41. Passeando pelos Balcãs… – Fim de uma bela história… regresso a casa…

1 de setembro de 2013

Andorra-la-Vella não é a cidade mais bonita que conheço, é mais aquela espécie de supermercado onde se aproveita para comprar umas coisitas, como o meu perfume, ou um radio para o carro do moçoilo. Dá-se umas voltitas por ali e está tudo visto… ou será que tenho essa sensação porque passo lá vezes sem conta, ano após anos de há muitos anos para cá?

De qualquer maneira as pessoas são simpáticas e até se torna agradável andar por ali a ver montras… de material motard! Pois, estava na hora de continuar à procura de uma viseira para o meu capacete!

A dada altura eu já nem tirava o capacete, simplesmente pousava a moto à porta da loja, entrava um pouco e perguntava “tem uma viseira interior para este capacete?” e apontava para a cabeça “Ah, não! Vá à loja XX»” e eu seguia para a tal loja!

E ía-me divertindo um pouco por aqui e por ali!

É inacreditável como um capacete tão bom, de uma marca tão importante, não tem em nenhum dos seus representantes uma porcaria de uma viseira para vender! É mais fácil comprar um capacete novo que uma viseira para o que tenho? Pois, parece que o que importa é vender, agora cuidar do que se vende, nem por isso!

Acabei por fazer amizade com gente boa, uns portugueses outros espanhóis, mas todos muito simpáticos e curiosos sobre a minha moto, os seus autocolantes e os sítios onde fui com ela!

E vim embora com a viseira colada com fita-cola e até hoje ainda ninguém me arranjou a porcaria da coisa! Está encomendada à Schuberth desde setembro e… nada ainda!

A viagem acabaria logo a seguir! É sempre a sensação que tenho quando passo os Pirenéus para o lado de Espanha, por isso não me interessaria ir a mais lado nenhum…

Uma coisa que eu aprendi recentemente, numa das últimas viagens que fiz, foi que não adianta alongar por Espanha o que terminou em França ou Andorra, porque o sentimento já é de saudade da viagem e tudo parece ter o sabor da despedida! Então, sendo assim, o melhor é atravessar o país e vir para casa! Saudade por saudade, mato as saudades da viagem com o regresso a casa para junto do meu moçoilo…

Entretanto, depois de combinações descombinadas eu, que deveria passar em Pedrola, na terra do Rui Vieira, para dizer um olá, recebo a mensagem de que o homem afinal combinara tudo mal e não estaria por lá!

Mas eu fui na mesma! Ora aí está uma boa maneira de não fazer sempre os mesmos caminhos e dar uma volta pela terrinha do rapaz!

É um pueblo pequeno e simpático com um canal “à porta”, onde a gente dá uma volta, ficam algumas pessoas a olhar, a gente segue caminho e tudo volta ao normal!

E segui para casa… há uma nostalgia em cada regresso e a Espanha potencia esse sentimento com as suas planícies de perder de vista…

Voltei a passar em Peñafiel, cujo castelo ainda não visitei mas está agendado para uma próxima passagem…

Mas tirei a dúvida: sim, é geminada com a nossa cidade de Penafiel, onde vivo, como eu imaginava! Está ali o brasão cá da terra estampado na placa! Adorei!

Ao longe começou a aparecer uma coluna de fumo muito intensa! Puxa, que grande incendio por ali haveria!

Foi quando entendi que as coisas que me diziam eram mesmo verdade: o país estava a arder!

Depois de mais de 17 mil quilómetros, em que apanhara temperaturas proibitivas, países pobres e com as matas cheias de lenha apetitosa para arder à toa, eu apenas vira os vestígios de um pequeno incendio na Bósnia! 20 países sem fogos nem vestígios de terra queimada!

E o meu país? Estava a arder!

Entrei por Chaves e, de lá até Penafiel vi 8 colunas de fumo, sem esquecer que para sul de Penafiel tudo era fumo, por isso os fogos continuavam às dezenas por aí abaixo. O ar cheirava a queimado, o céu era meio negro, meio castanho…

…e cheguei a casa!

