20 de agosto de 2014
Aquele seria um dia muito especial! Não apenas pelo que eu tinha planeado ver mas também pelo que eu tinha planeado fazer… ou tentar fazer, claro, pois há coisas que a gente nunca sabe se são mesmo possíveis até estar lá, no local!
Não seria um dia cheio de quilómetros, mas seria, seguramente, um dia cheio de emoções!
O País de Gales é uma das zonas celtas que eu mal tinha visitado da última vez que estivera no Reino e desta vez propunha-me a catar os seus recantos mais encantadores, porque as ruelas são ladeadas de casinhas que lembram os contos de fadas e as histórias de encantar!
Embora eu não seja arquitecta, as casas de cada país, zona, ou aldeia, sempre me fascinam! Gosto de ver como vivem as pessoas, que gostos têm, que decorações usam, por aí fora, por onde passo! Então as casinhas de telhado de colmo, que se encontram pelo Reino Unido, são um encanto.
Para além do telhado de colmo, tão comum em tantos países, como no nosso, por ali têm requintes de decoração em palha no topo, onde se separam as águas, e são mesmo dignas de histórias de encantar.
Depois os jardins, com plantas que frequentemente são trepadeiras, completam o quadro, por trás de muros que não nos impedem de ver quão bonito é tudo ali dentro. Um quadro pintado a cada curva do caminho, quando se passeia com calma por terras de sua majestade!
E todo este encanto ficava no caminho para o primeiro destino do dia!
O Castle Combe Circuit!
Eu tinha lido que se podia correr ali mas apenas encontrara tarifas para grupos de 6 motos, por isso não sabia se eu podia dar uma corridinha por ali com a minha moto!
Fui-me aproximando, dei uma volta ao circuito por fora e acabei por meter conversa com uns e com outros.
Aquela gente olhou para mim como se eu fosse um ET, meio espantados pela minha motita!
Eu sabia que aquela hora era das motos, podia vê-las a correr…
Tinha de concordar que a minha moto não era a coisa mais previsível para aparecer ali, no meio das “Rs”, para correr!
E aquela gente não me levava a sério, acho que pensavam que eu apenas queria ver o povo correr!
Quando entenderam finalmente que eu queria correr um pouco com a minha moto, que ela andava há dias demais a baixas velocidades e queríamos, eu e ela, dar o gosto ao dedo e leva-la ao limite, houve um sorriso geral!
“A moto não é muito rápida!” – dizia um
“Claro que não é, mas é rápida o suficiente para fazer o que aqueles estão a fazer na pista com motos muito mais rápidas que a minha!” – respondia eu.
“Quanto dá?”
“Muito mais do que eles estão a dar ali!” – eu via-os a passar na pista e não iam a mais de uns 130 ou 140 km/h. O preconceito de que a minha moto é enorme e anda devagar não os deixava pensar que 130 ou 140 km/h qualquer moto dá! – “A minha moto dá 250 km/h e está sem top case, por isso conduzi-la na pista é só uma questão de habilidade minha!”
Havia um sorriso nos rostos deles, acho que um sorriso irónico! Então alguém me ofereceu 5 voltas!
“Deixe aqui tudo, eles vão sair daqui a pouco e você tem 5 voltas por sua conta! Nós vamos ficar aqui a ver, qualquer coisa e pare, não arrisque!”
O meu coração deu um salto!
Tratei rapidamente de me preparar, deram-me uma joelheiras para eu pôr por cima das calças, apertei-me toda, prendi o cabelo, enfiei o capacete, fui para a moto e fiquei à espera.
As motos foram saindo e os pilotos ficavam a olhar para mim, gente comum que ia para ali correr, como eu, a única diferença é que eram todos homens e com motos de pista!
Então entrei!
