o sol e o bom tempo!

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O pormenor da “areia” sempre me fascina! Olha-se para a praia e tem-se a sensação de se estar a olhar para a areia com uma grande lupa, pois ela não é mais que um mar de calhaus redondinhos!

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E os visitantes enchiam o ambiente de cor…

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Tinha de começar a subida… e isso já me estava a deixar cansada, mesmo antes de começar!

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Dá-se a volta por trás das casas em frente à praia e volta-se a descer à areia, do outro lado!

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E foi ali, depois da grande rampa de descida dos barcos, que eu me pus a fazer o meu montinho de pedras!

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“Material” não faltava para fazer o montinho! Podia até decidir a sua dimensão pela escolha das pedrinhas apropriadas!

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Havia lá outros já feitos, mas o meu ficou muito mais bonitinho!

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E então, finalmente, comecei a subida! Não podia adiar mais se queria ir longe depois!

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Os pormenores de cada casa eram encantadores!

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Casinhas de brincar, era o que pareciam!

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Como eu imaginara ao descer, a subida era vertiginosa e as casas vistas de baixo acentuavam essa sensação!

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Tudo ali mereceu o bilhete que tive de pagar para visitar!

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É um verdadeiro privilégio viver-se ali e vir-se à rua e ela ser assim!

Há ali hotéis, mas hospedar-me ali isso assustou-me um pouco! Como conseguiria eu hospedar-me numa vila onde a minha motita não poderia entrar?

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E cá em cima, à saída da vila, encostei-me ao muro e pus-me a recuperar energias comendo amoras! Naquele país há tanta amora, coisa que adoro!

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E então seguir para a Cornualha, o ultimo reduto celta do Reino Unido, para mim, que vinha de norte!

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Eu tinha vontade de ir a Tintagel, uma outra pequena vila na costa atlântica, onde fica, segundo a lenda, o castelo do rei Artur! O caminho para lá valeu a pena, ruinhas estreitas, ladeadas de muros feitos de terra revestida a palha acabada de cortar e onde dois carros mal passavam um pelo outro!

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Mas acabei por desistir de visitar o castelo! Ele ficava longe da vila e eu teria de caminhar até ele. A disposição para caminhar era pouca e o tempo menos ainda… por isso segui pelas ruelas até ao mar, numa praia de rocha dura, entre Treknow e Trebarwith. Em frente eu podia ver o Gull Rock, aquela pedrinha no meio do mar!

Eu precisava de tempo para ficar…

É naqueles momentos que eu tenho a sensação que nem que eu vivesse varias idas seguidas, nunca conseguiria ver e viver tudo o que queria… e eu tinha de ir embora, se queria ir até ao fim, naquele dia!

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Voltei à estrada nacional, onde muitas coisas acontecem!

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E depois de quilómetros de estrada, seguindo em filas de carros que seguiam para destinos no caminho do meu destino, cheguei!

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“Cheguei a Land’s End ao anoitecer, o ponto mais ocidental da Cornualha e de toda a ilha. Um ponto mítico no Reino, usado frequentemente para definir eventos beneficentes com percursos entre os dois extremos, desde o norte – John O ‘Groats, até ao sul – Land’s End, de “end-to-end”. O céu era uma luta de nuvens que deixavam transparecer uma luminosidade quase surreal. Havia gente por ali, e festa e tudo, mas ninguém parecia reparar naquele céu deslumbrante! O fim da Inglaterra estava lindo!”

(in Passeando pela Vida – a página)

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Ao longe podia ver a famosa “última casa da ilha”!

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E junto a mim a famosa placa!

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Não resisti, como não gosto de selfies, que deformam a cara toda à gente por serem tiradas de muito perto, depois de montes de pessoas me pedirem para lhes tirar fotos, pedi eu também que me tirassem uma foto a mim!

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E captei uma imagem para fazer conjunto com a placa de John o’Groats!

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Por ali não faltava festa, coisas para comprar e gente a passear, apesar do frio e do vento!

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Também não faltavam registos de eventos passados, personalidades que foram até ali!

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E o registo da distância entre Land’s End e a terra de cada viajante que ali se desloque! Fiz uma rodinha vermelha na foto…

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… e ampliando a coisa, na rodinha vermelha que eu fiz na foto, lá estamos nós: Faro, Lisboa e Porto!

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Captei uma última perspectiva do local, estava a noitecer e eu tinha de voltar a subir até Cardiff… O cenário tornou-se perfeito para mim, a placa, a ultima casa, as nuvens inspiradoras! Foi um bom momento, aquele em que me despedi!

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Atravessei a festa de piratas que havia por lá,

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E fui encontrar a minha bonequinha acompanhada por uma BMW americana de Oregon que, pelo aspeto e pelos autocolantes, já percorreu mais de meio planeta!

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E tinha um autocolante de Portugal!
Uma pena não ter encontrado o condutor que, pelos 2 capacetes visíveis, estaria acompanhado com pendura! Provavelmente estariam hospedados no hotel, já não estava ninguém com aspeto de motard por ali em volta!

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Para memória futura, a minha bonequinha e o Hotel Land’s End!

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Mais à frente encontrei os vestígios celtas que faltavam para marcar a tradição!

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Lá estavam as célebres cruzes!

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E tinha quase 400 km para fazer até Cardiff, podia vê-los no GPS!

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Cheguei de noite a casa, depois de algumas peripécias na estrada, que me deixaram a sensação de que receberia mais dia, menos dia uma multa de excesso de velocidade em casa… até hoje não chegou, mas ainda pode vir a caminho… ainda pode vir!

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E foi o fim do 24º dia de viagem


de Cardiff até Londres!…


22 de agosto de 2014

Tinha chovido de noite, mas nem assim o ambiente era menos bonito no hostel onde eu ficara. Recantos de jardim, com flores e plantas, sempre me atraem para ficar um pouco, acompanhada de um chá quente e o meu caderninho de desenhos!

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Ao tempo que eu não desenhava a caneta sépia, uma cor que eu usava muito antigamente, quando o espaço na moto era muito pouco e eu levava apenas um lápis, uma caneta e um caderninho de desenho! Depois o espaço foi aumentando e os materiais diversificando, mas volto àquela cor a cada passo, em desenhos rápidos e gosto!

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Depois de uma noite de chuva, o céu estava límpido e azul, como se ela tivesse lavado tudo muito bem! Do outro lado do rio Taff ficava o Millennium Stadium, que é o principal estádio do País de Gale. É enorme, já foi o maior do Reino, julgo que o maior hoje é o Wembley.

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Imponente! Tinha de lhe dar a volta cada vez que saía de casa, por isso naquele dia dei-lhe mais uma volta, já que não o visitei, vi-o de todos os ângulos por diversas vezes!

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Naquele dia eu iria até Londres. A sensação de estar a voltar para casa era tão presente que só me apetecia dar mais uma volta e outra e não voltar!

Mas daria uma volta e outra e seguiria para a capital, que esta vida não se faz apenas de passeio… infelizmente!

E uma das voltas que eu daria, seria para tentar ver a Llandaff Cathedral por dentro, já que quando lá estivera 2 dias antes ela estava fechada!

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Desta vez desci a rua que leva até pertinho dela, com direito a todo o espaço do mundo para a minha bonequinha ficar enquadrada com a igreja!

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E se o exterior era aquela imponência antiga que eu já conhecia..

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o interior da igreja era curioso, com uma construção cilíndrica lá em cima, como que a encimar um pórtico! Aquela gente lembra-se de cada coisa!

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Alguém tocava órgão enquanto eu me preparava para passar aquela espécie de fronteira sagrada para um lado qualquer!

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Apesar das coisas que lhe acrescentaram a igreja é linda e o altar luminoso com o sol nascente, como numa igreja deve ser!

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Aquele santo enorme em cima da entrada para o altar é que não me deixava sequer raciocinar!

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E era ao lado do santo enorme que o tocador de órgão estava! Aquela catedral tem uma grande tradição de organistas e coros!

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Ali ao lado ficava uma parte bem mais civilizada do cemitério, que eu tive de espreitar rapidamente!

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Oh, e lá estavam as cruzes celtas lindas! Afinal Cardiff é a capital do País de Gales, que é um dos caminhos celtas!

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E só então comecei o meu caminho na direcção da capital!

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A paragem seguinte estava marcada na minha agenda havia muito tempo, por isso não foi por acaso que eu passei ali, subindo o mapa em vez de ir direta a Londres! Havia algo que eu queria muito ver em Tewkesbury…

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E lá estava ela, no meio de uma belíssimo relvado com árvores centenárias a fazer a receção a quem chegasse!

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Sim, era mais uma igreja que eu queria ver, mas não era uma igreja qualquer!

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Era só uma das igrejas mais bonitas que se possa imaginar!

“Há momentos gloriosos numa viagem, quando a beleza transcende os nossos sentimentos e provoca profundas emoções! Assim aconteceu quando entrei na Tewkesbury Abbey, a Abbey Church of St Mary the Virgin, um monumento à beleza e à grandiosidade da obra humana para elevar a obra de Deus! Sinto-me sempre tão pequena e insignificante junto de uma construção daquelas, um exemplar único da arquitetura românica no reino com pormenores únicos na Europa, como a grande torre central. Quantos anos tem? 900? Uma beleza antiga e eterna…”

(in Passeando pela vida – a página)

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“A Abbey Church of St Mary the Virgin, ou simplesmente Tewkesbury Abbey, é um edifício espantoso! Construída entre os séc. XI e XII, possui a maior e mais espantosa torre românica de toda a Europa. O seu interior é deslumbrante, tudo combinava para me encantar, desde as luzes até à música que se fazia ouvir. Andei por ali a vaguear, fotografei-a de todos os ângulos, tentei desenha-la, mas o que eu queria mesmo era estar ali, apenas estar! Um espelho, estrategicamente posicionado no início da nave, permite apreciar o magnífico teto sem erguer a cabeça, mas eu andei por ali de nariz no ar até ficar com tonturas! Tudo é tão bonito…”

(in Passeando pela vida – a página)

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Que coisa mais bonita!

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Não sei quanto tempo fiquei por ali, mas foi muito, a considerar pelas horas que passam nas fotos que tirei!

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E a fachada é impressionante, com enormes janelas em vez de uma rosácea!

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Finalmente lá me pus a andar dali para fora! Estava cheia de fome e o tempo a passar sem que eu fizesse o menor esforço por ir comer! Uma coisa boa que aquele país tem para comer, são as empadas! Uma delícia, com recheio de carne e legumes, não são nada enjoativas e são enormes!

Bora lá às empadas que têm espeto de rissóis mas são gigantes! Eu já as conhecia de outras andanças, quando estivera em Stratford-upon-Avon da última vez!

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Stratford-upon-Avon, a terra de Shakespeare!

Desta vez consegui fotografar a casa do homem sem uma multidão de pessoas a fazer pose em frente, para a fotografia!

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O famoso bobo, retirado de uma peça de Shakespeare, à entrada da rua antiga…

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Acho que toda a gente que vai a Stratford tem uma foto junto do bobo e outra junto da casa do homem!

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Toda a gente, nem por isso! Eu não tenho!

Peguei na minha empada, que não tinha fim, e fui-me sentar junto da casa mais famosa daquela terra e pude acompanhar um bom pedaço do que é o dia ali: fotos e mais fotos junto da casa!

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Em frente fica uma loja onde é sempre Natal! Pelo menos é tudo o que lá se vende: enfeites de Natal, mesmo em agosto!

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Lá também havia quem se pusesse em pose para a foto!

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E aquela rua é uma permanente animação, com gente que vai e vem todo o tempo!

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Não admira, porque para além de ser uma terra famosa pelo seu habitante mais ilustre, é muito bonita, cheia de construções medievais extraordinárias, com pormenores encantadores!

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A gente pode até imaginar o próprio Shakespeare a passar ali ao lado, de tão perfeito enquadramento da época se preservou!

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Quando voltar a passar ali vou ficar num hotel daqueles!

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Desta vez eu não tinha tido qualquer dificuldade em estacionar a minha motita, bem no meio da rua, junto de outras “coisas com duas rodas”!

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Ela tinha despertado alguma atenção, havia gente parada a olhar para ela quando eu cheguei perto! Fico sempre orgulhosa quando isso acontece!

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E sai uma selfie enquanto espero para passar no meio do transito!

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Havia outra coisa que eu queria visitar ali: a Anne Hathaway’s Cottage.

Ali tive de pagar parque, fica original a minha motita com um bilhete pendurado nela!

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E lá estava a casa!

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“A Anne Hathaway’s Cottage é considerada uma das casas mais românticas da Inglaterra porque ali Shakespeare namorou Anne, a sua futura esposa. Uma casa do séc. XV com algumas atualizações posteriores, já que pertenceu à família até ao séc. XIX. Shakespeare tinha apenas 18 anos quando casou com Anne, que era mais velha uns 8 anos do que ele. Já na época ela engravidou e eles tiveram de casar rapidamente, pois era inaceitável haver filhos fora do casamento em pessoas de bem! Embora mais velha que o marido, ele faleceu 7 anos antes dela. A casa é muito bonita e os jardins muito grandes, cheios de árvores de fruto que eu fui “depenicando” ao passar. Perto da casa há um banco que é uma escultura, que lembra uma gôndola, e foi criada inspirada no “Mercador de Veneza”, uma peça de teatro de Shakespeare.”

