3 de Setembro de 2012 – continuação
De cada vez que passei em Chambord prometi a mim mesma que teria de visitar o palácio/castelo por dentro e nunca o fiz! Desta vez, que nem pensara em lá passar e me desviei à última hora, não resisti! “Que se lixe a distância, se chegar a meio da noite para dormir, alguém me há-de abrir a porta!”
Uma das coisas que me chamava a atenção era a famosa escada em dupla espiral e ela está logo ali, é o coração do edifício!
Dizem que o edifício foi concebido segundo um esboço de Leonardo da Vinci e que a Grande Escada, em dupla espiral, foi mesmo um projeto seu! Esta escada fantástica tem a particularidade de entrelaçar duas espirais, o que faz com que quem sobe numa não cruza com quem desce noutra!
No meio, uma coluna de vazio se forma até à claraboia superior, provocando uma perspetiva alucinante com aberturas de corrimão até ao topo!
O castelo de Chambord é do séc. XVI e nunca foi completamente concluído, afinal ele era apenas uma residência de caça e para uns dias de caça quase 2000 pessoas acompanhavam o rei! Quanta privacidade!
Durante a ocupação nazi as obras do Louvre foram trazidas para lá, a fim de as salvar da pilhagem e destruição e entendemos a escolha quando nos aproximamos do palácio e nos apercebemos o quanto ele fica longe de tudo! Bem como quando percorremos os seus longos corredores, alas e salões, entendemos porque foi escolhido para proteger tão importantes obras!
Os telhados são repletos de elementos decorativos que se misturam com chaminés e respiros e criam perfis curiosos do edifício!
As escadas nos recantos dos pátios interiores, como “tourelles” são escadas em caracol deliciosas!
Há pormenores curiosos no palácio, os quartos de dormir são muito grandes, as camas parecem altares, cheios de cortinas em dossel, por vezes mesmo com grades que separam o espaço da cama do restante quarto e no entanto as camas são tão pequenas!!
Eu estive-me lá a medir e não caberia assim tão bem ali dentro! Para além de me sentir claustrofóbica!
E em cada andar a fantástica escadaria domina o cruzamento de salas e corredores!
Ao longe, pela janela vislumbra-se o fosso! Um fosso que foi construído, já de origem, para ser decorativo e serve ainda hoje a sua finalidade, pois é fantástico!
E as torrezinhas de escadinhas em caracol são lindas vistas de cima!
Lá de cima podem-se ver finalmente as clarabóias, as cúpulas, as chaminés e os telhados escamosos, em pormenor e a perspetiva é fascinante!
Toda aquela “tralha” que se vê de longe em cima do edifício fica ali ao nosso lado!
O jardim não tem fim…
Chega-se lá acima ao telhado, pela fantástica escada em duplo caracol, que termina numa torre oca, decorada e impressionante!
E, claro, depois de ter espreitado de baixo para cima, tive de espreitar de cima para baixo, pelo vão cilíndrico que se forma no centro das escadas espiraladas!
Momentos em que, quem desce numa escada, cruza olhares com quem sobe na outra!
magnificas escadarias…
E à medida que me afastava do castelo, para ir buscar a minha motita e seguir viagem, não consegui afastar os olhos dele, nem deixar de fotografa-lo…
E Chambord despediu-se de mim na minha própria língua, com um “Obrigado”!
Segui nostálgica o meu caminho. Porque tinha o tempo de estar cinzento? Para me entristecer mais ainda o regresso?
Blois veio logo a seguir, depois da Reserve National de Chasse de Chambord, uma cidade bonita e acolhedora que me proporcionou enquadramentos muito bonitos, com o famoso Loire a completar o quadro!
Foi uma pena passear por Blois com o céu cinzento!
Encontrei a igreja de Saint-Nicolas, uma construção tão monumental quanto bela!
Uma daquelas belas igrejas românicas que me faz parar imediatamente, saltar da moto e ir ver!
E lá dentro a atmosfera é tão pura quanto a arquitetura que a cria!
O núcleo histórico da cidade é muito bonito e bem conservado, sem monstruosidades arquitetónicas a perturbar a sua beleza!
Ruelas como nesgas, entre casas, improprias para claustrofóbicos, não faltam por lá!
No seguimento do meu percurso passei em Amboise, porque ficava na margem do meu caminho! E de novo não fui visitar o seu castelo! Voltei a fazer uma foto com a moto no mesmo lugar como fizera em 2009, quando lá passei a ultima vez, com o Rio Loire como paisagem e o château d’Amboise ao fundo!
Ainda não foi desta que o fui visitar por dentro, ficará para uma próxima vez!
E ao chegar a Tours, numa curva do caminho, uma moto me saltou à vista! Parei de repente mais à frente e voltei para confirmar que não me enganara: era mesmo uma X11, uma linda motita igual à do meu moçoilo!
Naquele dia publiquei a imagem no meu mural do facebook, para que ele a visse!
E lá estava a catedral de Tours! Linda e imponente construção gótica que demorou 4 séculos a ser concluída, entre o séc. XII e o XVI.
Esta era uma das catedrais que queria muito ver e foi por ela que ali fui, embora a cidade também me despertasse o interesse.
Afinal eu só visitei 32 das 51 mais belas catedrais de França, ainda me falta visitar tantas! 😉
Aqueles tetos “suspensos sobre pedacinhos de vidro chumbado”, que são os vitrais, fascinam-me! Como uma luta entre o terrestre e o divino, entre o peso e a gravidade!
E estava na hora de ir embora! O sol não queria nada comigo e eu queria ir dormir muito longe dali! Dei uma última olhada a Tours e segui sem parar nem pensar muito até Tulle, em mais de 300 quilómetros de paisagens tão lindas quanto tristes, pela despedida e pela falta de sol…
Cheguei à “minha casa” daquela noite, tarde. Uma maison d’hotes linda e com um anfitrião muito simpático que me ofereceu um lanchinho bem-vindo e dois dedos de conversa, que eu já vinha calada há muitas horas!
O meu quarto, como toda a casa, parecia um quartinho de bonecas, quente e aconchegado, que por aqueles dias as noites já eram frias!
E foi o fim do trigésimo sexto dia de viagem…
Olá Gracinda! 🙂
Fantásticas fotos do palácio/castelo!
Adorei a Catedral!
Enfim… É maravilhoso passear contigo!!
Beijinho
Olá Gracinda!-Tenho dificuldade em adjectivar esta mistura do saber com a de conhecer (fisicamente) e partilhar comnosco toda aquela maravilha.Desde as imagens da arquitetura que passa ao lado do comum dos mortais ao espirito decidido e algo aventureiro. (pois se bem percebi a viagem foi solitaria).
-Qual padeira de Ajubarrota!Mulher de armas e bagagens sobre duas excelentes e cómodas rodas, mas que também cansam,e,2000 e tal km até a Suiça é muito asfalto.Parabéns! Permite-me que tire o meu chapéu à MULHER de largos horizontes, que estou certo faz inveja a muitos homens. Parabéns também ao teu moçoilo pela Gracinda que encontrou.Com todo o respeito, um beijinho. António Mateus (honda deauville)
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Olá!
Obrigada pelas tuas palavras!
É verdade, viajo sozinha, como neste momento que estou na Áustria, a caminho de casa depois de uma belíssima volta pelos Balcãs!
Estas curiosidades históricas e paisagísticas é que me fazem sair de casa à sua procura!
Em breve começarei a contar mais uma aventura! 😉
Beijucas