16. Passeando pela Grécia/Balcãs – os Mosteiros de Studenica e de Žiča no meu caminho…

3 de setembro de 2022

Com chuva ou sem chuva, hoje seria o dia dos Mosteiros!

Igrejas, catedrais e mosteiros sempre me despertam o interesse. Não que eu seja particularmente religiosa, mas porque estes são sempre sítios cheios de historia que, frequentemente, permitiram que tesouros culturais chegassem até aos nossos dias, enquanto os que estiveram nas mãos de pessoas comuns foram desaparecendo ao longo dos séculos.

Quando dizem que a Igreja devia vender e distribuir todas as suas riquezas pelos pobres, não se pensa que, se realmente se fizesse isso pelo mundo fora, uma enorme parte do valor histórico da humanidade se perderia para sempre e os pobres continuariam a ser os mesmos!

Regimes políticos que o fizeram nos seus países, fizeram com que muito do seu património histórico religioso se perdesse, mudando dos locais religiosos onde esteve durante séculos e podia ser visto por todos, para as mãos de meia dúzia de pessoas poderosas, desaparecendo para o publico e, muitas vezes, para a humanidade. E os seus pobres não enriqueceram nada com isso!

O meu pequeno almoço foi fantástico, na esplanada de frente para a minha motita. Ah, e o pão ainda morno, aparentemente feito no local, era delicioso! Uma das coisas que gosto de conhecer em cada país que visito é o seu pão.

Vários camionistas vieram dos seus camiões tomar o pequeno almoço junto de mim. Vinham de vários países de leste, Roménia, Ucrânia, Bulgária, e aquele era um ponto estratégico onde paravam regularmente. Dormiam nos camiões e faziam as refeições da noite e da manhã ali.

Ficaram curiosos por eu andar sozinha por aquelas terras. Expliquei que já tinha andado nas terras de onde eles vinham noutras viagens. Mas o espanto foi quando repararam na minha mão esquerda, que eu tentava esconder debaixo da mesa, com a bolsa de gel enrolada.

Vários vieram ver de perto o que se passava. E, de repente, criou-se ali uma onde de solidariedade, em que me queriam levar, a mim e à minha moto, num camião para eu não sofrer a conduzir!

Demorei a entender direito o que se passava. Mas depois entendi, eles pensavam que eu tinha tido um acidente por ali, uns dias antes, e por isso queriam ajudar-me a chegar a casa, penando que eu não tinha condições de seguir conduzindo.

Ah, não se preocupem comigo! Eu tive o acidente há 2 meses, fui operada e assim que a mão mexeu parti de viagem! Por isso já ando na estrada há 15 dias, sem problema!

E preparei-me para partir sob o seu olhar incrédulo!

Ha coisas que me prendem a atenção nos meus caminhos…

Cemitérios sempre me chamam a atenção, porque revelam muito sobre como cada povo honra os seus entes queridos, mesmo depois da morte. O seu significado transcende o tempo e as fronteiras culturais, tornando-os parte integrante das sociedades em todo o mundo.

Há que veja os cemitérios como locais sagrados que exigem o máximo respeito, há quem tenha medo, se afaste e nem queira dar uma olhada, e há quem tenha as atitudes mais diversas com base em crenças religiosas ou costumes históricos. Eu gosto de os observar em cada pais onde passo, frequentemente paro e fico a olhar, por vezes fotografo a té desenho, como quem aprecia um jardim…

A seguir eu iria atravessar Dolina Kraljeva – o Vale dos Reis.

Sim, embora o nome nos leve imediatamente para o Egito, também há um Vale dos Reis na Sérvia!

Na realidade o Vale dos Reis ocupa um lugar significativo na história da Sérvia como o berço do país. Este vale desempenhou um papel crucial na formação da identidade e do desenvolvimento da Sérvia ao longo dos séculos. O seu significado histórico pode ser visto através de monumentos, eventos e figuras importantes associadas à região, que tiveram um grande impacto no país e deixaram um legado que chegou até hoje.

E cheguei ao  Манастир Студеница – Mosteiro de Studenica

Não havia parque de estacionamento “tradicional”, quero dizer pavimentado,
perto da porta e um monge me disse para estacionar no relvado! Confesso
que a minha motita ficou tão bem em contraste com o verde em redor!

Igrejas, mosteiros e templos definitivamente ajudam a compreender melhor a história da Sérvia porque preservam a história do patrimônio do país. Os templos mais bonitos e antigos foram construídos por governantes poderosos, alguns dos quais passaram seus últimos anos de vida como monges.

Na Sérvia, há 212 mosteiros, dos quais 54 são declarados monumentos de interesse nacional e este está na Lista do Património Cultural da UNESCO. 

Isso quer dizer que ainda tenho de voltar à Sérvia uma série de vezes para poder ver mais alguns!

O Mosteiro de Studenica, do final do século XII, é um dos maiores e mais ricos mosteiros ortodoxos sérvios e foi fundado por Stefan Nemanja o primeiro rei da Sérvia, nomeado pelo Papa e reconhecido internacionalmente.

Foi construído em um estilo arquitetónico específico, conhecido como “escola Raška”, que combina a influência do românico ocidental com a tradição bizantina oriental.

Não pude deixar de sorrir, ainda ontem me diziam que eu parecia uma cavaleira Raška!  😀

Lá estava o monje!

