11. Passeando por caminhos Celtas – atravessando a ilha, de Galway até Dublin

6 de agosto de 2014

De Galway até Dublin são cerca de 200 km que se fazem nas calmas em pouco mais de 2 horas, mas acabei por fazer mais do dobro dos quilómetros e demorar todo o dia a chegar de um lado da ilha até ao outro! Fantástico não é?

Quando confiro as horas em que tirei a primeira foto e a ultima, constato que demorei 16 horas naquele caminho! Depois ao passar os olhos pelas fotos e ao tentar escolher algumas para relembrar todo o dia, a enorme dificuldade na escolha explica bem todo o tempo que demorei naquele caminho… foi um dia lindíssimo!

A primeira foto foi no hostel quando me preparava para tomar um “pequeno-grande-almoço” e decidia o que iria ver.

Há dias assim, em que me apetece ver tudo, fazer tudo, mas tenho consciência de que não pode ser, por isso há que traçar um plano e ir andando e ir vendo!

Ora os meus planos não são sempre cheios de lógica, por isso decidi ir para a costa este antes de me dirigir para costa leste. Logica decisão não é?

A lógica é que seu sabia que ali havia muita coisa bonita para ver e que eu não podia partir sem conferir um pouco, pelo menos!

Quando preparava a minha motita para partir, reparei que aparecíamos refletidas na montra em frente, não resisti em registar o momento! Acho sempre giro, mais tarde, relembrar o aspeto que ambas tínhamos durante a jornada!

Claro que, como sempre, antes de partir dou uma voltinha pelo sítio onde estou. Galway não é a cidade mais espetacular que conheço, mas tem pormenores bonitos. Naquela despedida decidi ver aquela enorme igreja por onde eu passara varias vezes.

A Cathedral of Our Lady Assumed into Heaven and St Nicholas é uma igreja extraordinária!

Tem pouco mais de 50 anos de vida e é um edifício surpreendente. Olha-se para ela de fora, construída em pedra cinzenta, e não se adivinha a luz, o espaço e a beleza interior!

Tem planta cruciforme e o altar fica no ponto onde a nave se cruza com o transepto, o que faz com que haja filas de bancos alinhados em todas as direções e a gente quase perca a noção de que lado entrou!

Por cima do altar fica uma cúpula com mais de 40 metros de altura, com uma luminosidade diferente para o interior e é visível, no exterior, a partir de quase toda a cidade. Uma construção recente cheia de referências e influências do passado, muito interessante!

Logo ali fica o rio Gaol e demasiada confusão para que me apetecesse ir ver a igreja medieval da cidade. Terá de ficar para a próxima vez!

Passeei pelo rio um pouco, seria a última imagem da cidade!

E segui para a costa este, que eu tinha muita vontade de conhecer! Eu sabia que teria estradas lindas junto ao mar para fazer, mas o caminho começou bem antes a maravilhar-me!

Ruínhas desertas, montes e vales, rios e lagos, tudo tão quase irrealmente lindo.

Eu dirigia-me para a “Wild Atlantic Way” e tudo era tão bonito mesmo antes de lá chegar!

Cada paisagem, cada enquadramento parecia ou merecia um desenho! Não, merecia um quadro!

Então eu parava e focava mais a minha atenção e havia casas, lagos, arvores e todo um cenário de encantar! Sim, tive de desenhar de vez em quando!

E no meio do lago havia pequenas ilhotas e um castelinho em ruinas…

Lá em baixo vi o Clifden Castle… a tentação era grande de o ir ver de perto.

mas eu podia ver que o acesso se fazia por um caminho de terra e não me apetecia nada meter por ali a moto ou, pior ainda, caminhar para caramba até lá…

sobretudo sabendo que havia tanta paisagem deslumbrante para ver por ali. Decidi pelas paisagens, se um dia eu voltar ali, não me esquecerei de ir até ao castelo.

A ruínha era tão inspiradora, eu passeava pelo Connemara National Park e a ruínha que fazia tinha um nome muito inspirador: the Skye Road Loop!

A vantagem de fazer uma rua daquelas de moto é que se pode parar a todo o momento, desde que se encosta bem à berma, pois se formos de carro nem pensar, há que ir atento e procurar uma “orelha” próxima para se meterem e permitirem o cruzamento!

Oh, e as vezes que eu parei!

Ao voltar fiz outro caminho, uma rua mais civilizada, sem jardim no meio e tudo! Um pouco mais acima da outa e com uma perspetiva diferente a paisagem.

Mas eu sou um pouco irrequieta e fazer uma rua com um piso tão bom não foi por muito tempo! Havia algo que eu queria ver e lá meti a motita por caminhos menos aconselháveis! Ela não é uma trail mas já está habituada!

Eu sabia que valia a pena ir espreitar lá para baixo!

Voltei a passar em Clifden, mas só vi a cidade “por cima”

porque o Connemara National Park é logo ali e é deslumbrante!

Tudo estava perfeito, o céu azul com nuvens deslumbrantes, os lagos, os montes, parecia artificial!

Houve momentos em que parecia que estava na ilha de Skye, na Escócia!

Oh, as vezes que eu parei e o tempo que fiquei parada de cada vez!

Tudo era tão perfeito que tinha a sensação que fotografia nenhuma, desenho nenhum, conseguiria captar o que os meus olhos viam!

