21 – Passeando pelo Norte de Espanha – Barcelona e o Parque Güell de Gaudi…

19 de Julho de 2011 – continuação

E como a cada vez que vou a Barcelona, passei em algumas “capelas”, e porque desta vez levava o Jaky e tudo, que nada conhecia da cidade, passamos no Parque Güell!

Poucas vezes vi aquele parque com pouca gente, parece sempre a “aldeia dos macacos” cheio de gente que teima em nem sair da entrada e fazer-se fotografar junto a todos os bonequinhos revestidos de cacos de cerâmica, como se uma foto sem gente fosse uma coisa a evitar a todo o custo, fazem mesmo filas para se fotografarem junto aos lagartos e fontes e sei lá que mais! Eheheheh

Ir ao Parque Güell será sempre uma animação para mim! O que vale é que enquanto toda aquela gente se mantem na entrada do parque e no patamar superior, o resto vai ficando meio livre para quem quer ver outros pormenores! Como os pavilhões da entrada, edifícios típicos do arquiteto, cheios de pormenores extraordinários. O pavilhão maior era a casa do porteiro e eu não me importava nada de ser porteira daquilo tudo só para viver em tal casa!

Não consigo ficar indiferente aos pormenores que eram, afinal, característica típica do arquiteto!

Da janela vê-se a entrada do parque e o movimento que nele se sente o tempo todo! Aquela escadaria é espantosa, com paredes revestidas a cacos de cerâmica que parecem ter ameias, e medalhas, e brasões!

A escadaria divide-se, volta a juntar-se e a bifurcar-se e nesses meios há as esculturas e as fontes que atraem tenta gente para a fotografia!

Àquela hora ainda não estava muita gente agarrada a elas, mas há horas em que nem as conseguiria ver!

O nome do parque vem do Conde de Güel, Eusebi Güel o principal mecenas de Gaudi e para quem o arquiteto realizou algumas obras bem famosas e que mantêm o nome do Conde, na cidade.

Inicialmente o local era meio desértico, chamava-se mesmo «Montaña Pelada» e foi Güel quem decidiu construir uma urbanização ali, ele queria uma cidade jardim e Gaudi “esculpiu” um jardim na encosta, onde plantou árvores mediterrânicas, por caminhos ladeados de muros ou pilares feitos em pedra local.

Na zona central e principal do parque ele criou um verdadeiro jardim suspenso, ou suportado por pilares, num ambiente quase surreal e absolutamente encantador!

Aquele espaço chama-se Sala Hipostila ou Sala das Cem Colunas, criada para funcionar como mercado da urbanização.

Lembro-me que a primeira vez que ali fui, estavam dois homens, no meio da “colunata”, a tocar guitarra e tambor de aço e a acústica do local tornou aquele momento inesquecível. Sempre que lá volto relembro a música e o ambiente que me acolheu naquele dia!

As colunas têm espaços maiores entre elas, de quando em quando, como se faltasse uma coluna, e nesses espaços os tetos têm medalhões que fazem a união decorativa entre elas, onde devia ter uma coluna e não tem. Estamos a olhar para o nosso teto, cá em baixo, que é o chão da praça superior.

Saimos da “colunata” e, que lindos aqueles telhadinhos dos pavilhões, que parecem de brincar!

Da base das colunas pode-se ver a entrada em enquadramentos planeados pelo arquiteto!

Então contornamos a Sala Hipostila e a perspetiva é original!

E vê-se a cidade e o mar Mediterrâneo lá de cima!

Dali podemos ter também uma ideia da variedade de plantas e árvores que foi plantada ali!

E o povo fica por ali sentado nos bancos adoçados aos muros, revestidos de cacos de cerâmica. O chão da grande praça é em terra batida e a água é drenada pelo interior das colunas, por baixo, até uma cisterna que a armazena para a rega do parque.

