III – Passeando até à Escócia 2011

16 de Agosto de 2011

De Bristol até Leeds!

Comecei o dia dando uma volta pela cidade. O céu estava mais uma vez cinzento… às vezes questionava-me se aquele país não terá um índice elevado de depressões! Havia momentos em que eu me sentia meio apática, como se fosse eternamente fim do dia, mesmo quando era ainda de manhã!

Viver naquele cinzento todo, com uma bosta de comida e as bebidas alcoólicas meio racionadas… acho que acabava por deprimir!

Sentei-me ali na escadaria da igreja de St Mary Redcliffe a comer mais uma vez pão com coisas… fartei-me de comer porcarias por lá!

Esta igreja gótica tem 8 séculos e é espantosa! Imponente mas não é a catedral de Bristol, essa fica mais abaixo um bocado. Foi considerada pela Rainha Isabel como a mais bela igreja paroquial de Inglaterra!

Já vi catedrais menos impressionantes que esta igreja!

A própria catedral de Bristol não é muito mais bonita!

Fui andando pela cidade e cruzando com alguns macacos giros! Eu já tinha visto vacas pintadas, uma iniciativa que chegou cá a Portugal também, também já tinha visto galos de Barcelos gigantes pintados, nas ruas de Barcelos, desta vez vi gorilas!

E lá encontrei a catedral, que tem um nome quase tão grande como ela: The Cathedral Church of the Holy and Undivided Trinity! Ou seja Catedral Igreja da Sagrada e Indizível trindade! Achei particular piada ao “indizível”! Um construção de origem Românica hoje predominantemente Gótica, como acontece com praticamente todas as catedrais que visitei naquele país!

A Abbey Gatehouse, já foi o portal da catedral

O College Green, um grande jardim semi-circular, onde ficam uma série de edifícios públicos. Aqui é a Council House.

A catedral ao fundo do College Green

Depois sobre-se a Park Street e lá em cima fica a universidade de Bristol com a sua torre the Wills Memorial Building! Uma construção do sec XIX que é um memorial a um grande benfeitor da universidade e que é considerada uma das ultimas construções de Neo-Gótico da Inglaterra!

E segui caminho para as Midleands. Uma placa na berma da estrada fez-me seguir Gloucester, a placa dizia que havia lá uma catedral património!

Valeu a pena ir vê-la! Um belo exemplar com uma história de mais 10 séculos!

Dentro tem uma grande carpete circular com o desenho de um labirinto ao estilo do que a catedral de Chartres, em França, tem incrustado no chão.

Pelo que me apercebi a “tradição” dos labirintos no chão das catedrais não chegou a Inglaterra, só os conheço em França mesmo!

Os tectos da catedral são espantosos, é uma coisa que ninguém pode esquecer numa catedral, apreciar detalhadamente o seu tecto!

Esta catedral tem ainda, no seu interior, outras curiosidades, como alguns túmulos importantes e históricos. O túmulo do rei Eduardo II do sec XIV, um rei fútil e fraco mas com direito a um túmulo lindíssimo!

Do outro lado está outro túmulo de outro homem controverso, o filho de Guilherme o Conquistador: Robert Curthose – Duque da Normandia – o Cruzado que devia ter sido rei. Mas não foi porque não o quiseram e porque não era bom governante! Rei foi o seu mano mais novo Henry Beauclerc.

Os claustros são lindíssimos! Aqueles tectos põem a gente de nariz no ar ao dar a volta toda!

A falta que fez ali um céu azul e uns raiozinhos de sol!

O antigo portal do recinto da catedral, hoje incrustado nas casas, St Mary’s Gate, é do sec XIII

O tempo que eu me demorei por ali a passear!

E as portas, continuam a fascinar-me!

Lá tive de me obrigar a seguir caminho, ou ficaria ali o dia todo!

Voltei a apanhar as estradinhas mais pitorescas, rolando suavemente por entre campos e quintas, apreciando o que de mais genuíno pudesse encontrar!

Logo à frente cheguei a Hereford e voltei a parar, só um pouco!

Já estava no País de Gales! Hereford tem uma catedral muito interessante… mas limitei-me a passear um pouco junto ao rio! The Wye Bridge, uma ponte do século XV sobre o rio Wye, já teve a sua dose de destruição e reconstrução!

Não me apeteceu ir até à catedral… eu sei que é linda, cheia de história e tal… mas não fui!

Segui para Worcester e lá havia mais uma catedral para ver, lindíssima!

Anda não fiz a conta às catedrais que visitei… mas foi uma filinha delas! Fiquei a saber que são 43 as catedrais Inglesas, por isso só me resta fazer a lista das que me faltam ver e voltar lá!

Em Worcester voltei a perder-me na exploração dos recantos e encantos da catedral do sec XII, linda, com um nome gigantesco: Catedral da Igreja de Cristo e a Bendita Virgen Maria de Worcester.

Considerada uma das mais bonitas catedrais de Inglaterra, comporta os túmulos reais de King John e Prince Arthur e tem vitrais vitorianos únicos.

A catedral foi poupada de ser destruída por Henrique VIII, durante reforma Inglesa, por ter dentro a capela de seu irmão: O memorial ao príncipe Arthur, em homenagem a Arthur Tudor

E uns tectos remarcáveis!

Os espelhos são frequentes em igrejas e catedrais em Espanha, para mais fácil contemplação dos tectos, mas já os vi em Itália também e agora em Inglaterra. É sempre curiosa esta perspectiva do tecto!

