3 de agosto de 2019
– de Reil até Bremen – Alemanha –
Doeu-me a cabeça durante toda a noite, felizmente eu durmo bem com dores. De manhã a minha testa estava inchada e formara-se uma crosta de sangue seco sobre a ferida. Definitivamente eu tinha de tomar mais cuidado comigo ou poderia comprometer o seguimento da viagem.
É certo que já começa a ser hábito eu dar um tombo ou dois no meu caminho, mas eu sempre acho que posso reverter uma má tradição, ou um dia poderá correr tudo muito mal.
Enfiei o chapéu para ninguém poder ver o estrago que fizera na noite anterior, mas ele ficava justo e magoava-me bastante. Que raio de azar o meu! Mas pôr o capacete revelou-se bem mais doloroso e esse eu não podia evitar!
Era muito cedo quando saí, mas mesmo assim tive direito à companhia da empregada do local que me serviu o pequeno-almoço. Era amiga da dona da vespa, que eu conhecera no dia anterior, e estava cheia de curiosidade para me ver, imaginando que eu devia ser gigante para conduzir uma moto tão grande. Nem eu
sou gigante nem a moto é tão grande, ela é que era minúscula, isso sim! Quis fazer várias fotos junto à moto, eu ainda lhe disse para se pôr na frente ou ninguém a veria nas fotos, mas ela insistiu que queria que se visse a moto toda e como ela era grande. Claro que tirou fotos quando montei e até quando arranquei. E eu parti imaginando que histórias ela contaria sobre uma motociclista muito grande com uma moto gigante! Apenas uma questão de perspetiva, afinal!
Depois da curva, ao fim da rua, voltava-se à esquerda na direção do Rio, e lá estava o infame banco de jardim onde eu esborrachara o rosto na noite anterior. Senti um calafrio a percorrer a minha espinha!
O meu caminho continuaria, mas nem por isso teria de ser a direito e o mais rápido possivel! A vantagem de levar o trabalho de casa feito numa viagem, é que não preciso de passar onde já passei, nem procurar pelo caminho algo interessante para ver. Eu tenho sempre um plano, pois não viajo para trabalhar e passar os serões em volta da internet para decidir por onde ir, não faz de todo o meu estilo. Serão é para relaxar, beber um copo, conviver, sei lá, mas seguramente não para trabalhar!
O Rio Mosel é muito bonito, com as vinhas muito bem alinhadas a perder de vista nas suas margens e com as populações muito bem arrumadas, a aparecer a cada passo, como em postais ilustrados!
Boas memórias vieram de quando percorri todo o rio anos atrás, 2012, era a minha segunda PanEuropean uma criança….
Tudo tão bonito e sereno em redor, fácil de compreender porque tudo aquilo ficou na minha memória até hoje! Um verdadeiro prazer passear juntinho às águas…
Impossivel passar na zona e não fazer uma pequena visita a Bernkastel – Kues! A terrinha é tão bonita que visita-la de novo nunca é demais.
E foi tão bom lá passar desta vez. Não havia quase ninguém nas ruas, o que é uma raridade numa terra tão tusistica e visitada que, normalmente, é impossivel ter-se uma perspetiva decente das suas ruelas sem uma multidão pela frente!
Desta vez até havia gente de menos, o que me apanhou completamente de surpreza!
A forma como as terrinhas vinicolas do Mosel são decoradas e atravessadas por vinhas é encantadora!
E lá estava a famosa casinha, Spitzhäuschen, do tempo em que se construíam as casas estreitinhas no solo e mais largas nos pisos superiores, pois o imposto era pago apenas sobre a área que ela ocupava no chão! Tão bonitinha, não admira que este seja o recanto mais fotografado de Bernkastel – Kues.
Verdadeiramente antiga, como uma casinha saida de uma história dos Irmãos Grimm.
Encostei-me numa esquina em frente e fiz um desenho.
Sim, que ali tudo é tão próximo e em cima, que a esquina em frante fica quase em cima da casa famosa!
Começavam a chegar turistas para verem a casinha e tirarem fotos no local. Quando me pedem para tirar uma foto eu sempre aproveito para me fazer fotografar também.
Definitivamente um recanto encantador
O povo começava a aglomerar-se nas esplanadas para o pequeno almoço no momento em que eu segui caminho. Foi na hora certa que cheguei e na hora certa que parti. da ultima vez que ali estivera, estava tanta gente que nem dava para andar direito, quanto mais apreciar calmamente a terrinha!
Eu tinha uma outra terrinha alemã em mente, há tempos que queria passar por lá, e de repente a Bélgica meteu-se no meu caminho! Confesso que, embora eu tenha um bom sentido de orientação, distraio-me bastante com as paisagens que me cercam quando vou a conduzir, por isso nem sempre tomo total consciência do que vou atravessar a seguir, e cruzar com a placa da Bégica apanhou-me de surpreza!
E bem, já que estava na Bélgica, não podia simplesmente passar sem olhar! Não havia muito para ver em tão curta incursão mas pelo menos uma terrinha chamada Rocherath, prendeu minha atenção, com a sua enorme igreja de Sankt Johannes der Täufer – ou de São João Batista! Estava fechada, uma pena, pois consta que é bonita por dentro também.
Ao que parece, aquela zona foi meio arrazada na guerra e a igreja foi construida depois de limpos os escombros da anterior, pelo que percebi, que aquela lingua não é nada facil de ler!
Nos jardins, por trás da igreja, fica a Lourdesgrotte – a Gruta de Lourdes, construida em betão armado, em cumprimento da promessa de um trabalhador por sobreviver à Segunda Grande Guerra.
Rocherath fica no parque natural germano-belga High Fens – Eifel e o tempo que eu andei a passear pelo parque, como se ele nunca mais acabasse! Num instante atravessei um pedaço de história sem contar, que fixe!
Ainda na cadeia montanhosa de Eifel, ficava a cidade que eu queria muito visitar: Monschau
O trânsito é condicionado ali, mas os motociclistas tendem a fazer como eu sempre faço, vão entrando devagarinho até ao centro, pousam as motos por ali e sentam-se nas esplanadas a curtir o momento. Mas eu sabia que todo o percurso era bonito, por isso pousei a moto no parque de estacionamento e fui caminhando, ao som da minha música, apreciando cada passo do caminho. E não me arrependi!
E os recantos que se podem apreciar se a gente caminhar e que não seria possivel apreciar de cima da moto por muito lentamente que se passasse!
E o centro é encantador, com pontes e esplanadas e o rio, que tem um nome muito giro, Rio Ruhr, a passar pelo meio
A cidadesinha fica no meio dos montes e é tão linda quanto antiga, sem grandes alterações à arquitetura tradicional de origem.
“Monschau tem aquela beleza de cidade encantada onde apetece sentar e ficar a olhar, em todo o canto, porque é linda de todas as perspetivas! Mesmo quando os turistas são mais do que as ruas parecem suportar. E no meio de toda aquela gente colorida e semi-despida pelo calor, andava eu, de preto, botas e chapéu, a lembrar o inverno no meio do verão. É sempre uma sensação curiosa, passar e toda a gente olhar, toda a gente se afastar, criando as condições certas para eu captar alguma perspetiva sem ninguém. A Alemanha é linda!”
(in Passeando pela Vida – a página)
Todo o tempo que gastei passeando por ali foi deliciosamente bem aproveitado!
Tomando um lanchinho numa esplanada como eu tanto gosto, depois de quinentas fotos e alguns desenhos!
E lá segui o meu caminho. Queria passar em Freudenberg, milhentas vezes fotografada e apresentada na internet, sempre na sua perspetiva mais espetacular, mas eu queria vê-la por dentro!
Tinha tanta curiosidade de perceber como eram as ruas, as casinhas de perto, os jardins, tudo o que não se vê na net!
E adorei o que vi até chegar à perspetiva mais famosa. Na realidade um senhor me chamou para me dizer onde era o sitio ideal para fotografar a cidade, que por ali não veria nada de especial. Claro que tive de o ilucidar que, para mim, o mais encantador fica onde as pessoas estão, ver de perto como é viver num sitio cheio de beleza de postal ilustrado!
Mas é claro que fui até ao sitio das fotos da praxe, nem fazia sentido estar lá e não subir o morro!
E segui para Bremen, onde ficaria a minha casa por aquela noite.
Aos anos que eu não passava na cidade e que bem me soube voltar a passear pelo quarteirão de Schnoor!