(in Passeando pela vida – a página)

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Os jardins são interessantes e levam-nos em passeio romântico de uns lados para os outros!

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A casinha é tão encantadora que eu simplesmente não conseguia afastar-me dela!

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Fotografava-a e voltava a fotografar, desenhava-a e voltava a desenhar, e quase me esquecia de ir ver por dentro!

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E se por fora parece uma casinha de bonecas, por dentro ela é mesmo!

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da “gôndola” o enquadramento era tão bonito!

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E dali eu fiz alguns desenhos também, para além de me fazer fotografar!

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Mas na redondeza tudo é tão bonito, até as simples casas de habitação dos vizinhos!

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E o dia estava tão bonito que eu não resisti a ir a outro destino que tinha em mente havia muito tempo!

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Lower Slaughter, mais uma terrinha de histórias de encantar que eu queria tanto ver!

Mas nada do que esperava se assemelhava realmente ao que encontrei! Porque, para além de uma vilazinha linda, que eu pensei que era apenas uma aldeia, as pessoas eram tão acolhedoras e simpáticas que me apeteceu ficar por ali mais tempo! E foi o que acabei por fazer!

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Quando cheguei, pela margem direita do rio, as pessoas pararam! Eu tive a sensação de que tudo parou, pois quem estava na rua do outro lado do rio, ficou a olhar, seguindo a moto à medida que eu passava à procura de um lugar para parar. Fiquei apreensiva com a reacção, mas depois as pessoas sorriam para mim quando eu comecei a caminhar por ali, de máquina fotográfica em punho!

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O rio Eye parece apenas um pequeno riacho desenhado por medida para atravessar a localidade, com a dimensão certa, sem perturbar nada e ainda tornar tudo mais encantador!

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A igreja dedicada a St. Mary the Virgin, de origem ni séc. XII, mas reconstruída no séc. XVIII, também está lá “por medida”!

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Uma terrinha linda não estaria completa sem uma igreja encantadora!

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E as casinhas nas margens do rio espantosamente perfeitas, em pedra clara iluminando o ambiente!

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Então quando cheguei ao moinho de água, com a sua roda e a chaminé, e puxei do meu livrinho, acho que foi o espanto total! Eu já nem sabia se devia desenhar ou seguir o meu caminho, pois varias pessoas se chegaram descaradamente a mim para ver!

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Acabei por lhes dar o prazer de me verem desenhar o que era património seu! E foram momentos bem passados no final, acabando por conversar um pouco com as pessoas e desenhar outras casas na redondeza!

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E sim, havia por ali gente, mas fizeram o favor de se afastar para eu poder tirar fotos e desenhar sem ninguém na frente! Tão queridos! Claro que me servi da sua simpatia e desenhei algumas perspectivas com pessoas na frente!

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Foi tão bom ter ido ali! Deixou um sabor tão agradável de simpatia e gentileza, que fiquei com vontade de lá voltar!

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E o dia estava a acabar em paisagens tão inspiradoras, como eu gosto tanto que aconteça em viagem!

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E então segui para Londres, sem querer fazer mais nada senão saborear todos os encantos daquele dia. Eu estaria em Londres tempo suficiente para não precisar de me apressar em visitar a cidade a correr naquela noite!

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E foi o fim do 25º dia de viagem…


Londres!…


23 de agosto de 2014

Tirei o dia para ver Londres!
Melhor, para ver o que não tinha visto de Londres, porque a cada vez que ali passar terei sempre coisas novas para explorar.
Só assim uma cidade nunca perderá o interesse para mim… Eu não estava hospedada muito longe do centro, mas não poderia deixar a moto onde estava, tinha hora marcada para poder ficar estacionada, até às 8.00h da manhã. Por isso peguei nela e foi para o centro. As motos ainda são os veículos que mais facilmente podem circular pela cidade, todos os outros têm bastantes restrições.

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Eu gosto muito de conduzir pela cidade, andar no meio do trânsito, mesmo que seja caótico. Gosto de ver como funciona a cidade, como se comportam as pessoas, como vestem, o que fazem pela manhã…

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Era fim-de-semana, a cidade encher-se-ia de turistas e de gente a passear, porque quando está sol, não há inglês que se prese que não venha para a rua aproveitar o sol e o céu azul!

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Naquele dia eu iria encontrar-me com um amigo do Facebook a viver em Londres no Ace Café, por isso passei por lá a ver se ainda sabia o caminho, não fosse à última da hora perder-me na noite e não dar com ele!

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Entrei.

Não havia muita gente por lá, mas havia a gente suficiente para um ambiente simpático.

Quando saí, um casal observava atentamente a minha moto, conferia os autocolantes e apreciava-a de todos os ângulos. Eram galegos e fizeram-me uma festa! Fizemos uma festa todos a bem dizer! Eles entendiam muito bem o português, como galegos que eram, e ficaram muito felizes por descobrir que a moto era mesmo portuguesa e a condutora uma mulher!

Os presentes olhavam divertidos para nós os 3 sem entenderem a nossa conversa mas percebendo a nossa alegria. Aproveitei para tirar umas fotos com a moto em frente ao café, que das últimas vezes que lá estivera não conseguira por ser de noite!

Claro que não faltou quem me tirasse fotos a mim também junto da moto! Fantástico! Eu, que nunca fico nas fotos, ao menos que tenha uma foto junto da moto no Ace Café para a posteridade!

As motos estão por todos os lados na cidade e eu lá me fui arriscando a levar com uma multa nos olhos por fotografar de cima da minha!

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Havia coisas que eu queria ver na cidade que ainda não tinha visto! Há sempre afinal! Como a Westminster Cathedarl! Porque da Westminster Abbey não falta assunto é famosa pelos eventos reais que lá se realizam, é anglicana e faz uma diferença de 9 séculos em relação à Catedral, que é católica e bem mais recente. A Abadia é do séc. XI para a Catedral do séc. XX.

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O edifício é muito bonito, todo em tijolo vermelho no exterior e, no interior, cheia de mosaicos impressionantes. Estava a realizar-se um casamento e não era permitido andar muito pelo interior, por isso limitei-me a dar uma volta lá por dentro…

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Impressionante!

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Tentei tomar atenção à celebração, acho sempre piada ouvir as mesmas orações em línguas diferentes! Eram em tudo iguais às nossas!

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As capelas laterais dedicadas a diversos santos são tão impressionantes quanto a nave principal!

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Havia ali um parvo qualquer que chamava a atenção de todos os que entravam para não se aproximarem da frente da igreja por causa do casamento, claro que para estar à porta a ser indelicado com quem entrava, não podia andar atrás de quem passeava, por isso deve ter tido vários ataques do coração a cada vez que eu ia mais um pouco até à frente! Mas quando as pessoas são estúpidas comigo eu tendo a ser um bocado indiferente às suas ideias… sorry!

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Em frente fica uma construção imensa em vidro, um centro comercial que, não sendo nem fechado nem ao ar livre, proporciona perspectivas interessantes da sua arquitectura de vidro. Curiosamente não é permitido fumar ali, embora não seja um espaço fechado.

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A bem dizer o Reino Unido anda a tomar medidas drástica contra o tabaco, já que está a tratar de legislar a proibição de fumar mesmo dentro de automóveis particulares! Um dia não se poderá fumar nem dentro da própria casa…

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E fui passear para o centro, onde tudo se passa e onde está tudo o que um turista quer ver! Olhando de longe por cima da multidão e da trapalhada, podia-se ver logo um pouco de tudo!

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As voltas que eu dei até conseguir parar a moto sem transgredir nada! Nessa procura de um lugar passei por uma moto de emergência médica. O homem ficou a olhar para mim e eu voltei a temer levar com uma multa por o estar a fotografar de cima da minha moto, mas ele não veria a minha matrícula e estava demasiado ocupado para me registar… digo eu! Eu simplesmente não podia ficar indiferente, ainda por cima a moto era uma Pan European prima da minha! Linda!

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E lá estava, agora sim, a Westminster Abbey, a famosa!

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“A Westminster Abbey é aquela construção que é quase uma personagem na história do Reino! Ali se coroam, se casam, se enterram os monarcas! Pertinho do parlamento e do famoso Big Ben, é um apontamento de história antiga que se visita com todo o respeito. Andei por ali como quem passeia por uma imagem de televisão ou um postal ilustrado, não fossem as muitas pessoas que perturbavam o clima cénico do espaço. A construção é gótica, do séc. XI, e está cheia de túmulos! A quantidade de gente que ali está enterrada enchia um cemitério convencional. Quando me questionarem como não me incomoda passear num cemitério, eu perguntarei como não incomoda passear numa catedral medieval cheia de túmulos? Não se pode fotografar lá dentro, mas eu roubei uma ou duas fotos… apenas para registar o momento! A catedral é linda e é como um grande livro de história, que se conta a cada passo que se dá pelo seu interior…”

(in Passeando pela vida – a página)

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A gente leva o áudio-guia e vai catando por ali, no meio de uma multidão de turistas, sem poder apreciar cada recanto como seria desejado… uma pena!

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Ao menos nos claustros ninguém nos impede de fotografar e, claro, não faltam turistas frenéticos a tentar subir nos parapeitos e nos muros para tirar fotos, como se estar no chão não fosse coisa boa para a foto…

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À saída ainda roubei uma foto do Trono de Eduardo, o Confessor. King Edward’s Chair, o trono onde todos os reis britânicos são coroados desde o séc. XII.

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É sempre estranho passar-se por cima do tumulo de uma grande personalidade, como Winston Churchill, para se entrar e sair de um local…

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Na fachada de uma catedral gótica é comum encontrarem-se figuras, como na catedral de Notre Dame de Paris com a sua Galeria dos Reis. Ali as figuras representam os mártires do século XX, aos quais se juntam a Verdade, a Justiça, o Perdão e a Paz, em formas humanas, uma simbologia que pretende abarcar todos mártires que continuam a existir a todo o momento, pelo mundo fora

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“Eu estive tanto tempo dentro da Westminster Abbey, ouvi todas as histórias e explicações do áudio-guia, fui e voltei, “roubei” alguma fotos e deliciei-me! Quando saí era já dos últimos visitantes e as pessoas saiam diretas para o portão que se fecharia a seguir, mas eu queria ver mais um pormenor ali ao lado. Junto do muro, no chão, no pátio que se forma aos pés da catedral, uma discreta mas lindíssima homenagem a quem morreu inocente, vítima de opressão, violência e guerra… Muitas pessoas passaram sem ver e tentavam fotografar através das grades da parte de fora do muro. Há pormenores que me prendem a atenção, mais que alguns grandes monumentos…”

(in Passeando pela vida – a página)

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O céu continuava lindo cá fora e as perspectivas da fachada da catedral ficavam deslumbrantes em contraste com o céu azul! Eu tinha de aproveitar aquela luz e cor para ver a redondeza!

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Que lindo dia para passear e para desenhar! Eu tinha de ir ver as coisas do outro lado do Tamisa e, quem sabe, tentar desenhar um pouco, se não estivesse tudo cheio de turistas!

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Londres é linda com sol!

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O Big Ben é impressionante! Foi construído no séc. XIX em estilo neogótico e foi baptizado com o apelido do ministro das obras publicas que ordenou a sua construção! Curioso, se fosse baptizado com o nome do homem chamar-se-ia Benjamin, como levou a alcunha ficou Big Ben até hoje! eheheheh

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E lá estava ele em contraluz, visto do outro lado, mesmo por cima da ponte!

Curiosamente a torre tem vindo a inclinar com o tempo, sendo hoje de meio metro no topo em relação à base. Parece que não é nada de preocupante nem nada que a faça vir a ficar parecida com a torre de Piza, mas como se desconhece a razão, há que investigar, não vá ela aumentar o ritmo de inclinação que já leva e que é, segundo dizem, de quase 1 milímetro por ano.

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Fui atravessando a Westminster Bridge e olhando para o perfil do parlamento magnífico! O sol e as nuvens criam enquadramentos verdadeiramente dramáticos e impressionantes!

Do outro lado, ao longe o London Eye, que não visitaria, afinal já lá estivera da última viagem ao país!

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E são momentos mágicos como este que me fazem sentir uma privilegiada por vezes, quando o mundo em meu redor se silencia por completo e eu me deslumbro com um cenário de paraíso, como se ele fosse criado para mim e ninguém mais existisse para além dele e eu!

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Peguei no meu livrinho panorâmico e desenhei…

A tinta-da-china era a técnica que mais me inspirava para captar aquele contraluz espantoso, que recortava o edifício do palácio de Westminster contra um céu luminoso e fantástico! O problema era só que ela demora um bocado a secar e havia gente demais perto de mim. Peguei no outro livrinho e desenhei de novo mas num enquadramento mais próximo! Escrevia eu no meu Facebook:

“Desta vez eu passeei tão calmamente por Londres que me fartei de desenhar, mas os desenhos em silhueta foram os que mais gostei de fazer, as nuvens inspiradoras provocavam este tipo de enquadramentos, quer na máquina fotográfica quer nos meus livrinhos. Encostava-me ao muro na berma do Tamisa, pousava nele o meu livrinho de folhas demasiado longas para me permitir desenhar decentemente em cima dos joelhos e, com a caneta e o pincel, o perfil do parlamento e do Big Ben aparecia tão facilmente, que apetecia fazer uma dúzia de pinturinhas semelhantes, em cada perspetiva da paisagem. As pessoas aproximavam-se para ver o que eu estava a fazer, umas vezes eu afastei-me, mas outras deixei-as ver e voltei a ter clientes para comprar as minhas mini-obras! Ahahahah”

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Não, não vale comparar os desenhos com as fotos que eu não sou uma máquina fotocopiadora!

