29. Passeando pelos Balcãs… – Finalmente o mar Negro!

23 de agosto de 2013

Mais um dia de estrada, mais uma travessia alucinante de Istambul!

Eu gosto de despedidas, gosto de sentir que estou a ir embora, que me importo com isso! Gosto de olhar em volta e tentar reter na memória tudo o que os meus olhos conseguirem abarcar e o meu coração memorizar e depois partir, com esses momentos fugidios acumulados à minha história.

E quando deixo um sítio que gostei de conhecer, planeio como e onde fazer a despedida. Naquele dia, claro que estava determinada a levar a minha motita até ao outro lado do Bósforo, para que ela pusesse as rodas na Asia!

Ao pequeno-almoço vi-me rodeada de coreanos, que estavam muito curiosos a meu respeito! Diga-se de passagem que eu parecia um gigante perto deles, sobretudo das raparigas, pequeninas e miudinhas! Uma delas, que falava muito bem inglês, fartou-se de me fazer perguntas, sobre como era viajar de moto e maravilhava-se com as respostas que eu lhe dava “you inspire me!” repetia ela arregalando os olhos!

Dizia ela que de repente lhe apetecia também ter uma moto e viajar assim por conta própria como eu!

Fizeram-me uma festa quando me preparava para sair, o rapaz da receção estava maravilhado com o meu chapéu também! Mas lá fora é que era o espanto! Aquela gente nem se aproximava da minha moto, só a miúda que me fizera todas as perguntas se aproximou e me pediu para tirar uma foto junto da moto. Depois percebi que ela queria que eu ficasse também. Ela era mesmo miudinha junto de mim, quando me cumprimentou de mão, a sua mãozita era tão pequena e fina que me questionei se seria suficientemente grande para segurar o volante de uma moto!!

Aquilo foi mais uma sessão de fotografia de modelo. Acabei por tirar uma para mim também, pois então!

Ao fim da rua a gente voltava à esquerda e chegava ao meio do jardim onde de um lado se via a Mesquita Azul…

e do outro a Hagia Sophia! Claro que aproveitei para registar o momento em que a minha motita ficou ali no meio de tais cenários!

Desci até ao Bósforo… era por ali que eu queria passar os últimos momentos antes de partir, de um lado e do outro!

Ao longe podia ver a ponte do Bósforo. Aquela ponte tem um trânsito diário impressionante, por isso cerca de 2 meses depois de eu ir embora dali inaugurava o túnel ferroviário do Bósforo, à prova de terramoto, para reduzir a circulação sobre a ponte. Curioso que por lá não se via nenhuma lavoura de obras!

E atravessei a ponte! Wow, que momento! A minha Ninfa estava a entrar na Ásia! Eheheheh

O stop em turco é giro! Coisas que fui aprendendo pelo caminho!

Ora e lá estava a Europa vista da Ásia! Que satisfação infantil, afinal é tudo igual, mas cá dentro é aquela satisfação de “estou na Ásia!”

Despedi-me de Istambul do outro lado do Bósforo, ao longe a mesquita Azul com os seus 6 minaretes e a Hagia Sophia, imponente, acima de tudo… as águas azuis do canal encheram de encanto aqueles momentos que foto nenhuma, ou desenho algum, conseguiu reter… mais um momento histórico na minha história!

E voltei à estrada para seguir o meu caminho!

Conduzir por Istambul é a alucinação completa, as motos circulam pela faixa de segurança sem qualquer problema, ultrapassando tudo e todos!

Eu sempre gostei de conduzir no meio do trânsito, eu sei que é perigoso e tal, mas é tão revigorante! Acho que sinto tanto prazer em conduzir pelo meio de lado nenhum, por entre paisagens deslumbrantes e estradinhas sem ninguém, como pelo trânsito caótico de uma grande cidade. Sobretudo se essa grande cidade é Istambul, onde as motos têm liberdade de seguir por onde puderem.

Lembro-me de ter cuidado ao pôr os pés no chão, a cada vez que parava um pouco, não fosse algum carro passar-lhes por cima!

Depois de conduzir em Istambul, nenhuma outra cidade nesta viagem me deu tanto prazer de condução!

