14 de agosto de 2014
“Um dia eu elegi a Iha de Skye como um dos paraísos do meu coração. Desde esse dia eu quis lá voltar e sentir de novo, sem pressas, tudo o que me apaixonara. Este ano eu voltei e as emoções foram mais fortes ainda e eu vou querer lá voltar de novo! Há uma paz por ali, que eu apenas pressenti há 3 anos atrás, e que desta vez me preencheu! Deixava a moto na berma da estrada e percorria caminhos, que eram apenas vestígios, no meio dos campos privados, e a falésia era logo ali. Um arrepio de êxtase percorria a minha espinha e eu sentava-me, apenas a contemplar. Quanta beleza pode encerrar um momento de solidão e paz? Toda a beleza do mundo…”
(in “Passeando pela vida” – a página)
E eu estava lá a dormir!
Por isso dar a volta à ilha seria como dar a volta ao jardim do meu hostel!
Na realidade eu passaria todo o dia a explorar caminhos que me tinham deixado curiosa desde a última vez que ali estivera, por isso, chovesse ou fizesse sol, eu iria andar pela ilha até anoitecer!
O dia não estava a coisa mais solarenga, mas não estava a chover o que já era uma grande coisa!
Todos os caminhos são lindos por ali, em cada curva do caminho, um lago, um braço de mar, uma montanha, aparecem para tornar tudo mais irreal e fantástico. E o céu meio encoberto? Apenas acrescenta um toque de mistério e encanto ao quadro!
E o silêncio da manhã? Apenas torna tudo mais irreal ainda…
Uma das coisas que eu aprecio em Skye, e um pouco por toda a Escócia, é a sensação de andar a passear sozinha por um jardim infinito, porque onde houver uma ruínha, um caminho ou um trilho eu posso ir, sem que uma multidão de turistas enlouquecidos perturbe o meu passeio! E isso é fantástico!
Quando cheguei a Portree, embora tivesse feito pouco mais de 25 milhas, tinha já a sensação de ter feito centenas de quilómetros, por tantos caminhos e paisagens cheios de beleza que passara!
O tempo não prometia chuva, apenas havia que esperar que o ceu se abrisse um pouco para que toda a paisagem se iluminasse!
Uma coisa que eu aprendi é que não vale a pena pedir café naquele país, pois é sempre uma experiencia horrível tentar beber uma mistura mal saborosa servida em doses de litro! Por isso eu pedia sempre chá…
Parei no cafezinho central onde já me habituei a ficar um pouco. Também não há muita escolha por ali. Portree é a principal e maior cidade da ilha, onde vive mais de um terço de toda a população de Skye, por isso não há muito por onde escolher para se parar e tomar algo quente!
O porto da cidade é muito bonito, com casinhas coloridas alinhadas e um ponto privilegiado para o apreciar, no outro lado, elevado sobre a colina!
Passeei um pouco por ali, antes de seguir para o meu passeio pela ilha…
Não há muitas estradas para se escolher, apenas se segue a única na nossa frente e a paisagem vai-se revelando como uma sequência de cenários de encantar, provocando uma enorme vontade de parar a qualquer momento e simplesmente olhar!
Ao longe o The Old Man of Storr, aquela colina é inconfundível, com os pináculos de pedra espetados para o céu!
Um dia tenho de subir até ali!
Há caminhos que se percorrem até à grande pedra, só tenho de ir preparada para a caminhada, sem pressas nem pesos! Desta vez estava fora de questão faze-lo porque a vontade era de explorar outros caminhos, mais à frente, que me estavam a chamar mais!
Dali a paisagem era deslumbrante, com o sol a querer aparecer e a provocar efeitos de contraluz na máquina, por isso eu podia imaginar que, vista lá de cima, deveria ser de cortar a respiração!
E um dos encantos de Skye são os recortes vertiginosos da costa sobre o mar. A gente pode vê-los da estrada a cada passo!
Mas pode também caminhar até às bermas, de vez em quando!
Claro que eu fui parando nos pontos turísticos, onde toda a gente pára, e há tabuletas explicativas sobre o que se está a ver e tal, mesmo já lá tendo estado!
Porque também não é por acaso que foram decretados como pontos de interesse! As paisagens captadas dali são um espanto! E, se olharmos em redor, de um lado temos a falésia e o mar, mas atrás de nós continua visível o Old Man of Storr ao longe.
Havia gente por ali a caminhar e a fotografar a paisagem como eu, mas eu queria mais! Eu queria ver outras perspetivas, outras encostas! Por isso segui até onde ninguém estava, ninguém vai se não souber onde é, pousei a moto e subi! Um caminho quase impercetível através de um terreno privado, que subia bem acima do nível da estrada. Um espacinho entre os toros que seguravam a rede que delimitava a propriedade, permitia que passasse uma pessoa não muito gorda! E eu passei!
E lá em cima estava… a beleza e a paz absoluta…
Do outro lado daquele “morro” elevado, estava a falésia impressionante, onde de um lado estava o mar e do outro, um lago, criando a sensação de impossibilidade que só uma imagem fantástica consegue provocar em nós!
Que coisa linda, que momento exuberante! Com o mar muito abaixo dos meus pés, lindo!
