19 de agosto de 2014
Trouxe a minha bonequinha até à porta do Hostel para lhe colocar a mala que tinha de carregar desde o 3º andar até à porta. As pessoas são sempre tão simpáticas quando vêm uma menina a carregar uma grande mala e não faltam cavalheiros que se ofereçam para me ajudar.
Manchester era um nome que eu trazia na minha lista de vontades, talvez apenas pelo nome, talvez apenas pela música e músicos que dali saíram, mas simplesmente estava na lista “a visitar”!
Depois, como é sabido, eu adoro conduzir no trânsito, nunca me nego a meter a minha motita gordinha pelo meio dos carros, numa gincana de arranca e para, fura e segue, como faço no Porto ou em Lisboa! Por isso quando me recomendam que evite as cidade eu nada digo e faço exactamente o contrário! E que bom que é “surfar” com uma moto “gigante” por entre a confusão!
E fui até ao centro, não era muita coisa que eu queria ver, apenas queria sentir a cidade em torno de mim. Contra o que seria de esperar, fui até Albert Square, porque o que me prendia a tenção não era uma igreja ou uma catedral, era antes a Town Hall.
Aquele edifício é deslumbrante e eu ia preparada para tentar tudo para o visitar… não foi preciso! Apenas me deixaram entrar e pronto, sem que fosse necessária qualquer pressão ou argumentação da minha parte! Eu adoro aquela gente prática e sem “frufruzices”!
O edifício é neogótico e ali funciona o governo local, como uma câmara municipal deve ser!
Claro que só andei nos corredores e espaço públicos, mas que lindo aquilo é tudo!
Ninguém me incomodou enquanto andei por ali! Pessoas passavam, no seu percurso de trabalho, e sorriam para mim por eu andar ali maravilhada a olhar!
“It’s beautifull, isn’t it?” perguntava alguém a cada passo
“Oh yes, you are privileged to work here!”
O edifício tem ligações por corredores passadiços para o edifício lateral, onde funcionam outros serviços, a lembrar os corredores da idade média que também atravessavam ruas!
Então depois de muitas voltinhas por ali, lá fui ver a catedral!
É sempre uma surpresa entrar numa catedral inglesa, tudo se pode encontrar lá dentro sem ser um tradicional ambiente de culto! A porta de entrada estava decorada com bordados pendurados em tiras infinitas!
Numa igreja por vezes encontra-se um bar, com mesas e gente a lanchar, outras vezes encontra-se uma sala de exposições….
E ali havia algumas obras curiosas, como candelabros criativos,
ou trabalhos imensos de bordados em cores chamativas!
Os vitrais são inspiradores e modernos, lindos!
E o local de culto está lá na mesma, numa nave lateral!
A catedral, mais propriamente, Cathedral and Collegiate Church of St Mary, St Denys and St George, é gótica na sua origem, com muitas reformas e transformações ao longo da sua vida conturbada por momentos religiosos menos favoráveis, e momentos de guerra também. Mas lá está ela, linda, como se nada fosse!
Nasceu católica e hoje é anglicana.
E depois da história, e embora eu nem seja muito dada a futebóis, fui ver outra catedral que levava na minha lista de vontades!
Eu tinha de ir ver o estádio do Manchester!
Cheguei lá e havia chineses por todos os lados! Eu não sei se eram mesmo chineses, mas que tinham os olhos em bico, isso tinham!
Aproximei a moto e um segurança veio ter comigo, perguntar-me onde eu queria ir com ela. Expliquei que só queria tirar uma foto sem gente nem carros na frente. Ele perguntou de onde eu era, respondi que era portuguesa. O seu rosto iluminou-se “Portuguese? Great! Of course you will take your photo with your bike!” e desatou a enxotar os chineses do meu caminho para que a moto ficasse sozinha!
Mas o efeito do “I’m portuguese” ainda iria fazer-se notar mais à frente!
Pousei a moto no meio dos carros e fui tentar visitar o estádio.
As chinesas revelaram-se úteis ao tirarem-me uma foto, claro que depois de eu lhes ter tirado uma dezena delas também!
Um estádio é sempre aquela construção imensa que me fascina!
Pude vê-lo numa maquete na loja, mas eu queria mesmo visita-lo por dentro!
Então depois de muito catar pelos corredores laterais onde ficam as portas para as bancadas, cheguei à grande porta lateral, a sir Alex Ferguson Stand, onde fica o museu. Estavam 2 homens muito simpáticos à porta, que depois percebi que eram guias do estádio.
Dirigi-me a eles, eu queria visitar o estádio, mas tinha deixado a carteira na moto, do outro lado, junto da porta principal. De onde era eu? De Portugal! Fantástico! Quanto tempo tinha para visitar o estádio? Pouco! Sem problema, era só ir buscar a moto para ali e eles me fariam uma visita guiada cirúrgica, aos pontos mais importantes do estádio, sem que eu tivesse de demorar toda a hora e meia da visita que os chineses estavam a fazer! Genial!
E assim foi, trouxe a moto até à porta, um segurança veio-me receber, guardou-me o capacete e tudo, e eu fui visitar aquilo tudo como visitante VIP, sozinha com um guia e com tarifa reduzida, enquanto os chinocas andavam em bandos de muitos. Eu podia vê-los do outro lado do campo enquanto eu estava na bancada VIP!
O meu guia era simpático, contava histórias interessantes e fazia-me perguntas também. Apanhei-o numa foto!
Ele ofereceu-se para me fotografar também. Parecíamos velhos amigos!
O espaço amplo de um estádio sempre provoca em mim uma sensação forte, de pequenez, quase de êxtase! Se juntar a essa sensação o mítico do local, então entende-se melhor o mundo de sensações que passou por mim, ali!
Então depois veio o museu… toda a história de um grande clube e um grande estádio em infinitas memórias!
E lá estava o Ronaldo…
E as taças aos milhares!
Quando saí parece que caí num outro mundo!
O segurança veio trazer-me o capacete e pôs-se ali à conversa comigo.
“So you’re portuguese? Oh Ronaldo, Ronaldo, come back please!” Dizia ele!
Perguntou-me onde ía eu a seguir, disse que ía para Liverpool. O homem ficou alarmado
“Don’t go! Don’t go to Liverpool! Liverpool is shit!”
Oh valha-me Deus que a rivalidade futebolística não era para aqui chamada! Expliquei que ia a ver a cidade, que não ia ver os seus estádios e seguiria para sul, para Cardiff.
“Cardiff is too far, too many miles away from here, go straight to there, don’t go to Liverpool, Liverpool is shit!”
Adorei a conversa do homem, dizem que os ingleses são pouco expressivos mas há momentos em que o são e muito! Adoro-os!
E fiquei com uma fita muito bonita de Manchester como recordação daquela visita que adorei!
(continua)