25 de agosto de 2014
O dia estava uma tristeza tão grande que me apeteceu voltar para a cama, assim que pus o olho na janela! Estava mesmo a ver que aquele seria o dia mais curto daquela viagem, se chovesse daquela maneira por todo o sul do país.
E assim seria, pude vê-lo na televisão ao pequeno-almoço.
A chuva nunca me perturba em tempo de trabalho, basta vestir o fato de chuva e sair e tudo está bem! Mas em viagem é ruim! A sensação de que estou a perder a oportunidade de ver mais um pouco faz-me ficar mesmo triste…
“O tempo está uma bosta tão grande que nem dá para tirar a máquina do bolso! Ainda bem que aproveitei os últimos dias de sol, uma coisa que esta vida de viagem me ensinou, nunca desperdiçar um solzinho contando que ele dure!
Mas que é uma chatice isso é, nada a fazer!
Já vi que os meus planos para catar o sul da ilha terão de ficar para outra vez, hoje so me resta correr até lá e esperar que o tempo melhore…”
Comecei a descer o país e… as coisas estavam cada vez mais tristes e deprimentes! Não valeria a pena ir a lado nenhum pois nada veria! Ainda passei no castelo de Kent, mas apenas entrei na propriedade e voltei a sair, sem nem sequer desmontar…
E fui para Margate… uma terra de praia que eu queria ver e onde dormiria naquela noite, antes de seguir para Dover e fazer a travessia.
Cheguei tão cedo ao hostel que temi que não me deixassem entrar. Eu acho que nunca cheguei tão cedo a um sítio para dormir, ainda nem eram 4.00 horas da tarde! Estava gelada, por fora e por dentro, só me apetecia ficar quieta no meu canto, e que esse canto não fosse na paragem de um autocarro qualquer!
E não foi!
No hostel a senhora recebeu-me cheia de carinho e preocupação! Levou-me até ao meu quarto, que era lindo e quente, e convidou-me a descer para um chá, assim que estivesse mais confortável. Ligou-me o aquecedor e trouxe-me mais toalhas pois eu tinha o cabelo molhado.
Eu adoro aquela gente!
Tomei um banho quente, outro naquele dia, e instalei-me. A máquina fotográfica estava tão húmida que a lente estava embaciada, por isso peguei num dos meus livrinhos e desenhei o meu quarto!
Com tanta humidade nem me apeteceu usar aguarelas, nem valia a pena pôr mais água na história!
Peguei no computador e desci, com vontade de desenhar o mundo! Sentia-me presa com tanta coisa bonita para ver lá fora!
A senhora era uma simpatía, acho que percebeu a minha frustração e encheu-me de mimos e comida. Estivemos no paleio por muito tempo, enquanto eu tomava um delicioso chá quente, acompanhado de uma série de coisas boas que ela me foi trazendo. Lembrei-me que, com toda aquela chuva, eu nem almoçara, logo aquele lanche veio mesmo a calhar!
Fui sarrabiscando um pouco o que me rodeava…
Até que o céu aliviou um pouco. Eu iria arriscar e sair um bocadinho, desenhar a rua, sei lá!
Não fui muito longe, saí a porta e atravessei para o outro lado, onde havia uma paragem. Um sítio ótimo para desenhar a fileira de casas onde ficava o hostel.
Desci depois a rua.
Levava a minha caneta de tinta à prova de água, não fosse a humidade borrar-me os desenhos. A caneta sépia borraria tudo facilmente com qualquer pinga que caísse, ou apenas com a humidade das mãos! E desenhei o cruzamento mais famoso la do lugar!
Mas foi “sol de pouca dura”, logo a seguir a chuva voltou com toda a força e eu fui a correr refugiar-me no “colinho” da minha benfeitora, que me deu um jantar decente e quente, e aquele dia ficou por ali… sem quase nada ver! Paciência!
E foi o fim do dia mais curto da viagem, o 28º… 😦