Eu tinha estudado a planta da pista em casa e ali nos placares, mas percorre-la era outra coisa bem diferente! Tinha a consciência de que todos os olhos estavam postos em mim, algures lá para trás, mas ignorei tudo isso mal comecei a conhecer o percurso, e sim, dei muito mais do que os 130 ou 140 km/h!
Que sensação, depois de tantos dias a conduzir em baixas velocidades, poder correr livremente.
Houve retas em que o ponteiro passou os 230 km/h. A pista não é muito grande mas tem curvas largas que se fazem a mais de 180km/k e fui perdendo a noção de quantas voltas dei, até que alguém na berma da pista me fez sinal para sair. Claro que teve de esperar que eu desse mais uma volta pois eu vi o sinal de relance e não dava mais para sair logo!
Quando me apanharam cá fora fizeram um escândalo! Como me atrevia eu a correr daquela maneira com uma moto daquela dimensão e sem conhecer a pista!
Afinal em que ficamos? Primeiro não devia correr porque a moto andava pouco, depois escandalizam-se porque eu corri para caramba?
Que nada, diz-me o homem que me ofereceu as 5 voltas, foi um prazer para os olhos verem-me brincar com a minha moto gigante a tamanhas velocidades, as outras motos até podiam ter continuado a correr que a minha moto não teria perturbado nada! Parabéns! Então bateram-me palmas e tudo! De onde vinha eu? Portugal? E os meus colegas de viagem onde andavam? Não havia colegas, eu viajava sozinha! Quase se fez silêncio! Sozinha por ali com aquela moto?
E pronto, tive direito também a chá e a bolachas só por andar a viajar pelo Reino, depois de ter vindo da República da Irlanda, completamente sozinha, com uma moto enorme e a correr em circuito como se fosse a minha segunda profissão! Eheheh
Senti-me uma estrela!
E com isto foi-se quase toda a manhã! Saí dali com a energia renovada e ainda cheia de adrenalina, que foi passando pelas ruelas que fui fazendo a seguir e onde nem pensar em dar mais que os 90km/h permitidos por lei! A bem dizer, quem daria os 90 por aquelas ruinhas?
Comecei a procura de uma aldeia encantadora que tinha em mente, dei voltas e voltas e voltava sempre ao ponto de partida! Parecia um filme de terror, a lembrar o Pesadelo em Elm Street, quando as pessoas tentam sair da cidade e voltam sempre ao mesmo sitio!
Parei numa St Peter’s Church porque na falta do que procurava há sempre outras coisas para ver no caminho!
O que me chamou a atenção da rua foi uma cruz esculpida numa peça só, a partir do tronco de uma árvore! Uma cruz céltica!
O que eu gosto daqueles ambientes!
E lá estava elas de novo, as cruzes! Desenhei mais uma ou duas para a minha colecção de cruzes recolhidas nos países celtas! Lindas!
A cruz de uma peça só fascinou-me!
E na falta do que procurava e não encontrava, segui as placas até a Malmesbury abbey.
“À procura do que quero ver, vou vendo tudo o que me aparecer no caminho e pronto!”
Uma abadia espantosa, românica, com uma história rara de vida monástica continua desde a sua fundação no séc. VII até ao fim das congregações e mosteiros no séc XVI
Acho sempre curiosa a maneira como a porta de entrada é assumida lateralmente e não pela fachada, como fazemos por cá em geral!
E a porta é linda!
O interior é surpreendente! A simplicidade do estilo românico é mantido e a altura da nave torna-se vertiginosamente acentuada pela nudez das paredes! Lindo!
Impossível não andar por ali de nariz no ar!
Há traços posteriores, de “arcos quebrados”, o que só torna o conjunto mais fascinante!
E o teto, espectacular!
Para quem não quisesse andar por ali de nariz no ar para ver a abobada, um espelho, estrategicamente colocado, tornava a tarefa mais fácil!
E como em todas as igrejas e catedrais naquele país, lá estava o cafezinho onde se serviam chá e bolos!