A cripta, por baixo do altar-mor, é anterior ao edifício principal, sec X, já que a história da catedral começa muito antes do actual edifício, no sec VII.

Ainda são visíveis vestígios dos edifícios anteriores

Então segui para Stratford-upon-Avon. Esta cidade com um nome tão curioso é a cidade natal de William Shakespeare!

Depois de umas quantas voltas meio desesperantes, à procura de um sitio para pousar a minha Magnífica, lá consegui entrar na rua tipo praça principal, onde se situa a casa onde o homem nasceu.

Somos recebidos pela estátua de um bobo com a famosa frase do poeta/dramaturgo: “the fool doth think he is wise but the wise man knows himself to be a fool”

Logo a seguir está a casa do homem

Com a respectiva fila de pessoas à espera para fazerem de palhaços na frente da casa para a foto! E levantavam a mão e apontavam para a casa ou para a placa, ridículos mas felizes!

Depois do jardim fica a casinha das recordações

Em frente fica a loja “The Nutcracker Christmas Shop” onde podem comprar enfeites de Natal todo o ano!

A cidade tem casinhas muito giras e um ambiente cheio de vida e turistas

A biblioteca pública é uma delícia que apetece visitar!

Comi, numa esplanada em frente da casa do poeta, o scone mais seco e sensaborão que se possa imaginar! O que vale é que trazia varias porcarias para por dentro! Alem disso o café era de meio litro, porque eu pedi “curto”, senão seria de litro…

Paguei uma fortuna pelo lanchinho, mas desfrutei bem do local!

Fui seguindo por ruínhas ladeadas de casas muito bonitas e antigas, à medida que saia da cidade para continuar o meu caminho subindo o país…

Para mim, é mais importante encontrar estas casinhas anónimas, parar, fotografa-las, aprecia-las, do que seguir directa para a cidade seguinte…

As casas Tudor enchem-me os olhos, desde as mais simples às mais elaboradas!

Cheguei a Warwick, infelizmente tarde demais para visitar o Lord Leycester Hospital…

O Lord Leycester Hospital não é nem nunca foi um hospital! A palavra “hospital” é usada com o seu sentido mais antigo que se referia a uma instituição de caridade que alojava e cuidava pessoas necessitadas, enfermas ou idosas.

O Hospital é um grupo histórico de construções em madeira que datam sobretudo do final do século XIV agrupadas em torno do Portal Românico com a Chantry Chapel do século XII por cima.

No reinado da rainha Elizabeth I tornou-se um lugar de repouso para antigos guerreiros e suas esposas. Permanece até hoje como uma instituição de caridade independente fornecendo um lar para ex-militares e suas esposas.

Os senhores que estavam na porta e na recepção comunicaram-me que já estava fechada às visitas, mas foram muito simpáticos e convidaram-me a visitar o jardim!

Escondido atrás dos edifícios antigos fica o Master’s Garden, um pequeno jardim encantador!

Como eu gostava de ter visitado aquelas casas por dentro…

O castelo também estava fechado… fiquei triste, ainda andei ali pelo rio a passear um pouco.

Mas acabei por seguir para Leeds, onde fiquei hospedada numa cidade universitária muito simpática, composta por diversos edifícios, tipo condomínio fechado para estudantes! Com direito a porteiro, recepção e portão automático!

A minha Magnífica ficou mesmo ao lado da porta do meu edifício.

Tinha sido recebida em Leeds com uma chuveirada monumental e agora estava sol… Uma pena, era de dia e já não se podia visitar mais nada!

Fim do 11º dia!

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17 de Agosto de 2011

Passeando pelo Yorkshire

Tinha planeado uma volta completamente diferente para aquele dia, muito diferente da que me apeteceu dar!

No fim do dia não sabia se estaria muito contente com a decisão ou muito desiludida, mas parti… A vantagem de se viajar sozinha é esta mesmo, na hora posso fazer tudo diferente do planeado e pronto! Eu tinha estudado várias “coisas” no Yorkshire mas lá, com toda a informação que fui recolhendo em panfletos e brochuras, deixei-me levar pela intuição. Eu sei que ficaram coisas para ver, coisas que toda a gente diz que são incontornáveis, mas as que descobri eram lindas também!

Comecei o dia passeando um pouco pela cidade. Leeds pertence já ao condado de West Yorkshire, não era a cidade que mais queria ver mas, já que ali estava…
E afinal tem os seus encantos!

Leeds Civic Hall na Millennium Square, achei muita piada ao relógio “esticado” para fora

Fica ali de lado do edifício, todo dourado, muito bonito!

O Town Hall, a câmara municipal da cidade, um edifício do sec XIX.

Ali ao lado uma escultura de Henry Moore, junto a the Leeds City Art Gallery. É sempre uma emoção tocar numa obra deste escultor…

E segui para York, uma das mais antigas cidade de Inglaterra, foi fundada pelos romanos e capital do império durante alguns anos!

A porta da cidade tem a sua piada! Uns passam por dentro outros por fora!

A cidade é um mimo! Toda ela encantadora, cheia de casinhas medievais que parecem casinhas de brincar!

Cada recanto é cheio de encanto! Ao lado desta lojinha, mercearia, há uma porta…

Uma porta for a do comum! Quase passa por porta de casa, mas é, na realidade, uma porta para um pátio/jardim! Claro que entrei para ir ver!