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E por aquela ponte a gente pode ver tudo! Desde uma fulana que tirou a roupa toda, ficando em biquíni para uma foto com o Big Bem como fundo (claro que era gira senão não o faria, ainda por cima nem estava calor nenhum!) até casamentos, cheios de convidados, noivos e fotógrafos a tentar apanhar os melhores enquadramentos por entre o meio dos turistas aos milhares!

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E a infinidade de fotos que eu fui tirando por ali!

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Até chegar à estátua de Ricardo coração de leão!

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“Junto ao Palácio de Westminster, fica a estátua de Ricardo I. Um belíssimo enquadramento para o rei tão querido e lembrado, tanto no Reino como na França, onde viveu a maior parte do tempo em que estava quieto e não andava em batalha. Um herói eternamente respeitado, que mesmo antes de ser rei, era já conhecido e respeitado como Ricardo Coração de leão, o título que o identifica na escultura equestre. As casas do Parlamento servem-lhe de cenário e as grades de protecção, que têm todo o ar de provisórias, mas estão ali em serviço perante, para ordenar as longas filas de visita ao edifício, não deixam ninguém aproximar-se da estátua, uma pena para quem a quer ver de perto, uma sorte para quem a quer ver sem ninguém por perto.”

(in Passeando pela vida – a página)

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O palácio estava fechado… terá de ficar para uma próxima visita à cidade!

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Aquilo parece uma igreja! Na realidade aquele palácio é um dos parlamentos mais míticos, maiores e mais espantosos do planeta! Por isso eu terei de lá voltar para o ver por dentro!

Dizem que tem 1.000 salas e 100 escadarias! Ui! O estilo gótico dá-lhe aquele ar de catedral impressionante, foi reconstruído, ou construído, dado que o anterior fora destruído pelo fogo e este foi feito de raiz, no séc. XIX, mas a sua fama e importância faz parecer que sempre existiu!

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Não resisti a desmontar da moto rapidamente, enquanto esperava que as pessoas passassem na passadeira e tirar uma foto à minha Ninfa com o coração de Londres como fundo!

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E fui passear por aquela que é uma das maiores cidades da Europa! A 3ª, dizem!

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Há muito que a London bridge deixou de me impressionar, desde que a vi pela primeira vez e percebi o quanto ela fica aquém do que as imagens me transmitiam!

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Mas atravessa-la é sempre uma sensação única. Até porque não há outra igual!

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E estava na hora de ir até ao Ace Café, onde eu começara o dia e onde o acabaria!

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Mas não foi lá que jantamos. O simpático casal Jose Garcia e a Silvia levou-me até ao Centro Galego de Londres!

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Onde pude matar saudades da comidinha e da cerveja galega que é muito boa!

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O movimento do restaurante/bar é bem ao estilo ibérico, nada british! Eheheh

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A minha motita ficara no Ace Café, com aquela gente a questionar-se se eu a teria simplesmente abandonado ali! Quando a fui buscar não havia lá ninguém.

Os londrinos não são tão noctívagos como nós!

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E fui para casa, que naquele dia ainda seria em Londres, e foi o fim do 26º dia de viagem.


– The Wembley Stadium!…


24 de agosto de 2014

O prazer de nada fazer também se faz sentir em viagem, por isso é que eu vou deixando dias vazios no meu caminho para preencher com aquilo que eu quiser fazer no local. E aquele dia foi, literalmente, um dia para o que me deu na telha!

Um dos locais que eu queria ver era os estúdios de Abbey Road, desde a última vez que estive na cidade que deixei para outra vez… e ainda não foi desta que os visitei por dentro. Terá de ficar para a próxima, planeando direitinho e fazendo a marcação da visita antecipadamente.

Abbey Road, foi também o nome de um dos álbuns dos Beatles, gravado nos estúdios e, se estes já eram famosos tornaram-se então míticos pelo mundo inteiro!

Quando se passa ali durante o dia, percebe-se logo que estamos junto de um recanto famoso para caramba, cheio de chineses e turistas frenéticos que só querem ser fotografados perto!

As grades do pátio do edifício estão cobertas de inscrições, que me fizeram lembrar as inscrições do pátio da casa de Julieta em Verona! Uma loucura!

Há cartazes a pedir para não escreverem mas o povo é louco nestas coisas! Pus-me a apreciar a obra!

Não havia ninguém aquela hora da manhã por ali, por isso aproveitei para tirar uma ou dias fotos com a minha moto na passadeira mais famosa do mundo!

Esta passadeira foi considerada património britânico em 2010 e diariamente ali passam milhares de pessoas pelo momento mítico da foto do disco dos Beatles que se fizeram fotografar ai há 45 anos!

A minha motita esteve parada mesmo na porta dos estúdios! Numa próxima vez que lá volte, ficará estacionada dentro do pátio mesmo, enquanto eu visitar tudo por dentro, prometi-lho terei de cumprir!

Depois pus-me a curtir a condução pelas ruas pouco concorridas àquela hora da manhã, aproveitando que estava sol e era Domingo! Um belíssimo dia para se andar sem preocupações pela cidade e arredores! Boa, arredores! Wembley, I’m coming!

“Visitar o Wembley era um objectivo já antigo. O estádio mítico onde se realizaram concertos que ficaram para sempre na história, como Live Aid em 1985 e os nomes são muitos e grandes: Metallica, Coldplay, Green Day, George Michael, Foo Fighters, Madonna, Oasis, Take That, AC / DC, Nuse, ou os Bon Jovi. Sim, os eventos desportivos são míticos também, mas foi a música que me levou ali, ao maior estádio do Reino Unido, com capacidade para 90.000 pessoas… eu queria sentir a sensação de ali estar, conhecer a história, catar os recantos, mesmo não tendo podido lá ir no tempo o antigo, esse sim, o do Live Aid ele mesmo…”

(in Passeando pela vida – a página)

Lá estava ele! Dizem que aquele arco é visível a partir de toda a cidade!

Como a minha motita era pequenina junto daquele monstro de betão, metal e vidro!

Só para lhe dar a volta demorei um bom tempo! Porque é grande, porque a área de estacionamento é imensa e porque não conseguis simplesmente seguir em frente sem parara todo o momento para olhar para ele!

Estacionei algures junto das portas principais, onde os adeptos se separam por diverso níveis de entradas para se dirigirem aos seus lugares e fiz eu mesmo um percurso de entrada, embora solitário.

Claro que entrei pela porta principal, aquela que dá para o museu e exposição de troféus, claro!

A estátua de Bobby Moore à porta, um dos maiores jogadores de Inglaterra…

Linhas de mármore ou granito polido, separam as grandes lajes de cimentos, com gravações de todos os grandes eventos ali realizados, desde que o primeiro estádio foi edificado.

E lá estava ele…

Eu voltaria a entrar na bancada, mas a sensação de ver o campo logo, apanhou-me quase de surpresa! É enorme como prometido!

Não resisti quando alguém se ofereceu para me fotografar com o estádio de fundo!

Então perdi-me na galeria das fotos dos momentos míticos do estádio, com imagens do antigo estádio que foi inaugurado em 1923 e demolido em 2003, para ceder lugar ao novo Wembley!

ou da abertura dos Jogos Olímpicos de 1948.

A visita do Papa João Paulo II em 1982 com 70.000 pessoas presentes

ou o tributo a Nelson Mandela em 1990…

Mas também, e sobretudo, os concertos míticos que ali tiveram lugar como o Live Aid em 1985 para 70.000 pessoas,

Madonna, em 1990 actuando para 74.000 pessoas

Os U2, em 1993, o ano em que os vi, cá em Alvalade, pouco antes de eu partir para estudar na Suíça.

David Bowie, em 1987

Os Rolling Stones em 1982

Os Metallica em 2007

Os Coldplay em 2009

Pronto, ok, eu não vou mostrar aqui todas as imagens fantásticas que contam a história daquele estádio… mas foi muito por elas que eu lá fui…

E fui também para ver tudo, então chegamos à sala de conferência de imprensa e eu fui a primeira a ser convidada para a fotografia no lugar nos técnicos! Fixe!

Estávamos a descer até ao nível dos balneários onde nos espaços de cada jogador são colocadas camisolas de grandes jogadores que já ali jogarem!

Naturalmente aquilo tem tudo muito bom aspeto, afinal o estádio tem apenas 7 anos de uso, tudo é novo por ali!

E chegamos ao relvado! Ninguém o pode pisar! É perfeito e alto em relação ao solo onde estamos, como uma imenso altar verde!

E a sensação é que somos tão pequeninos!

Quando há concertos ali eles tapam o relvado com placas perfuradas e a relva cresce através delas, dando a sensação de que o relvado está desprotegido, pois de longe fica tudo verde.

Os 107 degraus que levam até à tribuna para entrega dos troféus! Já foram 39, no antigo estádio! O que os campeões têm de correr para chegar lá acima, apenas antecipa o momento de glória tornando-o mais duradouro!

E a grande taça (confesso que não sei qual é nem se é verdadeira) está ali para quem quiser ser fotografada junto, numa foto à venda à saída.

Esqueci-me de procurar a minha!

Na entrada, que também era saída, havia leões feitos dos mais diversos materiais!

Como um centro comercial, onde a gente vê uma exposição de leões, coisa banal! 😀

O leão da casa inspirador: Arrisque tudo!

Voltei ao mundo real ou pegar na moto de novo, fui deslizando pela rua sem saber ainda onde iria, quando passei do outro lado da via rápida do Ace Café!

Ainda havia tanta coisa que eu queria ver naquele dia!


– The Chelsea Football Club Stadium!…


24 de agosto de 2014 – continuando

Já que estava numa maré de futebol, peguei na moto e vim por ali abaixo. Aquele dia foi feito disso mesmo, de ir e vir sem nexo aparente, senão apenas uma sequência de sítios que fui decidindo ver, uns depois dos outros, sem qualquer planeamento prévio!

E o que eu tinha em mente ficava por trás de casas, hotéis e ruelas insuspeitas, bem no coração da cidade!

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Eu tinha passado ali no dia anterior e todos os acessos às ruas residenciais estavam barrados com grades de metal. Percebi que havia jogo e a ideia devia ser impedir o estacionamento por todos os lados e recantos junto das casas de quem ali vive!

Mas isso fora no dia anterior, porque naquele dia, ninguém diria que estivera ali uma bagunça! Tudo estava calmo e não tive qualquer dificuldade em estacionar a moto, aliás o recinto é pequeno, rodeado por casas mas tem um parque para motos e bicicletas!

Havia motos escondidas atrás da casinhota das bicicletas, mas eu nunca gosto de esconder a minha motita! Gosto de a ver à primeira olhadela e que toda a gente a veja, assim tenho a certeza que ninguém lhe vai fazer cocegas na barriga sem o meu conhecimento!

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E fui visitar mais um estádio! Um estádio de campeões!

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Depois de visitar estádios como o Manchester e o Wembley, cheios de espaço envolvente e interior, o Chelsea fica apertado no meio da cidade!

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Andei por ali a catar a redondeza pelos túneis de entrada para o campo que parecia não ter espaço para caber…

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Mas há espaço para tudo! O museu, cheio de troféus e camisolas da equipa ao longo dos tempos, mas também de grandes nomes que ali passaram.

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Até tive quem me tirasse uma foto ali no meio das vitrinas dos troféus!

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E então apareceu o nosso guia, um senhor que contava tantas histórias sobre futebol, jogadores, visitantes, grandes campeonatos e troféus míticos! Muito interessante, numa visita cheia de interesse!

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Também ali entraria em diversos momentos no campo, quer pela bancada que depois até ao relvado!

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“Eu não podia passar sem ir ali!
O estádio é muito antigo, foi fundado no início do século XX e mantém muito do original. Precisava de crescer como espaço relvado e bancada, mas não tem como, pois está situado no meio da cidade, rodeado de habitações e comércio. Uma luta que vem travando para tentar expandir-se sem mudar de local, mas é muito difícil! Foi uma sensação entrar ali. O guia, um senhor com alguma idade, era excelente e, quando perguntou a nacionalidade de cada uma das pessoas que compunham o grupo de visita, parou em mim, quando eu disse que era portuguesa. Fez questão de me fazer sentar na cadeira do Mourinho, no espaço destinado aos técnicos. Foi muito bonita a visita a um estádio mítico que exibe uma camisola do Eusébio, nos balneários dos clubes visitantes, que ele deixou de uma das vezes que lá jogou. Foi uma sensação ouvir o guia explicar que ele foi um dos melhores jogadores de sempre. As pessoas olharam para mim, a única portuguesa presente…”

(in Passeando pela vida – a página)

E experimentei também sentar-me na mesa onde os técnicos e jogadores falam nas conferências de imprensa!