Depois das visitas daqueles dois dias e que me haviam levado a Barcelona, o dia estava feito, por isso foi pegar na moto e rolar sem pensar, apenas curtir a estrada e a condução, embora não me pudesse “esticar” muito porque para o Jaky andar a 120km/h era dar uma “boa aceleradela”. Por isso foi placidamente que passamos na praia para tomar uma bebida fresca e curtir uns momentos de paz ao sol.

A minha Magnífica fez logo uma amiga grande!

E fomos dormir a Andorra… Não, não o país! Andorra cidade espanhola que fica na província de Teruel! É no mínimo curioso depois de andar para longe de uma Andorra chegar a outra!

Fomos muito bem recebidos pelas pessoas que se fascinaram com as motos! A minha Magnifica encheu os olhos pela grande dimensão e por ser conduzida por mim! Foi um momento agradável em que os miúdos se aproximavam e os pais não sabiam o que fazer. Deu para tirar fotos e tudo e as pessoas perceberem que nós eramos boa gente!

O hotelzinho ficava logo ali na praça onde paramos e o senhor teve o cuidado de nos arranjar quartos virados para a frente para que a gente não ficasse muito longe das nossas motitas! Simpático!

Tivemos um belo jantar com oferta de digestivo e tudo. Gente boa!

E foi o fim do décimo quarto dia!

20 – Passeando pelo Norte de Espanha – Barcelona e a Sagrada Família de Gaudi

19 de Julho de 2011

Acordei de manhã determinada a que não haveria nada que me impedisse de visitar a Sagrada Família, nem que eu tivesse de passar o dia todo à porta à espera para entrar!Mas era cedo e embora já houvesse fila quando lá chegamos não seria para demorar muito tempo a entrar.

Era a 5ª ou 6ª vez que visitava a grande igreja. Desde a primeira vez que lá passei, e ela tinha apenas as paredes exteriores de pé e todo o seu interior era um enorme estaleiro em terra batida, cheio de materiais de construção, gruas e equipamentos semelhantes, que eu quis acompanhar a obra e tenho-o feito com espaços longos entre as visitas, para sentir mais a evolução dos trabalhos.

Depois que o Papa a consagrou em Novembro de 2010, eu decidi que estava na hora de lá voltar e vê-la sem todos os andaimes dos ultimos tempos no seu interior!

Conhecido apenas como Sagrada Família, o Templo Expiatório da Sagrada Família é deslumbrante! A grande obra-prima do arquiteto catalão Antoni Gaudi, a que ele dedicou grande parte da sua vida, começou por ser um edifício neogótico, pensado por um outro arquiteto, mas acabou por se tornar às suas mãos um edifício espantoso, o símbolo mais extraordinário da arquitetura modernista espanhola e um templo onde tudo é pensado em simbologias de formas, estruturas e luminosidades únicas! Dizem que só estará completo em 2026, quando se comemorará o centenário da morte do grande génio que a concebeu!

E quando entrei o paraíso era logo ali…

Os tetos são sustentados por colunas inspiradas em troncos de árvores que se abrem em galhos espiralados no topo e a distância provocada por toda aquela dimensão faz parecer que o topo está tão perto do céu!

Vertigens que me obrigam a sentar e, sem conseguir tirar os olhos do topo, fico hipnotizada!

Estou no centro do transepto e aquele teto fantástico cruza em cima de mim, lá no alto.

Só me lembro de ficar a olhar para um teto cheia de espanto assim quando visitei a capela Sistina, mas desta vez a hipnose era mais intensa, desta vez o meu êxtase foi bem maior!

O altar fica ali, rodeado de luz e aberturas, com a imagem de Cristo Crucificado pendurado, no meio do vazio, com uma filinha de luzes que o rodeiam… tão leve!

E a nava central é cruzada pelo transepto multiplicando o efeito de cúpula e infinito lá em cima!

