4. Passeando pela Grécia/Balcãs – dia de embarcar

22 de agosto de 2022

Acho que cada dia de crónica desta viagem vai começar sempre com um desenho do dia anterior! Dos vários que fiz, vou escolhendo aquele que está mais aceitável.

Torla vista da estrada cá em baixo 🙂

As coisas com a minha mão estão assim: fica ladina durante o dia, mas acorda toda bloqueada e inchada na manhã seguinte! E de dia para dia nada muda! Só me resta por muito gelo ao pequeno almoço e seguir conduzindo com muito cuidado, pois a mobilidade vai-se conquistando ao longo da manhã, à medida que vou usando a embraiagem como mola de fisioterapia. Nada a fazer, é assim e pronto.

De preferência que ninguém veja de perto o estado em que ela está para não me encherem a cabeça sobre como é perigoso andar em viagem, conduzindo moto, com uma mão incapaz! Não, ela não está incapaz, apenas está muito preguiçosa para acordar.

O pequeno almoço voltou a ser no exterior, com a motita como paisagem, bem em frente do hostel.

Encontrei o meu amigo do jantar de ontem entre os hospedes ao pequeno almoço, por isso não houve gato que se aproximasse de mim hoje!

O caminho não era longo e a hora de embarque era apenas às 19.30h, por isso daria tempo para explorar um pouco no caminho até ao ferry.

Pertinho do meu hostel fica a Bodega Sommos, na região de vinicola de Somontano e a sua arquitetura é impressionante! Dizem que custou 90 milhões de €uros, mas consta agora entre as 10 maravilhas arquitetónias vinicolas do mundo!

Já tinha passado ali com a ideia de visitar um dia. Desta vez apenas entrei nos seus domínios, pode ser que da proxima entre para visitar o edificio por dentro.

Hoje era muito cedo para visitas, por isso apenas dei umas voltar por ali para admirar o edificio em diversos ângulos.

O rio Ebro sempre me fascina. Cada vez que passo por ele relembro uma ideia antiga de um dia o percorrer da nascentre até à foz e apreciar toda a sua beleza, de ponta a ponta!

É o maior rio totalmente em terras espanholas e é cheio de curvas e contracurvas por paisagens deslumbrantes. Há quem diga que o seu nome pode estar ligado à origem do nome da península, quem sabe?

No meu caminho muita coisa me desperta a atenção, igrejas velhas, como toda a gente sabe, recantos medievais, com casas antigas e ruelas estreitinhas, paisagens deslumbrantes, motanhas e por ai fora, mas a arte urbana também me faz parar, sobretudo porque nunca sei quando vou cruzar com ela e o efeito surpreza tem um grande impacto em mim.

Gandesa apanhou-me de surpreza. Vi por entre os muros das casas algo muito grande e dei a volta para ir ver de perto.

A obra não era própriamente para ser vista de perto, de tão grande que é!

Verdadeiramente impressionante!

O tempo que andei por ali a apreciar os pormenores!

Logo à frente havia um grafitti, que até era grandinho, mas perto do grande mural, era quase insignificante.

Então cheguei a Calaceite, que consta como Uno de los Pueblos Más Bonitos de España.

E é mesmo bonito, bem merecedor da designação.

A cidadezinha tem uma origem muito antiga, mas os seus edificios mais proeminentes são renascentistas

Como o edificio do Ayuntamiento, do século XVII.

As ruelas estavam bastante solitárias, apenas na praça do Ayuntamiento havia uma esplanada com gente.

A vantagem é que não precisei de andar a desviar-me das pessoas, nem esperar que parassem de fazer selfies para eu poder fazer uma foto sem ninguém, aos recantos mais bonitos que fui encontrando!

Ainda passei em Vaderrobres, também considerado Uno de los Pueblos Más Bonitos de España, com a sua igreja e castelo no topo de um núcleo urbano medieval extraordinário.

Do lado de cá da ponte é tudo mais recente e moderno, mas do lado de lá, começa a beleza do local

A Puente de Piedra atravessa o rio Matarranya até ao Portal de San Roque, protetor contra as epidemias e padroeiro da população, que é entrada para o núcleo antigo da cidade.

A ponte é lindissima, do século XV, com aqueles quebra-mares impressionantes.

Depois é subir e descer por ruelas e ruinhas vertiginosas.

Vislumbrar a catedral por entre as casinhas, no topo de uma ruela estreitinha, é quase uma imagem surreal!

Tive azar, a igreja e castelo estavam fechados, mais uma promessa a mim própria de voltar para visitar melhor! Depois as pessoas estranham que eu volte aos locais onde já passei, às vezes tem mesmo de ser!

É a Iglesia de Santa María la Mayor, do século XIV, uma construção gótica impressionante!

E pronto, o melhor é seguir para Barcelona, pois stresso sempre com embarques e desembarques em ferries, o melhor é chegar cedo para ter tempo de não fazer bosta!

Ao longe os rochedos curiosos dos Estrets D’Arnes, onde vale a pena passear, eu apenas não tinha tempo desta vez…

Cheguei ao porto de Barcelona, vi as motos do lado direito mas mandaram-me pôr a minha moto do lado esquerdo! Nao sei porquê, mas fiquei sozinha daquele lado do portão de entrada. O povo do outro lado olhou para mim com curiosidade, devem ter achado que eu estava a furar a fila e eu nem culpa tinha de nada!

Quando abriram o portão, mandaram-me avançar. Fiquei meio desconfortável, pois cá no fundo tinha medo de entrar no barco, sei lá, de não conseguir subir a rampa, escorregar, derrapar e não conseguir segurar a moto! Vários motociclistas apressaram-se a passar-me à frente, foi quando percebi que deviam estar aborrecidos por eu lhes passar à frente.

Fomos guiados por um carro por entre contentores, camiões e outros obstáculos, até ao barco que estava do outro lado. E foi então que a grande rampa apareceu na nossa frente. Bolas, iriamos subir para o andar de cima do porão, por uma rampa cheia de óleo que mais parecia betume negro. Os que se meteram na minha frente começaram a subir, hesitantes, eu não podia hesitar, tinha de subir de uma vez ou a minha mão poderia falhar se tivesse de embraiar.

Não, eu não consigo pôr a moto no descanso central. Os outros motocilcista ficaram a olhar para mim, pensando certamente que eu era fraquinha por não o conseguir fazer. Depois percebi que outros também não conseguiam, o meu vizinho de trás, por exemplo! Ainda tentei ajuda-lo, mas não adiantou nada.

É sempre uma sensação curiosa ser dos primeiros veículos a entrar num ferry e ter todo o porão vazio na minha frente e ser das primeiras pessoas a subir a bordo, enquanto a multidão se enfileira lá em baixo até perder de vista.

Tanto espaço só para mim! Pelo menos por enquanto.

Muito aparato no local, pouco aparato na refeição. Sem problema, frango com batatas fritas é sempre bom, mesmo sem aparato!

Por-do-sol no porto. Vamos lá para uma longa noite de nada e de coisa nenhuma…

Eu detesto este tempo infinito no mar…

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