21 de Agosto de 2012
A cidade antiga de Saint Gallen é encantadora, cresceu em torno da antiga ermida de Saint Gall e hoje deu origem a uma grande cidade. Mas o que me levou ali foi a Abadia de St Gall e a sua biblioteca que contem livros do séc. IX. Ela própria é uma preciosidade preservada desde a época da Reforma, em que a ira religiosa levou quase à destruição de exemplares únicos dos seus livros!
Mas ela apenas abriria às 10.00 horas, por isso aproveitei para explorar a Abadia que não visitara da minha última passagem pela cidade e que, naquele dia estava aberta!
Esta catedral tem as suas origens em tempos muito remotos, bem anteriores ao século X, sobre a primeira ermida do séc. VIII, e dela nasceu todo o complexo religioso, alterado, acrescentado e restaurado até aos dias de hoje
depois do próprio monge irlandês Gallus se ter instalado naquele local que honraria seu nome que batizaria toda a cidade. Passou pela longa e conturbada história religiosa suíça, tendo-se mantido católica no seio de uma cidade que adotou a reforma, ainda foi atingida pela fúria dos calvinistas… mas foi salva e restaurada posteriormente.
A catedral chega até nós barroca, com tetos extraordinários trabalhados em gesso e afrescos impressionantes.
Aqueles tetos e interiores tornam a catedral um dos mais extraordinários e ricos monumentos barrocos da Suíça!
Não sendo o barroco o estilo que mais aprecio, não posso deixar de me deslumbrar com aqueles tetos!
As linhas curvas e retorcidas tão típicas do barroco estão presentes e provocam sensações quase vertiginosas, por vezes!
Estava na hora de ir visitar a biblioteca…
Tal como eu imaginava não só não era permitido fotografar lá dentro, como nem era permitido levar nada connosco lá para dentro!
Uma filinha de chinelos gigantes em feltro, grandes o suficiente para que os calcemos por cima dos nossos sapatos, esperam os visitantes, para que ninguém entre sequer na sala com os seus sapatos a conspurcar o solo e o ambiente!
A biblioteca vale todo esse ritual!
É apenas uma das mais ricas e mais antigas do mundo e contém 130.000 livros, incluindo manuscritos preciosos como o mais antigo plano arquitetónico conhecido, elaborado em pergaminho!
Embora seja construída em estilo barroco a sua decoração é rococó, outro estilo que não é meu predileto mas que me fascinou naquele ambiente!
Para que se fique registada uma ideia do que ali vi, apenas me resta procurar uma imagem da net:
Por baixo da biblioteca, na cave, existe uma espécie de cripta onde se pode acompanhar a história do local, com vestígios que testemunham séculos de vida por ali vividos!
Ali já era permitido fotografar, justamente quando o que havia para ver não era tão interessante assim!
E acabei a minha visita ao espaço religioso continuando com a visita à cidade antiga, que me encanta sempre!
Dizem que os edifícios do centro da cidade são construídos sobre estacas porque o piso é instável naquela zona. Parece que o St Gall não estava muito preocupado com o chão onde construiu sua ermida, afinal não era para construir uma cidade!
É sem dúvida uma cidade agradável para passear um pouco, sobretudo naquela envolvência histórica!
Então voltei a puxar do mapa e do meu livrinho para decidir onde iria a seguir.
Estava a chegar a hora de sair da Suíça e seguir para Estrasburgo.
Mas a saída da Suíça não tinha de ser apressada! Aliás, eu nunca saio daquele país a correr… acho que o faço sempre olhando para trás e pensando se não devia ficar mais um pouco!
Por isso deixei-me ir e passei em Wil, uma cidadezinha tão simpática que não resisti em ir fazer uma visita!
Na realidade trata-se de uma cidade com mais de mil anos de história! Mas são os seus encantos medievais que a tornam encantadora hoje!
A igreja da cidade, a WilKirche dedicada a Sankt Nikolaus, é uma “coisa” curiosa, com pinturas garridas em vários sítios
como no altar
e nos tetos!
Muito curiosa e bonita!
Na praça em frente à igreja fica uma escola e os desenhos e pinturas no chão davam um ar colorido e alegre ao ambiente! Adorei!
Então continuei o meu caminho pelas paisagens cheias de pormenores curiosos
até Schaffhausen, de novo! Afinal as belas cataratas ficavam no meu caminho e eu não resisti a voltar a passar.
Mas desta vez eu cheguei pelo outro lado e visitei-as numa outra perspetiva, a perspetiva cá de cima do castelo!
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Que bem que me soube voltar ali, despedir-me da minha bela Suíça ali…
Fiquei muito tempo em silêncio a saborear o som e o ar fresco que toda aquela corrente de água emanava!
Lá de cima é que se consegue apreciar a força das águas e a luta calculada que os pilotos das embarcações travam para chegar ao rochedo no meio do rio.
Estamos num grande cotovelo do rio Reno!
(continua)