Ora eu queria parar no meio da ponte, fosse como fosse, nem que tivesse de simular uma pequena avaria na moto!

Mas não foi preciso, bastou encostar um pouco e pimba…

“Este foi o momento em que a Ninfa foi grande, parei no meio da ponte que atravessa o canal do Bósforo e ela ficou com uma roda em cada continente! Ao fundo fica o mar Negro, atrás de mim fica o mar de Mármara, do lado esquerdo fica a Europa, do lado direito a Ásia… momento para recordar, quando eu pus as rodas pela primeira vez na Asia!”

E pronto, adeus Istambul!

Uma coisa curiosa é que os polícias tinham sempre motos muito giras!

Segui para a Bulgária… iria ver finalmente o “meu” Mar Negro!

Depois de umas estradinhas giras, pelo meio de lado nenhum, eu estava a ficar cheia de sede! Encontrei uma pequena localidade e fui a um minimercado comprar algo para comer e beber. A senhora (a da bata azul) ficou visivelmente atrapalhada com a minha presença. Queria a todo o custo comunicar comigo.

Não me entendia, eu não a entendia a ela, e ela olha cá para cima, para mim, e ria-se nervosamente! Eu queria dizer-lhe que não era preciso falarmos, pois eu procuraria o que queria, mas não havia maneira de me fazer entender.

Então ela foi buscar uma miúda que, pelo que percebi, era suposto saber inglês! Mas só sabia dizer “yes” e “no”. Desataram a rir-se as duas!

E foi chamar outra… que ainda sabia menos inglês que a anterior. Eu já só me ria com a borga que elas faziam em redor de mim. Não faço ideia do que diziam, mas visivelmente estavam fascinadas com a minha dimensão perto delas, pois eram todas baixinhas!

Então chegou a mais gordinha e a maior de todas, mais risadas, mais brincadeira entre elas, quando esta ultima se pôs a medir-se por mim. Era mais baixa também.

Acabei por pegar no que queria e pagar pelos números que me mostraram na calculadora, que era o que bastava ter feito desde o início!

Mas giro foi quando eu me preparei para partir e montei na moto! Pareciam crianças em volta de mim a mexer em tudo! Então o GPS fascinou todas! Pelos seus gestos percebi que perguntavam o que era aquilo, “TV?” diziam elas! Eheheh

Mostrei o mapa e o sítio onde estávamos, não sei se todas entenderam mas a mais gordinha parecia radiante e fascinada, acho que entendeu o que era aquilo!

Quando dei por ela a rua estava cheia de gente, vários homens tinham-se aproximado um pouco, cheios de curiosidade, mas aquele era um momento feminino, nenhum chegou muito perto!

Pus a moto a funcionar e elas fugiram todas para o passeio, acenei-lhes com a mão, elas acenaram também e fizeram tanta festa que apontei-lhes a máquina fotográfica…

Achei que iriam tapar as caras, voltar-se de costas, sei lá, reclamar, mas para meu espanto, juntaram-se todas num montinho em pose para a foto! Liiindas! Adorei-as!

Eu diverti-me tanto que lhe atirei um beijo com a mão, entre a algazarra que faziam! Que momento giro com todas a atirar-me beijos também!

E logo a seguir comecei a ver placas a indicar… Bulgaristão!

Eu não fazia ideia que por ali a Bulgária se chamava Bulgaristão! Tive um súbito delírio de estar perto de países com Paquistão, Cazaquistão ou Afeganistão! eheheh

Estava o calor do costume quando cheguei à fronteira, e sair da Turquia não era tão simples como sair de um país qualquer! Voltei a andar de guiché em guiché, a preencher papeis sobre o que eu estive a fazer no país, onde estive, onde dormi, quanto paguei e o que gastei! Gente simpática que me ajudou a preencher tudo, pois os papéis eram complexos, até me pediram desculpa por não terem papeis na minha língua, “não se preocupem que Espanha que é ao lado de Portugal também não tem nada em português e eu lá me desenrasco!”. Preenchi os papeis espanhóis, pois então!

Segui para a fronteira búlgara, bolas, fiquei no fim de uma fila de carros, na seca e no calor!