Merchant Adventurers hall, um museu que foi um dos edifícios mais importantes da cidade medieval!

Trata-se de construções do sec XIII !

A cidade é cheia de ruínhas estreitas e encantadoras, onde o turista se mistura com o cidadão comum!

Os quilómetros que eu caminhei por aquelas ruínhas, sem conseguir ir embora, nem parar de tirar fotografias!

As lojinhas parecem tiradas dos filmes!

Algumas bem tortinhas, mas a funcionar sem qualquer problema!

E lá fui visitar a cathedral! A maior catedral gótica do norte da Europa!

Pertinho fica a estátua de Constantino o Grande, no local onde ele foi proclamado Imperador de Roma no ano 306 dc, diz a inscrição: “Próximo a esse local Constantino o Grande foi proclamado Imperador Romano em 306. O seu reconhecimento das liberdades civis de seus súbditos cristãos e sua conversão à fé estabeleceu as bases da religião da cristã ocidental”

Em frente, do outro lado da praça está uma coluna romana encontrada em escavações

E continuei a passear por aquelas ruínhas pitorescas e deliciosas, cheias de pormenores curiosos! Aquilo é mesmo uma pessoa! Um homem estátua lilás!

Até o tempo ajudou a cidade a mostrar-se mais apaixonante aos meus olhos! Estava sol e o céu azul!!

Adorei a cidade, quis lá ficar o dia todo! E foi então que me apeteceu partir noutra direcção que não a inicialmente planeada! Lera algo sobre o North York Moors National Park e foi para lá que segui!

Passei por um castelo muito bem sinalizado na estrada e, quando os encontrei… alem de estar em propriedade privada, tinha apenas dói muros periclitantes de pé! Era o Castle Howard.

Depois uns viajantes italianos fizeram-me companhia por alguns quilómetros até chegarmos ao Moors.

Aí eu não quis saber mais de companhias, aquilo era tão bonito que fui passear lá para o meio!

As pessoas abandonavam os carros e iam caminha pelos caminhos no meio do infinito púrpura, eu lá fui furando mais a Magnifica por onde podia!

Estes “Moors” são a maior extensão de Urze do país! Eu nunca tal tinha visto por isso, para mim, foi a maior extensão de urze, de cheirinho bom, de cor linda e intensa e de boas ruínhas cheias de “sobes-e-desces”, de paraíso!

Lá no meio, depois de uma descida bem acentuada, encontrei a North Yorkshire Moors Railway Station, uma estação que é um regresso ao passado, com os seus comboios a vapor!

A estação foi aberta em 1836, depois foi desactivada em 1965, pois tornara-se obsoleta. Foi reaberta em 1973 e tornou-se na grande atracção turística da zona! Apanhando-se o comboio pode-se passear por vilazinhas e aldeias da região, como se se recuassem uns anos na história!

A redondeza é muito bonita e a zona estava cheia de gente que esperava para ver os comboios fumegantes

Depois ainda fiz mais uma infinidade de caminho pelos Moors, alias tudo o que visitei por ali ficava ao lado, ou acima, ou à esquerda e tinha aquela cor como paisagem!

Apanhei um pequeno raminho de urze que viajou comigo até casa… manteve a cor até hoje e o perfume também…

A cor púrpura acompanhou-me enquanto eu me aproximava da Baia de Robin Hood. Segundo a lenda Robin Hood tinha ali escondidos os seus barcos para fugir em caso de aperto!

Felizmente ali havia espaço para pousar a minha motita! Depois toca a caminhar e descobrir o lugar.

Ao fundo podia ver-se a praia… uma praia no mínimo original se a compararmos com as nossas praias com areais extensos! Ali tudo é pedra!

Comecei a descer a rua íngreme, onde apenas os carros dos habitante podiam passar e mesmo assim poucos!

A aldeia já foi o refúgio de contrabandistas e dizem que muitas casas têm ainda esconderijos nas paredes e no soalho!

As ruínhas são estreitas e curiosas, nem de bicicleta se pode andar por ali, pois alem do seu declive, muitas delas têm escadas mais à frente ou mais atrás!

Lá em baixo a praia rochosa é fascinante! Pode-se passear por ali, com o devido cuidado e atenção à maré!

Andei por ali uma infinidade de tempo, por quelhos cheios de história e de beleza bem antiga!

Mas acabei por ter de seguir! Fui para Scarborough, apetecia-me continuar a passear pela costa do Mar do Norte!

Foi meio complicado subir a encosta desde o nível do mar, pois as ruínhas eram tão estreitas que me pareciam de um sentido apenas, e como tinham o “SLOW” ao contrário parecia que só davam para descer!

Finalmente lá percebi que podia subir sim! Lá em cima fica o castelo, mas acabei por não o visitar, havia fila e a paisagem fascinou-me mais!

Achei tanta piada ao estacionamento na berma do cemitério em que os carro se seguiam às tumbas!

Depois, continuei junto ao mar, para norte, e encontrei a Whitby Abbey.

O Reino Unido tem a história mais antiga de presença cristã ocidental, como religião formada! E é lá que se encontram as construções religiosas mais extraordinárias também!

Encontra-se ainda a maior quantidade de grandes catedrais em ruínas… as mudanças religiosas e a extinção dos mosteiros foram os grandes responsáveis por esta realidade.

Henrique VIII lixou aquilo tudo!

