30 de agosto de 2017
A sensação de acordar longe de casa, no inicio de uma viagem, é sempre tão gratificante, que a gente olha em redor e apetece sair à descoberta de tudo! O café da manhã sabe pela vida, como se fosse o melhor do mundo, porque parte do seu sabor tem origem no nosso ânimo apenas! Mas a verdade é que eu ainda iria sentir muita vez saudades do café de Espanha, quando o que há por todo o lado é fraco, caro e de mau sabor!
Conhecemos o casal que viajava na Crossrunner, eram espanhóis e estavam a dar uma volta bem mais pequena que as nossas.
Não havia sol no dia seguinte, o que conferiria à visita à pequena aldeia um toque de mistério que sempre me agrada. Andar para trás no tempo com nuvens inspiradoras em redor, pode ser muito interessante e naquele dia foi mesmo.
Estávamos num pequeno paraíso natural, junto ao Parque Natural Callados del Azón, onde eu já passei em tempos, descobrindo as pequenas histórias e lendas que o encantam, típicas de povos muito antigos.
Logo ali abaixo ficava a igreja, metade em mau estado e metade em ruinas. Uma pena porque tem ar de ter uma boa meia dúzia de séculos a merecer mais respeito e cuidado!
E as casas em redor são tão antigas como ela!
Mas o pequeno cemitério é que me prendeu a atenção! Os sítios abandonados sempre têm uma aura de encanto.
e aquele tinha ar de ter sido abandonado até pelos seus habitantes, a considerar para portinholas abertas!
Eu sei que posso ser uma seca quando me ponho a explorar, espera aí rapaz, que eu já vou!
E os montes eram a maior inspiração, com aquele céu deslumbrante que parecia tornar tudo pequeno abaixo de si!
E pusemos rodas ao caminho para seguirmos para França!
Fomos seguindo na direção de Irun, parando aqui e ali para tomar café e dar uma olhada a cada local. Sim, Filipe, quem me acompanha tem de esperar de vez em quando enquanto eu dou uma olhada em redor! 😀
E é claro, um céu de chumbo daqueles tinha de nos obrigar a vestir as tralhas da chuva!
Mesmo na porta de um supermercado com o povo a olhar para nós e o meu “a culpa é toda tua!” para animar! Afinal para que serve a companhia se não for para eu lhe pôr as culpas todas de tudo o que vai acontecendo?
Mas é tão bom estar de volta à estrada que a chuva pouco importa ou perturba e as paisagens são sempre espantosas, mesmo que milhares de vezes já trilhadas!
Eu já tinha estado em Mont-de-Marsan, mas as perspetivas com que olho são sempre diferentes e a cidade parece outra vista de outros ângulos. É bom voltar onde já estive e sentir coisas diferentes!
Há terras que nos aparecem no caminho e são mais bonitas de longe do que de perto, Tonneins, por exemplo, com as casas penduradas na margem do Garronne!
Claro que se não houver mais nada para fazer, a gente aproveita sempre para comer qualquer coisita!
Mas a França é linda em todos os seus caminhos e eu vou sempre espreitando e registando pormenores que me fascinam.
Claro que é preciso ter-se paciência para me acompanhar, mas é mais forte do que eu olhar e registar o que me encanta!
Então apareceu Monpazier no nosso caminho, como um dos “plus belle villages de France”. Confesso que quando vejo uma tabuleta daquelas sempre me apetece parar e explorar! O que vale é que o meu perseguidor já tem os mesmos instintos que eu e nem foi preciso convence-lo a parar.
E valeu a pena parar! Que terrinha mais lindinha!
Quando alguém comenta que um dia eu não terei mais nada para ver nesta Europa, eu sempre lembro cá para mim a quantidade de coisas novas que descubro a cada vez que passo nos mesmo sítios…
A cidadezinha faz-nos andar para trás até à sua origem medieval, com arcadas em redor da praça e portais lindos!
A considerar pelo movimento, não deve ser um grande destino turístico e ainda bem, pois o ambiente era sereno e agradável assim mesmo!
Ia haver um concerto na igreja de Saint-Dominique por isso não a pude ver por dentro. Por fora parece uma manta de retalhos, com o acumular de emendas e acrescentos, desde a sua fundação no século XIII.
Apetecia ficar ali até à hora de jantar, sentar numa esplanada e apreciar o entardecer, mas o nosso destino era mais à frente…
Momentos em que a minha moto é maior que a GTR!
E o sol pôs-se sobre o Dordogne…
Amanhã iremos explorar a zona e só depois seguiremos para leste…
Garonne! Que belas lembranças me trouxe esta palavra! Uma viagem que fiz entre o Atlântico e o Mediterrâneo, pelos canais do Garonne e do Midi. Para fazer em duas rodas também, mas sem motor. 😛
Essas vilas pitorescas dão mesmo vontade de passar o dia!
Obrigado pela partilha.
“Boa viagem”, até amanhã. 🙂