No regresso para a moto quase não encontrava o caminho, depois de ter andado por ali não estava fácil descobrir a abertura na vedação para descer para a rua!
Mais à frente fica the Kilt Rock viw, onde toda a gente para, e voltei a encontrar os turistas todos que não se veem nas ruas mas estão nestes pontos!
Um grupo de motards ingleses veio falar comigo, gente simpática que ficou um pouco deslumbrada ao descobrir que eu estava mesmo ali sozinha, vinda de tão longe, com uma moto tão grande!
Trocamos informações sobre o que ver e o que já tínhamos visto e descobrimos que eu conhecia muito do seu país! Fiquei orgulhosa de mim! (Puxa, não tenho nenhuma foto do momento! Eu bem digo que sou tímida e ninguém acredita!
Na realidade eu tenho dificuldade em fotografar as pessoas com medo que elas não gostem! 😦 )
O nome Kilt Rock vem da associação das colunas de basalto verticais às pregas de um kilt, com cortes de pedra horizontais a formar o padrão, o tartã. Inicialmente eu pensava que era a catarata que era associada à saia, mas depois percebi que, embora ela possa ajudar, é a falésia que provoca o nome!
Estava a chegar ao ponto que eu queria explorar devidamente.
Ok, “devidamente” mas sem caminhada, que terá de ficar para uma próxima vez, (quem sabe quando eu voltar para ir até ao Old Man of Storr), mas com uma estrada magnífica para fazer!
Fosse ela mais longa que eu a percorrê-la-ia repetidas vezes na mesma!
Chega-se a Quiraing, anda-se por ali um pouco, as casinhas são encantadoras, fazem-se algumas fotos lindas, que mais parecem tiradas de um livro de encantar. Ok, alguns desenhos também, que aquelas casinhas têm de fazer parte da minha coleção de “desenhos de casas lindas de todos os países que visitei”!
E… a montanha me espanta, de novo, logo a seguir!
“A sensação de voltar a um sítio que me encantou é aquela que nos faz sentir conhecedores dos encantos que nos cativaram, de fazer caminhos que já percorremos e seguir por aqueles que nos chamaram a atenção mas não pudémos ver, porque o encanto estava por todo o lado e havia que fazer escolhas.
Passear por Quiraing até ao cume Trotternish foi atravessar o coração de Skye, cheio de silêncio e deslumbramento, como se nada nem ninguém conseguisse nunca perturbar toda aquela imensa paz! As vezes que eu parei, apenas para olhar, apenas para estar? As vezes que eu parei para fotografar, desenhar… fui e voltei, de um lado da ilha até ao outro e a cada perspetiva novos encantos se revelaram… um pouco do meu coração ficou ali, para sempre!”
(in “Passeando pela vida” – a Página)
E apenas o silêncio é digno de acompanhar tal paisagem! Acho que esse silêncio se pode sentir mesmo nas fotos…
Havia gente por ali, muitas pessoas param os carros e vão caminhar até ao cume, mas a montanha apenas tudo silencia e nada mais se ouve para além do leve som do vento….
Parei, desenhei, fotografei, segui até ao outro lado da ilha…
e voltei pelo mesmo caminho, só para ver tudo de outro ângulo!
Eu tive vontade de caminhar por aquela montanha com todos os caminhantes que ali se reuniam, e seguiam e… mas eu não podia!
Como conseguira depois continuar a conduzir com as pernas doridas? Para o fazer tenho de ficar tempo suficiente por lá depois, para recuperar do desgaste da caminhada, por solos íngremes e difíceis…
Não faz mal, eu vou voltar e vou escalar aquilo! Assim a vida mo permita!
E segui para Quiraing, para continuar as minhas explorações deslumbrantes!
Oh, aquela estrada é linda….
Pelo caminho, alem do milhão de fotos que fui tirando, ainda pude acrescentar mais uma ovelha ou uma vaca à minha coleção de animais desenhados em viagem!
Os bichos naquele país são uns atrevidos, não têm qualquer medo do ser humano e ficam assim, pasmados a olhar! E eu aproveito-me do seu ar de espanto para os desenhar!
E no meio de lado nenhum… há uma cabine telefónica! Não é espantoso?
De regresso ao ponto de partida, com o mar em baias encantadoras em Quiraing…. As pessoas olham para mim com curiosidade!
Eu sorrio e solto um “hello”, recebo logo um sorriso como resposta, acompanhado com um aceno de mão. As pessoas simples são iguais em todos os países!
(continua)
Dia recheado de beleza!
Obrigada!! 🙂
Promessa cumprida. Aqui me tens com a escrita em dia e com os olhos um pouco embaralhados com tanta cor verde, para quem acaba de chegar de Marrocos.
Adorei a tua última frase porque é a expressão pura da verdade.
Olá
Acompanhei as tuas “cominicações” e agora vou acompanhando as tua cronica!
Realmente o contraste de cores é fanta´stico, verde foi o que não me faltou! 😉
beijucas mil
sim muito bonito……
vais ter de comprar para próxima quando lá voltares umas BOTAS de MONTANHA… eu ofereço tas… 😉
Às vezes faziam mesmo jeito!
Mas mesmo com as minhas botinhas de passear pelo quintal eu caminho mais e melhor que muita gente toda apetrechada!
😀