A primeira vez que passeei pelo quarteirão, nem sabia muito bem o que era, apenas tinha a sensação de andar numa aldeia num canto da cidade!

E é um bocado isso mesmo! O Schnoor é o centro do centro histórico de Bremen.


É um antigo bairro de pescadores, feito de ruelas estretinhas, consideradas das ruas mais bonitas do mundo, casinhas pequenitas muito antigas la pelos seculos XV e XVII.

Há ruas que não são mais que caminhos entalados entre as casas onde só podem passar pessoas magras, digo eu!


E logo ali fica a Marktplatz onde tudo fica.

Há sempre uma Marktplatz onde tudo acontece até hoje!

Foi ali que eu decidi jantar!

E como eu gosto de escolher uma bela esplanada, na praça principal, sentar e comer apreciando o movimento do serão!

Tudo é tão bonito quando anoitece e as luzes se acendem!


Será esta a ilustração da experessão “foi tudo com os porcos”?

E fui dormir, que amanhã seguiria para a Dinamarca!
Bom dia,
Parabéns pelo relato só tenho pena de não conseguir visualizar as fotografias, nem no smartphone nem no PC… Saúde!
Disseram -me que instalando a aplicação da WordPress no telemóvel se conseguem ver as fotos. No entanto eu ainda não consegui, so no computador!
Viva Gracinda
Também não consigo ver as imagens desta viagem no computador. Não deixa de ser estranho, uma vez que é possível ver todas as imagens das restantes viagens! Também me vejo “à nora” com as configurações do editor do “blogger”, snif, snif…
Não sei o que se passa, isto nunca aconteceu antes!