Havia muita gente para visitar a catedral e o estacionamento era longe e pago… vi-a apenas cá de fora.

Embora seja considerada uma das mais icónicas construções góticas da Inglaterra, nada me convenceu a pagar bilhete e caminhar para caramba até ela… sorry!

“São tantas as abadias em ruínas naquele país que eu vou deliciar-me mais à frente sem caminhar tanto…” pensei eu!

Logo à frente fica o porto de Whitby, que foi tema de pintura para Constable (um grande pintor inglês romântico).

Um dos portos mais pitorescos de Inglaterra, na foz do rio Esk.

O habitante mais famoso da cidade foi o Capitão James Cook!

Achei curioso que o porto estivesse cheio de pessoas, famílias inteiras, que olhavam para a agua.

Miúdos deitados no chão, sentados na berma, agitavam fios para a água. Pessoas adultas tinham comportamentos semelhantes. Percebia-se que pescavam… o quê?

Caranguejos! Recolhiam-nos em baldes com agua, em quantidades monumentais em alguns casos!

O porto é muito giro, claro que me passei por ali horas!

Dizem que são 199 passos até à Igreja de Santa Maria, uma das melhores igrejas anglo-saxãs do país!

É famosa por ter inspirado Bram Stoker para escrever o famoso romance Drácula.

Lá está ela lá em cima

A minha desilusão foi quando percebi que, embora estivesse junto a um porto de pesca, o fish and ships era a mesma bosta de sempre! Lá estava o mesmo cheiro nojento de fritos… subitamente fiquei sem fome alguma…

limitei-me à contemplação do local, meio enjoada e com o estômago às voltas…

e fui para Richmond, na berma do Yorkshire Dales National Park, a ver se encontrava comida decente…

O céu já tinha dado uma volta sobre si e lá estava tudo negro em cima da cidade

Já não havia ninguém nas ruas, eram 6.00 horas da tarde, hora de jantar!!!!

As portas lindas fazem-me parar por vezes só para ver, só para fotografar!

O que vale é que está tudo fechado mas a cidade vai estando “aberta” e assim ando por todo o lado à vontade!

A torre do castelo que, evidentemente estava fechado!

As pessoas a ir buscar comida de carro… enquanto estive ali foram uma infinidade delas! Buscar pacotes de peixe frito e batatas fritas, claro…

E sentei-me numa esplanada, sozinha, e comi um franguinho que estava delicioso. Acho que única escolha por lá é peixe frito ou frango… eu comi sempre frango.

Não sabem o que é um toalhete, nem sequer sabem o que é limpar a mesa antes de pousar o prato…

Lá me fiz ao caminho de novo. Parecia que ia anoitecer a qualquer momento, mas não era verdade, ainda era cedo, só anoiteceria lá para as 8.35 h, disse-me o meu Patrick.

O rio Swale e o castelo lá em cima.

Finalmente o sol começava a querer desaparecer e eu a sair debaixo da nuvem negra…

Havia sempre uma ponta de céu azul por trás de todas as nuvens cinzentas que se cruzaram comigo!

Passei por Ripon, com a sua catedral espantosa, fechada.

Depois vi uma placa e fui atrás…

Havia ali uma abadia algures! Fechada, claro, mas nunca se sabe se se pode ver de fora! Vale a pena tentar, com aquelas ruínhas tão fofinhas e tanto sol a ajudar, porque não?

E lá estava ela ao fundo! The Fountains Abbey & Studley Royal.

Aquilo é Património Mundial e descobri que merecia uma visita… pelo que investiguei, são as mais extensas e espantosas ruínas românicas do pais… tenho de lá voltar!

Se fosse em Espanha, aquilo fechava às 8.00 horas da noite e quem estivesse dentro poderia demorar ainda um bom bocado a acabar a visita!

Agora sim, estava a anoitecer!

E fui para casa, que naquele dia era em Leeds

Fim do 12º dia de viagem…

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18 de Agosto de 2011

A caminho da Escócia!

“Quando planeei a viagem não pensei que, o dar tanta volta até chegar à Escócia, se iria traduzir em alguma ansiedade! Vejo tudo, maravilho-me com tudo, mas nunca mais lá chego! Há momentos em que penso que poderia ter feito “a coisa” mais directa cá acima e depois ir descendo pouco a pouco!

Por outro lado esta forma de subir o país foi cheia de belas surpresas e descobertas surpreendentes! Acho que visitar as Highlands será como o passo logicamente seguinte nesta exploração do país.

Acho que me apaixonei por este país, ou pelo que vi dele, como um dos países mais bonitos que visitei até hoje! Houvesse um pouco mais de azul e seria perfeito! Houvesse um pouco mais de facilidade em parar uma moto e seria o paraíso!”
Chegava finalmente a hora de partir para a Escócia… peguei no mapa e o caminho não era longo… nem directo!

A residência universitária de Leeds onde dormi era como um condomínio fechado muito interessante com recantos acolhedores. Naquele país os estudantes são bem tratados, não só nas universidades como nas residências!

Comecei então a subida final até Glasgow, onde iria dormir 2 noites, para poder percorrer e catar toda a zona, incluindo Edimburgo.

Mas nesta subida eu ainda iria dar umas voltas! Havia ali muita coisa que eu queria ver e segui para o “Distrito dos Lagos”: Cumbria – Lancashire e the South Lakes

Ali eu entendi porque o Distrito dos Lagos é considerado uma das regiões mais bonitas do Reino Unido. Lagos, montanhas, campos e vilas lindas aparecem por todo o percurso fazendo-me querer parar e ficar em todos os sítios! A região estende-se por 56 km.

e Windermere é o maior lago da Inglaterra.

