22 de agosto de 2014
Tinha chovido de noite, mas nem assim o ambiente era menos bonito no hostel onde eu ficara. Recantos de jardim, com flores e plantas, sempre me atraem para ficar um pouco, acompanhada de um chá quente e o meu caderninho de desenhos!
Ao tempo que eu não desenhava a caneta sépia, uma cor que eu usava muito antigamente, quando o espaço na moto era muito pouco e eu levava apenas um lápis, uma caneta e um caderninho de desenho! Depois o espaço foi aumentando e os materiais diversificando, mas volto àquela cor a cada passo, em desenhos rápidos e gosto!
Depois de uma noite de chuva, o céu estava límpido e azul, como se ela tivesse lavado tudo muito bem! Do outro lado do rio Taff ficava o Millennium Stadium, que é o principal estádio do País de Gale. É enorme, já foi o maior do Reino, julgo que o maior hoje é o Wembley.
Imponente! Tinha de lhe dar a volta cada vez que saía de casa, por isso naquele dia dei-lhe mais uma volta, já que não o visitei, vi-o de todos os ângulos por diversas vezes!
Naquele dia eu iria até Londres. A sensação de estar a voltar para casa era tão presente que só me apetecia dar mais uma volta e outra e não voltar!
Mas daria uma volta e outra e seguiria para a capital, que esta vida não se faz apenas de passeio… infelizmente!
E uma das voltas que eu daria, seria para tentar ver a Llandaff Cathedral por dentro, já que quando lá estivera 2 dias antes ela estava fechada!
Desta vez desci a rua que leva até pertinho dela, com direito a todo o espaço do mundo para a minha bonequinha ficar enquadrada com a igreja!
E se o exterior era aquela imponência antiga que eu já conhecia..
o interior da igreja era curioso, com uma construção cilíndrica lá em cima, como que a encimar um pórtico! Aquela gente lembra-se de cada coisa!
Alguém tocava órgão enquanto eu me preparava para passar aquela espécie de fronteira sagrada para um lado qualquer!
Apesar das coisas que lhe acrescentaram a igreja é linda e o altar luminoso com o sol nascente, como numa igreja deve ser!
Aquele santo enorme em cima da entrada para o altar é que não me deixava sequer raciocinar!
E era ao lado do santo enorme que o tocador de órgão estava! Aquela catedral tem uma grande tradição de organistas e coros!
Ali ao lado ficava uma parte bem mais civilizada do cemitério, que eu tive de espreitar rapidamente!
Oh, e lá estavam as cruzes celtas lindas! Afinal Cardiff é a capital do País de Gales, que é um dos caminhos celtas!
E só então comecei o meu caminho na direcção da capital!
A paragem seguinte estava marcada na minha agenda havia muito tempo, por isso não foi por acaso que eu passei ali, subindo o mapa em vez de ir direta a Londres! Havia algo que eu queria muito ver em Tewkesbury…
E lá estava ela, no meio de uma belíssimo relvado com árvores centenárias a fazer a receção a quem chegasse!
Sim, era mais uma igreja que eu queria ver, mas não era uma igreja qualquer!
Era só uma das igrejas mais bonitas que se possa imaginar!
“Há momentos gloriosos numa viagem, quando a beleza transcende os nossos sentimentos e provoca profundas emoções! Assim aconteceu quando entrei na Tewkesbury Abbey, a Abbey Church of St Mary the Virgin, um monumento à beleza e à grandiosidade da obra humana para elevar a obra de Deus! Sinto-me sempre tão pequena e insignificante junto de uma construção daquelas, um exemplar único da arquitetura românica no reino com pormenores únicos na Europa, como a grande torre central. Quantos anos tem? 900? Uma beleza antiga e eterna…”
(in Passeando pela vida – a página)
“A Abbey Church of St Mary the Virgin, ou simplesmente Tewkesbury Abbey, é um edifício espantoso! Construída entre os séc. XI e XII, possui a maior e mais espantosa torre românica de toda a Europa. O seu interior é deslumbrante, tudo combinava para me encantar, desde as luzes até à música que se fazia ouvir. Andei por ali a vaguear, fotografei-a de todos os ângulos, tentei desenha-la, mas o que eu queria mesmo era estar ali, apenas estar! Um espelho, estrategicamente posicionado no início da nave, permite apreciar o magnífico teto sem erguer a cabeça, mas eu andei por ali de nariz no ar até ficar com tonturas! Tudo é tão bonito…”
(in Passeando pela vida – a página)
Que coisa mais bonita!
Não sei quanto tempo fiquei por ali, mas foi muito, a considerar pelas horas que passam nas fotos que tirei!
E a fachada é impressionante, com enormes janelas em vez de uma rosácea!
Finalmente lá me pus a andar dali para fora! Estava cheia de fome e o tempo a passar sem que eu fizesse o menor esforço por ir comer! Uma coisa boa que aquele país tem para comer, são as empadas! Uma delícia, com recheio de carne e legumes, não são nada enjoativas e são enormes!
Bora lá às empadas que têm espeto de rissóis mas são gigantes! Eu já as conhecia de outras andanças, quando estivera em Stratford-upon-Avon da última vez!
Stratford-upon-Avon, a terra de Shakespeare!
Desta vez consegui fotografar a casa do homem sem uma multidão de pessoas a fazer pose em frente, para a fotografia!
O famoso bobo, retirado de uma peça de Shakespeare, à entrada da rua antiga…
Acho que toda a gente que vai a Stratford tem uma foto junto do bobo e outra junto da casa do homem!
Toda a gente, nem por isso! Eu não tenho!