Estava um belo dia de sol, apetecia mesmo passear por ali, junto da belíssima construção!
Parte do complexo religioso está em ruinas, o que permite enquadramentos muito bonitos!
E onde deveria ser a porta principal, a fachada, no extremo oposto ao altar mor, fica uma parede fechada!
A cidadezinha de Malmesbury é muito bonita e pitoresca, com casas lindas e ruas estreitas, de traçado medieval!
E na saída do jardim, pelas traseiras da abadia, fica uma escultura impressionante, bem no meio do portão. Dois homens que lutam acrobaticamente!
Uma obra tão expressiva que me encostei ali a desenha-la um pouco!
Estava eu naquela contemplação fascinada quando aprecio o jardineiro que andava por ali a tratar dos jardins! E não é que o homem usava apenas uma t-shirt como indumentária! Eu vi-lhe mesmo o rabo quando se inclinou sobre as sebes! Eheheheh
Muito próprio para quem trabalha nos jardins de uma igreja! Eheheheh
E a minha procura continuou mais um pouco… os caminhos que percorria eram lindos, o dia estava espantoso e só me apetecia dar voltas e mais voltas pela zona! Parei num café/restaurante, só pelo encanto que era!
O The Baker’s Arms era a coisa mais encantadora! Sai mais um chá que café nem vale a pena pensar!
As ruas mais simples são lindas por ali!
“A minha ida até Castle Combe não foi nada inocente, havia coisas que eu queria fazer ali, mas a aldeia em si, não foi fácil de encontrar. Depois de umas corridas, que também sabem bem numa viagem essencialmente feita em baixas velocidades, andei para trás e para a frente por ruelas infinitas, sem conseguir encontrar… então decidi desistir! Às vezes é preciso saber-se deixar cair uma ideia para seguir outras mais possíveis!”
“E foi quando desisti que a encontrei!
O deslumbramento do local acolheu-me assim, na berma da estrada que eu escolhera fazer.
Pousei a moto entre os carros, junto a um grupo de velhotes, sentado no muro. Perguntei se incomodava eu deixar ali a moto, não, não incomodava nada. Fiquei um pouco por ali, sentada no mesmo muro a desenhar um pouco! Então uma das velhotas chegou-se a mim e perguntou-me de onde eu era, pois os seus amigos questionavam o “P” da minha moto mas estavam envergonhados de perguntar. “Sou portuguesa” disse eu “ah, eu bem dizia que não era da Polónia!” exclamou ela. Disse-me que era irlandesa mas estava na Inglaterra há muitos anos. “Lindo país, eu venho de lá nesta viagem!” todo o seu rosto se iluminou às minhas palavras. O tempo que eu ali fiquei a divagar sobre as 2 Irlandas, a alegria que se instalou naquela ponta do muro….”
(in Passeando pela vida – a página)
Arlington Row, em Bibury, com o rio Coln a completar o quadro, considerada desde o séc. XIX “a mais bela aldeia de Inglaterra”, por um artista famoso quando a visitou.
E as casinhas lá estavam, tão típicas da zona, mas aquelas bem alinhadas, de pedra cor-de-mel e telhados a condizer, como se fosse um cenário ali posto para os turistas verem!
É tudo tão bonito ali!
O tempo que eu andei por ali, fartei-me de desenhar casinhas lindas com flores e pormenores encantadores!
Então os enquadramentos daquelas casas encantadoras com uma moto em frente, deliciaram-me!
Pormenores decorativos surreais…
e outros reais!
Então cruzei com o segundo casamento da minha viagem!
Não cheguei a entender se aquele seria o noivo ou o pai da noiva!
As pitorescas casas Arlington Row foram construídas em 1380 como uma loja de lã monástica. Continuam hoje como eram, alinhadas e lindas!
Valera a pena catar a zona à procura da aldeiazinha!