Simplesmente não se consegue deixar de ficar ali a olhar para o teto…

Gaudi deixou construída uma “pequena” parte do templo, se pensarmos na dimensão que ele terá quando concluído! Hoje tenta-se completar a obra o mais de acordo com os seus projetos, embora se tenha de criar muita coisa que foi perdida durante a guerra civil e a segunda guerra, incêndios e perdas acidentais do género.

Há arquitetos catalães que defendem que a obra não devia ser concluída para não adulterarem a vontade e o projeto inicial de Gaudi…

Mas, pessoalmente, acho que se há elementos básicos suficientes para se concluir a obra, será melhor conclui-la do que ficar com um resto inacabado de uma obra que entraria facilmente em ruina por causa da exposição aos elementos!

O coro está previsto para suportar coros de 1500 de pessoas! Na realidade ele circunda boa parte do templo como uma imensa varanda!

A nave central ainda não tem os vitrais todos concluídos, mas já é digna de se ver e os efeitos de luz são bonitos mesmo assim!

Apaixonei-me por este templo desde o primeiro momento em que o vi ao vivo e volto a apaixonar-me a cada visita!

Os vitrais já colocados provocam jogos de luzes de cores quentes e frias que prendem o olhar! São espantosos!

O jogo de colunas e luzes e cores é deslumbrante e eu quis ficar ali o resto do dia a olhar…

Cá fora a fachada da Natividade é a mais antiga e aquela que foi construída por Gaudi. Está previsto que entre em restauro quando toda a igreja estiver completa.

Ali são representadas cenas do nascimento de Cristo e toda a fachada parece uma enorme escultura!

Como o arquiteto sabia que não conseguiria construir todo o templo no seu tempo de vida decidiu construir toda uma fachada que desse um rosto ao seu trabalho e incentivasse a continuação da construção. Por isso escolheu a fachada da Natividade por ser mais agradável para a população. E por isso eu acho que está certo concluir a obra pois seria essa a sua vontade!

Por a fachada da Natividade ser contemporânea de Gaudi e a fachada da Paixão ser de construção posterior e porque a segunda é bem menos “trabalhada” e em linhas muito geométricas, há quem pense que esta foi adulterada durante a construção recente! Mas os desenhos originais do arquiteto testemunham que ela é como deveria ser!

As maquetas dos interiores, das colunas, das cúpulas e até das torres estão disponíveis para visita no museu do templo.

E até se pode prever como irá ficar a “porta principal” da igreja! Porque as fachadas já existentes são as laterais! Está neste momento em construção a fachada da Glória e pode-se ver na maqueta como ela será!

Os estudos de Gaudi sobre o “comportamento” na natureza para construção das suas estruturas arquitetónicas pode-se perceber pela maqueta feita de fios e pesos, pendurada no teto, que mostra como é a curva natural das coisas! As tais curvas hiperbólicas que ele sempre usa!

E passamos por baixo da maqueta dos tetos da igreja e quase nos sentimos lá!

Volto à fachada da Paixão dedicada à condenação e morte de Cristo, por isso Gaudi a criou austera, retilínea e fria…

Mesmo as esculturas são geometrizadas, acentuando o frio e triste de cada cena…

Uma visita carregada de sensações, cheia de emoções e repleta de enquadramentos fantásticos em milhares de fotos que me provocam sensações ainda hoje, ao olhar para elas!

Já está marcada a proxima visita para daqui a uns 2 ou 3 anos para ver como vão as obras, já que a ultima vez que lá fui foi em 2008! 😉

(continua)

19 – Passeando pelo Norte de Espanha – Barcelona e a Casa Batlló de Gaudi…

18 de Julho de 2011 – continuação

Apenas a quinhentos metros da Casa Milá, no mesmo Passeig de Gràcia, fica a magnifica casa Batlló, com ares de dragão revestido de azulejo e paredes retorcidas em decorações fantásticas!