Peguei na minha empada, que não tinha fim, e fui-me sentar junto da casa mais famosa daquela terra e pude acompanhar um bom pedaço do que é o dia ali: fotos e mais fotos junto da casa!
Em frente fica uma loja onde é sempre Natal! Pelo menos é tudo o que lá se vende: enfeites de Natal, mesmo em agosto!
Lá também havia quem se pusesse em pose para a foto!
E aquela rua é uma permanente animação, com gente que vai e vem todo o tempo!
Não admira, porque para além de ser uma terra famosa pelo seu habitante mais ilustre, é muito bonita, cheia de construções medievais extraordinárias, com pormenores encantadores!
A gente pode até imaginar o próprio Shakespeare a passar ali ao lado, de tão perfeito enquadramento da época se preservou!
Quando voltar a passar ali vou ficar num hotel daqueles!
Desta vez eu não tinha tido qualquer dificuldade em estacionar a minha motita, bem no meio da rua, junto de outras “coisas com duas rodas”!
Ela tinha despertado alguma atenção, havia gente parada a olhar para ela quando eu cheguei perto! Fico sempre orgulhosa quando isso acontece!
E sai uma selfie enquanto espero para passar no meio do transito!
Havia outra coisa que eu queria visitar ali: a Anne Hathaway’s Cottage.
Ali tive de pagar parque, fica original a minha motita com um bilhete pendurado nela!
E lá estava a casa!
“A Anne Hathaway’s Cottage é considerada uma das casas mais românticas da Inglaterra porque ali Shakespeare namorou Anne, a sua futura esposa. Uma casa do séc. XV com algumas atualizações posteriores, já que pertenceu à família até ao séc. XIX. Shakespeare tinha apenas 18 anos quando casou com Anne, que era mais velha uns 8 anos do que ele. Já na época ela engravidou e eles tiveram de casar rapidamente, pois era inaceitável haver filhos fora do casamento em pessoas de bem! Embora mais velha que o marido, ele faleceu 7 anos antes dela. A casa é muito bonita e os jardins muito grandes, cheios de árvores de fruto que eu fui “depenicando” ao passar. Perto da casa há um banco que é uma escultura, que lembra uma gôndola, e foi criada inspirada no “Mercador de Veneza”, uma peça de teatro de Shakespeare.”
(in Passeando pela vida – a página)
Os jardins são interessantes e levam-nos em passeio romântico de uns lados para os outros!
A casinha é tão encantadora que eu simplesmente não conseguia afastar-me dela!
Fotografava-a e voltava a fotografar, desenhava-a e voltava a desenhar, e quase me esquecia de ir ver por dentro!
E se por fora parece uma casinha de bonecas, por dentro ela é mesmo!
da “gôndola” o enquadramento era tão bonito!
E dali eu fiz alguns desenhos também, para além de me fazer fotografar!
Mas na redondeza tudo é tão bonito, até as simples casas de habitação dos vizinhos!
E o dia estava tão bonito que eu não resisti a ir a outro destino que tinha em mente havia muito tempo!
Lower Slaughter, mais uma terrinha de histórias de encantar que eu queria tanto ver!
Mas nada do que esperava se assemelhava realmente ao que encontrei! Porque, para além de uma vilazinha linda, que eu pensei que era apenas uma aldeia, as pessoas eram tão acolhedoras e simpáticas que me apeteceu ficar por ali mais tempo! E foi o que acabei por fazer!
Quando cheguei, pela margem direita do rio, as pessoas pararam! Eu tive a sensação de que tudo parou, pois quem estava na rua do outro lado do rio, ficou a olhar, seguindo a moto à medida que eu passava à procura de um lugar para parar. Fiquei apreensiva com a reacção, mas depois as pessoas sorriam para mim quando eu comecei a caminhar por ali, de máquina fotográfica em punho!
O rio Eye parece apenas um pequeno riacho desenhado por medida para atravessar a localidade, com a dimensão certa, sem perturbar nada e ainda tornar tudo mais encantador!
A igreja dedicada a St. Mary the Virgin, de origem ni séc. XII, mas reconstruída no séc. XVIII, também está lá “por medida”!
Uma terrinha linda não estaria completa sem uma igreja encantadora!
E as casinhas nas margens do rio espantosamente perfeitas, em pedra clara iluminando o ambiente!
Então quando cheguei ao moinho de água, com a sua roda e a chaminé, e puxei do meu livrinho, acho que foi o espanto total! Eu já nem sabia se devia desenhar ou seguir o meu caminho, pois varias pessoas se chegaram descaradamente a mim para ver!
Acabei por lhes dar o prazer de me verem desenhar o que era património seu! E foram momentos bem passados no final, acabando por conversar um pouco com as pessoas e desenhar outras casas na redondeza!
E sim, havia por ali gente, mas fizeram o favor de se afastar para eu poder tirar fotos e desenhar sem ninguém na frente! Tão queridos! Claro que me servi da sua simpatia e desenhei algumas perspectivas com pessoas na frente!
Foi tão bom ter ido ali! Deixou um sabor tão agradável de simpatia e gentileza, que fiquei com vontade de lá voltar!
E o dia estava a acabar em paisagens tão inspiradoras, como eu gosto tanto que aconteça em viagem!
E então segui para Londres, sem querer fazer mais nada senão saborear todos os encantos daquele dia. Eu estaria em Londres tempo suficiente para não precisar de me apressar em visitar a cidade a correr naquela noite!
E foi o fim do 25º dia de viagem…
Muito bem! Dá gosto ler!
Obrigada!
Tem para aí uns errositos que vou corrigindo ao reler, espero que faça sentido mesmo assim! 😀