Os monges geralmente vivem em mosteiros, onde se dedicam à vida monástica de contemplação e oração. Diferentemente de pastores, professores, enfermeiros ou assistentes sociais, sua vocação é considerada única e distinta, não participando normalmente do ministério ativo da Igreja.

Dentro de um mosteiro, a vocação monástica é vista como uma vocação leiga, com apenas um ou dois padres responsáveis pela vida sacramental da comunidade, enquanto os demais membros se dedicam à busca espiritual e à vida comunitária.

Além das tradicionais funções religiosas, o mosteiro era um centro cultural e médico do Estado sérvio medieval, e o mausoléu da dinastia.

O recinto do mosteiro está cercado por muros fortificados e contem duas igrejas mais importantes, a Igreja de Santa Maria de Deus e a Igreja do Rei, e uma mais pequenita, a Igreja de São Nicolau.

Reza a lenda que o rei Stefan Nemanja, tendo perdido uma batalha com o exército bizantino, foi levado para Constantinopla (Istambul) como testemunha viva da vitória. Lá ele foi preso no mosteiro da Mãe de Deus. Rezando pela sua libertação, prometeu que, se ela o libertasse do cativeiro, ele construiria o mais belo mosteiro para ela. 

Quando foi libertado, ele cumpriu a sua promessa e o templo principal do complexo do Mosteiro de Studenica é dedicado à Mãe de Deus e foi construído como uma como igreja funerária para ele.

A Igreja da Virgem Maria é uma construção onde as influências do Oriente e do Ocidente se combinam de forma harmoniosa. 

As soluções espaciais baseavam-se nas soluções das fundações bizantinas, enquanto o desenho exterior e tratamento das fachadas, contam com elementos da arquitetura românica ocidental. 

O acabamento românico em mármore branco vê-se no exterior, a partir de meio da construção até ao altar. Uma conjugação curiosa de materiais que, a mim, me agrada pela conjugação das cores dos diversos materiais. Muito original!

O interior é, basicamente, todo em mármore.

A igreja estava em restauro o que não me permitiu apreciar direito o espaço.

Uma pena, pois eu sabia que lá dentro se encontra uma coleção inestimável ​​de pinturas bizantinas dos séculos XIII e XIV….

Mas ainda consegui ver o afresco mais bonito e famoso do lugar: “A Crucificação de Cristo”, uma das maiores realizações da arte medieval.

A Igreja do Rei parece uma joia, ou um grande relicário, mas que é pequena entre os edifícios mais altos em seu redor, o que realça ainda mais a sua beleza branca.

Foi muito engraçada a explicação do monge, pois chamava senhor ao rei e rei ao Senhor, o que era uma confusão para eu entender o que ele queria dizer!

Mas depois entendi!

A pequena igreja, dedicada a São Pedro, Joaquim e Ana, foi fundada por outro rei descendente de Nemanja, e acabou por ficar conhecida mais pelo seu fundador do que pelos seus patronos, sendo por isso chamada de Igreja do Rei.

Vinte minutos para entender isto!

A vida monástica sempre me intrigou! Tentei saber um pouco mais… e foi muito interessante!

Ali é marcada por uma rotina de oração, estudo, trabalho manual e reflexão, com ênfase na busca por Deus e na contemplação. Os monges buscam viver de forma simples, em comunidade, renunciando a bens materiais e ao mundo exterior, para se dedicarem inteiramente à sua fé e ao serviço a Deus.

Embora a sua atuação direta na sociedade seja limitada, a sua vida de oração é vista como um alicerce espiritual que sustenta a Igreja e o mundo, através de suas intercessões e testemunho de fé.

Não me pareceu muito diferente da ideia que tenho dos monges católicos.

O trabalho minucioso de restauro seguia também no exterior.

Às vezes as pessoas não têm muita noção do nível de minucia deste trabalho.

Lembro-me de um dia alguém me dizer que, se mandasse, não deixaria que restaurassem determinado local para não o estragarem! A pessoa não entendia que restaurar não é a mesma coisa que refazer, ou reconstruir! Claro que, frequentemente, há quem reconstrua um carro ou uma moto e chame a isso restaurar, mas restaurar é recuperar o que se puder da obra e prepara-la para resistir ao tempo sem continuar a degradar-se.

Isso quer dizer que, se faltarem partes, se pormenores tiverem desaparecido destruídos pelo tempo, eles não aparecerão com o restauro, não serão repintados nem acrescentados. Simples assim!

Ao sair do recinto do mosteiro, podia ver a pequena Igreja de São Nicolau, para mim uma capelinha!

O rei Nemanja decidiu que ele e seus descendentes teriam os seus túmulos em Studenica, por isso a igreja de São Nicolau certamente foi construída por um dos membros da família.  

Lá estava a minha motita, tão bem enquadrada no verde do grande jardim, no exterior das muralhas do mosteiro!

Era uma sensação curiosa perceber tão obviamente a aproximação do outono! Afinal eu nunca tinha viajado tão tarde e, em “tempos normais”, por aqueles dias eu estaria já em Portugal, não na Sérvia!

A seguir iria para o Манастир Жича – Mosteiro de Žiča

O que eu gosto do alfabeto e escrita sérvios! Imagino como seria escrever assim, como quem desenha bonequinhos!