Esta casa é a remodelação de um edifício anterior e que o proprietário confiou a Gaudi e que foi executada quase em simultâneo com a Casa Milá, entre 1904 e 1906. Mais de um século depois ainda espanta tantos olhos, imagine-se na época!

Na cidade a casa é conhecida como “la casa de los huesos”- casa dos ossos, devido à sua decoração exterior, sobretudo os balcões com pilares ósseos; “la casa de las máscaras”- casa das máscaras, devido à semelhança das varandas com crânios, “la casa de los bostezos”- casa dos bocejos, porque parece que se abrem bocas e olhos na fachada ou “la casa del dragón”- casa do dragão, porque há um dorso escamoso sobre ela, que desperta o imaginário mais fantasioso! Deslumbrante!

Era o meu dia de sorte! Não havia qualquer fila para entrar na casa!

O Jaky não quis ir visitar, são coisas que não interessam a toda a gente, mas nada me impediria de ir visitar a casa, esperasse quem quisesse! Não hesitei, comprei o bilhete e lá fui eu!

Nos interiores tudo é pensado e projetado com cuidados decorativos extraordinários, tão característicos de Gaudi e do modernismo Catalão, uma variação da art nouveau .

O grande balcão visto do interior é tão extraordinário como visto do exterior!

Lá em baixo o Jaky esperava na seca, enquanto eu me deliciava cá dentro! Como pode alguém ficar à porta de tal construção, sem nem ter curiosidade de a ver por dentro, deixando ela adivinhar a sua beleza pela fachada extraordinária que exibe?

O teto da sala do grande balcão é ondulado em espirais e exibe um candeeiro de teto que produz efeitos de luz muito bonitos!

Há coisas que parecem tão recentes que até põem a gente em dúvida “isto foi feito quando mesmo?”

E sai-se para o pátio da traseira, por portas tão extraordinárias como se fossem principais!

O pátio faz a gente esquecer que está lá atrás, no meio das traseiras de todos os edifícios que para ali dão, de costas para nós, portanto!

E lá está a casa de costas!

Uma coisa que me tira do sério é o descuido que muitos arquitetos manifestam com as traseiras do edifícios que projetam! Como pode um edifício lindíssimo ter uma traseira miserável se a gente também vive com outras perspetivas do mundo, que não a frente de tudo? Porque têm de sujeitar uma população a viver com as traseiras horrorosas dos edifícios que lhes viram as costas?

É um pormenor que admiro em Gaudi, todas as perspetivas de um edifício têm os seus encantos, até as traseiras, até os telhados!

E as grades? As grades fascinaram-me!
Uma versão lindíssima do arame farpado, transformado em belas facas e navalhas, próprias para a conjuntura atual de assaltos e ladroagem, que fariam os ladrões terem de treinar para faquires para passa-las! eheheh

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O interior do edifício é “oco” em dois profundos pátios interiores, como sempre Gaudi gosta de usar para fornecer luz natural aos interiores.

O efeito é lindo e misterioso!

Tinha de continuar a subir. Boa parte do edifício está fechado a visitas pois é usado para reuniões, seminários e convenções, mas vai-se subindo e vendo o que está a visita.

Na realidade a casa deixou de pertencer à família Batlló depois da guerra civil, quando serviu de reduto a uma série de refugiados. Naquela época sofreu graves danos e nos anos noventa foi restaurada pelos novos proprietários que a abriram a aluger como salas de congressos e reuniões e posteriormente ao público como visitas guiadas por áudio-guia.

Chega-se ao topo do edifício e ao dorso do dragão!

Lá está ele!

Pormenores que eu queria tanto ver de perto, sem imaginar que lhes poderia mesmo tocar!

Ali dentro daquele aglomerado de chaminés fica o recanto da água! E a gente entra e sente a água em nosso redor. Uma espécie de fonte no centro irradia sensações aquosas que se refletem no teto concavo…

Os reflexos movem-se como se a água luminosa irradiasse reflexos de movimento no teto! Uma sensação refrescante e inesperada!