A igreja mais à frente, na mesma pedra bege, rodeada por um jardim com florinhas!
Eu gosto de ver por dentro igrejas de outras religiões! Há sempre algo de diferente do que estou a costumada a ver numa igreja!
O cemitério no jardim da igreja é a coisa mais comum e esperada por aquelas terras! Quase senti falta de ter algo do género por cá pelas nossas terras também!
E segui para a última etapa do meu passeio por terras galesas, do Gloucestershire para o Oxfordshire para chegar a Burford.
Sempre na rota das terras mais bonitas do Reino! De origem saxónica a cidade é encantadora, com o traçado e construções medievais bem visíveis!
Entrei na cidade pela parte de cima, pela High Street, e ainda bem, pois pude ver a rua principal até ao fundo, cheia de movimentos, casas encantadoras e esplanadas que se sucediam à minha passagem! Lindo!
Queria comer e aquele era o ambiente perfeito! Sentei-me numa esplanada, com a moto bem pertinho, e pedi um pequeno-almoço, que ali se serve todo o dia!
Claro que um pequeno-almoço ali não tem nada a ver com malgas de café com leite e torradas!
Tem mais a ver com comida variada, com direito a ovos e feijões e tudo que, acompanhado com cerveja é mil vezes melhor que comidas suspeitas, feitas de fritos cobertos com camadas de massa frita encharcada em óleo!
Fico sempre na dúvida se uma casa daquelas se irá aguentar de pé por muitos mais anos, com os tetos todos tortos, deformados pelo tempo!
Mas parece que estão para durar!
Que bem que a minha motita ficava naquele ambiente!
As lojinhas são encantadoras e apetece entrar em todas!
Não admira que Burford seja o lar de diversos escritores, na realidade ali tudo inspira para escrever, e desenhar, e pintar e acredito que para fazer música e dançar também, só para falar nas artes mais populares!
E voltei a subir a High Street, com vontade de parar a cada momento para ver e fotografar cada casa por onde passava!
Ainda havia um sítio onde eu queria passar, certamente não para visitar longamente mas para ver! Se não desse para ver da rua, pelo menos o caminho até lá era bonito, por isso não seria tudo perdido!
Eu queria ver uma abadia em ruinas, daquelas coisas que me fascinam sempre e segui pela margem do rio Wye até ela!
Sim, era visível da rua e não, não iria pagar para a visitar!
Simplesmente não podia andar a pagar para ver tudo o que me passava pela cabeça! Depois uma ruina daquela dimensão, tão visível da rua, não justificava um pagamento para a ver por dentro! Com muita pena minha, mas seria de fora que eu a veria e pronto!
A Tintern Abbey, vem desde o séc. XII cheia de história feita de remodelações, reconstruções, destruições e finalmente abandono por séculos, até ao séc XVII, quando o romantismo despertou o interesse pelo misterioso e impressionante da construção, exacervada por poemas e textos. Desde então tem sido mantida e protegida.
Claro que não se pode esquecer que foi utilizada para o videoclip dos Iron Maiden – Can I Play With Madness
Provoca-me sempre uma grande sensação estar na presença de tão fantástica construção em ruinas!
“O poder que uma abadia em ruinas tem é impressionante, como se uma força ela exercesse sobre mim e me deixasse quase paralisada de respeito de admiração. É sempre assim! Então fico a olhar e, intimamente, agradeço o facto de estar sozinha, apenas e eu e ela, e todo um mundo de sensações que me percorrem! A Tintern Abbey voltou a provocar esse efeito, não entrei, não pude por isso percorrer o seu interior mas, mesmo assim, o seu poder avassalou-me! Uma construção do séc. XII mostra hoje vestígios de séculos de transformações arquitetónicas, até ser deixada ao abandono por tempos que se perdem no tempo até alguém no séc. XIX voltar a dar valor ao seu corpo esquelético, mas muito belo, e o estudar. Quando foi considerado monumento de interesse nacional e foi finalmente protegido…”
(in Passeando pela vida – a página)
Os seus pormenores impressionantes… como aquilo se manteve de pé por tanto séculos em ruinas?