Sentei-me ali e os patos e cisnes não pareciam nada stressados com a minha presença!

Aliás isso acontece com todos os bichos! Até os esquilos vêm comer à mão das pessoas. Deduz-se que são bem tratados, senão teriam medo das pessoas!

E os lagos sucediam-se, cheios de encanto, com os montes mesmo ali ao lado a tornar o caminho deslumbrante!

O sol ajuda tanto a tornar as paisagens encantadoras! Lembro-me de pensar que estava a atravessar o paraíso para chegar até à Escócia!

Parei várias vezes na berma da estrada, deslumbrada com a paisagem que me rodeava e imaginar como seria o Reino Unido se estivesse sempre assim, cheio de sol!

E cheguei a Castlerigg, um círculo de pedras pré-histórico que faz lembrar um mini Stonehenge!

O “monumento” pré-histórico fica no cimo de uma colina que, naquela dia estava curiosamente coberto por uma imensa nuvem negra, enquanto todo o resto do céu estava azul e solarengo, o que provocava uma atmosfera curiosa no local!

São 38 pedras num círculo de 30 metros de diâmetro.
Pensa-se que terá sido construído 3000 anos ac, no período neolítico.

As pessoas sentam-se por ali, a fazer pic-nics, a desenhar ou a conversar e eu fiz outro tanto!

Um senhor, de idade já avançada, veio meter conversa comigo. Perguntou-me de onde vinha e para onde ia,

“não quer trocar a sua moto pelo meu carro?” perguntou-me ele

“não poderia trocar, eu não sei conduzir carro!” respondi-lhe eu

“não faz mal, eu ensino-lhe e fico-lhe com a moto!” rimo-nos, ele não tinha já condições de conduzir, era uma rapariga nova que o conduzia a ela e à esposa

“como eu a invejo por andar a visitar o meu país de moto! Como eu gostava de poder fazer o mesmo!” suspirou ele.

Curiosamente ele sabia muito bem que moto era a minha, a que “estilo” pertencia (grande turismo). Sabia também quais ele não apreciava tanto (desportivas) e cumprimentou-me porque tinha uma das motos dos sonhos dele…

Este senhor devia ter por volta de 80 anos…

Parti dali com aquele encontro na memória. Sentia-me feliz por fazer o que mais gostava, para nunca me lamentar de não o ter feito. E cheguei a Barnard Castle

Market Place e o “Market Cross” ou “Butter Market”

Fui seguindo placas e encontrei o Raby Catle

Vi uma série de bichos aninhados debaixo de uma arvore “cabras!” pensei eu, mas então olhei melhor e reparei que tinham orelhas arrebitadas e grandes hastes em vez de cornos!

Eram corsas!! E eram tantas!!

Parei ali na berma da estrada a tirar fotos ao castelo, quando uma moto parou um pouco mais à frente “também querem tirar fotos” pensei. Qual não foi o meu espanto e mau-estar, quando o senhor vem até mil, descendo a rua, para me perguntar se estava tudo bem… Fiz o homem caminhar até mim quando eu estava apenas a fotografar… tão simpáticos os ingleses!

Depois veio Durham

Durham é uma cidadezinha muito simpática, se calhar requereria uma visita mais cuidada, mas aquilo é a subir e o tempo tinha aquecido um bocado, o que tornava a visita mais difícil.

Andei a refrescar-me um pouco na zona do rio, com sumo pois cerveja é coisa rara…

Junto à sua ponte medieval, the Elvet Bridge, sobre o rio Wear

Depois voltei a caminhar um bom pedaço por aquelas ruas íngremes, apreciando os recantos pitorescos. A cidade estava cheia de gente e de sol e isso não se podia perder!

A catedral espantosa, lá em cima, depois de tanto subir era bom que fosse bonita! E era!

No exterior o cemitério antigo rodeia a grande igreja

O castelo fica logo ali, do outro lado do relvado que quase enche a praça, mas estava fechado, para obras.

A animação estava toda cá em baixo, no centro da cidade

<img src=”Petisquei por ali qualquer coisa, eles têm umas empadas gigantescas mas saborosas e pouco enjoativas, para enjoativo basta o fich yaaaarrrk fish!

E pus-me a andar de novo… tinha lido sobre a muralha de Adriano, sabia que era por ali e andei à sua procura. Afinal é um muro romano, construído 120 ac, com117km, que atravessa tudo por ali, certamente iria encontra-lo!

E acabei por cruzar com ele, claro! É curioso encontrar um muro, com mais de 2 metros de largura no meio dos campos e saber que é tão antigo e que atravessa o país do mar da Irlanda até ao mar do Norte!

O muro marca a fronteira com a Escócia, onde habitavam os povos que quem os romanos se queriam proteger!

Andei por ali a passear, mas não me apeteceu caminhar quilómetros para ver as fortalezas romanas que existem junto ao muro…

Limitei-me a “brincar” por ali, um dia pode ser que a muralha seja um dos destinos a catar em pormenor e aí então eu vou caminhar!

As estradas e caminhos perto da muralha são muito bonitos e não me apeteceu mais andar à procura do caminho da dita muralha, apeteceu-me mesmo curtir o caminho!