E desci para o interior do edifício em curvas parabólicas que lembram, tal como na casa Milà, o interior de um ser gigantesco adormecido!

Enquadramentos quase lunares!

Perspetivas alucinantes…

a caminho da saída…

A espetacular fachada não deixa ninguém indiferente e faz transeuntes pararem para olhar a qualquer hora do dia.

Há leituras e interpretações das sensações que o edifício provoca em quem o observa mais atentamente! Fala-se da fachada escamosa em múltiplos tons e um telhado com a aparência de um dragão, a cruz de quatro braços em cima de uma torre cilíndrica que surge do telhado que poderia representar o punho de uma espada e as colunas com aspeto de ossos, as varandas metálicas que lembram crânios, levaram a ligações populares à lenda de São Jorge, santo padroeiro da Catalunha.

No final da visita o áudio-guia agradece aos visitantes porque é graças ao dinheiro que pagamos que permitimos que a casa se mantenha perfeita e linda para quem vier a seguir!

Adorei!

Fim do décimo terceiro dia de viagem…

18 – Passeando pelo Norte de Espanha – Cardona, Manresa, Barcelona e a Casa Milá de Gaudi…

18 de Julho de 2011

Ora no dia seguinte lá tive eu de ir até Pas de la Casa levar o capacete novo do Jaky, acidentado no dia anterior, porque o rapaz estava traumatizado com o caminho ziguezagueante onde caíra ontem e a ideia de voltar a encontrar nevoeiro não o deixou subir a montanha de novo naquele dia! Ok, eu, qual cavaleiro andante, lá tratei de fazer o percurso e a boa ação sozinha!

Uma manhã esplendida, um céu azul, uma temperatura amena e uma vontade imensa de seguir noutra direção, foram as minhas companhias naquela missão!

Há momentos de solidão tão extraordinários numa viagem que me fazem falta, quer quando estou na minha vida de trabalho, quer quando viajo acompanhada… saudades de mim!

Neste entretanto cheguei à loja e não se passava nada demais com o capacete, o homem deu uma pancada na lateral do capacete e aquilo foi tudo ao sítio! Nada demais! Eheheh

E foi no regresso a Andorra que a minha motita passou os 200.000km e voltou a zero, sem que eu visse, distraída com a sensação de liberdade que experimentava conduzindo à minha velocidade, curvando ao meu gosto e sem me preocupar com olhar pelo retrovisor! Coisas de quem já tem saudades de conduzir sozinha e a motita já tinha passado a zeros e eu não vira!

E apanhei o Jaky, que ficara numa estação de serviço em Andorra à minha espera, e siga para Espanha!

E chegamos a Cardona, uma cidadezinha muito antiga com um castelo em cima de uma colina, muito interessante e antigo para caramba!

Aquela fortaleza, onde hoje funciona o Parador Nacional, não estava toda disponível para visita, mas passear por ali já é interessante, mesmo sem entrar na Colegiata de San Vicente (românica e tão bonita que tenho de lá voltar só para vê-la por dentro!).

Lá de cima pudemos ver todo o Pueblo, que era a ideia ao construir os castelos e fortalezas em cima das colinas!

A entrada para o Parador, felizmente não impede visitantes de andarem pelo castelo!

O espaço é acolhedor e até apetece ficar e pernoitar em tão belo e histórico recanto!

Os edifícios foram restaurados e o claustro “amparado” por estruturas metálicas para que não desmoronasse e o efeito era curioso!

Estamos a falar de um castelo do séc. IX e lá está a famosa Minyona do séc. XI, uma das mais antigas construções do castelo.

Lá de cima vê-se tudo em volta! Em seu tempo dali vigiava-se a movimentação vinda dos Pirenéus e a fronteira francesa!

Bonito conjunto no topo do monte!