Com direito a receção, com fotógrafo de serviço a registar a minha entrada…

… com a cara toda queimada, o nariz vermelho, depois de ter largado já a pele, mas muita satisfação pelo caminho percorrido na maior paz!

E foi o fim do último dia de viagem!

Cheguei a casa depois de:

34 dias
17.500 km
20 países
8.000 fotos
885 litros de gasolina
1.050.53 € em gasolina
649 € em dormidas
41 € em portagens
E resto foi mais em bebida do que em comida…

Despesa total: 2.215.48 €

O que me faltou?
Um pouco mais de tempo para explorar tanta beleza que tive de deixar para trás!

O que sobrou?
Encanto, beleza, surpresa e simpático acolhimento em todo o lado!

O que valeu a pena?
Seguramente que valeu a pena ignorar, mais do que nunca, todos os medos, e avisos, e temores, de uns e de outros, e ir onde queria ir!

O que teria dispensado?
Tanto calor, por tanto tempo, quase até ao esgotamento físico, porque a moral, nada a esgotaria!

O que me apetece dizer ainda?
Esta foi uma das viagens mais extraordinárias que fiz, por isso vai ter continuação!

O mapa das voltas que dei nesta viagem aparecerá mais tarde, pois está uma trapalhada que tenho de rever!

Adeus e até ao meu próximo regresso à estrada!

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9 thoughts on “41. Passeando pelos Balcãs… – Fim de uma bela história… regresso a casa…

  1. Pedrola.. um pueblo que conheço! 🙂
    Adorei viajar contigo!
    Obrigada pelas partilhas tão ricas de conteúdo! Teus relatos, tuas fantásticas fotografias cheias de beleza e encanto!

    Cá espero estar para poder acompanhar-te nas muitas viagens que desejo que possas realizar!!

    Beijinho

  2. Viagei com você, senti calor, sede, e a alegria do convívio com outros povos.descubri que temos bastante em comum. Como você estudei artes plásticas muito embora esteja longe de ser uma grande artista, amo viajar, não tenho medo, isso descubri em uma de minhas viagens onde fiquei perdida nos Pirineus, sozinha a pé e só com uma mochila e um saco de dormir. Mas são outras histórias. Vou ficar aguardando anciosa seu próximo relato.desde o meu cantinho aqui no Brasil.

    • Olá Vera Maria
      Obrigada pelo seu comentário!
      Quando a gente experimenta viajar sozinha descobre que não custa nada e não há do que ter medo, não é? As pessoas são bem mais acolhedoras do que a gente pensa antes de as conhecer, pelas estradas das nossas viagens! Se você estudou artes plásticas sabe e sente aquela vontade de ver e descobrir toda a beleza que um caminho nos pode dar, como os vestígios do passado e a exuberância da natureza!
      Um dia eu gostava de explorar um pouco de seu país, mas isso ainda é uma hipótese a considerar, pois implica muito mais estudo e investimento do que pegar na moto e fazer-me à estrada!
      Entretanto cá nos encontraremos numa próxima viagem!
      Beijinhos

  3. Obrigada pelos maravilhosos relatos e imagens. É um oásis para quem não pode viajar, mas acompanha-a nas asas da imaginação. Votos de um BOM ANO. Esperamos por novas viagens com os habituais comentários e um bocadinho de inveja por não estar no lugar do pendura. Boa sorte!!

    • Obrigada!

      Fico contente por trazer um pouco do que vi e vivi a quem não pode ir… nunca é a mesma coisa que viajar, mas espero que ver através dos meus olhos continue a ser um pouco gratificante! 😀

      Beijinhos

  4. Parabéns. Bela viagem e fotos magníficas. Aqui no Brasil também temos lindas paisagens e muuuuito calor.
    Congratulações diretamente do Brasil e ansioso por novas aventuras suas.

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