22. Passeando por caminhos Celtas – ainda a bela Ilha de Skye…

14 de agosto de 2014 – continuando

A estrada fica perto do limite da terra e do início do mar e recorta-se em falésias impressionantes que a gente pode ver enquanto conduz calmamente. Mas eu queria chegar até perto do mar, ver os limites da terra junto da ponta dos meus pés, por isso procurei no meu GPS onde estava uma ruela que me levasse até lá.

Não faltam por ali ruelas, mas que não vão a lado nenhum, para além das casitas das pessoas, no meio da planície. Era preciso escolher uma que fosse para mais longe da rua principal e para mais perto da falésia.

Lá estava ela, estreita e a perder-se de vista pelo meio dos campos, e o que me esperava era tão lindo quanto eu suspeitara e a sensação muito mais espantosa do que sonhara…

Só o silêncio era música de fundo apropriada para aquele momento…

Sentei-me na berma do precipício agradecendo o facto de não ter vertigens e perdi-me em momentos de puro prazer para os sentidos…

Muito tempo depois voltei para a moto, podia vê-la à minha espera, depois de um terreno “minado” com buracos de patas de vaca, que formavam poças de água e ficavam escondidos por baixo da relva espeça e onde eu ia enfiando os pés, a todo o momento…

E o caminho continuava contornando a ilha, cheio de beleza.

Voltei a sair da estrada mais comum, onde anda toda a gente que visita a ilha, para seguir por ruelas encantadoras e estreitinhas, mais à frente, ali, onde a ilha se recorta e retorce para uma enorme saliência e direção a norte de novo!

Havia miúdos na rua que me fizeram uma festa ao passar, e havia casinhas com telhados de colmo e o mar ali à beira, com terra do outro lado…

Havia vacas no pasto e eu pousei a moto para ir por ali abaixo!

mas as vaquinhas não eram das peludas, não tinham graça… voltei a parar vezes sem conta por causa delas até as encontrar!

The Two Churches Walk aparece na berma da ruínha.

Um percurso aconselhado que leva de uma igreja até outra passando pelos cemitérios inspiradores… mais cemitérios! Eu continuava o meu percurso de rato de cemitério?

Mas não fiz a caminhada, apenas visitei aquele cemitério e a St Mary’s Church porque me fascina sendo o lugar de enterro do clã MacLeod.

O cemitério em seu redor é espantoso (para mim) com a relva fofa por todo o lado e as tumbas espalhadas de forma alectória, pelo menos aparentemente, já que não se percebe nenhuma ordem ou vestígio de enfileiramento.

E lá estava a igreja dos MacLeod! Puxa, que sensação!

E estava a cruz celta também…

Havia outras cá fora.

Alguns nomes conseguem-se ler ainda e eu dediquei-me aos Mac que são mato por ali:
MacKenzies, MacSweens, MacLeans, MacDonalds, MacAskills, MacPhies, MacRailds,MacKinnons

E seguindo começava a ver o enorme Cuillin Ridge…

Eu iria vê-lo por muito tempo no meu caminho, como acontecera da ultima vez que estive na ilha, mas ainda não seria desta vez que eu iria até ele…

e então, num pasto na berma da estrada lá estava elas, a minha vaquinhas queridas!

“Um dia eu dei-me conta de que ainda não tinha visto as minhas vaquinhas adoráveis! Distraida com tudo eu nem sabia se tinha já passado por alguma, porque normalmente elas estão no meio de rebanhos de vacas “normais” e nem devia ter dado por elas. Que pena! Então, meti-me por ruelas e de repente elas estavam por todos os lados, mesmo em rebanhos só de vaquinhas peludas, todas da mesma raça. Acho mesmo que devem ser mais inteligentes que as outras, ou então, o facto de terem tanto pelo fê-las desenvolver capacidades diferentes, como não se coçarem sacudindo a cauda e sim usando a pata de trás, como os cães! Tão queridinhas, ficavam ali a olhar para mim, por entre a espessa franja, como se esperassem pela foto. Adoro-as!”

(in “Passeando pela vida” – a página)

Com um ventinho a afastar a franja a gente pode ver que têm uma carinha parecida com as outras!

Mas com a franja no lugar quase nem parecem vacas, lembram mesmo cachorros grandes! Então quando se põem a coçar as orelhas são deliciosas!

Logo a seguir estava a quietude de um caminho que ninguém faz e de uma paisagem que é de um paraíso.

“Há momentos de mar inesquecíveis na minha história, porque sempre ele me chama cá dentro, desde o dia em que eu nasci em frente a ele! O mar e o sol, o mar e as nuvens, paro na berma da rua estreita e fico a olhar. Não vem ninguém, por aquelas ruínhas estreitas parece nunca vir ninguém, o que me permite sempre abandonar a moto e descer pelos campos, andar pelo meio das vacas, aproximar-me da falésia e apreciar o momento, como se o tempo parasse e nada mais houvesse para fazer na minha vida. Momentos de paz!”