O guia contava histórias de cada jogador dono de cada camisola exposta nos balneários

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A camisola do Eusébio…

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Embora o estádio seja antigo e não possa ser remodelado quanto à dimensão e espaço, tem boas condições lá por dentro.

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Então o guia dividiu o grupo de visitantes em 2 filas, estrangeiros para a esquerda, britânicos para a direita. Depois ligou a o som e nos entramos no campo ao som do barulho de um estádio cheio de adeptos num dia de grande jogo! Foi uma sensação forte, apenas serenada por uma visão das bancadas vazias.

Logo ali ficam os lugares da equipa técnica, o senhor não deixou ninguém sentar-se no 2º lugar, voltou-se para mim e disse-me que me sentasse eu ali, que aquele lugar era para mim!

Sentei-me. “Esse é o lugar do Mourinho!” explicou ele quando me sentei.

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E a visão que o Mourinho tem sobre o relvado será parecida com esta, portanto!

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Toda a gente se quis sentar nos lugares especiais dos técnicos.

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Houve mesmo quem não quisesse sair de lá e nos deixasse à espera!

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Uma última olhada para o campo que parece pequeno demais mas que alberga um grande clube!

Cá fora há Mourinho por todo o lado e até há um diploma com a assinatura dele para quem visita o campo. Já nem sei o que fiz ao meu, mas deve andar aqui por casa algures!

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E acabou-se a minha aventura futebolística por esta viagem! Para quem não aprecia futebol até que me dediquei um bocado à exploração da coisa!

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E a cidade tem tantos encantos que fui andando por ela, observando pormenores que me fascinaram. Não sou muito de esperar para ver render a guarda, ou ir ao palácio tal porque é o que se faz em Londres! Sou mais do ir andando e ir vendo, descobrindo a cidade!

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E murais e pintura urbana sempre me agarram pelo coração!

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Paredes e muros, placards e cercas metálicas, pareciam telas gigantes…

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E o transito a completar o quadro, com os famosos táxis negros!

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A caminho de um recanto mítico de Londres!

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O Soho!

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A zona tornou-se famosa pelo ambiente nocturno, com direito a sex shops e ambiente cinematográfico. Hoje é uma zona onde se passeia por ruas pitorescas e acolhedoras.

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Não sei porquê, mas foi por ali que as pessoas mais olharam para mim! enquanto eu olhava para as paredes, para os enfeites suspensos, sentia a curiosidade das pessoas que olhavam para mim!

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A zona é mesmo simpática e cheia de curiosidades, por isso pouco me ralei com que olhava!

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Impossível não gostar de passear por ali!

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Então deparei-me com uma casa que vendia coisas de comer que mais pareciam de decoração!

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Eu sei que se fazem bolos com as mais diversas configurações e decorações, mas aquilo não pareciam mesmo nada bolos!

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Eu diria uma casa de decoração, uma florista, daquelas que fazem decorações em flores!
Mas não, aquilo come-se tudo!

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Cada rua tem a sua decoração ao estilo de recepção!

Algumas bem originais e com efeitos tridimensionais!

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E perdi-me me mais uma loja de materiais de pintura, que os ingleses têm muita variedade e qualidade na área!

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E fui jantar, mais uma vez, ao Ace Café, para não variar, que lá há boa cerveja, coisa não muito comum pela cidade!

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Recantos do espaço, no primeiro andar!

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A loja, ao lado do longo balcão onde se serve comidinha e boa cerveja.

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Estavam a preparar uma exposição de carros e a multidão estava a cumular-se por todos os lados, até ao outro lado da rua.

Como eu não aprecio de todo coisas com 4 rodas, lá me fui embora!

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No dia seguinte choveria, eu vi na televisão, por isso o que eu aproveitei naquele dia, não se repetiria no seguinte… até ao sul da ilha…

E foi o fim do 27 dia de viagem


– Margate… uma cronica de desenhos…


25 de agosto de 2014

O dia estava uma tristeza tão grande que me apeteceu voltar para a cama, assim que pus o olho na janela! Estava mesmo a ver que aquele seria o dia mais curto daquela viagem, se chovesse daquela maneira por todo o sul do país.

E assim seria, pude vê-lo na televisão ao pequeno-almoço.

A chuva nunca me perturba em tempo de trabalho, basta vestir o fato de chuva e sair e tudo está bem! Mas em viagem é ruim! A sensação de que estou a perder a oportunidade de ver mais um pouco faz-me ficar mesmo triste…

“O tempo está uma bosta tão grande que nem dá para tirar a máquina do bolso! Ainda bem que aproveitei os últimos dias de sol, uma coisa que esta vida de viagem me ensinou, nunca desperdiçar um solzinho contando que ele dure!
Mas que é uma chatice isso é, nada a fazer!
Já vi que os meus planos para catar o sul da ilha terão de ficar para outra vez, hoje so me resta correr até lá e esperar que o tempo melhore…”

Comecei a descer o país e… as coisas estavam cada vez mais tristes e deprimentes! Não valeria a pena ir a lado nenhum pois nada veria! Ainda passei no castelo de Kent, mas apenas entrei na propriedade e voltei a sair, sem nem sequer desmontar…

E fui para Margate… uma terra de praia que eu queria ver e onde dormiria naquela noite, antes de seguir para Dover e fazer a travessia.

Cheguei tão cedo ao hostel que temi que não me deixassem entrar. Eu acho que nunca cheguei tão cedo a um sítio para dormir, ainda nem eram 4.00 horas da tarde! Estava gelada, por fora e por dentro, só me apetecia ficar quieta no meu canto, e que esse canto não fosse na paragem de um autocarro qualquer!

E não foi!

No hostel a senhora recebeu-me cheia de carinho e preocupação! Levou-me até ao meu quarto, que era lindo e quente, e convidou-me a descer para um chá, assim que estivesse mais confortável. Ligou-me o aquecedor e trouxe-me mais toalhas pois eu tinha o cabelo molhado.

Eu adoro aquela gente!

Tomei um banho quente, outro naquele dia, e instalei-me. A máquina fotográfica estava tão húmida que a lente estava embaciada, por isso peguei num dos meus livrinhos e desenhei o meu quarto!

Com tanta humidade nem me apeteceu usar aguarelas, nem valia a pena pôr mais água na história!

Peguei no computador e desci, com vontade de desenhar o mundo! Sentia-me presa com tanta coisa bonita para ver lá fora!

A senhora era uma simpatía, acho que percebeu a minha frustração e encheu-me de mimos e comida. Estivemos no paleio por muito tempo, enquanto eu tomava um delicioso chá quente, acompanhado de uma série de coisas boas que ela me foi trazendo. Lembrei-me que, com toda aquela chuva, eu nem almoçara, logo aquele lanche veio mesmo a calhar!

Fui sarrabiscando um pouco o que me rodeava…

Até que o céu aliviou um pouco. Eu iria arriscar e sair um bocadinho, desenhar a rua, sei lá!
Não fui muito longe, saí a porta e atravessei para o outro lado, onde havia uma paragem. Um sítio ótimo para desenhar a fileira de casas onde ficava o hostel.

Desci depois a rua.
Levava a minha caneta de tinta à prova de água, não fosse a humidade borrar-me os desenhos. A caneta sépia borraria tudo facilmente com qualquer pinga que caísse, ou apenas com a humidade das mãos! E desenhei o cruzamento mais famoso la do lugar!

Mas foi “sol de pouca dura”, logo a seguir a chuva voltou com toda a força e eu fui a correr refugiar-me no “colinho” da minha benfeitora, que me deu um jantar decente e quente, e aquele dia ficou por ali… sem quase nada ver! Paciência!

E foi o fim do dia mais curto da viagem, o 28º… 😦


– Uma corrida da Grã-Bretanha até à Bretanha!


26 de agosto de 2014

Não sei porquê mas, da primeira vez que fui passear para o Reino Unido foi o circular ao contrário o que me baralhou as ideias, de resto tudo foi de adaptação fácil, mas desta vez se o circular ao contrário não me perturbou nada, já as distâncias fizeram-me errar alguns cálculos! Por diversas vezes me esqueci que estava a trabalhar em milhas e por isso 400milhas queria na realidade dizer 640 e tal quilómetros, por exemplo! Ora eu naquele dia tinha 419 milhas pela frente, o que queria dizer quase 675km… e isso queria dizer também que, com a travessia, eu iria ficar sem tempo para catar o que quer que fosse até chegar à Bretanha, a ultima zona celta até chegar a Espanha!

Por outro lado com o tempo ranhoso e cinzento que se mantinha, certamente não perderia grande coisa! Por isso enchi-me de comida, no último pequeno-almoço britânico, composto de bacon, salada de tomate, ovos estrelados, feijoada, cogumelos frutas, sumo e chá, entre outras coisas que a senhora me foi trazendo depois, como pão, queijo e manteiga! A dada altura eu já achava que ela nunca pararia de me encher de comida e eu não pararia de comer!

“you have to eat, you’re too skinny and the motorbike is too big!”

Eu adoro quando me chamam magrinha, sobretudo quando estou gordinha como nunca estive antes!

“I’m skinny?” eheheh

Eu podia habituar-me a ter tal tratamento todos os dias de manhã!

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O mar estava bravo e o céu quase assustador lá fora! Equipei-me para a guerra com o tempo e fiz-me ao caminho!

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Não valeria a pena parar em lado nenhum com um tempo tão feio, deixei para trás Margate e a sua Clock Tower …

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E segui para Dover para atravessar o canal!

Havia já bastantes carros em diversas filas, para o embarque,mas não se avistava qualquer moto!

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Os guardas daquilo tudo foram tão simpáticos comigo que me fizeram entrar no barco bem antes de começarem a mandar entrar os carros! Tão queridos, não me quiseram deixar ali à chuva e eu pude ver o porão completamente vazio!

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Uma sensação curiosa! Ainda por cima quando do nada apareceu logo um senhor para amarrar a minha motita ao chão, como se de uma princesa se tratasse, com direito a tratamento VIP exclusivo!

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E lá ficou ela toda catita, bem na frente do porão completamente vazio, pronta para ser a primeira a sair mal a enorme porta se abrisse!

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O porão estava todo por conta dela…

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E o barco todo por minha conta! Que sensação esquisita!

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Escolhi o melhor lugar para mim, junto de uma janela que não estivesse muito suja e se visse vem para fora. E demorou quase uma eternidade até as pessoas começarem a entrar e outra eternidade até começar tudo a mover-se!

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Não podia deixar de me sentir um pouco triste ao deixar o Reino, havia ainda tanta coisa que eu queria ver por ali e já tinha de me ir embora, ainda por cima com um tempo tão triste!

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Barcos iam e barcos vinham, aquele canal é quase uma estrada de barcos que fazem a travessia a todo o momento!

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A travessia não é muito longa nem demorada, pouco mais de uma hora, e eu estava de volta ao porão, para o encontrar repleto! Eu nem via mais a minha bonequinha, que estava completamente sozinha na frente de todos aqueles carros matulões e ameaçadores!

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Mas ela tinha feito amizade com os vizinhos e ninguém lhe tinha feito qualquer mal!

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O tempo tenebroso mantinha-se no lado de França, em Calais!

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Ao contrário da última vez que conduzi pelo Reino Unido e voltei a entrar na França, não me custou nada voltar a conduzir pela direita. Mas, por via das dúvidas, há sinais a lembrar os mais distraídos para não se esquecerem de que lado da estrada devem circular!

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Contornei o centro de Calais pelo lado do canal e segui por aquele lado mesmo, não valeria a pena explorar mais uma vez a cidade, pois já o fizera aquando da minha última travessia em 2011. E encontrei a église Notre-Dame de Calais!

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L’église Notre-Dame de Calais, uma igreja construída entre o séc. XIV e XVI, é completamente diferente de todas as igrejas francesas, porque foi construída segundo o estilo Tudor inglês. Ali se casou Charles de Gaulle em 1921, mas o que me despertou o interesse foi o seu interior visivelmente degradado.

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Questionei-me sobre o que se teria passado ali, para que o órgão estivesse espalhado às peças, ao longo da nave lateral direita e eu nem conseguisse descobrir onde ele devia estar. Não era um restauro o que lhe estavam a fazer, portanto! Perguntei a uma senhora que se aproximou de mim, atraída pelo meu interesse pelo edifício… a resposta chocou-me! A igreja estava mutilada desde os violentos bombardeamentos da 2ª Guerra Mundial e estava a ser ainda recuperada aos poucos… Eu não esperava que o passado estivesse ainda tão presente…

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E havia peças de pedra amontoadas nos cantos, e havia buracos nas paredes, onde antes deviam encaixar as bigas de suporte do coro…

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E toda a construção prometia estar em trabalhos de restauro por muito tempo ainda…

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Aquele era de certa forma o prelúdio de um passeio pelos vestígios da 2ª Guerra mundial, ao longo da Normandia, que eu iria começar no dia seguinte…

A igreja fica numa porção de terra quase completamente rodeada de água, embora fique plenamente em terra. Um canal cerca quase completamente o pedaço de chão naquele ponto.

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E ao longe eu via a torre vermelha do Hôtel de Ville de Calais.

