Naquela noite, a última por aquelas terras, juntamo-nos todos no terraço do hotel. Estávamos todos descontraídos e felizes, pelo sucesso da expedição… mas melancólicos pelo seu fim! Espontaneamente, cada um foi dizendo o que lhe ía no coração, depois daqueles dias juntos, e foi muito giro constatar que todos estavam realmente felizes e com vontade de o dizer a toda a gente!
Uns porque não conheciam quase ninguém no grupo e ficaram “presos” a ele; outros porque tinham sido rejeitados noutros grupos e agora até agradeciam o facto, pois assim tinham conhecido tão boa gente; outros ainda porque estavam habituados a viajar sozinhos e tinham tido receio de não ser boa companhia em grupo; outros… que importa? Todos estavam tão felizes e unidos ao grupo que queriam partir rapidamente para outra viagem!
Foi um momento de confissão, de abertura de coração e de compromisso: temos de viajar de novo, seja para onde for!
Pessoalmente… gostei muito do Vitor e da Sandra, um casal simpatia sempre sorridente e amável;
o Carlos e a Paula, sempre na frente, sempre prestáveis e atentos ao que cada um queria fazer a seguir;
o Diamantino e a Maria, ela sempre de olho no que ía comprar a seguir, ele a fazer contas a onde lavar as tralhas, mas sempre bem dispostos e unidos ao grupo;
o Filipe e a Olga, estavam em todas, é para o deserto, é para comer, é para seguir, sem duvida: é para aproveitar tudo!;
o Alberto e a Mila, sempre serenos, sem esquecer umas festinhas a todos os gatos (e eram muitos) que se iam encontrando no caminho!;
o João, sempre bem disposto e “em todas”, mais a sua motinha desportiva, que levou Marrocos na desportiva!;
o Jorge, a quem tudo parecia acontecer, que no fundo foi animando o grupo com as sua peripécias e conclusões obvias, que repetia a cada passo
e por fim o Filipe XX, a moto vassoura, sempre lá, sempre no fim, que ninguém fique esquecido, eu por exemplo, a cada momento que parava para tirar mais umas fotos, enquanto o grupo continuava o seu caminho!
Todos foram indo dormir… eu fiquei mais um bom bocado, enquanto retirava as fotos da maquina e escrevia o texto com que abri esta crónica…
Decidi naquela noite que acabaria de fotografar mal me separasse do ultimo elemento do grupo…
E fui dormir.
Decidi também que não me levantaria cedíssimo para partir rapidamente para casa… gosto de chegar de viagem de noite e não a meio da tarde, por isso dormi sossegada pois partiria apenas às 10 da manhã com o pessoal do Algarve.
25 de Abril de 2011, que forma agradável de festejar o dia, viajando até casa!
O dia amanheceu luminoso, mas eu fui pondo o olho a ver se não estaria vento… como no primeiro dia! Mas do hotel via-se o porto e estava tudo calmo!
Que alegria, a manhã estava serena!
As nossas 3 motinhas estavam sozinhas no parque do hotel, o resto do grupo já devia ir longe!
Seguimos pelos quelhos que saiam da Medina
Dirigimo-nos calmamente ao porto
Do porto podíamos ver o nosso hotel ao longe, na encosta da Medina.
A Medina vista do porto…
A fronteira foi fácil de passar, nada que se comparasse com a trapalhada da entrada!
Na fila de espera para entrar no ferry fizemos amizade com um esloveno que andara a dar uma pequena volta por Marrocos sozinho
A multidão que esperava para entrar no ferry a pé
Achei piada que a placa de boas vindas a quem entrava em Marrocos dizia “Bem-vindo ao vosso pais” e não ao “nosso” (deles)
Voltamos ao ritual de amarrar as motos ao chão para que não caíssem com o movimento do barco
O meu Patrick dizia-me onde estávamos
Instalamo-nos calmamente, já que não seria necessário preencher papeis nem mostrar passaportes como na entrada.
E partimos, com direito a paisagens memoráveis do porto e do mar… a junção de mares! Mediterrâneo e Atlântico!
A cidade moderna de Tanger, ao longe
E a cidade antiga também!
E Espanha que se aproxima!
Chegávamos ao lado de cá… desamarrar as motos…
Passar na alfandega…
Seguimos em direcção a Sevilha, almoçamos antes de lá chegar, com o nosso novo amigo esloveno, que ía até ao Algarve para depois seguir para Lisboa….
A motinha dele junto da minha…
Separei-me deles em Sevilha e segui o meu caminho por Espanha até Vilar Formoso, por caminhos deslumbrantes. Fui jantar à Mealhada, leitão acompanhado de espumante… mas não tirei nem mais uma foto!
