27 de Agosto de 2011
A reformulação da viagem, após a avaria, obrigara-me a deixar um percurso muito longo, no regresso a Londres, para tentar aproveitar ao máximo o tempo que pudesse na Escócia, por isso este dia foi passado quase totalmente a conduzir e fiz 1.050 km até ao meu destino.

Não resisti em partir sem dar uma volta pela zona. O tempo estava chuvoso mas mesmo assim fui dar a volta ao lago mais famoso, em tom de despedida. A vontade de ficar mais um pouco tornou a despedida triste, ainda por cima era bastante cedo e não havia ninguém nas ruas… enfim, todos os ingredientes para uma despedida como convém!

Há vários símbolos e representações do monstro do lago junto ao centro da NessieLand

Havia motards alojados no local, deixei a minha motita junto das deles para ficarem amigas.

Estava tudo a dormir ainda…

Tirei as últimas fotos com o lago como fundo


Fiquei ali a olhar longamente a paisagem, não tinha mesmo vontade nenhuma e partir!


Segui o meu caminho por via-rápida. Tinha muitos quilómetros para fazer não havia tempo para nacionais.
Fiz um grande trajecto atrás de um grupo de 5 motos da polícia, que me fascinou pela coordenação e plena confiança entre si, que demonstravam! Conduziam como se fossem um único veículo, moviam-se sem desfazerem a formação, mesmo quando se tratava de ultrapassar um camião, onde apenas os da direita tinham visibilidade para fazer a manobra! Fascinante forma de conduzir!

A distância entre eles era sempre constante, inclinavam todos exactamente ao mesmo tempo para uma ultrapassagem e nunca desfaziam a formação de 2+2+1! E não circulavam propriamente a velocidade legal! Eu ía a 140km/h, por isso eles iam a mais!

Mas eu também não sou pessoa para fazer uma corrida sem parar e havia ali uma cidade a meio do caminho que eu queria muito visitar. Tinha-me distraído na subida com outras coisas, mas não a podia deixar passar na descida!

Tinha de passar em Chester, uma cidade histórica lindíssima, a meio do país, cheia de ruínhas e casas medievais espantosas. Ali fica a loja mais antiga do mundo a funcionar desde o sec XI, não a encontrei…
Pedi a um polícia, junto da câmara da cidade, que me dissesse onde podia pousar a minha motita, pois não tinha tempo a perder a dar voltas e voltas à procura de um lugar!

E fui explorar a cidade, comer qualquer coisa e deliciar-me com tudo o que havia ali para ver!

A cidade tem imensos edifícios de paredes de madeira que remontam aos tempos de Tudor.

Uma terra encantadora onde apetece ficar uns dias!


Cada volta que se dá revela mais um recanto encantador!


A catedral deixou-me a pena de não a poder visitar, não teria tempo de o fazer!

Uma construção que vem desde o sec XI, mistura os estilos Românico e Gótico e é linda….


The Eastgate Clock, é o relógio mais fotografado da Inglaterra, depois o Big Ben! Está no sitio onde ficava a entrada da fortaleza romana que ali existiu.

Claro que fui procurar o caminho que me levasse lá acima!

O relógio diz ele próprio de que ano é, nem tive de perguntar a ninguém!

Lá de cima a vista sobre a rua com o mesmo nome: The Eastgate streat, para um lado

e para o outro

ali ao lado fica uma casa do ano 1395!!

Então continuei a minha viagem em direcção a Londres, sempre por via-rápida, apreciando o mesmo país que eu visitara por nacionais, dias antes, e o interesse era diminuto, perto que eu sabia que existia por ali para ver!
A minha vontade de sair e engrenar por uma ruela qualquer era grande mas fui-me contendo, nunca mais chegaria a Londres se me pusesse a explorar ruelas…
Lá fui tirando umas fotos de quando em quando, ao ver passar construções em feno nas bordas dos terrenos! Vi vários castelos feitos de fardos de feno mas foi um urso que me espantou!

Um urso construído em fardos de feno não é obra de qualquer um! Espantoso!

Lá cheguei a Londres cheia de fome (o meu estado natural, eheheh) e fui directa ao Ace Café, com a ideia no franguinho com batatas que lá comera “milhares” de dias antes!

Estava por lá uma animação! Um evento que reunia carros e motos antigos

O franguinho estava óptimo e a cerveja deliciosa!

Depois lá fui espreitar a festa, para lá de um carro da polícia, no palco, onde dois tipos imitavam o Blues Brothers acompanhados por uma série de fulanas de chapéu. Alguém sugeriu que eu fosse lá para o meio já que também tinha chapéu!

Ok dancem vocês que eu já trago uma “milena” de quilómetros no corpo!

Acabei a noite a conversar lá fora com uns motards muito simpáticos que queriam saber de onde eu vinha “eu venho da Escócia!” pois, mas de que país era eu? “há, sou portuguesa” e tinha vindo de Portugal com a moto no ferry? “não, fiz por terra tudo o que pude!” mas isso dava para aí uma porrada de quilómetros! “claro, aí é que está a piada!” e onde estavam os meus amigos? “os meus amigos?! Estão em Portugal porquê?” puxa eu tinha vindo sozinha? Não tinha medo? “o vosso país não é um país seguro?” sim claro “então de que devo ter medo?”…
Um dia querem vir à concentração dos Piguinos, não se sentiam atraídos por Faro por ser muito quente e eles não estão habituados ao calor, além de ser muito longe do ferry…

Fui finalmente para o hostel, uma casa giríssima que eu já conhecia de ter passado à porta quando estivera em Londres dias antes.

Casa gira, pessoal super simpático e ambiente muito agradável!

Sentei-me de pernas para o ar num grande sofá e liguei-me à net de borla, a falar com o mundo!


Fim do 22º dia de viagem…