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“O Hôtel de Ville de Calais é uma construção lindíssima! Dá-se umas voltas pela cidade sem se encontrar o edifício da câmara, que normalmente está junto do centro, e vamos encontra-lo mais além, sem que se perceba porquê! Então a história conta tudo como foi, na realidade no final do séc. XIX duas terras foram fundidas, Calais e Saint-Pierre, e a câmara foi então construída numa zona deserta entre as duas populações! Num estilo que conjuga o estilo renascentista francês e o estilo Tudor inglês, ela surpreende e encanta, para lá de um jardim cuidado onde só peca o estacionamento que não permite uma visão totalmente limpa do conjunto!”

(on Passeando pela vida – a página)

E lá estava a Torre!

“Um pormenor de construção que sempre me fascina são as torres! Torres de castelos, igrejas ou casas levam-me em sonhos de infância, histórias de encantar, filmes fantásticos. E nunca me deixam indiferente! Torres de sonhos, de arquitetura arrojada, de história de épocas em que a vida de uma construção passava pelo seu encanto exterior, decorativo e romântico. Sempre olho para cada torre como quem olha para uma obra de arte lá no topo, onde só quem é atento toma atenção… um pormenor que é, afinal, a “raça” de um edifício!”

(in Passeando pela vida – a página)

O tempo estava a melhorar e eu tinha mais de 600 km pela frente! Que belo dia para apreciar estrada atrás de estrada, com nuvens inspiradoras que mudavam de forma e tom a cada quilómetro.

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Quando percorro grandes distâncias, conduzindo seguido, tenho a sensação de que estou a atravessar o mundo, vicio-me no ato de conduzir e vou apenas apreciando a paisagem que muda a cada quilómetro, como quem olha para um documentário.

Naquele caminho imaginava que paisagens estavam para lá do que via… eu sabia que do meu lado direito começaria a passar a zona da batalha da Normandia e por ali fora as praias do desembarque…
Eu já estivera ali e agora voltava para reviver tudo de novo, amanhã, depois de uma bela noite de sono!

E foi o fim do 29º dia de viagem…


 – Um pouco da Bretanha encantadora


27 de agosto de 2014

E pronto, o Reino Unido estava para trás e eu estava de volta à bela França!
Sempre me encanto com os encantos daquele belo país e a Bretanha continua a ser um recanto que me intriga e atrai, pela sua beleza e história.

Eu estava hospedada numa “maison d’hôtes” muito curiosa, num apartamento no sótão de uma casa muito antiga e inspiradora. As vezes que eu fotografei aquelas escadas!

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E, tal como eu imaginara ao fazer uma reserva para 3 noites, era o sitio ideal para eu estar só, poder tirar as malas da moto, espalhar todas as minhas coisas por todo o lado e poder cozinhar! Esse pormenor de poder cozinhar fez-me tão feliz, depois de tanto tempo desejando comida de panela decente!

A dona da casa era muito simpática e foi-me dando coisas da horta que cultivava nas traseiras, batatas, cebolas e tomates, e eu fui fazendo os meus petiscos com tanta vontade que quase não precisaria de prato, à quantidade de vezes que ia depenicando da panela!

Depois de muita conversa ilustrada de mapas e prospectos de divulgação turística da zona, eu tinha 3 ou 4 coisas para ver naquele dia.

E a Normandia ficaria para o dia seguinte…

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Pipriac era o nome da terra onde eu estava, bem no meio da zona que eu queria explorar naqueles dias. As pessoas ficavam a olhar para mim quando eu passava. Deduzi que não estavam muito habituadas a ver alguém de capacete enfiado a visitar igrejas…

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Mas como ninguém me disse nada e eu só queria dar uma espreitadela, foi mesmo de capacete na cabeça que visitei a igreja sim senhor! Acho que não há lei eclesiástica que diga que isso é pecado… digo eu!

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E segui para uma terrinha chamada La Gacilly onde decorria um festival de fotografia…
Oh, La Gacilly é uma vilazinha encantadora, com casinhas de pedra, a lembrar as casinhas de xisto do Piódão, com os caixilhos das portas e janelas em corres vivas, e muitas árvores, trepadeiras e jardins por todos os lados!

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E como se não bastasse, realiza desde há mais de 10 anos um grande festival de fotografia ao ar livre que estava a decorrer!

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E estavam lá fotos de Robert Capa, o grande fotografo que guerra que eu tanto admiro!

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E o país convidado era os Estado Unidos, com fotos fantásticas, como as de Steve McCurry!

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Perdi-me por ali, a ver a exposição que estava por todos os lados, ruelas e jardins, e a desenhar aqui e ali uma casinha mais encantadora ou um recanto mais pitoresco!

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Porque as casinhas são mesmo muito bonitinhas por ali e apetece parar em cada recanto e desenhar!

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Depois de horas a catar o mundo da fotografia e as ruelas de casas em xisto, a vilazinha que visitei a seguir ainda me encantou mais!

“Rochefort-en-Terre figura entre os “Plus Beaux Villages de France” e isso é garantia de “coisa bonita” mas ao chegar-se lá, rapidamente se percebe que ela é muito mais que bonita: é encantadora! Há uma harmonia extraordinária entre os diversos estilos arquitetónicos que se foram acumulando e justapondo ao longo dos séculos, desde a formação do local lá pelo séc. XII. Construções góticas, renascentistas e posteriores, convivem perfeitamente para um ambiente idílico de conto de fadas. Andei por ali muito tempo, o dia estava lindo e a vontade de captar tudo não me deixava ir embora. Nem sei quanto desenhos fiz, mas fotos foram tantas!”

(in Passeando pela vida – a página)

Algumas casas ficaram associadas aos desenhos que fiz! Uma sensação curiosa que experimento hoje ao olhar as fotos!

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casinhas medievais que “coabitam” com casinhas mais recentes, renascentistas…

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Formando um conjunto encantador por toda a povoação!

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com direito a castelinho medieval e tudo a completar o conjunto!

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A igreja de Notre-Dame-de-la-Tronchaye, numa mistura do estilo românico e gótico, a condizer com a redondeza!

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“Sentir que uma viagem se aproxima do fim é sempre penoso para mim! Podem dizer que as saudades de casa têm de apertar, que eu tenho de ter vontade de voltar, que o meu coração tem de estar cá e não lá onde eu quero andar… Mas a verdade é que eu quero sempre continuar, com saudades, com vontades, com tudo, eu apenas quero continuar! Então não perco o entusiasmo, nem a vontade de ver tudo até ao fim e os últimos dias de uma viagem são aproveitados com a mesma intensidade que os primeiros, como quem vive a vida até ao ultimo momento! Assim me aconteceu quando cheguei a Rochefort-en-Terre, depois de um longo percurso de tantos quilómetros e tanta coisa explorada, eu me encantei! E sentei-me na berma de um vaso de flores, que era uma peça só esculpida num bloco de granito, na Place du Puits, e deixei-me ficar, apenas olhando. Desenhei, conversei e quis que aquele momento nunca mais acabasse e ele tornou-se eterno…”

(in Passeando pela vida – a página)

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O dia não ficaria sempre assim bonito, por isso eu aproveitei o mais possível aqueles momentos de sol, apreciando as paisagens, conversando com as pessoas e finalmente partindo para uma terra mais à frente! Era cedo e eu tinha vontade de ver mais!

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Redon lembra-me sempre o pintor simbolista francês, mas ali era uma cidade, com um centro histórico muito pitoresco!

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Aquelas casinhas todas tortas, com os travejamentos exteriores sempre me prendem a atenção!

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Fica ali no limite entre 2 províncias, o Loire Atlantique e o Lille et Vilaine e fica também numa confluência dos rios Vilaine e  Oust, que mais parecem canais que quase dão a volta à cidade!

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E há comportas e eclusas para gerir o fluxo das águas e tudo! Mesmo assim dizem que no inverno não é raro inundar-se aquilo tudo!

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A igreja tem uma torre que não lhe pertence! Sim isso existe! Aquela torre está fora da igreja mesmo!

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O corpo da igreja é essencialmente românico e a torre é gótica, um grande incêndio acabou por provocar a separação das partes e hoje a torre está ali, sozinha, mas de pé!

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Uma beleza natural como eu aprecio, sem grandes intervenções posteriores que impeçam de apreciar a construção original…

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O tempo estava a pôr-se ranhoso lá fora e isso impedia-me de explorar pormenores que aprecio, como uma série de grafitis que encontrei num recanto meio abandonado. Sempre provocam em mim aquele efeito da saudade de pegar nas tintas ou nos sprays e desatar a desenhar em grande…

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E quando o dia já estava a meter água, passei em Roche-Bernard! Uma pena pois teria apreciado tudo muito melhor sem chuva, claro!

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E segui para Guérande, uma cidade medieval que eu queria muito visitar! É conhecida por ter duas paisagens contrastantes, uma branca, por causa das suas salinas, e outra negra por causa da turfa!

O centro histórico é muralhado e é lindo por dentro! Claro que com a chuva que já era muita, fui-me refugiar na igreja!

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A origem da igreja é tão antiga que se perde na mistura de restauros e reconstruções posteriores, mas continua linda e mostrando um pouco do românico, do gótico e até de pormenores anteriores!

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Com o mau tempo lá fora deu para apreciar alguns pormenores com muita calma!

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Mas eu tinha de sair da igreja, por isso à primeira aberta fui explorar as ruelas cheias de gente e guarda-chuvas e outras curiosidades!

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Quantas vezes ando à procura de um porquinho mealheiro e não encontro nenhum e ali havia tantos!

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Coisas que encontrei por lá e que fizeram tanto sentido!

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A muralha é impressionante! Não é muito alta mas é perfeita e muito bem conservada!

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E fui embora, meio amuada com o tempo que se voltara contra mim de novo!

E de repente passei por um castelo encantado… ou pelo menos encantador!

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“Eu nunca consigo ficar indiferente a um castelo que avisto no meu caminho, paro sempre, olho sempre, tento sempre saber algo mais sobre ele e, se não puder aproximar-me, fico ali como uma adolescente a apreciar o seu ídolo inatingível até a consciência me fazer pegar na moto e seguir o meu caminho! Tudo isso voltou a acontecer quando pelo canto do olho eu vi o Château de la Bretesche “passar” ao longe, para lá de um lago que surgiu no espaço entre as árvores que faziam um muro, do lado esquerdo da rua que eu percorria! É uma construção medieval do séc. XIV que foi restaurado no séc. XIX. Que coisa linda! Mas quando descobri o que ele é hoje ainda fiquei mais fascinada! Ele foi vendido a uma empresa particular que o transformou em diversos apartamentos, onde vive gente! Ui, viver ali seria como viver num conto de fadas todos os dias, com direito a lago, jardins e até um campo de golfe com 18 buracos… céus, eu teria de deixar de viajar, só para desfrutar a sério da minha casa!”

(in Passeando pela vida – a página)

Que coisa linda!

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E depois de muito fotografar e desenhar o castelinho lá segui para casa, desejando do fundo do coração que o tempo melhorasse porque no dia seguinte eu queria ir percorrer as praias do desembarque e a chuva não seria boa companhia…

E eu que nem sou grande apreciadora de chocolate, fui-me deliciar com um bom vinho, um jantar à minha maneira e chocolate com avelãs para sobremesa! Como eu gosto da França, onde há tudo o que eu gosto de comer!

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E foi o fim do 30º dia de viagem…


– Normandia… as praias do desembarque 70 anos depois…


28 de agosto de 2014

O dia seguinte foi como uma oração!

Não importava se eu já tinha estado na Normandia, se já tinha visitado uma ou outra praia do desembarque, nada importava, apenas importava voltar lá e fazer todo o percurso como uma via-sacra, um caminho sagrado.

O aspeto do que eu queria ver era simples, famoso e cheio de indicações…

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Mas algumas voltas que eu daria seriam bem mais complexas, cheias de caminhos incógnitos ou esquecidos e sem quaisquer indicações, muitas das vezes, para além dos vestígios ainda hoje visíveis, de tudo o que por ali se passou!

Desenhei o meu próprio caminho e fui seguindo…

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Não me importava que sequencia fazer, que museus visitar, que rituais seguir, apenas me importava ver e sentir cada pedaço de caminho que eu fizesse, cada ponto que eu alcançasse!

Não quero fazer uma lição de história, porque essa toda a gente a sabe, ou pode saber, basta ir até ao Google e pesquisar um pouco, não muito, que tudo surgirá em catadupa.

**** ****

O meu pequeno apartamento em Pipriac tinha este aspeto:

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Ali tracei o meu destino daquele dia, com a senhora da casa muito preocupada porque eu iria para muito longe com a moto e ameaçava chover!

“Oh minha senhora, não se preocupe que à chuva estou eu bem habituada! Só é pena pois não dá jeito para fotografar ou desenhar!”

“Vai para tão longe não terá tempo para fotografar, desenhar e voltar hoje ainda!” – insistia ela

“Tenho sim, tempo para isso e muito mais, confie em mim!”

E é claro que tive!

**** ****

As memórias estão marcadas pelo caminho nas mais variadas formas…

“ As guerras não fazem os grandes homens, mas revelam a grandeza dos homens justos.”

Escultura dedicada a “Todos os abriram o caminho da liberdade no dia D”

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O tempo estava bem melhor do que ela ou eu pensamos e a ameaça de chuva apenas trouxe mais encanto e mistério ao meu percurso com nuvens inspiradoras sobre o mar impressionante!