O Mosteiro é do inicio do séc. XIII e foi local de coroação de 7 reis. O santuário permanece um símbolo com 800 anos de inspiração e fé para o povo e um local importante de peregrinação.

Foi fundado por dois irmãos, Stefan Nemanja, o primeiro Rei (o mesmo que , uns anos antes, fundou o Mosteiro de Studenica), e São Sava, o primeiro Chefe da Igreja Sérvia.

Os irmãos queriam criar um lugar sagrado para servir como um centro espiritual do país, naquela época, e um lugar sagrado para as coroações futuras.

Definitivamente aquela família era composta por gente muito importante, família de reis e santos!

Reza a lenda que uma porta secreta era aberta para cada rei, para que eles pudessem entrar no mosteiro quando quisessem e, supostamente, eram fechadas e seladas quando o governo do rei acabava.

Estas portas secretas seriam também utilizadas pelos reis como rotas de fuga em tempos de perigo. Dizia-se que conduziam a túneis subterrâneos que ligavam o mosteiro a locais distantes, acrescentando uma aura de mistério e aventura ao local. Embora não existam provas concretas da existência destas passagens secretas, a sua presença na tradição local adicionou uma camada de fascínio à história do mosteiro.

Os vestígios da lenda prevalecem no nome popular do mosteiro “O mosteiro dos sete portões” pelos 7 reis ali coroados.

Sendo uma importante relíquia da tradição sérvia e um local de inspiração e fé para pessoas em apuros, ou pessoas em busca de paz, o Mosteiro de Žiča foi muitas vezes alvo de banditismo e atrocidades dos inimigos.

No século XIV, com a opressão dos otomanos, a atividade religiosa do mosteiro de Zica foi reduzida e mantida em segredo e, com o passar do tempo, ele quase deixou de cumprir sua função como centro religioso.

As pessoas podem ter mudado o seu comportamento e mantido silêncio sobre suas crenças e esperanças sob o domínio otomano, mas quando chegou a hora de proclamar o Reino da Sérvia novamente e desfrutar da independência total, cinco séculos depois, um novo rei escolheu o Mosteiro de Zica como local de coroação.

As lutas do mosteiro continuaram, quando os alemães ocuparam a Sérvia em 1941, e ele foi incendiado, só sendo completamente restaurado quase uma década depois.

Os diversos espaços do mosteiro são muito bonitos, com capelinhas e igrejinhas espalhadas pela imensa área relvada. E aquilo que eu pensei ser uma fonte, na realidade era uma pia de agua benta lindíssima!

A Igreja da Santa Dormição, dedicada à Assunção de Maria, é o templo principal do mosteiro e desempenha um papel vital nas práticas de culto ortodoxo sérvio desde a fundação do local. 

Eu conhecia igreja revestida e pintada, por isso estranhei vê-la com a pedra original exposta, sem a característica cor vermelha que a tornava tão peculiar e que carateriza o próprio mosteiro!

A mudança na cor certamente despertou a minha curiosidade, no entanto não consegui encontrar quem me esclarecesse sobre a mudança. A cor vermelha, originalmente utilizada na igreja, segundo sei, pode ter desempenhado um significado simbólico ou cultural importante para a comunidade, no entanto, a transição para a pedra pode ter a ver com levar o edifício ao seu aspeto original pois, embora eu não saiba muito sobre arte decorativa local, parece-me que o revestimento vermelho era muito recente, nada que se parecesse com as decorações medievais!

Digo eu…

Os jardins meticulosamente cuidados são realmente um convite à meditação. A serenidade é sentida em cada canto do mosteiro, percebendo-se que, mesmo ao ar livre os visitantes se mantinham em silêncio!

E as histórias de sofrimento e destruição continuaram em 1987, embora aquela não seja tradicionalmente uma zona de fortes atividades sísmicas, o mosteiro foi quase destruído por um terramoto que assolou o país.

Felizmente o pior foi evitado e o interior do mosteiro é maioritariamente original, sendo alguns afrescos obra de alguns dos melhores pintores medievais, que vieram de Constantinopla.

Infelizmente as lutas do Mosteiro continuam hoje!

Em 2022 turistas vandalizaram alguns afrescos, escrevendo os seus nomes nas paredes…

Eu nunca entendi qual o interesse de escrever os nomes nos sítios que se visita! Apenas quem o faz sabes de quem são os nomes, ninguém mais conhece as personagens e, além de ser um ato desrespeitoso, se todas as pessoas o fizessem, rapidamente desapareceria toda a história dos povos, por entre riscos de estupidez!

Como dizia o Ministro da Cultura e Informação na época:

“Devemos desenvolver a consciência de que se nós, como indivíduos, não cuidarmos do nosso património cultural, não há instituição, estado ou punição que possa compensar isso”

O pior é que, provavelmente nem foi gente de lá, mas turistas parvalhões de outros países, ansiosos por  publicar bosta no Instagram…

Eu sabia do sucedido mesmo antes de partir de viagem, ao estudar o que procurava ver, mas estes imbecis, certamente, nem se preocupam com a história dos locais, apenas com seus próprios egos inflamados…

Sobe-se a colinha e lá está o cemitério do mosteiro, com uma distribuição curiosa de cruzes, por recantos e socalcos, não sei se organizado de forma hierárquica ou simplesmente por questões de espaço.