A minha/nossa viagem terminara onde me separei dos últimos elementos do grupo, o que se passasse a seguir não faria mais parte e eu não queria acrescentar mais nada àquela viagem!
O que vi depois, foi apenas a serenidade procurada para “desacelerar” daquela expedição fantástica e era isso mesmo que eu precisava até casa…
Dias antes de partir eu tinha escrito no facebook e aqui, no meu blog:
“Porquê Marrocos?
Tinha um amigo, meu afilhado no meu Moto-Clube (de S Mamede de Infesta) que tinha o sonho de ir a Marrocos.
No ano passado pediu-me se eu ia com ele e mais uns amigos que queriam começar a viajar.
Dizia ele que juntávamos a sua protecção (ele era policia) à minha experiencia e iríamos por aí fora.
Chamava-se Sottomayor e faleceu num acidente estúpido de moto sem realizar o seu sonho…
Vou a Marrocos por ele…
O meu amigo já faleceu há uns meses… por isso eu comecei a dizer que ia a Marrocos sozinha, pois não havia ninguém para ir comigo.
Então o João Luis criou um tópico no VdM com o nome: “Vamos a Marrocos Gracinda?” e as pessoas começaram a organizar-se para irem a Marrocos “comigo”!
Nunca tinha dito porque queria tanto ir a Marrocos, quando o continente dos meus sonhos é a Europa…
Deu-me para dizer agora! :-(”
Ao Sottomayor: Missão cumprida, por mim e por ti, amigo!
O meu novo mapa desenhado!
Cheguei a casa depois de:
4450 km
3.200 fotos
830€
10 dias para não esquecer!
O que me faltou?
Tempo para ver mais… tanta coisa que ficou por ver!…
O que sobrou?
Bons momentos de amizade e convívio que me souberam bem, depois de tanto viajar sozinha!
O que valeu a pena?
Tudo, mesmo as refeições menos boas que acabaram por ser recompensadas pela boa companhia!
O que teria dispensado?
O vento ciclónico no sul de Espanha e norte de Marrocos, que me fez ter a sensação de ir cair a cada curva!
O que me apetece dizer ainda?
… tenho de lá voltar!
Beijucas e até à minha próxima viagem!
FIM
Obrigado por compartilhares umas das tuas Aventuras, com maravilhosas fotos, com uma literatura mágica e principalmente com o teu sentimento de aventura. Adorei e agora está mais claro que é o meu desejo de Viajar por qualquer parte deste planeta belo e misterioso!
Até à próxima aventura e boas curvas…
Obrigada Jaky!
Quando o que a gente vive é intenso, o melhor a fazer é escrever um pouco e mostrar muito, assim nada se perderá no esquecimento! As viagens seguem-se e as experiencias acabam por se esbater se não forem registadas…
Beijucas
Nem tenho palavras…
Fiquei com a lágrima no olho, continua a haver pessoas boas! Esse sentimento de missão é uma coisa fantástica.
Obrigada por partilhares.
Bem haja ao teu amigo que partiu mas continua presente.
Bjs e boa continuação.
Obrigada Lúcia!
A minha “missão”… eu tinha de a cumprir, nem que fosse sozinha… era o mínimo que eu podia fazer, dado que destino não me deixou fazer melhor, só me restava realizar aquele sonho postumamente…
Beijucas
Fantástica descrição, e viagem também. Realmente não vale a pena acrescentar nada. Apenas um obrigado por partilhares as fotos e os pensamentos já que ficamos com vontade de lá ir também.
Obrigada!
Fico contente que gostem do que digo e mostro, é também uma forma de eternizar o que senti e vi!
Beijucas
Olá, adorei “viajar contigo” pois consigo imaginar as coisas a cada palavra tua, bem hajas por fazeres parte de um sonho que eu não tenho oportunidade de realizar mas que o vou fazendo com os teus olhos.
OBRIGADA
Obrigada!
É giro levar outras pessoas “à pendura” na minha moto, por onde elas não poderiam ir! Ainda bem que viajas um pouco através dos meus olhos, fico feliz por isso!
Beijucas
Obrigada Gracinda por mais uma excelente crónica.
Fico à espera da próxima e que seja para breve, pois ao ler e ver as fotos é como se estive-se a viajar na vossa companhia.
Obrigado por partilhares viagens tão bonitas
Cucu!
Obrigada Alf!
Se tudo correr bem partirei já em Julho pelo norte de Espanha, à descoberta das pequenas aldeias, montes e vales, enquanto não chega a hora de ir mais longe, em Agosto…
Beijucas mil