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E as praias do desembarque estavam deslumbrantes…

Utah, era uma das praias que eu não tinha visitado ainda e pude caminhar pelas suas areias, levar a moto quase até elas!

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Anda-se por ali e, tal como as placas anunciam, aquilo é um museu a céu aberto! Os vestígios do “Mur de L’Atlantique” são tantos, com as baterias bem visíveis, na borda das praias, nas bermas das estradas ou mesmo em plena água…

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Como se pode pensar em guerra, morte e destruição quando se tem uma visão tão privilegiada sobre o mar?

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E a rua segue junto ao mar, placidamente como se nada se tivesse passado ali, até voltarmos a cruzar com mais um Ponto Fortificado, como aparecem referenciados… por todo o lado!

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“O seu sacrifício, a nossa liberdade”

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Havia gente muito surpreendida com a minha moto! Fizemos amizade e descobrimos que eles vinham de onde eu vinha, da Irlanda, apenas eles eram mesmo de lá e tinham chegado de ferry, enquanto eu vinha de dar uma volta bem maior!

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Logo ali fica Sainte-Mère-Église.

Havia por lá uma série de motards! E havia festa também. Eu preferi ir ver primeiro as coisas sérias.
Eles tinham ar de quem estava a beber há um bom bocado e eu não me podia render a essas tentações, ou a policia que também andava por ali, não me deixaria partir depois!

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Sainte-Mère-Église ficava no meio de toda a batalha e por isso ficou conhecida por ser a primeira cidade a ser libertada, para além da célebre história do para-quedista que ficou pendurado na torre a igreja, quando o seu para-quedas se engatou nas saliências de pedra da torre!

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O John Steele, era o homem, fez-se de morto e ficou ali em cima por muito tempo, até virem socorre-lo. Foi capturado pelos alemães, mas acabou por se libertar e ficar para contar a história!

Hoje está um boneco lá em cima, pendurado pelo para-quedas a lembrar o momento!

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Claro que fui ver a famosa igreja por dentro!

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Na rua, junto do sitio onde pousamos as motos, havia uma exposição de fotografia que assinalava cada ano desde 1944 até 2014 em 70 fotos marcantes!

Claro que me dei ao cuidado de as captar todas, uma a uma, para mais tarde relembrar qual retratou cada ano…

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A minha bonequinha fez mais amizade com as motos dos irlandeses do que eu com eles!

Eles estavam todos ao monte a comer e a beber, numa esplanada. Eu apenas os cumprimentei e a festa era tão ruidosa, que eu nen me aproximei muito, fui direta a uma tenda que vendia salsichas gigantescas grelhadas na brasa e deliciei-me sem quebrar o sentimento de introspeção que vinha vivendo e queria continuar a viver! Sorry guys!

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E então voltei ao Cemitério e Memorial Americano em Omaha Beach…

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É daqueles sítios que me puxam para visitar a cada vez que passo perto e naquele dia fazia ainda mais sentido…

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Havia muita gente por lá e o silêncio era surpreendentemente absoluto…

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… como quem entra numa catedral onde se vela um corpo… ali velavam-se cerca de 10.000 corpos…

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Acho que se “ouve” o silêncio até nas fotos…

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O efeito das cruzes é tão forte que é impossível ficar indiferente!

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“E eu voltei lá de novo este ano!
Eu tinha de voltar! Simplesmente eu não podia passar perto sem voltar…
E cada vez que eu volto a um sítio levo na mente e no coração o que me fez falta ver em visitas passadas, então eu entrei no espaço e fui andando, sem ligar ao que toda a gente liga, sem ver o que toda a gente vê, até às cruzes, as infinitas cruzes… e fiquei ali, como quem acorda de repente, apenas olhando em redor. Quanta beleza, quanta dor, quanta história anónima, particular e incógnita, quanta vida ali perdida… Sentei-me entre todas as cruzes e fiquei, apenas fiquei, o tempo que o meu coração me pediu que ficasse…”

(in Passeando pela vida – a página)

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Tive de me forçar a sair dali, eu não iria passar o resto do dia a passear pelo meio de um mar de cruzes de mármore!

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Pertinho fica a Omaha beach…
As praias tomaram os nomes de código no dia do desembarque e permaneceram até hoje, como homenagem ao mar de homens que ali lutou ou morreu.

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“Les Braves, o memorial de guerra na areia de Omaha Beach, uma escultura cheia de significado que resiste às marés desde 2004, quando o dia D, o desembarque na Normandia, comemorava 60 anos. Ali se lembram os americanos caídos em batalha em 3 conjuntos de curvas e colunas em aço inoxidável: as asas da esperança, a elevação da liberdade e as asas da fraternidade. Um monumento que foi criado para ser efémero e se tornou definitivo, como tantas vezes foi acontecendo na história das cidades e dos eventos, como o Atomium em Bruxelas ou a Torre Eiffel em Paris…
Fui vê-lo de novo, o mar estava calmo e baixo, por isso passeava-se na areia, pessoas em cadeiras de rodas visitavam o local, tinham ar de combatentes ou familiares. O ambiente que se vivia era ainda de comemoração dos 70 anos do dia D, fotos lembravam-no em diversos pontos na entrada da praia. Como quem visita um cemitério, o ambiente era palpavelmente grave…”

(in Passeando pela vida – a página)

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E havia pessoas que visitavam os locais como eu, mas com uma dificuldade e uma ligação emocional bem mais forte que a minha! Havia gente que perdeu gente ou lutou ali na época e voltava lá, naquele dia… não consegui evitar que uma tristeza profunda se apoderasse de mim…

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E eu andava e parava tantas vezes, a cada vez que algo me chamava a atenção, e por ali tudo chama a atenção! Tanto vestígio do passado, tantas exposições de fotos, tantos memoriais, tantas coisas que foram deixadas para trás no tempo da guerra e que estão onde ficaram e onde pertencem….

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Na bateria de Longes fui recebida com tanta simpatia, como se achassem que eu os honrava coma minha visita…

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tanta gente por ali e tanto silêncio…

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As praias estão cheias de restos do passado, podem-se ver até no mar…

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A Juno beach foi a mais difícil de encontrar, porque não está bem sinalizada como as outras. Na realidade ela, e todas as praias, estendem-se seguidas umas às outras desde Utah até Sword, e a Juno por vezes sem areia, sem memorial algum….

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Mas o mar acusa-a facilmente, cheio de blocos de cimento que pertenceram ao Muro do Atlântico…

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E depois de muitos quilómetros, muitas voltas, os últimos memoriais…

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“No dia D, na manhã do dia 6 de Junho de 1944, no sector de “Sword beach”, como sempre fizeram os escoceses por muitas gerações, o general da brigada Lord Lovat, chefe da 1ª Brigada Especial em Serviço, mas também chefe do Clan das Highlands, ordenou ao seu tocador pessoal, Bill Millin, que tocasse a sua gaita de foles, enquanto os seus comandos desembarcavam. Por trás do tumulto da batalha, o som da música anunciava a libertação, com o “pipper” abrindo o caminho. Naquele dia os dois se tornaram lendas!”

E a França rende-lhes homenagem com uma escultura inspiradora!

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E o fim do percurso tinha de ser em Caen, junto do seu memorial e museu…

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Ali se encontram tantas coisas em memória daqueles dias e enaltecendo a paz… ali se encontra também uma das reproduções de autor da celebre pistola com um nó no cano, “No violence”

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E fui para casa, com um céu a ameaçar cair-me em cima, para completar o quadro triste que fui construindo ao longo do dia…

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Mas em Pirpriac estava um belo pôr-do-sol que me alegrou o serão!

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A dona da casa tinha estado todo o dia a fazer chouriças e recebeu-me com animação, mostrando-me a obra num forno que ela tinha no quintal! Curiosa a facilidade com que por ali se fazem estas coisas, mesmo vivendo numa cidade!

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Quando subi até casa só queria estar com alguém!

É nestes momentos que o Facebook me faz tanta companhia! Havia muita gente conhecida on-line que me aconchegou o coração, celebramos on-line e tudo, com um copo de vinho, eu lá e os meus ciber-amigos cá!

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E foi o fim do 31 dia de viagem! “Amanhã” eu desceria todo o país até ao norte de Espanha, onde fica a zona mais celta da Península Ibérica: as Astúrias e os Picos da Europa!


– Descendo a França da Bretanha até à Aquitânia


29 de agosto de 2014

Um belo sol me despertou no dia seguinte! Que bom, para cobrir grandes distâncias a companhia do sol é sempre bem-vinda!

A casa onde eu estava hospedada estava em obras e fui acordada por alguém que esgravatava na parede do lado de fora.

Espreitei e aquilo deu quase uma cena tipo Romeu e Julieta, com o rapaz no andaime a conversar comigo na janela. Simpático, cobriu-se de desculpas por me ter acordado.

“Sem problema senhor, eu tenho mesmo de partir!”

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Porque tem de ser tão perturbador o regresso a casa?

Porque não hei-de ser como toda a gente que, a certo momento, está farto de viajar e quer voltar para o ninho?

É claro que eu gosto de voltar a casa mas, a consciência de tudo o que eu gostaria de ver ainda é tão grande, que eu quero sempre continuar mais um pouco!

Naquele dia eu iria apenas descer a França, sem mais nada para fazer ou ver, apenas descer… e não é fácil descer um pais lindíssimo sem parar a cada quilómetro para ver mais um pouco! Por isso eu pus o meu GPS a pensar por mim, a levar-me por estradas secundárias, evitando tudo o que pudesse perturbar o meu caminho, e desci!

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Voltei a passar na igreja de Pipriac, por uma questão de, já que não vou ver nada no caminho ao menos vejo a igreja da terrinha!

E aquela visita deu conversa para caramba com os senhores das lojas ali perto a fazerem-me imensas perguntas e a tirarem fotos à minha moto.

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E então seguiu-se um percurso cheio de tudo e de coisa nenhuma!

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Por entre searas e vinhas, campos e planícies adornadas com nuvens tão inspiradoras que nada mais me apetecia fazer senão conduzir, deixando a moto deslizar em movimento fluido e absorver tudo o que a minha memória conseguisse, porque o que via seria registado no meu mundo das sensações, não no das recordações históricas!

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“Paisagem inspiradora é uma estrada cheia de possibilidades, de descobertas para fazer ou de sensações para despertar! E eu queria ter uma estrada no meu caminho, para fazer de novo amanhã, voltar a sentir que as minhas rodas me levam por onde eu quiser, a mim e aos meus sonhos. E quanto tudo parece tão longe e impossível, há sempre uma imagem gravada de espanto na minha memória, quando os céus me inspiraram e o horizonte me acolheu…”

(in Passeando pela vida – a página)

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Cognac, quando as paisagens deixam de ser apenas searas e passam a ser também vinhas….

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É tão inspirador viajar com paisagens deslumbrantes e céus impressionantes…

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Entrei em Cognac, estava na hora de comer qualquer coisa e, para minha alegria, havia no centro um stand Honda!

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A minha bonequinha já levava mais de 12.000 km de viagem sem nada pedir para além de gasolina mas, como já é hábito em todas as viagens que faço, uma luz vinha fundida há uma série de quilómetros!

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Eu tenho de aprender de uma vez a trocar uma lâmpada, pois é coisa fácil e necessária, já que há sempre uma que me abandona pelo caminho!

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“Como sempre a minha bonequinha ficou ceguinha de um olho há uma série de dias! Isso sempre me aconteceu em todas as motos e em todas as viagens! Mas desde que na Áustria fui a um concessionário Suzuki e quase me desmontaram a frente da moto, demoraram 2 horas a trocar a lâmpada, paguei 36€ e ainda levei o recado de que é muito difícil mudar uma lâmpada na minha moto… desta vez esperei por uma oficina Honda!
10 minutos e 6€ depois estava ela toda alegre e radiosa, com uma olhadela às pastilhas, ao óleo e à pressão dos pneus!
Honda é Honda, não há como a casa mãe! <3”

(escrevia eu no meu mural do Facebook)

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A simpatia e prontidão com que fui atendida agradou-me bastante, um respeito por quem viaja e tem de continuar o seu caminho, sem que com isso me fizessem pagar excessivamente, como uma taxa de urgência! Apreciei muito!

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Gosto de ver a minha bonequinha no meio de outras motos e mesmo assim acha-la a mais linda!

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Linda!

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E estava na hora de partir de novo…

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e vieram mais vinhas, mais planícies, mais searas, até eu chegar a Dax…

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Cheguei ao local onde ficaria hospedada e não me apeteceu sair mais.

Eu conheço a sensação de fim, de “não me apetece ver mais senão sinto mais que está a acabar” e foi o que me aconteceu ali. Fechei-me no quarto como uma acção de protesto contra mim mesma, contra a inevitabilidade da vida, contra a sensação de “tenho de amuar e mainada!”

E foi o fim do 32 dia de viagem…


– Até aos Picos da Europa


30 de agosto de 2014

O norte de Espanha era o fim do meu caminho celta. Eu não iria à Galiza, ultimo recanto celta antes de chegar a Portugal, mas iria às Astúrias, simplesmente eu queria acabar os meus dias de viagem ali, num dos recantos mais bonitos que conheço!