Mas os búlgaros são gente boa, um polícia aduaneiro veio lá do fundo até mim. Pensei que já ía “levar nas orelhas” por estar a tirar fotos dentro da fronteira, que já se sabe é proibido! Mas não, veio-me buscar! Curioso que podia ter-me chamado lá do fundo com um gesto de mão e não o fez, veio à minha beira buscar-me, literalmente. Mandou-me seguir para a frente e mostrar o passaporte ao colega e seguir, que não me metesse de novo na fila!

E assim foi, parei, mostrei o passaporte, e segui com direito a continências e tudo, enquanto aqueles carros todos ficaram ali!!

Segui animada pela sensação agradável que ter sido bem tratada à partida da Turquia e bem recebida à chegada à Bulgária! Até senti uma pontinha de remorsos por não ter incluído uma visita mais detalhada ao país, por isso terei de lá voltar para compensar essa falha!

E lá estava o Mar Negro…. a completar os 7 mares que visitei nesta vieagem:

o Mar Mediterrâneo,
o Mar Lígure,
o Mar Adriático,
o Mar Jónico,
o Mar Egeu,
o Mar de Marmara
e agora o Mar Negro!

«Há ideias que me vêm à memória de vez em quando, a que eu chamo sonhos, mas são apenas vontades e eu tinha o “sonho” ou a vontade de ver o Mar Negro há muito tempo! Desde pequena que o nome me inspirou e me fez desejar lá ir. Não esperava nada mais que um mar, por isso nem sequer tinha receio de me desiludir, o que ele fosse seria fantástico para mim, apenas por pensar “estou no Mar Negro!”. E assim foi, depois do Mar de Marmara, depois da Turquia e do Bósforo, lá estava ele, às portas da Bulgária, a caminho da Roménia, sem nada de especial para além dele mesmo. Parei, aninhei-me na berma da estrada, senti o seu cheiro a maresia e, fechando os olhos, pensei “eu estou aqui!”…»

Todo o caminho a partir dali foi lindo e uma aventura também!

Uma estrada estreita e toda estragada, com depressões profundas, sem que o alcatrão estivesse esburacado, o que queria dizer que tinha de ir com toda a atenção pois podia nem ver as covas até cair nelas!

Cavalos selvagens atravessavam a rua placidamente a qualquer momento e eu já nem sabia se o pior já tinha passado ou estava para vir!

A dada altura passei por um jeep que vinha em sentido contrário, era Búlgaro. Vi pelo retrovisor que um senhor saía e me fazia sinal! “Queres ver que não posso passar e tenho de voltar para trás!?” Ele veio-me perguntar se o caminho de onde eu vinha estava bom, entendi pelos gestos pois ele não dizia uma palavra que eu entendesse!

Acenei com a cabeça que sim apontando com a mão, siga à vontade que, com um carro desses passa por todo o lado, pois se eu passei com esta moto!

Agradeceu-me muito e seguiu caminho. Achei no mínimo curioso que fosse eu, vinda de tão longe e acabada de chegar ao país, a dar indicações a gente de lá! Eheheh

Cheguei a Varna ao fim da tarde, mas não me apeteceu ver a cidade, queria comer e beber e nada fazer! E assim foi!

E foi o fim do 25º dia de viagem!

28. Passeando pelos Balcãs… – Constantinopla, capital de grandes impérios entre dois continentes!

22 de agosto de 2013 – continuação

Era impossível eu não me apaixonar pela grande cidade de Istambul!

“A Cidade”, como lhe chamaram vários povos, como se mais nenhuma cidade houvesse para além dela!

Já foi chamada de Bizâncio, de Nova Roma, de Constantinopla, de Kostantiniyye e, finalmente, Istambul!
Já foi capital de tantos impérios como:
o Império Romano (durante o séc. IV),
o Império Bizantino (do séc. IV ao séc. XIII),
o Império Latino (durante o séc. XIII),
o Império Bizantino de novo (do séc. XIII ao séc. XV)
e finalmente o Império Otomano (do séc. XV ao séc. XX)

Fica ali, entre o Mar Negro e o Mar de Marmara, entre a Europa e a Asia, e é a única cidade do mundo que se divide entre dois continentes!

