26. Passeando por caminhos Celtas – até Manchester…

18 de agosto de 2014

Tal como predito pelo meu amigo da receção, no dia seguinte chovia a potes!
Ele era chuva por todo o lado, só me restava enfiar o fato de chuva e continuar a descer o país sem nem olhar para o lado… uma pena…

Voltei de desenhar o interior da sala de estar onde passei todo o tempo que o tempo não me deixava sair. Acho que nunca tinha desenhado tantos interiores como desta vez!

Porque os exteriores estavam uma sopa!

Por ali tudo é verde e até é fácil de entender porquê, com tanta humidade e chuva…
Os bichinhos são bem tratados por aquelas terras, há comida para os pássaros nas árvores

e há coelhos a passear por ali como se fosse a coisa mais natural, em plena harmonia com os patos que entravam quase pela casa dentro à procura de comida!

Lá tratei de partir, depois de um pequeno-almoço tomado a espreitar de janela em janela…

O lago que me levara ali estava cinzento e triste, era mesmo do outro lado da rua e eu nem o vira ainda…

Como tudo deve ser bonito por ali e eu nada vi…

Há mesmo paisagens surreais que eu queria ver, mas apenas as vislumbrei levemente, no meio do mau tempo!

E a estrada na minha frente parecia o caminho da tempestade!

Mesmo assim eu não desci tão direta assim, fui-me encostando à costa leste, já que tinha de seguir sem paragens que fosse tenho algo para ver, como o mar do norte!

Claro que aquele caminho não foi uma escolha inocente!
Havia uma réstia de sol por aqueles lados na meteorologia da manhã, e havia também algo que eu queria ver, nem que fosse de passagem!

“Finalmente fui até ao Castelo de Alnwick, lindo, antigo, medieval mas, não importa quanta história ele conta, a sua mais recente fama o tornou mundialmente conhecido, quando emprestou os seus exteriores para as filmagens de Hogwarts, o castelo do Harry Potter. Embora muita coisa tenha sido inventada e criada em desenho digital, a alma do castelo permanece no filme, pude senti-lo hoje. Estava cheio de famílias com miúdos, havia atividades engraçadas e bastante realistas para alegria da pequenada e os relvados, fofos como almofadas, serviam de alcatifa onde toda a gente se sentava a todo o momento, até eu, aproveitando o lindo sol que espreitava finalmente entre as nuvens!”

(in Passeando pela vida – a página)

A chuva tinha parado e quando eu entrei no castelo, ninguém diria que tinha sequer chovido!

Depois da chuva, depois de nada ver por tanto tempo, o Castelo de Alnwick foi um paraíso de luz e alegria na minha viagem, apesar de estar cheio de gente e de as nuvens logo se voltarem a fechar.

Não, não se pode fotografar lá dentro… eu sei, sou uma fora da lei, pois roubei uma ou duas fotos para a posteridade!

Que bem que me soube ver o sol em tão bonito lugar pelo tempo suficiente para me animar a alma!

Andei por ali, sentei-me no relvado fofo, subi às torres, desci ao rio…

nada me fazia lembrar o Harry Potter, porque tudo era alegria e luz por ali, a não ser as animações e encenações que faziam os mais pequenos delirarem e sonharem, por mundos de magia a que aquele castelo serviu já de cenário…

Lá estava o rio e a ponte que eu queria atravessar! Lá de baixo a perspectiva sobre o castelo devia ser linda!

Nuvens gigantes aproximavam-se rapidamente e eu nem iria ver os jardins. Tratei de dar a volta ao circuito de regresso para ir ver o castelo por fora e pôr-me a andar, antes que a chuva voltasse a apanhar-me!

Uma escultura imponente de Sir Henry Percy, um herói do séc. XIV nas guerras anglo-escocesas, fica entre o mundo da brincadeira e o jardim de relva fofa e verde.

Deixei os jardins para outra visita (eu sei que são lindos e imperdíveis) porque o que eu queria ver era a ponte e a perspectiva que Turner tomou para a sua pintura desde a ponte, lá em baixo! Manias!

E realmente lá de baixo as perspectivas do castelo são encantadoras e voltei a sentir a atmosfera do Harry Potter ali!

Mais um milhão de fotos, um desenhito ou dois… e parti de novo!

Havia mais coisas que eu queria ver…

“Um dia eu ía a passar e vi-o, the Angel of the North, mas eu seguia para norte, na A1, e como se conduz pela esquerda, ele ficava à minha direita e eu nem tive tempo de raciocinar para sair algures para o ir ver… uma pena! Desta vez eu vinha no sentido contrario e lá estava ele de novo. Rapidamente saí na primeira oportunidade, tinha mesmo uma placa a indicar que era por ali que eu devia sair! Tinha parado de chover, o céu estava cheio de nuvens e sombras, e o Angel estava ali, maior do que a lente da minha máquina parecia poder captar, lindo. Uma escultura extraordinária de um anjo com 20m de altura, com longas asas que impressionam pela sua excessiva dimensão, mais de 50m de asas, o que as faz muito maiores que a altura total do corpo. Construído entre 1995 e 1998, fazia parte das coisas que eu queria muito ver, desde o seu primeiro dia de “vida”… desta vez eu vi-o!”

(in Passeando pela vida – a Página)

O contraluz que a imensa escultura desenhava contra o azul do céu, fascinou-me!

Nervuras de metal decoram todo o comprimento do corpo conferindo-lhe uma ideia de robustez bem necessária para suportar todo aquele peso!

Grandiosa! Conhecia-a tão bem a escultura… e de repente não conhecia nada, ficava ali a olhar aquele enorme gigante, em perfeito êxtase!

E o raio da chuva voltou a apanhar-me no caminho e acompanhou-me por ali fora até chegar a Manchester! Nada a fazer senão levar com ela!

Manchester era uma cidade que eu ainda não tinha visitado, a segunda cidade da Inglaterra, cheia de história e música, afinal é o berço de varios músicos/ bandas míticos.
Alguns que me lembro são sobejamente conhecidas, como os New Order, Joy Division, Simply Red, The Smiths ou Oasis!

Dei uma pequena volta pelo centro da cidade, só para ver como era, pois no dia seguinte é que eu visitaria a coisa melhor!

E fui para casa, que era ali perto e tinha um mural lindissimo pintado na enorme parede em tijolo!

Aliás iria encontrar diversos murais por ali, a lembra um pouco Belfast!

E foi o fim do 21º dia de viagem, com uma espécie de oração “que amanhã não chova, que amanhã esteja sol”.

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2 thoughts on “26. Passeando por caminhos Celtas – até Manchester…

  1. Agora com mais tempo livre, voltei, pela 2ª vez, a colocar esta maravilhosa crónica em dia. Tu, como eu, és fã destas terras que nos tocam dum modo muito especial. Como tu, tenho de lá voltar, com muito tempo para gastar.

    Obrigado por me fazeres recordar locais tão bonitos.

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