5.Islândia-Ilhas Faroé-Noruega

4 de agosto de 2019

– de Bremen até Sonder Felding, Dinamarca –

Acordei cheia de gas para seguir viagem, não conseguia ignorar a excitação de voltar à Dinamarca!

Certamente não é o país com mais coisas para ver, mas há uma calma e serenidade nas suas paisagens e cidades, que me deixara saudades desde 2 anos antes, quando subi até ao topo dos paises escandinavos.

Naquela viagem, como pretendia ir muito para norte na Noruega e na Finlandia, explorei mais as ilhas de Fyn e Zelândia, que ficavam no meu caminho, deixando a grande peninsula precisamente para quando fosse até à Islândia, pois sabia que teria de a subir para apanhar o ferry. Então agora estava cheia de vontade de percorrer os caminhos do norte da Peninsula Jutlândia!

Como todas as cidades, não importa quão cheias de gente sejam, Bremen era toda minha àquela hora da manhã! Pude dar-me ao luxo de percorrer a Marktplatz  como se eu fosse a rainha do lugar!

E o que eu me diverti tirando fotos em todas as direções, com a minha motita bem no meio daquilo tudo!

Então, um senhor muito simpático, que observava a festa que eu fazia sozinha com a minha moto no meio da praça, aproximou-se e perguntou se eu não queria que ele me tirasse uma foto comigo junto da moto!

Claro! Excelente! (e eu a pensar que ele me vinha repreender por estar ali! Estes alemães não param de me surpreender!)

Até consegui tirar fotos junto dos músicos de Bremen sem ninguém por perto! É que no dia anterior era tanta gente em volta, que nem valia a pena tentar chegar perto!

Não sou de selfies, mas sou de tirar fotos à minha motita em todo o lugar! 😀

E lá segui viagem, toda contente porque tinha tido o centro de Bremen por minha conta e todo tempo que quis!

A vantagem de viajar com a máquina fotografica ao peito, é que posso captar coisas que avisto e não tenho hipotese de parar e me aproximar!

Husum era a paragem seguinte. A cidade já fica na porção alemã da Peninsula de Jutlândia e é conhecida como “graue Stadt am Meer” algo como “a cidade cinza à beira mar”.

E o mar estava baixo e tudo estava pousado no lodo!

 “Cada passo numa viagem é feito de tantas emoções e descobertas, que se misturam numa amalgama de memórias apenas deslindada com o percorrer das muitas fotos guardadas. E junto com cada foto vem o momento que aconteceu, como quando cheguei a Husum e fiquei espantada a olhar para o pequeno porto sem água. O meu ar devia ser tão visivelmente surpreendido que um velhote que passava me disse para não ficar preocupada que a água iria voltar, como sempre! Não contive uma gargalhada!”

(in Passeando pela Vida – a página)

E tudo estava como o poeta da terra, Theodor Storm, descrevia no seu poema sobre a Cidade:

Am grauen Strand, am grauen Meer
Und seitab liegt die Stadt;
Der Nebel drückt die Dächer schwer,
Und durch die Stille braust das Meer
Eintönig um die Stadt.

Claro que fui ver o que queria dizer no tradutor:

Na praia cinza, no mar cinza
E de um lado fica a cidade;
A névoa pesa sobre os telhados
E o mar ruge no silêncio
Monótono pela cidade.

Mas a cidade não é só porto e mar, na realidade é encantadora e eu explorei os seus recantos demoradamente.

muitas daquelas casinhas são do século XVI e são tão bonitinhas!

Depois das ruinhas estreitinhas, algumas parecem mesmo caminhos particulares, a Markplatz é enorme, com a sua Tine Brunnen lá no meio. A fonte, do inicio do século passado, é uma das atrações da cidade, com a escultura de Tine, a mulher de um pescador, no topo. Tenho de concordar que, a serem assim, as esposas dos pescadores por ali são muito bonitas! Algo nela me fez lembrar a nossa Padeira de Aljubarrota, o remo que ela tem na mão até me pareceu uma pá do forno! !

E lá estava uma feirinha para eu me regalar a comer fruta e apreciar os gostos do povo!

Ainda dei mais uma olhada aos barcos encalhados, não estava para breve o seu “desencalhamento”, muito antes disso eu já estaria longe!

E segui para a ultima cidadezinha alemã que eu visitaria antes de entrar na Dinamarca: Frensburg

Com recantos e ruelas muito bonitos, mas estranhamente cheia de sapatos penduradas em fios que atravessavam as ruas!

Já ouvi várias teorias sobre o que significam sapatos pendurados no topo das ruas, mas tantos nas mesma rua, acho que só quer dizer que estamos realmente na rua dos sapatos!