E eu fui para a beira do canal… o Bósforo, aquele que divide a cidade em 2 e liga o mar Negro ao Marmara! Passei ali o resto da manhã por entre mercados, restaurantes e povo pelas ruas aos montes! Pertinho fica a ponte Gálata, que atravessa o estuário do Corno de Ouro, onde fica o coração da cidade.

E fui visitar a mesquita Mesquita Yeni

O edifício é do séc. XVI, parece que tudo ali é de há muitos séculos atrás!

É muito bonito e vale a pena ser visitado! Cheguei-me à porta preparada para o ritual de tirar botas, tirar chapéu, embrulhar-me em panos e entrar. As botas eu tirei-as mas quando ia tirar o chapéu um dos senhores que estão à porta a ajudar os turistas disse-me que não precisava tirar o chapéu! “Mas eu quero entrar na mesquita!” expliquei eu “Claro, mas não precisa tirar o chapéu! Entre assim que lhe fica muito bem!” “sem véu?!” “Sim, o chapéu é como um véu!” explicou ele!

Fantástico, não precisei de andar por ali armada em nossa Senhora, a lutar com o pano que cai a cada movimento!

A mesquita é muito bonita por dentro, com o imenso tapete azul a cobrir totalmente o chão, com desenhos extraordinários! Aquilo terá sido feito ali dentro mesmo? É que todo ele é feito à medida do piso da mesquita!

Na realidade tem parecenças com a mesquita azul, mas tem pormenores que eu achei surpreendentes, como estar aberta ao público enquanto estavam em oração, ou reflecção ou algo do género!

Pelo menos estava lá o homem e falar e toda a gente a ouvir!

E o desenho do tapete era muito bonito!

Os homens entram na grande nave, os turistas ficam do lado de fora de uma barreira de madeira e as mulheres que rezam ficam à porta atrás daquelas grades bem fechadinhas de madeira! Uma fulana toda coberta por panos, que ia a entrar para ali, viu-me a espreitar e perguntou-me o que é que eu queria, que ali era o seu espaço de oração.

Não gostei muito dos seus modos e não resisti a perguntar “Ah, e rezam ai atrás das grades porquê? Vocês mordem é?”

Fui-me embora antes que ela me fulminasse completamente com o olhar! Eheheh

Cá fora as pessoas lavavam as mãos e os pés e a cabeça e mais o que pudessem, que estava muito calor. Aproveitei para fazer o mesmo, embora tenha ficado com a ideia de que não tinha direito a fazer tal, pelo menos era a única mulher a pôr mãos e pés na água. Ninguém me disse nada e eu pus também a cabeça!

Logo ali em frente ficam mercados e feiras de tudo, para onde eu fui pois estava fresquinho lá dentro! E o que eu me fartei de petiscar frutos secos e roer pequenos petiscos que me ofereciam!

Ali os doces são muito doces, frequentemente baseados em amêndoa ou noz, come-se um pouco e bebe-se uma grande golada de água e até sabe bem!

Escusado será dizer que bebi uma garrafa de água de 1.5 l enquanto andei por ali nas experiencias alimentares!

Os vendedores são divertidos e brincavam frequentemente comigo, eu ia-lhes respondendo à letra à medida que ia passando e explorando as novidades. Então encontrei numa mercearia um cartaz que me fez partir a rir!

Estava lá em cima, no meio das tralhas. O homem ao ver-me a rir perguntou-me se eu falava espanhol. Não falo mas entendo, por isso estive ali na cavaqueira com ele sobre sogras e venenos e, pimba, mais uns frutos secos para eu provar!

E eles têm aquilo tudo tão bem apresentado! Parece tudo artificial de tão perfeito!

O povo por ali era aos magotes, não só turistas mas também gente nas suas compras diárias!

Voltei à ponte, ao longe podia ver a famosa Torre Gálata, do séc. XIV, que eu não visitaria, não desta vez!

A trapalhada era muita ali junto à ponte Gálata.

Olha-se em volta e vêm-se diversas mesquitas, muita gente e imenso trânsito!