O céu voltara a dar uma volta sobre si e a mudar o seu aspecto, como acontece a toda a hora por aquele país acima!

Mas há céus “monstruosos” que são espectaculares por isso mesmo!

Parecia que ia anoitecer mas, como sempre, era cedo! O céu é que estava mal disposto!

Então cheguei a Carlisle e a sua catedral vermelha!

Aliás, toda a cidade tem uma dominante vermelha, onde o tijolo domina nas construções!

Um céu que pesava como chumbo, esperava-me à entrada da Escócia… e zangou-se mesmo comigo e desabou sobre mim!

Guardei a máquina fotográfica, meti-me numa via rápida e dei uma corrida até Glasgow, num trajecto em que por vezes não conseguia ver direito a estrada!

E então encontrei a placa que anunciava a Escócia, que em gaélico se diz Alba!

“Welcome to Scotland” que é o mesmo que dizer “Fàilte gu Alba”

Quando cheguei a Glasgow tudo estava calmo já, e ninguém diria que eu passara pelo interior de um temporal!

Da janela do meu quarto, no 9º andar, podia ver o rio Clyde

Fui guardar a minha motita no parque mesmo atrás do Hostel, no recanto de onde ela só sairia “em braços”, na manhã seguinte…

Passeei-me um pouco junto ao rio, sem saber que tempo não me faltaria para passear por ali, nos dias seguintes!

O Hostel é um edifício enorme, ali mesmo na margem do rio.

E tem um bar super-acolhedor, com cerveja para todos os gostos e boa comidinha!

Nessa noite não entrei na net, apenas mandei uma sms ao meu moçoilo e disse-lhe “escreve no meu mural do Facebook, que eu estou na Escócia e estou tão feliz!”

Fim do 13º dia de viagem!

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19 de Agosto de 2011

O dia em que a Magnífica parou!

Se houve dia em que eu acordei cedo foi este dia 19 de Agosto!

Estava finalmente na Escócia, só queria sair para a rua e começar a descobrir o que aquele país tinha para me mostrar! Era tão cedo que tive de esperar pela hora do pequeno-almoço, pois ele só seria servido às 7.00 horas da manhã!

Enchi a barriga com tudo aquilo a que tinha direito, que é o que faço sempre de manhã, se durante o dia a comida que encontrar for sempre uma bosta (como o fish yaaaarrk ships) já não passarei fome! E lá fui toda catita buscar a minha Magnífica, para o meu primeiro dia de explorações!

Mas o trajecto deste dia foi bem curto!

Lá estava ela à minha espera. Já que a deixara num parque vigiado, o fato de chuva ficara preso no assento com a aranha. Estava tudo no sítio.

Preparei-me para me por a andar. Tudo parecia normal, o motor ronronava sereno quando eu montei mas… quando tentei meter a primeira para arrancar, nada estava mais normal! Senti a pancada da mudança que não entrou e a motita deu um salto de meio metro!

É assustador ter nas mãos uma moto de 300kg desgovernada que salta qual cavalo selvagem! Mesmo assim tentei de novo, mais uma vez e outra… ela não iria andar! Aquilo não era uma birra desconhecida, aquilo era mesmo uma indisposição grave!

Não sabia o que fazer! O senhor que estava de serviço no parque foi espectacular, tentou ligar para um lado e para outro, mas era muito cedo, estava tudo fechado!

Liguei para a assistência em viagem. Fui atendida por uma voz simpática (que parecia de locutor de rádio) que me garantiu que rapidamente um reboque iria buscar a minha Magnifica para a levar ao sr doutor.

Da minha oficina da Honda, cá em Portugal, diziam-me que tudo indicava que a embraiagem perdera óleo, coisa fácil de compor!

Fiquei ali a conversar, uma conversa que parecia de surdos por vezes, porque entender o inglês com sotaque e mistura de gaélico, não é fácil.

Pelas frinchas da “parede” exterior do parque podia-se ver uma Pan lá em baixo na rua. Fui até lá tentar encontrar o dono e perguntar-lhe se havia por perto uma oficina da Honda.

Uma Pan cheia de autocolantes reflectores, tão comuns por lá.

O dono não estava por perto… tive vontade de fazer como contam aqueles e-mails tenebrosos, que aparecem nas nossas caixas de correio, e roubar-lhe a embraiagem e deixa-la numa banheira de gelo!

A quantidade de “coisas brilhantes” que a moto tinha!

O parque era mesmo ali, do outro lado do entroncamento

Então chegou o “reboque”!

E eu que estava à espera de uma carripana sem condições para levar a moto e de uma hora para resolver o quebra-cabeças de “como colocar a moto em cima do camião” , desci do parque pela rampa em espiral em ponto morto e encontro um carro perfeitamente equipado e preparado para transportar motos! Fantástico!

Fartei-me de fazer perguntas! Pensei que era o carro de uma oficina de motos mas o senhor explicou que não. Aquilo pertencia a uma empresa de rebocadores que tem carros próprios para rebocar e transportar carros e estes furgões para transportar motos.

Sempre sorridente, fez questão de me dizer que me mantivesse calma que aquilo era serviço fácil!

Prendeu uma fita nas bainhas da moto e puxou-a mecanicamente para dentro do carro, eu só tive de a controlar, montada nela! Nunca tinha visto subir uma moto para um carro tão facilmente!

A moto ficou encaixada numa calha e depois foi só amarra-la.