O meu mapa celta ficaria praticamente concluído nos dois dias seguintes e isso, se por um lado me enchia de satisfação, como sempre acontece quando concluo uma epopeia sem acidentes nem incidentes, por outro lado enchia-me de nostalgia… e os Picos da Europa seriam o sitio perfeito para eu parar, relaxar e passear um pouco, tão perto do céu, tão no meio do paraíso!

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O dia acordou ranhoso mas mesmo assim eu não teria de correr por ali baixo até ao meu destino seguinte sem nada ver!

Dax estava ali à mão de semear e eu nada vira no dia anterior, por isso fui passear pela cidade! A cidade é conhecida como termal, portanto com vestígios romanos, como em todos os recantos da Europa onde há termas!

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Junto da igreja havia feira, também é costume haver feiras ao fim-de-semana junto das igrejas, hábitos medievais a maior parte das vezes!

A igreja, que é uma catedral, a Cathédrale Notre-Dame de Dax, estava fechada mas a feira estava aberta e muito interessante.

Oh, o aspeto que a comida tinha já aquela hora da manhã! Apetecia atacar logo um frango assado ou um prato de paelha!

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E os queijos! Oh os queijos franceses sempre me tiram do sério!

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Mas eu ia tomar o pequeno almoço, não ia almoçar ainda, era muito cedo!

Foi curiosa a sensação de estar em casa que se gerou!

Sentei-me numa esplanada onde, pelo que me apercebi depois, toda clientela era gente da feira e por isso amigos e conhecidos entre si. Ficaram muito espantados a olhar para mim enquanto pousava amoto ali ao lado, até deram pareceres onde eu podia encosta-la sem perturbar. Depois quando me sentei e pedi um croissant e um café e o dono do café disse que já não tinha mais croissants os vizinhos das outras mesas deram-me dos deles, que não tinham comido.

“Mangez, vous avez besoin d’énergie pour conduire cet avion la!”

E foi na mais amena cavaqueira que eu me enchi de croissants e queijo e fiambre e sumo de laranja e tudo e não saia mais dali se não me forçasse a afastar com um adeus respondido por uma dúzia de mãos no ar!

Gente simples é gente boa em todos os países! Adorei-os!

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A voltinha da praxe pela cidade foi feita de moto. É sempre assim, dou umas voltas por um lado e pelo outro, encontro o que procuro, paro um pouco…

Os morais sempre me fazem parar! Sempre que encontro “trompe l’oeil” eu paro!

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Alguns são tão bem feitos que confundem mesmo os olhos, que vêem gente em janelas que não existem ao lado de gente que existe em janelas reais!

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E lá estavam as termas romanas!

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À saída da cidade, o touro!
As touradas e largadas de touros não são exclusividade peninsular, na França também são muito apreciadas, sobretudo por ali, pelo país basco francês!
As festas de Dax são parecidas com as de Bayonne, toda a gente veste de branco com faixas vermelhas, soltam-se touros e toda a gente corre em loucura pelas ruas, ao estilo do Festival de San Fermin em Pamplona e Navarra.

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E por falar em Bayonne, era para lá que eu iria a seguir!

Ficava mesmo no meu caminho!

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O dia estava cinzento, o que era uma pena, pois aquela cidade com sol é uma delícia! Assim o rio Adour estava meio tristinho com a cidade em seu redor menos colorida do que habitualmente!

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A catedral sempre me despertou o interesse e nunca a tinha conseguido ver por dentro!

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Sempre que passei em Bayonne havia festa e gente pelas ruas e a catedral estava fechada!

Mas desta vez a festa ia longe e estava mesmo à minha espera: aberta e sozinha!

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A Catedral de Sainte-Marie de Bayonne é uma construção gótica extraordinária! Demorou uma eternidade até estar pronta, desde o séc. XIII quando começou a sua construção, com uns 4 séculos para acabar o corpo e mais 2 para terminar as torres! Como outras construções pela Europa, demorou para caramba a reunir as condições para a irem terminando!

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Aquele teto, como sempre numa construção gótica, lindo!

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E o claustro!

Como eu queria vê-lo…

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Não havia ninguém por ali, embora o claustro tenha saída direta para rua, e eu sentei-me no chão e fiquei ali a olhar!

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O centro do claustro é relvado e a igreja é visível dali como não é da rua, já que as casas estão muito perto e não dão ângulo para a ver!

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Não resisti a tomar um café ali mesmo, numa esplanada junto ao edifício e curtir a sua presença tão perto!

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E ali mesmo, nos recantos formados pelo próprio edifício da catedral, estava gente a vender as suas pinturas!

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Pinturas para todos os gostos, incluindo o mau gosto!

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Depois vinham as ruinhas, lindas, ladeadas de casa altas e coloridas!

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Eu adoro aquelas ruas!

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Com gente “maluca” sempre em festa algures! Pelo menos é assim sempre que ali passo!

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A sensação de estar ali sempre se assemelha para mim a estar numa cidade espanhola!

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Cheia de gente animada e viva e ambiente de festa, mesmo quando a festa já foi há tempos!

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Apreciar a cidade de longe, do outro lado do rio…

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Passear pelos seus recantos e descobrir pormenores curiosos…

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Era tudo o que eu queria fazer há algum tempo, por isso desta vez eu passei lá no fim de viagem e não no início, quando apanho sempre as festas da cidade no auge!

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A minha menina ainda encontrou uma prima antes de partirmos de Bayonne! 😀

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O caminho é sempre o mesmo, por ali, e faço-o como se fosse uma rotina infinitas vezes repetida… e é! Quantas vezes já passei em Saint-Jean-de-Luz…

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Depois entra-se em Espanha, quando a praia alterna com a montanha…

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A foz do rio Agüera em Oriñón, sempre impressionante!

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E a estrada encantadora que me levaria ao meu destino!

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Chegar ali, depois de uma viagem cheia de coisas encantadoras, foi como colocar calmamente a cereja em cima do bolo!

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Perdi-me pelos montes, como sempre me perco quando ando pelos Picos da Europa! São simplesmente caminhos por onde vale a pena e apetece perder-me!

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Até que decidi subir até onde eu iria dormir!

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As nuvens iam ficando ao meu nível… ou eu ao nível delas! Ali eu podia dizer que andava mesmo com a cabeça nas nuvens!

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Eu queria subir e ficar, ter tempo para parar, ficar quieta, curtir aquele paraíso, naquele sitio onde eu já não ia há muito tempo!

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Porque, como todos os sítios onde eu passo com frequência, eu alterno as zonas que visito, para que não me farte, para que haja sempre algo que eu não vejo há tempos, quando volto a passar!

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O tempo que eu demorei a percorrer aqueles caminho de encanto, as vezes que eu parei, apenas para olhar, por vezes até me esquecendo de fotografar!

O sol punha-se e eu chegava a casa, que naquele dia seria em Sotres! Aos anos que eu não ía ali!

E foi o fim do 33º dia de viagem…


– Passeando pelos Picos da Europa


31 de agosto de 2014

Eu queria tanto ficar ali por muitos dias…

O albergue fica no extremo do penhasco onde fica o pueblo, acima dos 1000 metros de altitude e com o precipício tão perto quanto deslumbrante. Podem-se ver algumas casas da aldeia mais à frente e apetece ficar, relaxar, aproveitar o tempo para escrever um pouco, talvez desenhar…

Mas não dava mais, eu tinha de partir, o mês de agosto estava a chegar ao fim e no dia seguinte eu iria para casa. Felizmente o tempo ajudava, com um sol radioso e uma temperatura amena, que desceria a pique ao anoitecer, mas tudo bem.

A cada vez que passo eu visito os Pico da Europa e, à semelhança do que faço em sítios onde passo muitas vezes, escolho uma parte diferente para passear e, desta vez, a minha estadia em Sotres tinha como intensão levar-me a reviver caminhos que não fazia há tanto tempo! Há tanto tempo que ainda os fiz de Africa Twin, percorrendo trilhos e catando caminhos cheios de beleza.

Sem uma trail eu não poderia meter-me por trilhos, mas podia explorar ruelas em caracol a pique que eu conhecia e era o que eu estava determinada a fazer: levar a minha motita até ao topo dos montes e rever picos que são para mim “velhos amigos”.

E sem querer ir muito longe, apenas me deixando ir, a quantidade de coisas que eu veria naquele dia!

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No albergue estava alojado um motard que meteu conversa comigo na noite anterior. Era espanhol, já não me lembro de onde, e não queria ir a lado nenhum, não gostava de nada do que eu gosto, não via interesse nas coisas que me moviam e apenas viera até ali para fazer quilómetros.

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Fiquei a vê-lo preparar-se para partir, imaginando o que eu faria naquele dia se tivesse a moto dele à minha disposição!

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Eu não tinha pressa nenhuma, tinha o dia inteiro para passear e a minha motita leve e sem tralhas para me acompanhar, tudo o que eu precisava para ser feliz!

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Apenas o caminho desde Sotres até ao mundo real cá em baixo já era um deslumbramento em cada curva!

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Difícil seguir quando o que apetece é parar e fotografar cada pedaço de caminho!

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Então, de entre as ruinhas sem pavimento, lá apareceu a que eu queria, estreitinha, cheia de curvas e com um piso aceitável para a minha bonequinha poder subir!

Era a estrada do paraíso!

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Com uma sequência extraordinária de curvas em cotovelo a inspirar a condução!

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Então eu vi-o!

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Parei a moto mesmo ali e fiquei a aprecia-lo!

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Ao tempo que eu não via o Naranjo de Bulnes e lá estava ele, imponente e tão visível como poucas vezes está!

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Sentei-me na moto e desenhei…

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Ali acima fica um mirador. É tão bom caminhar por tão impressionantes caminhos sem um milhão de turistas a perturbar o silêncio!

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Como um altar onde se pode venerar a natureza, é o que aquele, e outros miradores por ali são!

Deslumbrante!

“O Urriellu Picu, ou Naranjo de Bulnes, é aquele pico extraordinário no coração dos Picos de Europa que se impõe, como se de gente se tratasse, sobre nós! Majestoso, não é o ponto mais alto daqui da montanha, mas é seguramente o mais mítico. E basta olhar para ele para se entender porquê. Fiquei ali a olha-lo como se fosse a primeira vez que o via. A montanha sempre tem esse efeito sobre mim. Tenho de o rever amanhã, antes de me ir embora, em tom de despedida.”

(in Passeando pela vida – a página)

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Simplesmente não conseguia tirar os olhos dele!

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E voltei a desenhar!

Que tempo inspirador estava! Um céu azul intenso sempre inspira para fotografar e desenhar!

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Inspiração para explorar caminhos duvidosos mas que a minha bonequinha ainda vai conseguindo fazer!

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E quando se vai aos Picos há sempre um ou dois pontos de passagem obrigatória!

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Covadonga, uma rápida passagem, só para ver se está tudo no mesmo sítio!

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Pelayo, o primeiro rei das Asturias, a quem chamam o primeiro rei de Espanha!

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Ainda espreitei na igreja mas é proibido fotografar e quando me proíbem de fotografar a vontade que tenho é de voltar as costas e sair, e foi o que fiz!

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“Diz a lenda que Nossa Senhora de Covadonga ajudou Rei Don Pelayo a vencer os mouros que atacavam e dominavam o norte de Espanha com um exército muito superior ao seu. Pela sua fidelidade e fé, Pelayo recusou-se a submeter-se e estava condenado a ser vencido, quando a terra tremeu e se abriu e engoliu boa parte do exército inimigo! Ele foi coroado rei das Astúrias, o primeiro e o seu quartel-general durante os tempos conturbados de guerras foi a gruta “suspensa nos rochedos”, onde hoje está a capelinha da Senhora de Covadonga. Olhando da rua, a capela ela lá em cima, numa reentrância escavada na montanha escarpada e vê-se o movimento permanente das pessoas que fazem filas para a visitarem e rezarem. Ali começou a reconquista da Península Ibérica aos Mouros, estávamos no início dos anos 700, bem antes da nossa nacionalidade!”

(in Passeando pela vida – a página)

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Outro ponto de visita obrigatória é Cangas de Onis, com a sua igreja tão característica e o monumento a D. Pelayo na frente!

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Ali não havia impedimento a fotografias. Eu nunca entendo muito bem porque não é permitido fotografar o interior de determinadas igrejas, parece que uma foto rouba algo ao monumento! Desde que não se use flash, nada se perde numa foto!

A igreja é recente, de meados do séc XX, e é consagrada a Nuestra Señora de la Asunción.

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E logo ali fica o mercado que estava cheio de vida e de coisas boas!

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Oh, o que eu me fartei de comer por ali enquanto catava todos os recantos e bancadas! Aquela espécie de empadas e bôlas de carne e de tudo, acompanhadas por uma boa cerveja, com uns pedacinhos de queijo que me iam oferecendo para eu provar, foi uma alegria!

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Depois veio a ponte, tinha de vir! Incontornável a visita! Não sei quantas vezes já a visitei, nem quantas vezes já subi ali acima, mas naquele dia eu estava particularmente interessada em ficar um pouco junto dela.

Acontece-me frequentemente ao chegar a casa sentir que devia ter aproveitado mais um momento e, ao voltar a passar, corrijo o erro! E foi o que fiz, sobretudo porque queria fazer alguns desenhos e, da última vez que ali estive não estava sozinha, por isso não pude faze-lo!

