9. Passeando por caminhos Celtas – até Galway passando pela Peninsula de Dingle!

4 de agosto de 2014

A frustração de andar à procura de algo e não encontrar aguçou o meu apetite e meu esprito teimoso!

Não que eu seja particularmente teimosa ou preocupada em cumprir programas, mas havia algo que eu queria ver desde mesmo antes de sair de casa e, andar tão perto, saber disso e não conseguir encontrar, arreliou-me um bocado. Eu não iria sair dali sem tentar de novo, por isso no dia anterior procurei a localização certa no Google maps, coloquei-a no Gps por toque, já que ele desconhecia o sítio, e fiz-me à estrada.

Naquele dia eu seguiria para Galway e decidi faze-lo percorrendo parte do caminho do dia anterior para tentar de novo…

Eu nem gosto de repetir caminhos por isso acabei por inventar um bocado, só para não fazer a mesma rua para o mesmo lugar! E ali a gente nunca se arrepende pois, mesmo que não haja nada de especial para ver, as casinhas comuns dos habitantes anónimos, são deliciosas!

Embora passasse em Clonakilty, que aquela hora da manhã estava calma e colorida que até apetecia ficar mais um pouco.

Logo a seguir, tal como eu suspeitara no dia anterior, voltava a sair das estradas nacionais e seguia pelas ruelas de risca ao meio para encontrar o que tanto procurava!

E lá estava ele: o Drombeg Stone Circle…

Escrevia eu na minha página do Facebbok:

“Eu ontem tinha-o procurado, mas sem sucesso! Muito carro na rua, muitas festas nas cidades foram-me distraindo do meu caminho e eu não consegui chegar até ele. Mas depois de bem estudado o caminho, voltei lá hoje! O Drombeg Stone Circle, também conhecido como The Druid’s Altar, era um dos sítios que eu queria muito visitar. Trata-se de um vestígio megalítico remarcável e de uma beleza impressionante, se pensarmos a quantas épocas sobreviveu, desde um passado tão distante. Senti-me verdadeiramente em frente a um altar: um altar da história da humanidade!”

Eu sentia como se pisasse solo sagrado… essa sensação percorrer-me-ia diversas vezes nesta viagem, porque os sítios funcionam como uma maquina do tempo ao contrario, fazendo chegar até nós coisas tão antigas que a nossa mente quase não consegue contabilizar o quanto!

E tudo está ali, ao alcance do toque das nossas mãos, como se muito natural fosse! E estamos na presença de construções com mais de 3000 anos!

Hoje a gente sabe e consegue reconhecer que ali ao lado era uma casa, e uma cozinha, construções posteriores ao círculo mas, a esta distância, parecem tão antigas como ele!

Fiquei por ali uma infinidade de tempo! Sentei-me num canto, onde o desnível formava um longo degrau de terra relvada, e desenhei!

Claro que não podia ficar ali o dia todo mas podia prolongar o prazer seguindo o meu caminho por ruínhas desertas mas ladeadas de casa espantosas! Continuei a confirmar que por aquele país se vive muito bem!

Casas que são mansões com grandes terrenos e relvados em redor, um espanto!

A natureza é encantadora e quando penso na Irlanda não consigo deixar de pensar que ela está por todo o lado, como na Escócia!

E ali parece que a natureza e a habitação estão sempre em harmonia!

Eu tinha de parar de fotografar as casas espantosas ou iria fotografar um milhão delas até sair do país, já que todas as casas são espantosas por lá!

Cortei a direito então pra me dirigir para Dingle e passei por Macroom. Havia tanta coisa para ver por ali mas eu iria seguir! Embora o tempo estivesse a ficar cinzento havia muita gente por ali,

Nem pensar em visitar o castelo!

Quando a paisagem natural me despertava muito mais interesse naqueles dias!

Mais um pouco e estava em Inse, tão pertinho de Dingle que se sentia!

Curioso como as pessoas aproveitam o tempo, se fosse cá, com o frio e aquelas nuvens não haveria ninguém na praia!