Pela localização e pelo ambiente, o cemitério revela-se como um lugar de paz e contemplação. As cruzes, erguidas em diferentes alturas, contam histórias silenciosas de vidas passadas, em placas com fotos e textos que só consegui entender em parte. Pena eu não conseguir lê-las melhor!

Um local onde o tempo parece desacelerar…

A seguir fica a Igreja vermelha da Assunção da Virgem Maria, lá no topo da colina, a seguir ao cemitério.

O mosteiro é continuamente pintado de vermelho desde o século XIII, e muitos historiadores de arte e críticos especulam que é para simbolizar as lutas e as dificuldades do passado

E para quebrar o ambiente profundo e contemplativo que me envolvia, lá em baixo estava aquela que devia ser a casa onde se comia!

Ui, a fome que eu tinha! Agora so tinha de descer aquilo tudo, percorrer as alamendas da entyrada e ir até ali encher- me de comida!

Eu demorara muito tempo nas minhas visitas por isso decidi seguir para Montenegro calmamente.

Tinha mais de 200km para fazer, o meu pulso estava a pedir gelo e eu não me queria arriscar a ter de conduzir apressadamente, sem capacidade de reação rápida, por causa da dor.

Apreciar o caminho é uma das coisas mais fantásticas de uma viagem, não apenas visitar lugares e entrar em sítios!

O rio Lim, o último que eu veria antes de entrar no Montenegro, era algo digno de atenção! Estava a meio gás.

É sempre impressionante quando um rio mostra as suas entranhas assim. Felizmente o outono estava a chegar e em breve começariam as chuvas para o encherem de novo. Esperava eu!

De repente cheguei à fronteira, sem nem dar por ela, já que não tinha fila.

Não havia muita gente na fronteira, cheguei lá quase sozinha, a bem dizer. Isso não me livrou da já celebre pergunta: “Your friends?” nem os livrou a eles da minha tradicional resposta: “No friends, I’m alone!”

Oh, se eu recebesse uma nota por cada vez que me fazem aquele pergunta e a cada vez que eu dou aquela resposta, já teria amealhado um boa quantia!

E cheguei ao alojamento.

Eu sabia que era um parque de campismo e ia preocupada, como nunca me tinha preocupado antes em nenhuma viagem!

E se o acesso ao parque fosse em piso irregular, terra solta ou terra batida em subida ou descida ingreme? Eu sabia que ele era junto ao rio Tapa, num ponto onde o rio ficava centenas de metros abaixo, formando gargantas e canions excelentes para desportos radicais aquáticos.

Quando eu fizera a reserva ainda não tinha tido o acidente e tinha-me parecido um sitio fantástico para dormir, mas agora estava com medo de não conseguir chegar até ele!

Felizmente o caminho desde a estrada até ao parque era uma rua perfeitamente civilizada e alcatroada e havia lá um restaurante simpático e tudo!

Oh alivio!

O meu quarto era uma casinha inteira no meio de um imenso relvado.

Disseram-me para levar a moto até lá…

No momento tremi um pouco de medo, mas depois pensei que, se a tinha estacionado em cima da relva, junto ao mosteiro de Studenica, também conseguiria andar toda aquela distancia até à minha casotinha. Era uma questão de confiar em mim e na minha mão meio inerte…

A minha casotinha era muito fofa.

Caso para dizer que a minha cama ocupava uma casa toda! Não me faltava nada, comi bem no restaurante, bebi um bom vinho, deixei a bolsa de gel no congelador e fui dormir.

Amanhã vou seguir para a Bósnia…

59 – Passeando até à Suiça 2012 – A Bélgica – Brugge, a encantadora!

28 de Agosto de 2012 – continuação da continuação!

Brugge é um cidade encantadora onde apetece passear a pé, tirar umas fotos, parar numa esplanada, sem pressas, apenas apreciando o momento!

Uma cidade onde eu viveria feliz, porque é linda e é perto de tantas outras coisas lindas!

Uma cidade muito antiga e que é cidade há quase 900 anos, cheia de história e histórias pela história fora!

Para além de canais ela tem também lagos e parques e muitas zonas verdes como o Kon Astridpark!

Que tem até direito a uma grande igreja! Aliás parece que igrejas é o que não falta na cidade!

Dizem que Brugge é a Veneza do Norte, por causa dos muitos canais que cruzam a cidade… mas que me perdoe quem é fan de Veneza, mas Brugge tem coisas em que é mais bonita!

Permanentemente cheia de turistas, tem para oferecer todo o tipo de atrações turísticas e culturais!

A praça da Municipalidade é um dos centros da cidade com a sua Câmara gótica do séc. XIII, a mais antiga da Flandres.

Dizem que tem, na sua fachada, alternando com as 6 janelas, 48 nichos com estátuas!

Ao lado fica a Basilique du Saint-Sang – Basílica do Sangue Sagrado, um santuário românico do séc. XII. Diz a lenda que o Sangue Sagrado de Cristo foi trazido de Jerusalém para a cidade!

E as rendas!
As rendas são património preservado!

Desde o século XV, quando Charles V da Bélgica decretou que a renda deveria ser ensinada nas escolas e conventos das províncias belgas, que as técnicas rendeiras, além de não se perderem, se foram aperfeiçoando e tornando ex-libris de cidades, aldeias e do próprio país!