Seguimos na direção de Barcelona, com a montanha de Monteserrat no horizonte! Aquela montanha cheia de maminhas provocadas pelas formações rochosas curiosas, que tem em cima a abadia beneditina dedicada a Santa Maria de Montserrat, é conhecida por muitos como tendo albergado o Santo Graal!

E fomos almoçar a Manresa, uma cidade muito antiga que se desenvolve em torno da Basílica de Santa María de la Seo, que estava em obras por aqueles dias!

A Pont Vell é um dos ex-libris da cidade de Manresa, de origem romana, tendo sido reconstruida lá pelo século XII e ganhando o aspeto gótico da época. Sofreu profundos danos durante a segunda Guerra e voltou a ser reconstruida e chega até nós cheia de beleza e imponência, que enche os olhos a quem por ela passa. Há uma lenda que conta que um dia os demónios tomaram a cidade instalando-se debaixo da ponte, possuindo todos os que nela passassem! A única solução que os governantes da cidade encontraram foi trazer para ali as relíquias de um santo, São Valentim, que pediram emprestadas a um mosteiro. Os diabinhos morreram de medo e fugiram a sete pés e a cidade ficou em paz!

Finalmente a seguir viria Barcelona com tanta coisa que eu queria ver naquele dia ainda!

A Basílica da Sagrada Família estava envolta na confusão de sempre, quer pelo lado da Fachada da Natividade

quer pelo lado da Fachada da Paixão, onde fica a entrada para visitas… Aliás, aqui a fila era assustadora! Seguramente não iria visita-la naquele dia!

Mas havia mais uma ou duas coisas que eu queria visitar na cidade!

Depois de tantas passagens em Barcelona eu nunca conseguira visitar a Casa Milá, mais conhecida por La Pedrera, nome crítico da população da época, sempre muito requisitada e com longas filas à porta…

Mas milagrosamente naquele dia não tinha grande fila!

O edifício é extraordinário, desde o momento em que entramos as suas portas!

Todos os pormenores foram pensados, até aos efeitos de pintura nos tetos…

Os telhados/terraços, eram a minha grande atração! Há muito que os conhecia por imagens e queria vê-los a cada vez que passei em Barcelona!

Várias chaminés e aberturas de ventilação, isoladas ou agrupadas, de forma irregular e assimétrica, provocam uma sensação de paisagem povoada por esculturas interessantes quase humanoides!

Sempre que possível Gaudi criava a possibilidade de iluminação natural, abrindo o edifício no seu interior a pátios profundos.

E a gente passeia por ali, entre sobes e desces, como por um parque temático!

Oh, aquelas chaminés têm capacetes!

Lá de cima podia-se ver o Passeig de Gràcia e a casa Batló mais à frente, a outra casa linda que eu queria ver!

E desci para o interior do edifício, onde as paredes e tetos parecem costelas de um ser gigante adormecido! Uma exposição sobre a obra e o raciocínio do arquiteto está disponível para que entendamos como ele projetava os seu edifícios de formas orgânicas!

A forma como desenhava as curvas parabólicas das suas construções!

A casa que eu queria ver a seguir era esta!

E os tetos parabólicos sob o terraço da casa provocam sensações curiosas!

Das janelas podiam-se ver as grades espantosas das varandas, trabalhadas em ferro forjado e a lembrar flores e vegetação irregular!

Cheguei cá abaixo deslumbrada com a visita, depois de passar por quartos e salas em Art déco, mas fora o edifício que mais me maravilhara!

Uma obra gigantesca que é também uma escultura!

Cá de baixo do pátio interior, a abertura imensa provoca um efeito chaminé, com janelas em redor, numa perspetiva de infinito!

Grandioso edifício que domina quase todo um quarteirão, mas que, visualmente, domina tudo!

Adorei a visita que já se fazia tardar depois de tanta vontade frustrada a cada passagem pela cidade!

(continua)