1 de Abril de 2012
Era dia dos enganos mas não foi por engano que acordamos em Tanger!
Uma das boas regras de viagem é comer tudo aquilo a que se tem direito ao pequeno almoço, pois a gente não sabe nunca a que horas vai voltar a comer! Claro que há sempre a hipótese de fazer umas sandocas com o que houver para levar para morder em qualquer paragem!
Eu por sistema não faço sandocas, por uma razão: só tenho fome quando as não faço nem levo comigo! Quando me dedico a faze-las é para andarem aos trambolhões no fundo da mala até ao dia seguinte, o que é um desperdício de comida!
Todo o hotel que se prese, em Marrocos, tem o seu cantinho exótico, é só uma questão de procura-lo! Não importa o estilo da receção, nem dos quartos, o oásis marroquino, cheio de requintes decorativos, almofadas e tapetes existe sempre! Se não existir ao público existirá, seguramente, em privado, para os grandes senhores de lá, não disponível ao reles turista!
E este hotel não era exceção! Foi só dar uma voltinha e voilá, estava a entrar no mundo árabe!
Curiosa a forma como normalmente estes recantos contrastam com o resto do hotel!
Ora vejamos isto com luz:
Depois o resto é banal, mas aqueles recantos são sempre de procurar e explorar!
Ora vamos lá atestar as barriguinhas das motos que Marrocos está a chamar por nós!
Ali até dá gosto encher o depósito! Ao tempo que eu não o fazia por menos de 30 €!!!!
Com a gasolina a 1.05 €, os 29 litros da minha Magnífica nem custam a sustentar!
Tanger moderna de passagem a caminho de outros destinos….
E um bocado de autoestrada, que o destino é longe para caramba e a gente quer chegar lá de dia!
Quanta alegria!
Ainda aquela gente não sabia que aquilo era sol de pouca dura, nem quanta chuva nos esperava!
Do outro lado, depois de sair da autoestrada, começava a variedade de paisagens, climas e horizontes!
“Marrocos é um país de encantos, beleza e contrastes impressionantes e imprevisíveis! Perdemo-nos pelos seus montes e penhascos, encontramo-nos nas suas praias e costa, voltamos a descobrir o infinito nas suas planícies verdejantes, pontilhados de vermelho…
Tudo muda a cada curva do caminho, tudo espanta e surpreende!”
As fotos que eu tiraria por ali se tivesse mais tempo…
A contrastar com a serenidade da paisagem… um monte de motos e de gente animada!
Ok, aquilo era uma espécie de lição de árabe em que os meninos tinham de aprender a ler “STOP”…
E não é que todos conseguiram ler?! Lindos meninos!
Enquanto os senhores responsáveis decidiam a rota a tomar!
As localidades, populações ou aldeias (não sei como designar um lugarejo minúsculo!!) têm sempre uma estrada ao meio, tipo travessia triunfal, por vezes em mau estado, cheia de terra e com bordas enlameadas!
Os animais passeiam-se frequentemente na berma das estradas, mesmo das autoestradas, e por vezes atravessam-se no caminho de quem passa!
O almoço faz-se na berma das estradas dos lugares, onde tudo o que podemos comer está à vista!
Tajines de qualquer coisa, frango, borrego, vaca, almondegas ou legumes (aquelas nem sei de que eram)
Pronto, uma tajine é isto: batatas, legumes e uma das carnes que enumerei acima (porco NUNCA!)
Pode-se também comer carne assada na brasa! E podemos escolhe-la ali mesmo ao lado!
O assador é da superfície comercial, por isso está tudo pertinho!
O pão delicioso está mesmo mo meio do espaço e é só servir!
Só temos de escolher o que queremos
Comemos um misto de vaca e borrego D E L I C I O S O!
Vê-se pelas caras risonhas que tinham todos sido conquistados pelo estômago!
Depois foi levantar a âncora e continuar, pois o caminho ainda ia longo!
Quando se fala que o burro está em extinção eu não entendo qual? É que por lá há:
Burros, asnos, jericos e mulas por todos os lados!