“a oficina é perto daqui” dizia ela “é mesmo ali à frente” mas eu não imaginava que fosse tão perto!

No meio de uma conversa animada, em que eu não entendia tudo o que ele dizia, rapidamente chegamos à oficina!

“mas é mesmo uma Honda!” exclamei eu “claro que é uma Honda! Temos de levar a moto a quem a entenda!” exclamou ele rindo-se

Toca a manobrar o carro para descarregar a minha motita linda!

A minha Magnífica foi recebida com atenção e surpresa. Nunca tinham visto uma moto com tantos quilómetros/milhas!

O stand, Victor Devine & Co Ltd é, na realidade, uma “loja de motos” que comemora este ano 50 anos de vida, com esta gerência, mas a sua história remonta aos anos 40, quando o Victor a abriu com outro sócio! É concessionário Honda desde 1970.
http://www.victordevine.com/

Andei por ali a cuscar o stand, tinha de ocupar o tempo enquanto esperava pela minha motita!

Li e reli tudo o que encontrei por ali

Meia volta, volta e meia ia dar uma vista de olhos à minha motita… o problema não se resolvia com por ou tirar óleos, nem sangrar nem coisa nenhuma!

Ela não ficaria pronta naquele dia… teria de voltar para o Hostel sozinha e voltar no dia seguinte de tarde. Que iria eu fazer tanto tempo sem moto?

Levaram-me para casa, eu estava tão triste!

Naquele dia a paisagem da minha janela teve muito menos piada do que no dia anterior!

Fui para o bar, onde a cerveja é de ½ litro e a net é de borla, meio “falha e segue”, mas de borla! Nem tudo é mau em Glasgow!

Mas…

Fim do 14º dia de viagem… parada!

**** ****

“Sozinha” em Glasgow!

Perguntam-me muitas vezes se não me sinto só ao viajar sozinha por tantos dias, respondo sempre que não e explico como é giro e interessante, que se conhecem pessoas, que se tem tempo para ver mais e melhor…

…naquela noite senti-me só!

Senti que foi um dia em “suspensão”! Nem estava em viagem, nem estava em casa, nem estava só, nem estava acompanhada, apenas estava à espera de quem não veio…

Fiquei muito tempo contemplando a noite. A minha Magnífica estava por ali, algures, também sozinha…

20 de Agosto de 2011

De manhã não sabia o que fazer!
A moto estaria pronta de tarde. Eu tinha as minhas tralhas no armário do meu quarto e não tinha como as levar dali, pois não tinha saco! Comecei o dia por aí, comprar um saco para transportar tudo comigo. Depois tinha toda a manhã para explorar Glasgow, até à hora de ir buscar a motita.

Os sacos de viagem estavam todos a preços exorbitantes! Não estava disposta a pagar 50£ por um saco para usar meia dúzia de vezes! Acabei por encontrar um trolley bem giro a 12£!! Até pensei que o preço estava errado, mas não estava e foi a coisa melhor que eu podia ter comprado, pois pus tudo lá dentro e não tive e de carregar saco nenhum às costas! Foi só puxar e andar e foi assim que dei a volta a Glasgow: de trolley e de autocarro!

Mesmo pertinho do hostel ficava a estação de caminho de ferro, a Central Station.

Em frente ao hostel fica o rio Clyde com uma ponte tão gira para peões.

Depois, ali à beirinha fica a zona comercial. Dizem que as pessoas de Glasgow adoram fazer compras e, pela zona comercial que têm, deve ser verdade! The City Centre é a maior zona comercial do Reino!

Glasgow é uma cidade cheia de construções surpreendentes, embora não seja aparentemente particularmente bonita, depois de toda a beleza que se encontra noutras cidades, tem os seus pormenores de encanto!

Estava sol, o que tornava as coisas menos difíceis para mim, a arrastar o trolley atrás de mim pela cidade!

Então encontrei uma paragem do autocarro panorâmico e fui dar a voltinha à cidade.

Claro que fotografar lá de cima não é a mesma coisa… mas ao mesmo tempo sabem-se muito mais coisas, com a vozinha sempre a murmurar as curiosidades, história e estórias da cidade!

The Clyde Arc, uma ponte famosa pelo seu design inovador, gostava de ter lá passado à noite, mas não deu…

Mais à frente the Scottish Exhibition and Conference Centre, um edifício com mais de 20 anos mas sempre espantoso, como uma couraça de bicharoco, é o maior do reino e é giro! Chamam-lhe o Tatu!

The Glasgow Science Centre, logo a seguir, é mais um edifício delicioso! Aquela zona do rio Clyde parece ocupada por edifícios vindo de outro planeta!

O Clyde Titan Crane – Vestígios da história da cidade, ligada à construção naval!

O Kelvingrove Museum, que queria visitar mas não tive disposição para o fazer… tem tanta coisa lá dentro que eu queria ver… só por isso já vale a pena passar em Glasgow, um dia que volte ao Reino Unido!

Se há coisa que não me faço a mim mesma é obrigar-me a fazer o que não me apetece, mesmo que seja para não perder algo fantástico! Não me apetece, não vou, e pronto!

Os edifícios da Universidade são muito bonitos e imponentes! Glasgow já foi conhecida pelo seu grande centro universitário.

Os bares mais característicos da cidade têm muitos anos de existência!