Rendas que já fizeram e dominaram a moda ao longo da história, como durante o renascimento.

A renda típica de Brugge é a renda de bilros, que é rara e acarinhada porque só pode ser feita artesanalmente! A mais procurada é a “Toveressesteek” – “Ponto de Feiticeira”, que requer entre 300 a 700 bobinas (bilros), e deve ser mesmo necessário ter poderes mágicos para não baralhar aquilo tudo e fazer uma rodilhice de fios!

Por vezes encontramos rendeiras que trabalham à entrada da porta de casa, para que os transeuntes possam apreciar a técnica!

E volta-se sempre à Grote Markt – Grand Place…

Já tinham retirado a bancada da frente do Campanário, já não haveria mais concerto de carrilhão!

Não iria voltar a comer mexilhões! Apetecia-me encher a barriga de porcarias, por isso fui à procura de uma casa de batatas fritas, onde toda a gente compra pacotões de batatas com molhos para comer sentados pelos muros na berma do canal!

Só faltava localizar o tal canal!
Era logo ali à frente!

Huuuum, há dias em que só uma coisa desta me serviria de jantar! Batatas fritas e espetadas! Delicia!

E então com o “Rozenhoedkaai” – O Cais do Rosário, como cenário, tudo estava perfeito! Aquele canal é o mais fotografado e desenhado da cidade!

Segui para mais uma voltinha pela cidade, até ficar noite!

Porque há recantos lindos por todos os lados, basta apenas passar e apreciar!

A vantagem é que se passeia por ali como por Amesterdão! Pode-se andar por todo o lado, pelo menos de moto, encostar e disparar mais uma foto, sem que ninguém stresse com a gente!

Na realidade estamos muito perto da Holanda e há pormenores que nos fazem pensar que até estamos lá!

Há diversas portas da cidade, esta é numa ponte muito bonita! Não passa trânsito ali, há um pino no meio do caminho, mas a minha motita passou!

A cidade é quase totalmente cercada pelo rio, o que faz com que este sirva de foço nas entradas antigas da cidade!

Então vi que o sol estava a preparar-se para se pôr em efeitos de laranjas e nuvens muito bonitos e saí um pouco da cidade na sua direção!

E vivi mais um momento de paz, deslumbrando-me com ele, antes de voltar para a pousada de juventude e me encher de cerveja com o povo!


E foi o fim do trigésimo dia de viagem!

58 – Passeando até à Suiça 2012 – A Bélgica – Oudenaarde e Gent!

28 de Agosto de 2012 – continuação

Fiz a curva no mapa e segui para Oudenaarde, uma cidade pequena que já foi grande na produção de tapetes! Uma cidade antiga com uma história longa e antiga, cheia de altos e baixos.

Fui recebida pela Sint-Walburgakerk, ou colegiada de St Walburga, uma igreja dedicada à padroeira da cidade! Uma igreja gótica do séc. XII, com um “chapéu” barroco no topo do campanário!

Pousei a minha Magnífica logo por trás da igreja e não tardou a fazer uma amiga igual a si! Senti um pouco de vergonha e pena por ela, pois estava mutilada, ao lado de uma menina lindinha e limpinha… mas depois pensei que não havia porque se envergonhar, já que a sua vida fora cheia e rica e isso cura qualquer orgulho ferido!

O que eu procurava era a belíssima Camara Municipal lá do sítio! Um edifício em gótico flamejante construído no séc. XVI. É nestes casos que os estacionamentos deviam ser arrumados para a periferia, mas na Bélgica encontraria muitos mesmo “em cima” dos monumentos, impedindo muitas vezes a completa visualização dos edifícios mais bonitos da cidade!

Alguns recantos encantadores são muito antigos por ali!

E fui andando para Gent, uma cidade que há muito queria visitar!

Gent é uma cidadezinha medieval encantadora onde tudo parece ficar no mesmo lugar! Dá-se a volta e encontra-se mais e mais coisas!

A Catedral de St Baaf nasce sobre uma primeira construção em estilo românico mas é renovada posteriormente em estilo gótico!

Curioso o jogo de cores de pedra que é usado no interior!

Na praça em frente as casas são deliciosas e perfeitamente enquadradas no conjunto!

Mais à frente, do outro lado da praça, fica o Beffroi, um campanário do séc. XIV que possui um carrilhão de 44 sinos conhecidíssimo nos Paises baixos!

É uma das três torres no centro histórico de Gent, com as da Catedral e da Igreja de Saint Nicolas logo a seguir!

E a seguir lá estava a Sint-Niklaaskerk que é o mesmo que dizer a Igreja de Saint Nicolas ou São Nicolau!

A igreja é um dos maiores e mais antigos edifícios da cidade e foi construído com pedra azul de Tournai. Diz-se que o seu estilo é “gótico de Tournai”!

Uma pena os fios dos trolleys por todo o lado a traçar os enquadramentos!

Depois há o rio Leie, com ar de canal, que atravessa a cidade e onde as pessoas se passeiam de barco ou a pé, ou ainda se sentam a curtir um solzinho da tarde que foi o que eu fiz também!

Ali é a Graslei, a área movimentada de comércio com edifícios remarcáveis, testemunhas da riqueza do local, ainda hoje!

E tudo parece ter sido desenhado para combinar com o que já existia por ali, em paisagens encantadoras e enquadramentos perfeitos!