Embora fazendo um percurso de “toca a andar” vêm-se coisas curiosas a toda a hora! Há que ter técnica para fotografar em andamento!
E pronto, chegou a chuvada mestra! Até a lente da máquina se encheu de agua, valha-me Deus ( ou Ala?)
E ela caia com tanta força que nos fomos enfiar de filinha no túnel de lavagem de automóveis de uma estação de serviço que providencialmente apareceu no nosso caminho!!
Oh a minha querida máquina encheu-se de lagrimas!
Desculpem lá! Lavar o carro com esta chuva, nem pense, vá dar uma volta que a chuva lava, agora é a nossa vez de ficar aqui dentro!
E lá continuamos o caminho todos embrulhados em impermeáveis, como rebuçados em celofane!
Havia sinais de festa por todas as terrinhas em que passávamos! Bandeiras de Marrocos e imagens do rei! Havia também tendas destas por muitos sítios!
Disseram-me que fora o presidente que passara ali! Ainda perguntei se tinha sido o rei, pois a cara dele estava por todos os lados! mas não, foi o presidente mesmo! Ainda vou estudar a coisa para entender como eles têm rei e presidente ao mesmo tempo!!!!
Há zonas em que as populações são todas parecidas ao chegar! Com os seus motociclos de 3 rodas que tudo transportam, em ruas por vezes bem ruins!
O povo estava a apreciar o caminho, a considerar pelos rostos bem-dispostos!
Lá se iam vislumbrando umas nesgas de sol de vez em quando!
As ruas começavam a ser originais, apenas uma pequena nesga de alcatrão ao centro! Quando alguém passava pela gente tinha de por parte do rodado na terra ou a gente iria borda fora!
Mas aquela gente é simpática e saia da faixa para a gente não ter de o fazer!
E encontrei algo curioso: uma ponte de terra batida esburacada! Fenomenal, heim?
Os bichinhos na berma da estrada já estavam a stressar um pouco!
E lá continuamos o nosso caminho apreciando o que a paisagem de melhor nos apresentava!
Quando chove e depois o céu se abre, imagens fantástica nos surgem, com a atmosfera límpida e os raios de sol a fazer a natureza brilhar!
E a natureza apresenta-se esplendida! Heim?
logo a seguir, um pouco mais de chuva
E chegamos ao nosso destino!
Depois de uma trapalhada para chegar a consenso sobre onde e como deixar as motos no largo do lugarejo, a polícia dizia para deixar as motos arrumadas num canto e se deixássemos guardião lhe pagar!
Mas se a polícia estava ali para quê pagar ao guardião?
Deixamos, pagamos e fomos mas é ver o que ali nos levara!
“Les Cascades d’Ouzoud – a água cai de forma impressionante fazendo vários ressaltos até ao desfiladeiro, numa altura de mais de 100 metros! É na primavera que elas estão mais fantásticas e, por aqueles dias de chuvas intermináveis, tinham reservado para nós um espetáculo de beleza e água abundante. De repente uma nuvem se erguia até nós, cá em cima, vinda das águas batidas lá no fundo. Um recanto belíssimo no Alto Atlas, mesmo ali a nordeste de Marrakech”
Então fomos dar a volta para vermos aquele espetáculo natural de outro angulo!
Para o outro lado vê-se o seguimento do curso de água, que passa debaixo da montanha onde estávamos.
E as montanhas em frente
E as cataratas em toda a sua grandiosidade vistas de frente!
Percebe-se melhor a sua dimensão quando comparamos com as construções no cimo do monte lá ao fundo!
O percurso para o miradouro está repleto de lojinhas de tudo!
E pronto, era hora de seguir para Marrakech, que ficava a cerca de 150 km e anoiteceria em breve!
Infelizmente as coisas correriam menos bem no percurso de subida depois das cataratas e um cão atravessou-se no caminho do Leonardo, sem que ele se conseguisse desviar a tempo…
Ainda fomos jantar à Medina, à praça de Jemaa el-Fna… mas eu não tirei mais nenhuma foto naquela noite…
Fim do 3º dia de viagem!