Mas na realidade era a minha grande satisfação que me fazia sentir quase eufórica de prazer e me fazia temer não conseguir guardar o momento para sempre…

E cheguei à Kylemore Abbaye

Na realidade aquilo era um castelo construído só séc. XIX e só se transformou em abadia depois da I Grande Guerra, em 1920, quando freiras beneditinas vinda da Bélgica, o compraram. E as freiras mantiveram a abadia em funcionamento com uma escola para meninas católicas até 2010!

Ali ao lado fica o Pollacapal Loch que quase se liga ao lago maior, o Kylemore loch, que me acompanhara no caminho para ali.

É impossível não tirar um milhão de fotos ao local!

O palácio estava cheio de gente dentro, que não se mexia, apenas estava por ali a conversar e a tirar fotos junto de tudo o que pudesse!

Dei a volta e fui-me embora para os jardins que, sendo maiores, não deviam estar tão cheios paparazzi!

Há ali uma igreja que chamam gótica, mas é neogótica, claro. Até as gárgulas são anjinhos em vez de monstrinhos!

Bonitinha e pequenina, com um teto muito bem conseguido!

A igreja é praticamente da largura do altar-mor! Muito fofa!

Depois há os jardins vitorianos, muito bonitos e coloridos.

O tempo já não estava nada simpático e começava mesmo a chover…

uma pena pois eu queria ver muitas coisas e agora sim, estava um bocado longe do meu destino daquele dia! por isso segui sem parar mais para leste.

No meio do país ficava um dos meus grandes destinos daquele dia e daquela viagem.
The Monastery of Clonmacnoise era um dos sítios históricos que eu queria muito visitar. Espantoso, antigo, impressionante… sagrado! Fundado no séc. VI remonta aos primeiros tempos da cristandade por terras celtas.

Simplesmente espantoso, com o seu cemitério impressionante e as suas cruzes únicas e extraordinárias!

São 3 as grandes cruzes que eu queria ver: North Cross – a Cruz do Norte, lindíssima e a mais antiga das cruzes de Clonmacnoise não é mais uma cruz, é apenas o tronco principal

A South Cross – a Cruz do Sul, gravada com pregos redondos e uma cena da crucificação.

e a Cross of the Scriptures – a Cruz das Escrituras, a mais bonita e a que me apaixonou completamente! 4 metros de cruz!

Eu gosto de tirar fotos sem ninguém por perto, mas ali esperei que as pessoas se chegassem para poder ter um termo de comparação, alguém que fizesse de escala, para se poder ver a dimensão da obra! É grande!

Não resisti, peguei no meu livrinho e pus-me a desenhar. Um senhor que andava por ali, tão maravilhado quanto eu, quis a todo o custo comprar-me um desenho! Mas eu não queria arrancar a folha do livro, então ele foi pedir uma folha de papel ao balcão da receção e eu fiz-lhe um. Tive de aceitar 30£ depois, ou ele não me largava!

Desenhei as 3 mas mostro aqui a que mais gosto!

Estas 3 cruzes e algumas lajes e pedras gravadas, foram movidas para o interior do centro de interpretação e, no seu lugar foram colocadas réplicas perfeitas, para proteger património tão extraordinário.

Tinha voltado um pouco de sol, só para alegrar a minha visita exterior ao cemitério e mosteiro. Perfeito!

Uma pinguita de chuva de vez em quando, mas nada de especial, a menos que acerte na lente!

Lá estava uma das réplicas. Obra espantosa! Depois de ter estado junto da original já nem tinha a certeza se tinha lido bem, pois esta também me parecia original!

Exatamente em frente à porta do mosteiro fica a “minha” cruz das escrituras… linda e perfeita como a original!

O mosteiro tem dentro tumbas e cruzes, como acontece em toda a Irlanda, o que permite enquadramentos curiosos!

As pessoas junto das cruzes pareciam tão pequenas…

“Eu queria muito vê-las… e elas estavam mesmo por todo o lado, as cruzes celtas! Tão belas e misteriosas a levar-me para histórias antigas de fadas e druidas. E a levar-me também para cemitérios e ambientes cheios de significado. Eu sempre apreciei estes climas de intensas sensações e a Irlanda proporcionou-me muito mais do que eu pudera imaginar, em entardeceres que provocaram arrepios de prazer e respeito que percorrerem a minha coluna a cada momento…”

O cemitério que o rodeia é utilizado até hoje e ali se celebram serviços religiosos regulares, por isso há no local uma construção moderna em vidro, que faz lembrar a capela das aparições em Fátima, só que mais modesta e discreta. A sensação de pisar aquele solo foi muito forte e curiosa…

E a chuva voltou de novo e eu fui embora para Dublin toda satisfeita porque tinha conseguido ver o que queria. Dei umas voltas e fui encher-me de comida para um self-service chinês, que a fome já era negra!

A comida era muito boa e muita! Exatamente o que eu precisava!

E fui para casa de naquele dia era em Dublin!

E foi o fim do 9º dia de viagem!

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4 thoughts on “11. Passeando por caminhos Celtas – atravessando a ilha, de Galway até Dublin

  1. Espetáculo amiga Gracinda, que fotos mais lindas, sim senhor, obrigado pela partilha.

    È mesmo como se costuma dizer, melhor que as palavras, as fotos para descrever as lindas paisagens.

    Obrigado è até já

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