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De cima da ponte a paisagem é interessante! Ninguém imagina que a ponte é tão alta e que se consegue ver tão longe lá de cima!

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Eu iria explorar aqueles lados a seguir, o Camin da la Reina, depois de explorar melhor a redondeza da ponte!

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Aos pés da ponte há rochas com fartura para a gente passear, que estão frequentemente repletas de gente a fazer poses para a fotografia, com a ponte como cenário de fundo. Típico!

“Chamam-lhe ponte Romana mas ela denuncia traços posteriores, pode ser uma remodelação/reconstrução de uma ponte anterior e daí venha o seu nome! A Puente Romano de Cangas de Onís é como que o ex-libris da cidade, impossível passar e ficar indiferente! Da última vez que lá passei dei-me ao requinte de a viver bem de perto, passei-lhe por cima, desci ao rio Sella, passeei-me por baixo, pelos rochedos acessíveis, e admirei os seus encantos em todos os ângulos. É uma ponte admirável num ambiente encantador!”

(in Passeando pela vida – a página)

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Mas eu queria ir para o outro lado, o lado que ninguém vê e onde ninguém quer ser visto!

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O Rio Sella é muito bonito ali, tal como eu me lembrava e tal como eu precisava!

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Sentei-me e ali fiquei, primeiro sem fazer nada, apenas a apreciar os encantos da envolvência…
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A ponte vista deste lado é muito mais encantadora do que do outro, porque não se vê ninguém, aos magotes lá em cima a espreitar para a fotografia. Deste lado ela está só e linda!

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Procurei um sítio menos frontal, gosto de ver as coisas em ângulos inspiradores…

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e desenhei!

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Fiquei ali tanto tempo, fiz vários desenhos, comi o resto das empadas e do queijo, acabei coma cerveja e só depois é que me fui embora.

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O Camín de la Reina tem origem num caminho romano e deve o seu nome à Rainha Isabel II que o percorreu um dia a caminho de Covadonga! Começa logo a seguir à ponte e passa por 2 ou 3 pequenos povoados muito fofinhos!

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E fui eu andando, parando e desenhando mais um pouco, aqui e ali!

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Eu adoro aqueles espigueiros!

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O rio, sempre encantador acompanha boa parte do percurso, tendo até uma central eléctrica algures numa encruzilhada, entre o voltar à estrada principal e o continuar pelo monte acima.

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Claro que eu continuei pelo monte acima!

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E quase pelo monte abaixo também, com a rua a desfalecer aqui e ali!

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Que importa se as ruas têm saída ou se eu vou ter de voltar para trás a qualquer momento? Importa o que eu vou vendo e vivendo!

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Então segui para Riaño que aquele embalse sempre me fascina!

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“Eu nunca tinha visto o Embalse de Riaño tão vazio, talvez porque passe por aqueles sítios sempre no início da primavera e desta vez era já o fim do verão. Não sei! Mas a sensação foi de inteira novidade! A água era mais baixa, os montes eram mais altos e aquele leve toque de desolação provocado pelo vazio conferiu àquele reencontro um sabor de espanto, que não seria de esperar considerando a quantidade de vezes que já ali estivera antes. É sempre assim, nada está realmente visto para sempre, há uma emoção em cada visita que a faz ser única de novo!”

(in Passeando pela vida – a página)

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Riaño é sempre um pueblo encantador, com os montes impressionantes como pano de fundo, esmo se o embalse está em baixo!

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E a ponte, de repente, parecia tão alta! Uma sensação curiosa ver tudo de novo e ser como se fosse tudo novo!

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O regresso a casa não tinha de ser pelo meso sitio, por isso atravessei o parque natural em direcção a Caín. Eu não iria até lá, mas iria curtir uma paisagem extraordinária e diferente do que vira durante o dia!

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Tão relaxante passear pela montanha, tão gratificante sentir todas as variações de temperatura, todas as nuances dos odores da terra! Tão gratificante tudo por ali…

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Era ali que eu viraria para casa…
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“Não há nada que perturbe a serenidade de uma estrada de montanha, quando não há mais ninguém a percorrer o mesmo caminho que eu. E não há duas montanhas semelhantes, mesmo quando elas se erguem em altos muros de pedra bruta, a pique, a partir do chão, há algo no que vejo e sinto que me leva para os Alpes, algo que me traz para os Picos. E eu passeava por caminhos de Caín, como quem passeia pela primeira vez pelo paraíso, mesmo sendo caminhos tão conhecidos, tão já percorridos. Há sempre algo de novo na beleza, algo nunca visto, que faz com ela valha a pena reviver e revisitar…uma vez e outra…”
(in Passeando pela vida – a página)

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E cheguei a casa que naquela noite seria ainda em Sotres…

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E foi o fim do… penúltimo dia de viagem… amanhã eu iria para casa, para minha casa!


– Bulnes… antes de regressar a casa…


1 de Setembro de 2014

E este era o meu ultimo dia de viagem, o dia em que eu iria embora, aquele em que a minha casa, ao fim do dia, seria mesmo em casa.

Há sempre uma vontade de voltar e rever o meu canto, o meu moçoilo, parar e nada fazer para além de apreciar o estar! Mas há sempre também uma enorme vontade de continuar, de seguir explorando, descobrindo. É tão difícil lidar com a sensação de urgência, de necessidade de continuar fora do banal e da rotina do dia-a-dia…

O meu mapa seria o mais simples e menos criativo, como um ponto final pode ser…

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Estava fresquinho ali em cima, mas eu tomei o pequeno almoço cá fora, com a minha motita como companhia e a paisagem inspiradora a alegrar a minha despedida!

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Sotres estava particularmente solarenga e colorida, o que era uma inspiração para a minha ultima passeata por aqueles montes!

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E de novo a estrada serpenteante, desde o topo dos montes, me fez querer continuar a conduzir eternamente pela montanha.

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Cabrales lá ao fundo…

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Mas eu não iria embora já, eu queria subir até Bulnes antes de partir e, demorasse quanto demorasse, eu iria faze-lo!

Antes de ser construído o funicular, o acesso à aldeia lá em cima era difícil, por caminhos irregulares e nem sempre acessíveis. Mas agora tudo é simples!

Entra-se naquela espécie de autocarro em degraus…

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E sai-se lá em cima, junto da aldeia!

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Uma pequena placa anuncia o nosso ponto de chegada!

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“Bulnes (La Villa), como aparece designada na placa que nos recebe quando chegados ao pueblo vindos do funicular, é uma aldeia encantadora a mais de 600 metros do nível do mar, com a montanha gigantesca a servir de paisagem e protecção! E, para lá da montanha que fica mesmo em cima, fica o Naranjo de Bulnes, imponente, como uma entidade que tudo vê, tudo observa, lá em cima. Este pequeno pueblo já foi o mais isolado de toda a Espanha mas agora conta com o funicular que se tornou uma ponte tão pratica e bem-vinda, para turistas, alpinistas e habitantes. E foi nele que eu subi até ao paraíso. A calma e a paz tomou conta de mim mal cheguei lá acima, e a vontade era de ficar, caminhar, escrever, desenhar… fechar os olhos e reter para sempre aquela sensação. Subi um pouco o monte, nunca poderia ir até ao Naranjo, mas podia ficar lá em cima mais um pouco, no meio de vacas e riachos e ruídos feitos de silencio como só a natureza sabe fazer…”

(in Passeando pela vida – a página)

A aldeia é um encanto, com ruinhas estreitinhas e casinhas que parecem de brincar!

Passeei por ali sem qualquer pressa, afinal as coisas bonitas não têm tempo para ser apreciadas!

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Pormenores que enchem de encanto o que já é encantador!

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Tem ali mesmo, na berma do riacho, um restaurante lindo e eu decidi que iria almoçar ali. Seria o meu local de despedida da aldeia e da viagem, depois eu iria para casa contente e com uma belíssima memória!

Mas antes eu iria subir o monte!
Não muito, mas iria subir enquanto me apetecesse subir, para ver e ficar um pouco pelo caminho a apreciar o momento!

As perspectivas da aldeia eram sempre encantadoras, sobretudo quando me afastava e ela ia ficando para trás… lá para baixo…

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O caminho é empedrado, o que facilita a sua descoberta no meio da vegetação e a sua escalada.

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Mas à medida que ia subindo ele ia ficando cada vez mais torto e escavacado! Alguém andava a revirar as pedras que o calcetavam!

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A subida ingreme valia a pena, pela paisagem que ia proporcionando e pela paz do silêncio que me permitia experimentar.

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Sentava-me na berma do caminho e olhava em volta. Havia casitas pela encosta, refúgios ou apenas casebres de armazenamento de materiais, que tornavam o enquadramento perfeito!

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Fiz zoom e percebi que eram mesmo casinhas habitadas!

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Eu não tinha água nos meus pinceis de reservatório, uma falha minha que não os enchera lá em baixo, mas podia ouvir o restolhar da água por ali. Se a água fosse limpa poderia enche-los com água da montanha!

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Lá estava ela! Não era muita, podia-se ver que o pequeno lago habitualmente suportaria muito mais água, mas o verão ia adiantado por isso já se perdera muita!

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E sim, era bem limpa e sem impurezas! Eu podia encher os meus pinceis sem temer que alguma poeira entupisse a passagem da água do reservatório para o pincel em si!

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Ora com os pinceis prontos já podia fazer umas aguarelas simples por ali!

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Então eu vi de novo o Naranjo!

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E enquanto olhava para ele um avião completou o quadro com uma linha branca. Que coisa bonita!

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O pico é verdadeiramente impressionante!

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Ouvia chocalhar perto de mim, no meio do silêncio da montanha, uma vaquinha pastava placidamente.

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Vaquinhas de alta montanha que escalam os caminhos e lhes reviram as pedras! Entendi de repente quem dava cabo do caminho que eu vinha percorrendo!

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Ouviam-se chocalhos mais em baixo e mais alem, havia vacas a pastar por ali sem que eu entendesse de onde vinham ou para onde iam!

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E as suas pegadas de repente tornavam-se tão obvias por entre as pedras do caminho!

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Comecei a descida, não tinha interesse em ir muito mais longe pois não iria caminhar até ao pico nem voltaria para Sotres por ali. Eu iria voltar a Bulnes, comer e descer o funicular!

Varias grupos de pessoas começavam a subir quando eu estava já a descer. Deviam ficar intrigados questionando-se de onde vinha eu de chapéu e blusão debaixo do braço, quando todos os que encontrei subindo iam equipados com roupas próprias para caminhar!

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E, tal como decidira à chegada, fui almoçar, tudo aquilo a que tenho direito por aquelas terras, onde se come tão bem!

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As mesas na esplanada são encantadoras, com flores por perto e o riacho a correr ao lado.

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Havia gente do outro lado a comer sandes e eu não tive inveja nenhuma delas, pois o meu menu prometia ser bom!

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A minha ultima refeição de viagem era composta por entradas de patê com tostas e vinho! Trouxeram-me uma garrafa inteira de vinho só para mim!!!

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Depois uma bela fabada asturiana!

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E foi só aí que me lembrei de fazer uma (tão na moda) selfie!

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A seguir veio carne com batatas. Valha-me Deus, aquela gente não parava de me trazer comida!
E por fim ainda tive direito a sobremesa e café e não me apetecia andar, só rolar…

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Não sei quanto tempo fiquei ali a curtir uma barriga cheia de comida, até que me obriguei a levantar da mesa e ir embora!

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O funicular fica por ali, no meio dos montes…

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E desci sozinha, àquela hora as pessoas queriam subir, não descer!

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E fiz-me à estrada, sem vontade de parar em lado nenhum!

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Afinal se eu tinha de voltar para casa, que fosse logo, não valeria a pena andar a catar as proximidades, pois essas eu cato a qualquer momento!

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Cheguei a casa cedo, o moçoilo esperava-me na garagem para me dar as boas-vindas e me tirar as ultimas fotos da viagem.

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A minha motita, mais uma vez, portou-se muito bem nesta viagem, sempre fiel e amiga, agora ficaria sem malas a dormir na sua casa depois de mais de um mês de estrada.

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E eu cheguei ao meu escritório a tempo de ver o pôr-do-sol na minha janela…

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E foi o fim do ultimo dia de viagem…

Cheguei a casa depois de:

34 dias
16.500 km
15.600 fotos
850 litros de gasolina
1.250.50 € em gasolina
629 € em dormidas
244€ Ferrys
Despesa total: 2.615.48 €

O que me faltou?
Um pouco mais de tempo para explorar tanta beleza que tive de deixar para trás!

O que sobrou?
Encantamento ao percorrer terras antigas cheias de lendas e vestígios de um passado que me fascina, como é o celta.

O que valeu a pena?
Tudo valeu a pena, porque depois das chuva os céus são lindos e límpidos e as nuvens da Escócia contrastam de uma forma deslumbrante esse azul…

O que teria dispensado?
Alguns momentos de frustração que a chuva provocou, quando começou a interferir com o mp3 e com a maquina fotográfica!

O que me apetece dizer ainda?
Esta viagem foi deslumbrante e variada o suficiente para ter deixado uma sensação de que ficou muito para ver!

Adeus e até ao meu próximo regresso à estrada!


FIM