Curioso também era as pessoas levarem os carros até à areia!

E a península de Dingle é linda! Impossível seguir sem parar aqui e ali para ver a paisagem!

Eu sabia que as cabras eram alpinistas, mas as vacas? Não fazia ideia!

E lá estava o Gallarus Oratory, que me trouxera até ali!

Traduzido à letra o seu nome quer dizer “Igreja do Lugar dos Estrangeiros” é datado entre os séc. VI e IX e pensa-se que teria recebido peregrinos de fora da península.

Parece um barco de pernas para o ar e é uma construção dos primeiros cristãos da península, por isso era mais um solo sagrado que eu pisava!

Eu andava ali, de um lado para o outro, completamente fascinada com aquilo tudo!

Ao lado fica uma enorme sepultura a que chamam Tumulo do Gigante!

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E dali a paisagem ao longe também é encantadora! Afinal estava numa das penínsulas mais bonitas da ilha!

E, embora estivesse bastante longe do meu destino daquele dia, eu iria passear por ali com toda a calma, levando a moto por caminhos e carreiros até praias e enseadas…

Tudo é tão perfeito e intocado por ali!

Lá fui andando e parando uma infinidade de vezes!

Depois de dar a volta podia ver a praia onde estivera antes ao longe! Tudo parece pequeno comparando com a imensidão da paisagem!

Todo o condado de Kerry é espantoso, mas o West Kerry, aquela ponta da península que se forma ali, é algo de indescritível. Eu via os carros a seguirem pela estrada nacional, bem devagar, como quem olha a paisagem, mas não os segui! Meti por uma ruela estreitinha, que se foi afastando deles e descendo e aproximando do que eu queria ver.

Oh a paz que se sentia ali em baixo, sozinha eu e a minha moto, com as ovelhas a pastar placidamente logo abaixo e o mar!

A costa é recortada de uma forma abrupta e irregular, com o verde da relva a chegar tão perto que tudo parecia quase artificial! Senti uma alegria imensa… afinal estas paisagens existem no mundo real, não apenas nas imagens de “screensaver” em sites da net!

Senti-me imensamente agradecida e privilegiada, por poder estar ali sozinha, com todo o tempo do mundo ao meu dispor!

Até os bichitos convivem pacificamente com a gente, o que quer dizer que não estão habituados a ser maltratados pelo ser humano!

Os cursos de água têm o seu caminho traçado através da rua, pedras alinhadas formam o caminho que a água percorre, rompendo o alcatrão! Lindo!

E as casinhas de habitação a fazerem lembrar casinhas de duendes!

Toda a humidade no ar, gotículas que pareciam ser mais pesadas que o nevoeiro, acabaram por provocar arcos-íris, e quantos eu vi nesta viagem!?

E eis que sou despertada por uma voz que dizia “embarque no ferry” puxa, eu nem sabia mais que o meu Rafael sabia dizer essas coisas! Eu tinha-o programado para me levar para Galway, estava demasiado longe para me pôr a ler placas e a ver mapas, não contava que ele estivesse disponível para me levar a um ferry! E por ali há tantos!

Olhei as horas e os quilómetros, era tarde e se não fizesse o ferry teria o dobro do caminho pela frente! Siga para o ferry, poupemos 100km de estrada!

A minha bonequinha despertou muita atenção por entre os viajantes! Era a única no meio dos carros e roulottes!

o céu parecia que iria cair em cima de nós, com aquelas nuvens gigantescas e espetaculares!

E eu adorei o percurso de ferry, pois só nele eu pude apreciar momentos verdadeiramente mágicos entre nuvens que brincavam com o sol e o mar

Pequenos momentos de pausa e encantamento!

Depois veio a chuva e a noite eu fui para casa, que naquele dia era em Galway. A minha bonequinha dormiu num parque ali ao lado que me custou os olhos da cara…

e foi o fim do 7º dia de viagem!

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