29 de Agosto de 2011
O meu caminho de regresso continuaria rumo a sul, mas não tinha de ser uma viagem sem interesse, por isso continuaria sem fazer vias-rápidas e muito menos auto-estradas. Há tanta coisa para ver e visitar naquele caminho que difícil seria escolher o que ver e fazer!
É esta sensação de liberdade de decisão de última hora, conjugada com o trabalho de casa feito e que me acompanha, que me fascina! Eu faço o que quero como quero! Paro aqui ali e acolá, tiro fotos sem fim ao que me apetece, como quando quero e o que me dá na telha e sigo sem perder tempo! É delicioso viajar assim!
A dormida seguinte seria em Dijon, a terra que chamei da maionese, quando na realidade é da mostarda! Mas até chegar lá havia uma série de sítios onde eu queria passar… alguns deles míticos para mim…

Fui passear para Trier, a cidade que me atraíra tinha tudo para me cativar!

Cheguei ao centro pela Porta Nigra, onde eu vira no dia anterior um parque para motos.

Foi um conforto ter onde por a moto sem stress, depois de tanto tempo sem saber onde a estacionar por terras de sua majestade!

E, pormenor curioso, no parque existe um mapa onde estão assinalados todos os parques para motociclos da cidade! Extraordinários estes alemães!

O sol estava delicioso!

Fui descobrir o Hauptmarkt, que quer dizer “mercado principal“ e é a praça central e uma das maiores da cidade. É muito bonita!

Lá atras da primeira fileira de casas fica a Igreja de St. Gangolf que é a igreja paroquial da cidade.
Entra-se por uma porta entre as casas para o pequeno patio de acesso à igreja.


A construção original era muito mais antiga, esta tem uma base gótica tardia já com decorações barrocas

Embora o barroco não seja o estilo que mais me fascina, tenho de reconhecer que aqueles tectos são muito bonios!

Na praça podem-se ver edificios bem antigos e lindissimos!

Esta é uma das praças mais antigas do país, do sec X, e contem contruções de todas as épocas posteriores: medievais, renascentistas e barrocas


Fui visitar a catedral que tem na sua origem uma antiga igreja do século IV. É a mais antiga igreja da Alemanha, erguida em diversas etapas desde o sec XI até XIV.


Lá dentro os pormenores é que me fascinaram, como o orgão que parecia uma peça decorativa de um trabalho de incrustação minucioso lindissimo!

e o tecto do coro aos “pés“ da igreja.

A igreja em si interessou-me muito mais pelo exterior…

Voltei ao Hauptmarkt, ali ao lado onde tudo se passava!


e que vai dar à Poerta Nigra, lá ao fundo, por uma rua cheia de casas giras


A Porta Nigra é uma construção romana impomente e surpreendente, do sec II!

Foi convertida em igreja no sec XII e manteve essa função durante seculos

Sempre tivera a vontade de a ver por dentro, já que as fotos que chegavam até mim apenas a mostravam por fora

Vista de frente é esta coisa extraordinária!


Não me apeteceu ir explorar os outros vestigios romanos, o rio Mosel atraia-me muito mais


E parti em direcção a sul. Recolhera já por ali ainformações preciosas que procurava sobre o rio que quero explorar e só não o segui logo porque as férias estavam a acabar e eu tinha mesmo de voltar para casa!
Passei por Metz, uma cidade que me desperta todo o interesse pela sua catedral e por ser a capital da região da Lorena, o pomo da discordia entre alemães e franceses por muito tempo.
A Tour de la Temple Garnison é visível a grande distancia e promete ser o templo que não é…

ela é, efectivamente, apenas uma torre! Na realidade ela já foi parte de uma igreja neo-gótica do sec XIX, mas depois de Metz ter andado de mão em mão, entre Alemanha e França, a França mandou desmonta-la. Esse trabalho ficou a meio e a torre permanece hoje imponente no meio da cidade, sozinha!

No meio do rio Mosel, que aqui se chama Moselle, le Temple Neuf, um templo protestante em estino neo-românico, do inicio do sec XX, provoca um efeito surpreendente!


A cidade é muito interessante e percorri as suas ruelas em todas as direcções

até ir encontrar a Place d’Armes onde pousei a moto para ir ver a catedral

A catedral de St Etienne é espantosa, em pedra amarela, é uma das maiores de França e tem a maior extensão de vitrais do mundo o que lhe valeu o nome de “la lanterne du Bon Dieu » (a lanterna do bom Deus)!

É linda!



E os seus vitrais estão por todo o lado!


Continuo a achar que quem a vê por fora não prevê o que é por dentro, embora o seu exterior seja bonito!

Voltei ao rio. Muita coisa há para visitar na cidade, mas ela fará parte do meu “Passeando pelo Mosel“ e aí catarei o resto! Eheheh

O rio é encantador em todos os recantos que lhe conheci!


Acho que o vou visitar já no proximo ano!

Continuei o meu caminho e passei em Nancy… mas não gostei da experiencia! O céu estava emcoberto, as voltas que dei foram aborrecidas e a cidade não me inspirou, por isso não perdi ali mais tempo. Um dia visita-la-ei como deve ser e logo se verá se é feia ou se apenas não gostei do que vi!
Mais à frente, na Commune de Dinoze, fica o Cemitério Americano d’Epinal…

Este é um dos 5 Cemitérios-Memoriais Americanos em solo francês e o segundo que visitei, o primeiro foi em 2009 na Normandia…



Ali vive-se uma porção de silêncio e vazio indescritíveis!


5 255 soldados estão ali enterrados num espaço de 22 hectares de terra, o local libertado em 1944 por soldados americanos.

Ali perto um jardineiro satisfez as minhas duvidas de como se corta aquela relva cravejada de cruzes !

Na realidade eles usam um tractor que tem um dispoditivo que faz as laminas contornarem cada cruz !

Numa viagem em que visitei tantos cemitérios antigos, encerrei este tema com um cemitério impressionante e cheio de história. Mais dia menos dia acabarei por visitar os restantes cemitérios militares de França…

Mas as minhas visitas « religiosas » não tinham terminado ainda e a que se seguia era aquela que me fizera descer o país por ali !
Cada um de nós tem os seus sonhos e desejos e eu queria visitar aquele monumento espantoso desde o meu tempo de faculdade, por isso segui para Ronchamp para procurar a Chapelle de Notre Dame du Haut !

Depois de uma subida por uma rua que nada deixava ver para lá das arvores que a ladeavam, deparar com a magnifica capela de Le Corbusier foi o êxtase total!

O interior da capela é impressionante e, embora dissesse algures que era proibido fotografar lá dentro, não resisti !

Le Corbusier foi um arquitecto Suiço considerado um dos arquitectos mais importantes do sec XX, a sua obra é espantosa, de linhas simples e sintéticas, entre dialéticas de cheio-vazio, luz-sombra ou recto e curvo…


Curioso que um artista herege dedique o seu talento a uma obra religiosa que permanecerá historicamente ligada a si !

Naquele local existiu um templo medieval já degradado e que foi arrazado com os bombardeamentos da 2ª guerra, uma placa com uma pomba em cima diz «aqui nesta colina, franceses morreram pela paz»

A capela tem um altar no lado de fora, exactamente no exterior do altar mor de dentro

que dá para o relvado em frente.




Ali de cima da colina pode-se ver a paisagem que inspirou Le Corbusier e que o levou a aceitar projectar um templo religioso daquela beleza e importancia!

Segui o meu caminho cheia de alegria! Tinha realizado mais um sonho!

Fim do 24º dia…