A minha motita parece insignificante e minúscula junto dela!
Uma ultima olhada e segui para Cardiff…
Ainda era dia por isso fui passear um pouco pela cidade e ainda não ficariam por ali as minhas visitas a igrejas e cemitérios!
A catedral estava a chamar-me a atenção, ainda por cima tinham-me indicado um sitio para comer lá perto! Ora, era cedo para comer, por isso fui passear pela redondeza!
A Llandaff Cathedral é anglicana e fica perto da margem do rio Taff na antiga “Cidade de Llandaff” que hoje é rodeada por Cardiff e por isso faz parte dela.
Estava fechada e ouvia-se lá dentro música. Alguém estava a ensaiar órgão e coros, ainda me sentei perto a ouvir mas depois fui andando pela propriedade da igreja. Soube depois que a música é tradição da igreja, com coros de homens e rapazes!
Tem origem normanda e foi sofrendo transformações ao longo dos séculos desde o séc. XII e lá estavam as cruzes celtas, num dos sítios cristão mais antigo da Grã-Bretanha! Lindo!
Então fui seguindo os caminhos, saindo da relva bem aparada em torno da igreja e percorrendo trilhos que me levaram por aquilo que parecia um cemitério abandonado, embora começasse logo ali, ao lado da catedral!
De cruz celta em cruz celta pelo meio do mato… eu podia ve-las ao longe, parecia gente no meio do caminho!
“Eu nunca fui dada a medos de cemitérios, mortos ou locais assombrados, passeio-me por eles como por jardins incomuns, apenas! Mas passear pelo cemitério de Cardiff foi a coisa mais parecida com um filmezinho de terror que se possa imaginar! É enorme, fica mesmo ao lado da catedral e tem todo o ar de coisa abandonada, cheio de ervas altas e mato, de onde brotam as tumbas antigas e desalinhadas, com cruzes celtas à mistura. Não bastando o cenário já sombrio por si, o entardecer tornava tudo ainda mais a puxar para o sinistro, quando a vegetação encobria a já pouca luz do dia e eu cruzava com enormes árvores centenárias que preenchiam quase todo o meu caminho, que não era mais que um carreiro de folhas pisadas. Ao longe ouvia as risadas dos miúdos que jogavam futebol numa clareira que eu vira ao chegar e que já ficara para trás há muito. Ninguém parece preocupar-se com um cemitério por ali, de repente miúdos passavam por mim em bicicletas de montanha em grande velocidade, como se o cemitério fosse o sítio mais comum para se brincar. E tornou-se noite, e ninguém pareceu se importar, nem eu, que continuei as minhas explorações, pensando numa meia dúzia de pessoas que conheço que desmaiariam de terror se se encontrassem ali naquele momento. E não, nenhum morto se ergueu para me matar à dentada!”
(in Passeando pela vida – a página)
E se eu me perdesse por ali pelo cemitério? É que aquilo parecia que não tinha fim! A única coisa que me provocava alguma apreensão eram os rapazes que eu ouvia ao longe e que passavam perto nas suas bicicletas. Os mortos nunca me preocupam, os vivos sim, porque lhes chamo miúdos, mas não eram tão miúdos assim, eram mais jovens para lá de teenagers!
Mas a preocupação não era assim tanta que me impedisse de sentar numa tumba a comer amoras! Eheheheh
Eu adoro amoras silvestres!
E lá voltei ao mundo dos vivos, placidamente!
Fui comer qualquer coisa…
E foi o fim de dia no jardim do hostel, com direito a internet na rua e tudo, só para gelar um pouco os dedos!
E foi o fim do 23º dia de viagem
Mais um Maravilhoso dia! 🙂
Obrigada!