O Tennent’s Bar teve licença para vender bebidas alcoólicas em 1888 e até 1971 apenas homens podiam lá entrar até que uma multidão de mulheres invadiu o bar e encheu a rua em filas infinitas para entrar. Desde então elas foram aceites e, curiosamente, “todos os” gerentes têm sido mulheres a partir daí!

The Old College Bar, de 1810, basta olhar para ele para se ver o quanto é antigo!

Whistlin Kirky bar, este é mais jovem, é de 1920

Segui olhando para todo o lado, ouvindo histórias dos locais e registando perspectivas da cidade… a cabeça estava na minha motita…

The George Square, recebeu o nome do Rei Jorge III, a praça principal de Glasgow, onde vi acontecer de tudo!

Naqueles dias estava cheia de grades, zonas fechadas e muita gente. Não entendi muito bem o que se estava a passar, pensei que fosse uma simulação de incêndio ou acidente, por haver por ali muitos carros de bombeiros… mais tarde vim a saber que era outra coisa bem mais interessante…

The Steeple Tolbooth, uma torre de 7 andares que foi parte de um edifício maior, hoje está ali, isolada, quase no meio de uma rua no centro da cidade!

Encontrei a fonte de Doulton, junto ao Palácio do Povo, a maior e a mais bem conservada fonte em terracota do mundo. Ninguém diria que aquilo não é feito de pedra ou mármore!

Ainda passei no arco do triunfo do Green Park , quando me ligaram da oficina e eu nem tomei mais atenção a nada!

Saí na paragem mais próxima e caminhei até lá!

Estava de novo junto à estação central perto do hostel e perto da oficina!

Fui vendo montras para me distrai e as montras de cerimónia são muito interessantes para homem, nada como aqui que só as roupas de mulher é que merecem toda a atenção e cuidado!

Cheguei à oficina para receber a notícia de que a moto não estaria pronta nem naquele dia, nem tão cedo!

O problema era mais grave do que se pensava e teria de levar várias peças novas…

A minha primeira reacção foi ligar para a Assistência em Viagem e pedir para me levarem a mim e à moto embora dali… sim senhor, iam tratar rapidamente disso…

Então o meu moçoilo ligou-me e disse-me para não fazer isso! A moto demoraria para caramba a chegar a Portugal, eu também iria andar de lado para lado em transportes de que não gosto, faltavam muitos dias para o fim das férias, valia a pena pagar e continuar…

Aos seus argumentos juntei a fortuna que teria de pagar, só da mão-de-obra, muitas horas já gastas e mais umas quantas para voltar a montar a moto, para depois ela voltar para casa estragada e ter de pagar o arranjo cá, na mesma…

Voltei a ligar para a Assistência em Viagem “já não é preciso… parem o processo, ela vai voltar para casa a circular!” e voltei para o hostel a arrastar o trolley atrás de mim… tão só, que me apetecia chorar… a Magnífica continuaria internada por mais 3 dias…

Fui para o bar, encher-me de comida (ali comia-se comida a sério! Até sabiam o que era arroz!) e de cerveja e reformular a minha viagem a partir dali. Tinha de decidir o que fazer com menos aqueles dias de caminho!

“Como pode isto acontecer com a minha motita?

Depois de tantos quilómetros na maior paz eis que algo lhe falta, algo rebenta dentro dela e ela quer andar mas não pode!

Não sei o que falhou nem sei se tomei a melhor decisão ao manda-la arranjar cá, em vez de a fazer transportar para Portugal pela Assistência em Viagem… mas há o problema das condições em que ela seria transportada, há o tempo de espera para que tudo seja resolvido, há o problema de ter de a arranjar de qualquer maneira e há o que teria de pagar para a voltarem a montar para a enviarem para casa!

Há tanto tempo que queria cá vir e agora que estou cá, tudo parece conspirar para me impedir de ir, de ver, de continuar! É a frustração total, como se tivesse uma amiga no hospital, no momento melhor da viagem!

Hoje de manhã comprei um trolley, pus as minhas coisas dentro e fui visitar a cidade, como fazem as pessoas normais que não andam de moto. Foi a melhor coisa que pude fazer, senão teria andado por aí cheia, de sacos e saquinhos às costas! Relaxei! Ainda não sonhava que ela não ficaria a andar hoje!

Depois fiz o quilometro que separa o Hostel do stand Honda, cheia de ilusões, pegar nela, amarrar o trolley no banco de trás e partir sem mais demoras! Mas ela ainda está ligada às máquinas em coma induzido… e assim ficará até virem as peças para transplante!

Voltei ao hostel, havia lugar para mim e cá vou ficar hospedada à espera de novidades…

Espero voltar a partir terça feira…

Espero!”

Fim do 15º dia de viagem… de autocarro!

**** ****

(continua)

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7 thoughts on “III – Passeando até à Escócia 2011

  1. Olá Gracinda.
    Bem…. estive a reler esta parte da crónica e falta-me falar do pormenor da avaria da tua magnifica! 😦
    Foi um momento de tristeza e frustração que de uma maneira ou de outra conseguiste “superar” e ao tomares a decisão de a arranjares e seguires viagem, foi o melhor que fizeste.

    Boas Curvas

    Simone

    • Foi uma experiência muito ruim para mim! De repente perdi a confiança na moto, nas pessoas que cuidam dela e quase em mim! Cheguei a pensar que nunca mais viajaria com ela!
      Hoje o que ficou desse episódio? A confiança na moto mantem-se, a confiança na oficina, foi-se!…
      Vou voltar a viajar com ela sim senhor!

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