Chama-se ao “fenomeno” shoefiti, que junta as palavras Shoe (sapato) e Fiti (grafitti) e tem muitos significados dependendo de onde estão, porque de país para país muda de segnificado:

Sapatos pendurados na rua podem simbolizar tanta coisa:
Podem simbolizar um pacto entre os gangues e a polícia,
Podem demarcar território de tráfico ou de gangues
Podem simbolizar a primeira relação sexual de um jovem,
Podem sinalizar a morte de alguém
Podem ser apenas decoração…

Ali o que querem dizer? Não faço ideia, provavlemente apenas coisa decorativa!

Na mesma rua havia outras intervenções artisticas bem mais interessantes

Como um homem que emerge da parede da casa azul

Lá está ele a espreitar

E dos recantos que descobri e percorri, uma rua era a dos sapatos e outra a das plantas

e das casinhas pequenas

A minha Scarlett era quase do tamanho da rua!

Os espaços da cidade são muito variados, entres os caminhos estreitinhos e as grandes praças

E lá estava a St. Nikolaikirche, a maior igreja do sitio, uma espécie de catedral da cidade.

Desta vez eu iria entrar. Não é comum eu cruzar com tanta igreja sem entrar para espreitar…

Imponente como toda a igreja grande que passa de época para época absorvendo os estilos à medida que vai sendo recomposta desde o século XIV até aos dias de hoje!

Ok, fica decretado que é bonita! Agora vou seguir para norte que tenho uma Dinamarca à minha espera!

E lá estava ela logo a seguir, mas não me pude impedir de parar numa enorme casa de cachorros antes de cruzar a fronteira!

Oh, aqueles cachorros de salcichas enormes e pão minúsculo sempre me apanham de surpreza!

E lá estava a fronteira, sei lá onde, apenas passei pela placa e isso bastava!

Entrei em Kolding de grafitti em grafitti, eu sempre tenho de dar uma olhada, sobretudo em paises onde ainda os apreciei pouco!

A catedral estava fechada. Sankt Nicolai Kirke, mais uma igreja consagrada a São Nicolau, muito popular o santo por ali acima!

E as casinhas pequenas e coloridas continuavam por todos os lados, como eu me lembrava do país!

Ao longe o Koldinghus, o último castelo da peninsula… 11 séculos de castelo…

Aproximei-me para o ver mais de perto, é sempre uma forma de ver as coisas de outro ângulo!

Definitivamente um ângulo diferente!

Não havia vida na rua, claramente a vida por ali adormece cedo!

Apenas eu e a minha motita nos moviamos, o resto era silêncio e ninguém à vista. Puxa, é por isso que gosto tanto da Espanha, onde a vida começa quando todos os outros paises já estão a dormir!

Segui para Sønder Felding, onde ficava a minha casa naquela noite. E a minha casinha era bem fofinha!

O meu quarto era um miminho, bonito e aquecido, que naquele momento o calor já não era nenhum!

Tive direito à companhia de uma gatinha muito fofa que se chegou a mim como se fossemos velhas amigas.

Sentei-me no meu jardim particular, com vista para a estrada, a beber cerveja e a conversar com a gata, quando apareceu a vizinha. Uma senhora muito simpática que não falava inglês mas tinha muito boa vontade de me fazer companhia. Trouxe-me uma taça de gelado que, embora eu normalmente não aprecie, caiu muito bem com a cerveja! Como não nos entendiamos muito bem, comuniquei com ela da forma que sei quando viro analfabeta, desenhando e mostrando-lhe o meu livrinho de viagem. Ficou visivelmente interessada e encantada!

Ficou muito impressionada com a dimensão da minha moto, afinal ela enchia quase toda a garagem. Não é tão grande assim, a garagem é que é pequena, garanto-lhe que já tive moto maior e já conduzi motos comparativamente gigantes!

Finalmente fui dormir e mostrar ao mundo em que ponto estava o meu galo na testa, que ainda me magoava bastante ao usar o capacete, embora estivesse em franca recuperação. Sorte minha que saro muito rápido qualquer ferimento.

Até amanhã mundo, para mais um pedaço de caminho, a caminho de um barco!


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6 thoughts on “5.Islândia-Ilhas Faroé-Noruega

    • Ainda bem! Eu também não estava a conseguir ver no telemovel, por isso republiquei as fotos de maneira diferente e funcionou! Só faz sentido publicar a história se as pessoas conseguirem ver também. Fico feliz que funcionou e que todas as crónicas desta viagem já são visiveis.
      Continuação de boa viagem até à Islândia 😀

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