(in “Passeando pela vida” – a página)

E as ovelhas estão por todos os lados, dando um toque de branco a todo aquele verde!

E de novo o Cuillin Ridge ao fundo!

Um cadeia de montes impressionante, não tanto pela sua altura mas mais pela sua imponência e localização, sendo um dos 40 pontos das National Scenic Areas da Escócia. E é mesmo um conjunto cénico!

A minha motita ficava parada na berma de qualquer estrada enquanto eu me perdia em explorações pelos terrenos fora…

Numa próxima visita à ilha eu irei até lá, eu quero ver aquele monte de perto…

Desta vez eu estava cheia de fome e queria comer antes do sol se pôr.

Não, eu não me iria transformar em lobo ao anoitecer, nem temia que alguém se transformasse! Eu apenas queria ver um pôr-do-sol muito especial…

Por isso fui jantar ao restaurante junto da pousada de juventude, onde tinha net e tudo. A comida era muito boa, 3 mini hambúrgueres deliciosos com uma cerveja local a acompanhar!

Gostei do aspeto do prato, uma rodela em ardósia, muito bem arranjadinho !

E segui para o Eilean Donan Castle, que eu não podia perder aquele dia lindo, que tanto desejara e por que tanto suspirara!

“A hora estava a chegar e o Eilean Donan Castle ficava a pouco mais de 15 milhas do meu hostel em Skye, por isso fui para lá. Eu sabia que não me podia dar ao luxo de desperdiçar um fim de dia tão fantástico como aquele se tornara! E o entardecer que me esperava era muito mais encantador do que eu pudera desejar, porque o céu estava cheio de nuvens translucidas, que se transformavam em rendas luminosas penduradas no céu com o sol como fundo. Nada mais me importou para além do que os meus olhos viam e fiz vários desenhos sem nem me preocupar com quem se aproximava e olhava. Simplesmente eu não conseguia quebrar o encantamento, nem impedir-me de captar compulsivamente cada momento mágico que o sol encenava para mim, à medida que se ia indo embora…”

(in “Passeando pela vida” – a Página)

Eu queria tanto captar o que via, imortalizar aquele momento….

Da última vez que ali estive desenhei-o de fugida, encostada ao muro, da parte de fora, como quem rouba algo! Mas desta vez foi uma alegria!

Rapei do meu livrinho, dos pinceis e das canetas e desenhei sobre a moto um pouco do que via…

E o sol reservara-me os cenários que eu tanto queria encontrar! Uma das razões porque eu decidira ficar 3 noites da Ilha de Skye era para ter mais probabilidades de encontrar um belo pôr-do-sol no castelo e ele não me fez esperar!

Eu não tinha a certeza se queria visitar o castelo por dentro! Ele está sempre cheio de gente e se eu o visitasse seria apenas para poder atravessar a ponte e chegar perto da construção! Então tive uma surpresa, depois de encerrarem as visitas a ponte está aberta e a gente pode ir até à ilhota, passear em torno do castelo e tirar as fotos que quiser! WhoW!

Era tudo o que eu queria!

Deu tempo para desenhar em técnicas diferentes e tudo!

Porque tudo ali é inspirador!

Demorei todo o tempo do mundo a atravessar aquela ponte, com a máquina ao peito e sempre parando para desenhar ou fotografar!

O sol completava o quadro e criava novos enquadramentos a cada minuto que passava, no seu caminho para o crepúsculo! Que coisa linda!

Uns espanhóis usando kilt fotografavam-se em todos os cantos e esquinas.

Andei por ali a passear um pouco, a luminosidade do sol poente era extraordinária e proporcionava enquadramentos muito bonitos!

E voltava ao castelo…

com o sol já no seu ocaso…

Segui para Skye quase contrariada! O quanto me custou deixar aquele entardecer perfeito! Ao longe eu via a ponte de Skye e parei para a fotografar…

Parei quantas vezes?

Há momentos que eu queria que fossem, senão eternos, muito duradoiros! Eu queria ficar ali por muito tempo, por muitos desenhos, por muitos momentos de paz! Eu queria …

“Momentos de paz, era tudo o que eu procurava nesta viagem, e encontrei verdadeiros momentos de encantamento! Sonhos que se realizam, sem pressas, sem lamentos, sem ansiedade, porque o que não vir não me fará falta, se eu viver bem o que vou conseguindo ver! A Ilha de Skye ficará para sempre gravada nas minhas memórias de viagem!”

(in “Passeando pela vida” – a Página)

E foi o fim do 17º de viagem….

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