E na outra margem do rio, e no extremo da ponte de Sint-Michiel, fica a Sint-Michielskerk, que é o mesmo que dizer Igreja de São Miguel, e que me atraía grandemente!

Algo de descomunal e exótico me atraiu, porque eu não vejo todas as igrejas que me aparecem pela frente! Apenas as que me atraem!

A construção, em gótico tardio, tem elementos posteriores muito importantes, devido aos diversos reveses e recuperações que sofreu, depois de incêndios, abandono, pilhagens e destruições deliberadas que quase levaram à sua demolição!

O interior é grandioso e os jogos de cores, entre a pedra e o tijolo, são harmoniosos e fazem pensar no que se teria perdido com o desaparecimento do edifício!

Pus-me a olhar para uma nossa Senhora que achei curiosa pela simplicidade e contraste com a parede de tijolo…

e fiz amizade com um senhor que estava ali sentado a desenha-la! Gosto muito de ver gente a desenhar, por isso pus-me ali no paleio com ele e ainda fiz uns sarrabiscos também!

E com a treta esqueci-me de fotografar a obra de Van Dyck que está lá numa parede, como se fosse um quadrozito de um habilidoso qualquer… apenas uma obra de um dos maiores pintores do barroco flamengo!

E voltei para o centro da cidade, do outro lado do rio.

Porque será que as grandes igrejas negras perecem mais colossais que as outras?

A minha Magnífica lá estava, discretamente encolhida junto com a biclas… a espantar olhos! Perguntaram-me pela centésima vez se estava tudo bem comigo, já que a moto estava partida…

Peguei nela e nem o castelo fui ver. Eu sei que o castelo de Gent é digno de uma visita, mas não me apeteceu, em contrapartida estava era a apetecer-me passear pelas ruínhas secundárias e ver o que passasse na minha frente, enquanto me dirigia para Brugge de novo, que já tinha saudades da bela cidade!

A perfeita imagem do paraíso, para mim, é encontrar ruínhas destas quando estou cansada da cidade!

Fui seguindo até Ooidonk, atrás de umas coisas e de outras, e encontrei um castelinho/palácio que me pareceu irreal à primeira vista!

Um dia vou passar pela zona e irei visita-lo por dentro, está na agenda! Mas naquele dia limitei-me a “roubar” enquadramentos!

E voltei para Brugge, aquela cidade que não me canso de visitar e onde é sempre um prazer passear!

(continua)

57 – Passeando até à Suiça 2012 – A Bélgica – Veurne, Ieper e Tournai…

28 de Agosto de 2012

E hoje, 12-12-12, já que o mundo não acabou, vou contar mais um pouco desta viagem que se aproxima do fim! Desta vez é mesmo história até ao Natal! 😀

Naquele dia eu iria começar a desvendar os mistérios de um país de que se fala pouco! Parece que ninguém vai passar férias para Bélgica, não se lê nada de especial sobre ela e isso desperta-me muito mais interesse do que aqueles sítios onde toda a gente vai, em tom de missão motociclista!

Então daria uma bela volta por alguns sítios que estudei em casa e outros que se atravessassem no meu caminho e a que nunca resisto!

Segui para Veurne, que em francês se diz Furnes, nunca hei-de entender estas línguas que dizem as coisas de maneira tão diferente!

Veurne chamou-me a atenção pela sua arquitetura simpática de ruelas acolhedoras a fazer lembrar Brugge. Na realidade é uma cidade renascentista em tijolo amarelado! A igreja gótica de St Walburga em tijolo vermelho chama a atenção!

Não se podia visitar, estava lá dentro um funeral… parece que morreu muita gente por ali naqueles dias, pois não foi o único funeral que encontrei!

A cidade não é a coisa mais extraordinária de se visitar por isso, depois de uma voltinha, segui para Ieper, por caminhos interessantes!

Ieper é uma cidade muito mais monumental, embora o principal se encontre num espaço limitado!

A cidade esteve no centro de diversas guerras e batalhas pela sua posição estratégica junto da Alemanha. Todo o centro histórico foi já um monte infinito de escombros…

Depois da Primeira Guerra a cidade foi reconstruida fielmente pelos desenhos e fotos da época, com dinheiros da Alemanha, que não respeitou a neutralidade do país e fez da cidade, além de um campo de batalha, um local de experiências, onde gazes foram usados sobre soldados e população!

O Palácio do Pano, segundo a tradução, é imponente e cheio de placas que honram quem morreu para libertar a cidade!

A Catedral de Saint Martin gótica do séc. XIV é um dos edifícios mais altos da Bélgica e fica logo ali ao lado!

Passear por ali e imaginar que aquilo já foi campo de várias batalhas teve um efeito em mim!

Na catedral que, por acaso já não é catedral e sim proto-catedral, estava mais um funeral!
(Proto-Catedral quer dizer que já foi catedral e já não é, porque para ser catedral tem de ter um bispo residente e certamente já não há um por lá!)

Não tive coragem de entrar por isso andei no perímetro a cuscar o exterior!

A Cruz Irlandesa, em honra dos Irlandeses mortos por Ieper…

E a Praça do Mercado é muito bonita e acolhedora. Ninguém imagina que tudo aquilo foi destruído e reconstruido há menos de um século!

