22 de agosto de 2013
Desde o início que havia duas ou três coisas que eu queria ver e fazer em Istambul e, mesmo não tendo muito tempo para visitar a cidade, passei lá o tempo suficiente para cumprir essa vontade!
Eu sabia que aquela é apenas a cidade maior da Europa e uma das maiores do mundo com tanta coisa para ver que todo o tempo que eu tinha seria pouco, por isso procurei cumprir os meus principais objetivos deixando o resto para uma futura visita! É sempre mais fácil quando a cabeça se organiza antes em vez de ficar no meio da confusão tentando decidir o que fazer a seguir.
Ora uma das coisas que eu queria muito visitar ali era a Cisterna da Basílica, fica ali ao ladinho da Basilica de Hajia Sophia, onde há umas casinhas tão bonitas que nem parecem coisa de lá!
E lá estava ela, do outro lado da rua!
Aquilo quase passa despercebido, não fossem as várias pessoas que se vão enfileirando na berma da estrada para a visita e, contra o que se espera, anda-se um pouco, desce-se umas escadas e… lá está ela!
“Desde a primeira vez que eu vi uma foto da Cisterna de Istambul, que eu decidi que tinha de cá vir vê-la… hoje eu vi-a! Linda, misteriosa, antiga…. A “Yerebatan Sarnici” construída na época bizantina (séc. VI) tem qualquer coisa como 336 colunas e podia comportar 30 milhões de litros de água!! Esta água vinha desde a floresta de Belgrado e era armazenada aqui para fornecer a cidade o que lhe permitiria grande autonomia em caso de seca! Também aqui foi rodado um filme do James Bond! Maravilhei-me ali dentro, como dentro de uma catedral!”
Não consigo descrever o deslumbramento quando encontro o que procurava ver há tempo demais! É como se, de repente, estivesse perante uma personalidade, uma entidade!
Foi muito bom ser das primeiras pessoas a entrar, pois assim pude ver e parar e fotografar de todos os ângulos sem multidões na minha frente a encher-me as foto de “ruidos”!
Dei-lhe a volta, fotografei de todos os ângulos e a vontade era ficar mais um pouco, voltar a dar a volta, voltar a olhar de lá para cá e de cá para lá…
A água tem peixinhos que a gente pressente na escuridão!
O restauro e a iluminação foram perfeitos! Se tentarmos fotografar aquilo som flash percebemos que a iluminação lhe dá todo o encanto e mistério que vemos!
Aqui e ali uma coluna diferente chama a atenção. Afinal a cisterna foi construída rapidamente usando colunas já existentes, vindas de diversos templos da Asia Menor, por isso naturalmente, sendo mais de 300, não serão todas iguais!
E lá bem no fundo, depois de toda a “colunata” há 2 bem diferentes, com cabeças de Medusa na base, onde toda a gente quer ser fotografado. Na realidade são colunas romanas que exemplificam bem a mestria da escultura e arquitetura romana! O mistério permanece sobre as posições que as duas cabeças ocupam lá nas bases das colunas!
Uma de lado…
Outra ao contrário!
Lá em baixo há um café e tudo, mesmo por baixo da saída da Cisterna! Deve ser curioso trabalhar ali, isso é que se pode chamar viver na obscuridade, a servir copos de leite e sumos, nada de cerveja!
Simplesmente não conseguia tirar os olhos da beleza do espaço…
Do outro lado fica a Basílica de Hagia Sophia …
Hagia Sofia quer dizer Sagrada Sabedoria! A Basílica, que já foi catedral de Constantinopla, começou sendo Ortodoxa, depois foi Católica, depois Islâmica e, finalmente, hoje é um museu.
Foi consagrada no dia de Natal do ano 537, o que a faz ter quase 1500 anos! E é linda!
Entrei ali e deslumbrei-me, todo o piso é feito de enormes placas de mármore, gasto e estalado dos muitos séculos de uso, e tudo em volta me inspirava um enorme respeito…
O edifício mostra desgaste, uma pena imaginar se aquilo se perde!
O vão é enorme, por baixo da grande cúpula… quantos séculos de história ali se contam naquele espaço…
Sobe-se para o andar de cima por uma rampa empedrada e não por uma escada!
A Basílica está em recuperação e podem-se ver fotos do espaço coberto por ali.
É reconfortante ver que está tudo a ser restaurado, porque é urgente preservar tudo aquilo antes que seja tarde demais!
Sentia-me no coração da história de Istambul…
Pelas janelas podia ver o exterior e não queria sair dali mais!
Há mosaicos ali do séc. XI e XII!!! Uma coisa deslumbrante que não se encontra em qualquer lado!
E o chão de mármore, continua infinito pelo piso superior, em lajes imensas!
Numa das entradas há uma coluna com um buraco onde a gente mete o dedo e tem de dar a volta toda à mão com ele lá enfiado! Seguramente que eu teria conseguido a proeza pela agilidade de mãos e pulsos que tenho… não fosse ter de usar precisamente o polegar que tenho avariado!
O ambiente cá fora estava lindo, com aquele sol deslumbrante, mas muito calor já!
Apetecia que aquelas fontes estivessem a jorrar água com força e enfiar os pés lá dentro… mas aquilo é só para olhar, há muito que deixou as suas funções!
E pronto, tinha viajado ao passado e visitado algumas das coisas que tanto me chamavam e me levaram ali, parei e sentei cá fora, fiz mais um desenho ou dois da mesquita Azul do outro lado do jardim e da Hagia Sophia pertinho de mim.
Sentia-me tão feliz que de repente nem sabia mais o que me apetecia fazer!
Eu não queria de todo pegar na moto naquele dia, ela estava muito bem estacionada da pousada e precisava de paz, depois de tanto quilómetro, tanto calor e tanto esforço! Por isso apanhei um autocarro e fui dar uma volta pela cidade! Fixe, deixar a condução na mão de profissionais enquanto descansava as minhas mãos!
E com isso, eu, que nunca ando de 4 rodas, a primeira vez que passei a ponte do Bósforo, fi-lo de autocarro e não de moto! Eheheh
(continua)
Maravilhoso! Aguardo pela continuação! 🙂
Adorei Istambul, as cores e cheiros do Bazar das especiarias é simplesmente uma sensação sublime!