9 de agosto de 2013 – continuação
A Bósnia sempre me despertou o interesse, desde que eu estava em Genève e acompanhava diariamente a guerra que por lá andava! Desde essa época que eu quis visitar o país e, sobretudo ir a Sarajevo! Mas como eu digo, e às vezes as pessoas não acreditam, sou medrosa e receava pelo que pudesse ser circular pelo país, por causa de informações do Portal do Governo que refere que as condições de segurança são razoáveis e que há que ter cuidado com as ruas de pouco uso pois existem ainda minas…
Por isso fui dar uma vista de olhos para perceber qual o ambiente e decidir se devia seguir mais para o interior do país!
O calor apertava tanto que ao circular mesmo ao lado do rio Una não resisti! Saquei do vestido que me fora oferecido na Itália, vesti o fato de banho, guardei tudo na mala da moto e fui mas é passear para o meio do rio, como toda a gente estava a fazer por ali!
Estava perto de Bosanska Krupa e as pessoas eram simpáticas e sorriam para mim, ao verem-me meio encolhida, é que a água estava tão fresca que o contraste com a temperatura do ar era brutal e eu estava muito quente de vir exposta ao sol, na moto!
“Entrei na Bósnia em paz, uma carimbadela no passaporte e um país simpático à minha espera! Como era de imaginar não difere muito da Croácia, a paisagem verde, um rio magnífico sempre ao meu lado, o rio Una, limpo que desde a estrada se lhe podia ver o fundo e mais á frente Bosanaska Krupa. As pessoas olhavam para mim quando eu passava e o ambiente era acolhedor. Ninguém falava inglês quando eu tentava comunicar ou perguntar algo mas sempre os entendi e eles sempre se fizeram entender! Vou descer a Croácia e voltar a entrar no país, deixou uma enorme curiosidade em mim!”
Os restaurantes têm à porta assadores, com cordeiros a assar no espeto, como nós fazemos com o porco. Por ali ninguém come porco porque são islâmicos, mas o cordeiro serve bem! É simplesmente delicioso!
Com o rio logo ali atrás, é só vestir qualquer coisinha e sentar à mesa!
E foi o que fiz! Isto de conduzir, e nadar, e apanhar calor e tal, dá cá uma fome!
Por esta altura o termómetro da minha motita acusava 50º com demasiada facilidade! É claro que não estaria exatamente esta temperatura, estariam uns 48º ou 49º, mas bastava abrandar um pouco o andamento que aquilo subia logo para 50 e depois começava a piscar, julgo que porque a maquineta não tem capacidade para medir mais acima do que isso!
Aproximava-se chuva! Só podia ser, com temperaturas tão elevadas!
Fui beber mais qualquer coisa fresca enquanto a chuva começava a cair! Nada demais, apenas uns pingos!
Percebi pelo cuidado que o rapaz estava ter em recolher tudo o que estava na esplanada que se calhar não seria “apenas” chuva!
E não era!
Era o diluvio, a tempestade e a barulheira total que se aproximava e que caiu sobre mim!
Cheguei à fronteira e ao ir buscar o passaporte ao tablier da moto, a água que me corria pelo braço era tanta que mais parecia uma cascata. Tive de fazer uma ginástica para não molhar tudo… ou antes, para molhar o menos possível!
Estava tudo certo e eu preparava-me para seguir, quando o polícia me diz “espere!” e disse aquilo com uma urgência que eu pensei que havia algo de errado “não vá já, espere um bocado que está a chover muito!” explicou ele!
E eu esperei! Parei a moto junto de outros carros, abrigada por uma cobertura, ali ao lado, mas o tempo não iria melhorar! Podia-se ver que era muito extensa a área de céu carregado que nos envolvia! Eu tinha de seguir, depois Zagreb era suficientemente longe para eu ter a esperança de sair da tempestade ao ir para lá!
E foi um filme de terror completo sobre duas rodas! Ele era vento, chuva e trovões a toda a minha volta! Eu nem sabia se devia seguir ou se devia parar! Logo à frente a tromba de água foi tão forte que parei, eu e todos os carros, porque a rua era já um rio cuja água me chegava aos pés!
Um senhor quis-me abrigar na sua casa e como eu recusei, foi chamar a mulher, para eu ver que ele não estava sozinho! Como eu mesmo assim não fui, vieram eles para cá para fora, para o alpendre onde eu me abrigara, fazerem-me companhia! Gente boa!
Houve momentos ao atravessar a zona mais montanhosa, mais à frente, em que nem via mais a estrada. Anoitecera, trovejava intensamente muito perto e as pingas da chuva pareciam rajadas de metralhadora sobre mim! “valha-me Deus, se essas flashadas me acertam não ficará ninguém para contar como foi!” pensava eu enquanto cantarolava ao som da musica e me sentia feliz por não ter qualquer medo de trovoadas!
Quando cheguei a Zagreb, pus tudo a secar no estendal e fui-me encher de comida, sob o olhar atónito dos hóspedes que não acreditavam que eu tinha chegado de moto no meio de tal vendaval!
E foi o fim do 11º dia de viagem!
Boa odisseia, num país que me fizeste ganhar vontade de conhecer de mota. Obrigado.
Vale a pena visitar sim!
Mas espera pois eu volto lá mais duas vezes durante esta viagem! 😉
Mais uma narrativa que veio preencher um pouco mais a minha sede de conhecimento sobre o resto da Europa e isto tudo devido á gentileza e prazer que a Gracinda tem em partilhar connosco (os que cá ficam) todas as suas aventuras e desventuras durante as suas magnificas (viagens pela vida) !!!
Afinal o ditado é velho mas verdadeiro (não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe) !! Tanto calor em demasia e depois vem uma chuvona para refrescar o que estava seco e quente em excesso. A natureza só se desiquilibra porque nós a obrigamos a isso !!!
Obrigado pela partilha mas, cá fico á espera do próximo ! Eheheh
Obrigada!
Em questão de temperaturas esta viagem teve de tudo! Desde os escaldantes 48º/49º, na ida, até aos 8º/9º no regresso! 😀
Amanhã haverá mais!
Beijucas
O resto de um belo dia com direito a chuva q.b para refrescar um pouco! 😀
Obrigada pelas belas fotografias!