E ao sair da cidade, em direção a Tournai, a torneira mais famosa lá da zona lá estava no meio de uma rotunda!

Mas, como era de esperar, o caminho é feito de cemitérios e memoriais aos mortos de todos os países que ajudaram a libertar Ieper. Este seria mais um dia que eu passaria “rodeada” por memórias da Primeira Grande Guerra…

Como o Kasteel Zonnebeke – Memorial Museum 1917, que conta as cinco batalhas de Ieper… mas eu não quis ver e apenas visitei os jardins…

E os cemitérios militares sucedem-se pelas ruas que fui percorrendo…

Até eu não parar mais para ver mais nenhum….

E chegar finalmente a Tournai!

Uma cidade que viveu 18 séculos de história bem variada e cheia de reveses, mas que preservou o seu carisma de cidade de arte! É uma das 2 cidades mais antigas do país e permanece um polo cultural importante.

A catedral de Nôtre Dame de Tournai é uma estrutura extraordinária e impressionante! Em pedra negra, sobressai do perfil da cidade como um ser vivo que tudo observa! Conhecida como a catedral das cinco torres, foi construída no séc. XII em três estilos ainda visíveis: a nave é românica, mais antiga, o coro, ou altar é gótico, mais recente e um estilo transitório entre os dois liga estes grandes elementos da construção, no transepto. Hoje está em restauro profundo, que a trará de novo a toda a sua magnificência e imponência! Da Grand Place a catedral imensa sobressai acima de tudo, Christine Lalaing em primeiro plano, a princesa heroína e guerreira que defendeu a cidade contra invasores na ausência do marido, parece apontar para ela!

Christine Lalaing

E fui à procura do colosso! Desde a primeira vez que eu vi uma imagem daquela catedral eu quis vê-la ao vivo!

A gente vê-a por cima de tudo e depois tem de dar a volta e procura-la no meio das ruelas e casinhas!

E de perto, junto da entrada principal, nem parece o colosso que é!

O portal trabalhado pede restauro…

E é o que está a acontecer por estes dias!

Um altar lateral, no transepto, está a servir de altar-mor, enquanto este está subterrado em andaimes!

Curioso encontrar uma escultura dedicada a Roger de la Pasture, um pintor flamengo que tem obras famosíssimas, algumas no nosso museu da Gulbenkian! A bem dizer eu nunca tinha reparado que ele nascera em Tournai! 😮

Voltando à Grand Place ainda deu para brincar um pouco com a água que saia de repente do chão!

É permitido estacionar numa parte de praça e o conjunto formado pelos carros e pelo património é, no mínimo, curioso!

Ainda dei uma vista de olhos á igreja de Saint Quentin, uma igreja românica do séc. XII!

E lá estava o rio Scheldt, a parecer um canal!

E não se consegue ficar indiferente à catedral que se vê de todos os pontos da cidade!

E mais monumentos que lembram quem morreu na guerra, aparecem em Tournai também!

“Esquecer o passado é aceitar o seu regresso!” (Winston Churchill)

Triste mas real e presente por todo o lado naqueles países que tanto sofreram nas guerras…

(continua)

56 – Passeando até à Suiça 2012 – Reims, Arras, Kortrijk e a bela Brugge!

27 de Agosto de 2012 – continuação

Claro que Reims é aquela cidade que é grandiosa pela catedral grandiosa que tem! Que se há-de fazer? Foi o dia das catedrais/basílicas/igrejas! Fiquei muito mais santa depois daquele dia! 😉

E não consigo passar em Reims sem ir ver a dita catedral! É “apenas” a catedral mais extraordinária de França!

A Catedral de Notre-Dame de Reims é aquele monumento incontornável que ninguém consegue ignorar quando passa perto da cidade! Construída no séc. XIII é até hoje uma das duas catedrais góticas mais importantes de França, juntamente com a catedral de Chartres.

Na realidade ela é o monumento, é a igreja, é a cidade, é tudo naquele recanto de França! Olha-se para ela e olha-se para o poder humano sobre a pedra, a gravidade e a beleza!

Ali se passaram alguns dos momentos mais importantes e inesquecíveis do país, entre eles a coroação de Carlos VII, em 1429, com a presença de Joana D’Arc, depois de ela ter liderado a expulsão dos ingleses do território!

Sobreviveu milagrosamente aos intensos bombardeamentos da II Grande Guerra, embora bastante danificada. Mas felizmente, enquanto uns humanos destroem, outros reconstroem e ela ali está hoje, magnifica!

Grande parte dos vitrais medievais da catedral desapareceu, vítimas da sua fragilidade e da estupidez humana… já que a catedral foi bombardeada insistentemente na primeira guerra também, por exemplo!

E lá estavam os vitrais de 1974 de Marc Chagal, pintor francês de origem russa que visitava frequentemente a cidade para trabalhar.

Pela maqueta da catedral pode-se ver a dimensão do edifício, se compararmos o seu todo com a dimensão das portas, por exemplo!

E os interiores são lindos e misteriosos, testemunhas da história de um povo!

A rosácea, sobre o portal principal, é extraordinário e nesta catedral é única e característica, pela sua dimensão, beleza e enquadramento no conjunto arquitetónico e escultórico!

