18 de Julho de 2011
Ora no dia seguinte lá tive eu de ir até Pas de la Casa levar o capacete novo do Jaky, acidentado no dia anterior, porque o rapaz estava traumatizado com o caminho ziguezagueante onde caíra ontem e a ideia de voltar a encontrar nevoeiro não o deixou subir a montanha de novo naquele dia! Ok, eu, qual cavaleiro andante, lá tratei de fazer o percurso e a boa ação sozinha!
Uma manhã esplendida, um céu azul, uma temperatura amena e uma vontade imensa de seguir noutra direção, foram as minhas companhias naquela missão!
Há momentos de solidão tão extraordinários numa viagem que me fazem falta, quer quando estou na minha vida de trabalho, quer quando viajo acompanhada… saudades de mim!
Neste entretanto cheguei à loja e não se passava nada demais com o capacete, o homem deu uma pancada na lateral do capacete e aquilo foi tudo ao sítio! Nada demais! Eheheh
E foi no regresso a Andorra que a minha motita passou os 200.000km e voltou a zero, sem que eu visse, distraída com a sensação de liberdade que experimentava conduzindo à minha velocidade, curvando ao meu gosto e sem me preocupar com olhar pelo retrovisor! Coisas de quem já tem saudades de conduzir sozinha e a motita já tinha passado a zeros e eu não vira!
E apanhei o Jaky, que ficara numa estação de serviço em Andorra à minha espera, e siga para Espanha!
E chegamos a Cardona, uma cidadezinha muito antiga com um castelo em cima de uma colina, muito interessante e antigo para caramba!
Aquela fortaleza, onde hoje funciona o Parador Nacional, não estava toda disponível para visita, mas passear por ali já é interessante, mesmo sem entrar na Colegiata de San Vicente (românica e tão bonita que tenho de lá voltar só para vê-la por dentro!).
Lá de cima pudemos ver todo o Pueblo, que era a ideia ao construir os castelos e fortalezas em cima das colinas!
A entrada para o Parador, felizmente não impede visitantes de andarem pelo castelo!
O espaço é acolhedor e até apetece ficar e pernoitar em tão belo e histórico recanto!
Os edifícios foram restaurados e o claustro “amparado” por estruturas metálicas para que não desmoronasse e o efeito era curioso!
Estamos a falar de um castelo do séc. IX e lá está a famosa Minyona do séc. XI, uma das mais antigas construções do castelo.
Lá de cima vê-se tudo em volta! Em seu tempo dali vigiava-se a movimentação vinda dos Pirenéus e a fronteira francesa!
Bonito conjunto no topo do monte!
Seguimos na direção de Barcelona, com a montanha de Monteserrat no horizonte! Aquela montanha cheia de maminhas provocadas pelas formações rochosas curiosas, que tem em cima a abadia beneditina dedicada a Santa Maria de Montserrat, é conhecida por muitos como tendo albergado o Santo Graal!
E fomos almoçar a Manresa, uma cidade muito antiga que se desenvolve em torno da Basílica de Santa María de la Seo, que estava em obras por aqueles dias!
A Pont Vell é um dos ex-libris da cidade de Manresa, de origem romana, tendo sido reconstruida lá pelo século XII e ganhando o aspeto gótico da época. Sofreu profundos danos durante a segunda Guerra e voltou a ser reconstruida e chega até nós cheia de beleza e imponência, que enche os olhos a quem por ela passa. Há uma lenda que conta que um dia os demónios tomaram a cidade instalando-se debaixo da ponte, possuindo todos os que nela passassem! A única solução que os governantes da cidade encontraram foi trazer para ali as relíquias de um santo, São Valentim, que pediram emprestadas a um mosteiro. Os diabinhos morreram de medo e fugiram a sete pés e a cidade ficou em paz!
Finalmente a seguir viria Barcelona com tanta coisa que eu queria ver naquele dia ainda!
A Basílica da Sagrada Família estava envolta na confusão de sempre, quer pelo lado da Fachada da Natividade
quer pelo lado da Fachada da Paixão, onde fica a entrada para visitas… Aliás, aqui a fila era assustadora! Seguramente não iria visita-la naquele dia!
Mas havia mais uma ou duas coisas que eu queria visitar na cidade!
Depois de tantas passagens em Barcelona eu nunca conseguira visitar a Casa Milá, mais conhecida por La Pedrera, nome crítico da população da época, sempre muito requisitada e com longas filas à porta…
Mas milagrosamente naquele dia não tinha grande fila!
O edifício é extraordinário, desde o momento em que entramos as suas portas!
Todos os pormenores foram pensados, até aos efeitos de pintura nos tetos…
Os telhados/terraços, eram a minha grande atração! Há muito que os conhecia por imagens e queria vê-los a cada vez que passei em Barcelona!
Várias chaminés e aberturas de ventilação, isoladas ou agrupadas, de forma irregular e assimétrica, provocam uma sensação de paisagem povoada por esculturas interessantes quase humanoides!
Sempre que possível Gaudi criava a possibilidade de iluminação natural, abrindo o edifício no seu interior a pátios profundos.
E a gente passeia por ali, entre sobes e desces, como por um parque temático!
Oh, aquelas chaminés têm capacetes!
Lá de cima podia-se ver o Passeig de Gràcia e a casa Batló mais à frente, a outra casa linda que eu queria ver!
E desci para o interior do edifício, onde as paredes e tetos parecem costelas de um ser gigante adormecido! Uma exposição sobre a obra e o raciocínio do arquiteto está disponível para que entendamos como ele projetava os seu edifícios de formas orgânicas!
A forma como desenhava as curvas parabólicas das suas construções!
A casa que eu queria ver a seguir era esta!
E os tetos parabólicos sob o terraço da casa provocam sensações curiosas!
Das janelas podiam-se ver as grades espantosas das varandas, trabalhadas em ferro forjado e a lembrar flores e vegetação irregular!
Cheguei cá abaixo deslumbrada com a visita, depois de passar por quartos e salas em Art déco, mas fora o edifício que mais me maravilhara!
Uma obra gigantesca que é também uma escultura!
Cá de baixo do pátio interior, a abertura imensa provoca um efeito chaminé, com janelas em redor, numa perspetiva de infinito!
Grandioso edifício que domina quase todo um quarteirão, mas que, visualmente, domina tudo!
Adorei a visita que já se fazia tardar depois de tanta vontade frustrada a cada passagem pela cidade!
(continua)
Mais uma partilha fantástica!
Adorei conhecer a Casa Milá! 🙂
Barcelona é fantástica, pena que um pouco caro perto de Madri. Mas lindíssima cidade, vale a pena.
Adorei passa aqui. Colei umas imagens lindas. Muito bonita sua pagina. Quero saber se podem usar suas imagens. Francisco.
Olá
Obrigada pela sua visita!
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