Junto a ela há vendedores de todo o tipo de bugigangas para comer e, por baixo dela, há restaurantes onde me fui encher de comida!

Comi lulas grelhadas acompanhadas com uma enorme cerveja! Inesperado, não imaginei que me oferecessem uma cerveja tão deliciosa por aquelas paragens!

Voltei ao centro histórico da cidade onde fica a mesquita Azul e pensei em visitar o Palácio de Topkapi, o palácio dos soltões que hoje é um museu!

Mas aquilo estava tão cheio de gente e as filas para comprar o bilhete eram de perder de vista!

Foi das coisas que eu tive pena de não visitar… mas teve de ficar para outra vez! Passar horas ali na fila, sob um calor escaldante, estava completamente fora de questão!

Ainda estive ali pelo jardim um pouco, a apreciar cenas giras e a beber mais uma garrafa de água gelada. Estava a ver quando é que o gato esfarrapava o pássaro e o cão esfrangalhava o gato… mas afinal eles eram amigos!

E tinha o resto do dia todo para nada fazer, não é fantástico?

Ali mesmo pertinho da Hagia Sophia fica mais uma das 23 mesquitas da cidade, antiquíssima do séc. XV.

Que eu não visitei porque fiz amizade com um senhor que estava ali ao lado a desenhar. Os desenhos dele não eram geniais, mas ele era muito simpático!

A seguir percorri a Praça Sultanahmet onde se situava o Hipódromo de Constantinopla, uma longa praça ao lado da Mesquita Azul.

Ali encontram-se 3 obeliscos trazidos para embelezar a praça na época da sua construção.

O mais extraordinário para mim é o obelisco do Templo de Karnak em Luxor no Egito, datado de 1490a.c., que foi trazido para Istambul pelo Imperador Teodósio no ano de 390.

Oh, que sensação estar perante uma “peça” do templo de Luxor, onde se calhar eu nunca irei!

Outro é a coluna de Constantino do século X que originalmente era revestida com placas bronze dourado, mas que foi bastante danificado na época das cruzadas e hoje está com a pedra à vista.

E ainda há a Coluna Serpentina que veio da Grécia, onde tinha sido construída para celebrar a vitória dos Gregos sobre os Persas, durante as Guerras Médicas.

E fui visitar de novo a Mesquita Azul que fica ali mesmo ao lado, aquilo não estava muito calmo mas eu queria acabar um ou dois desenhos que deixara a meio no dia anterior, por isso sentei-me no tapete fofinho e desenhei mais um pouco, que se lixasse quem olhasse!

As mesquitas até podem ser parecidas, mas aquela é um espanto! Aquelas abobadas são verdadeiramente vertiginosas!

Havia gente muito interessada no que eu estava a desenhar e eu muito interessada em quem estava por ali, de vez em quando também gosto de pôr pessoas nos meus desenhos!

Fiquei ali muito tempo em longos momentos de paz e serenidade, sem pressa de ir a lado nenhum, apenas estar! Quando sai dei a volta à mesquita, por ruelas encantadoras de casinhas muito giras.

Numa loja de tapetes uns homens meteram conversa comigo, queriam saber quem eu era, de onde eu vinha. Acharam curiosa a minha maneira de vestir e o facto de usar chapéu!

Um queria levar-me a ver a mesquita de cima da loja, a partir do terraço. Então veio o dono da loja e, espanto, falava português! Dizia ele que tinha negócios no Brasil, por isso falava português, sim senhor! Mais uma hora na cavaqueira, que culminou com uma visita à loja, onde ele me fez uma pequena pulseira em fio de seda turquesa, que tirou de um tear de tapetes!

“Isto será como uma pulseira de sorte que te vai acompanhar até ao fim da tua viagem, sem que nada de mal te aconteça! Depois não a tires, deixa que ela caia por si!” disse-me ele, e a verdade é que ela ainda cá anda no meu pulso!

A mesquita era logo ali atrás

E a minha pousada também! Fui até lá tomar um banho e fiz amizade com uma italiana que falava muito bem francês e foi com ela que passei o serão a comer melancia e a passear pelos jardins junto à mesquita e pela Praça Sultanahmet.

E foi o fim do 24º dia de viagem!