E ela faz-nos sentir bem pequenos e insignificantes aos seus pés! Curiosamente a sensação que tenho sempre, quando estou junto dela, é que é mais “poderosa” que a de Colónia ou Estrasburgo! Talvez porque, por não ser tão alta, tem um ar mais robusto e próximo de nós! Quase ameaçadoramente próxima de nós mortais! 😀

As suas torres são “cortadas” o que ajuda a sensação, pois não sendo pontiagudas, como as das outras catedrais, tornam-na mais larga e baixa!

No jardim em frente a estátua de Joana D’Arc, permanece junto do local onde levou o seu rei…

Para sempre espantosa aquela igreja…

E continuei o meu caminho para norte, fazendo com que Arras ficasse no meu caminho, uma cidade que me chamou a atenção na história!

Uma cidade com uma história antiga, feita de invasões, influencia, cultura e encantos, mas também de destruição e guerra, já que foi palco de batalhas e invasões com edifícios destruídos tanto na Primeira quanto na Segunda guerra! Centenas de suspeitos da Resistência francesa foram executados ali, durante a Segunda guerra, quando a cidade esteve ocupada pelos alemães…

A Camara Municipal e o seu campanário estão catalogados pela Unesco! Originalmente construídos entre os sécs. XV e XVI em estilo gótico, mas destruídos durante a Primeira Guerra, em 1915: o campanário foi destruído e o edifício da Camara queimado juntamente com grande parte da cidade …

A reconstrução foi feita com todo o cuidado, mas desta vez em betão armado, segundo o trado original…

A Grand’Place d’Arras com cerca de 2 hectares de área, onde desde sempre se fizeram feiras e mercados, e as suas 155 casas flamengas de estilo barroco, construídas a partir do séc. XVII.

Tudo ali e pela cidade toda, foi severamente afetado pelos bombardeamentos da Primeira Guerra. Toda a gente foi também sujeita à obrigação de apresentar os planos para as reconstruções, afim de que não se perdesse o traçado nem o aspeto anterior à destruição!

E foi uma medida acertada a considerar pela harmonia e beleza que se recuperou!

E voltei a partir, para entrar finalmente na zona flamenga da Belgica!

Segui para Kortrijk, nome flamengo que em português se chama Courtrai, com a sua Grote Markt, uma praça encantadora e que parece o centro do mundo dali!

O campanário da igreja de Sint-Maartenskerk ao fundo, que é o mesmo que dizer igreja de São Martinho como está fácil de ver!

Estava fechada, mas mesmo por fora é linda!

Gótica do séc. XIII … há lá dentro coisas que eu queria muito ver, mas terá de ficar para a próxima vez…

O seu campanário de 83 metros! Imponente!

Mais à frente fica a Onze-Lieve-Vrouwekerk kortrijk, que é o mesmo que dizer a Catedral de Nossa Senhora de kortrijk!

Uma construção do séc. XII em estilo românico, é um dos edifícios mais antigos da cidade e é “protegido” por isso!

Já foi como que uma fortaleza para proteger a população em tempos muito remotos e isso é visível pelo seu ar robusto e inexpugnável!

Ao longo da sua longa história muitas histórias passaram por ela, desde pilhagens, destruições, roubos, armazenamento de serreais e a iminência da demolição… a tudo sobreviveu com o esforço da população…

Foi fortemente danificada durante a Segunda Guerra em que, alem dos bombardeamentos, peças, como o relógio da torre, foram roubadas pelos alemães!

Os seus interiores não são românicos há muito, devido às remodelações posteriores, mas contem ainda recantos muito bonitos e antigos, como a Gravenkapel, do séc. XIV, já em estilo gótico!

No meio da praça fica o monumento aos mortos na Primeira Guerra..

Uma espécie de campanário com um telhado no topo onde personagens douradas deverão tocar um sino, ou algo parecido!

Na outra ponta a camara municipal, um belíssimo edifício barroco!

Cá está ele! A minha motita estava estacionada pertinho!

Peguei nela e segui caminho para Brugge, uma das cidades mais encantadoras que conheço e onde ficaria vários dias.

A sua Grande Praça, Grote Markt, é encantadora! Como eu dizia um dia, que me desculpe Vitor Hugo que achava que a Grande Praça de Bruxelas era a mais bonita do mundo… mas esta não lhe fica nada atrás!

A torre Halletoren, do séc. XII é espetacular e possui um carrilhão com 47 sinos que naquele dia estaria em concerto, por isso havia uma bancada montada na frente!

Podia-se entrar no espaço interior

Mais uma torre que eu gostaria de subir um dia, mas são 366 degraus que me arruinariam os músculos das pernas… por isso ainda não foi desta vez que subi!

O palácio provincial fica logo ali ao lado!

Mas eu estava era cheia de fome e fui buscar a motita para o meio da praça, onde outras motos estavam instaladas também e fui eu mesma instalar-me para comer!

Enquanto a moto espantava olhos eu enchia-me de mexilhões! Ui, o que eu gosto daquilo!

A paisagem da esplanada do restaurante era tão bonita que nem apetecia ir embora!

Demorei o tempo todo do mundo, a comer, a beber e na conversa com quem estava por perto, até a noite me chamar para a cama!

O concerto do carrilhão iria começar a qualquer momento, mas eu não esperaria, fui-me embora para casa, que naquele dia era em Brugge!

Fim do vigésimo nono dia de viagem!