21 de agosto de 2017
No dia seguinte tudo parecia muito mais animador.
Eu imaginara que o dia ainda seria muito longo por ali, mas vira no GPS que afinal o pôr-do-sol não seria mais tarde do que noutro lado qualquer. Mas essa pequena desilusão foi rapidamente compensada pela hora do nascer-do-sol! Afinal anoitecia cedo mas amanheceria ceadíssimo!
Com sol ou sem ele, seria dia às 3.31 horas da madrugada!
“Uma curiosidade que eu tinha era de ver como era a noite lá em cima, no topo da Europa. Eu sabia que no momento em que lá chegasse haveria noite e não poderia experimentar a sensação de ter dia a noite toda. O tempo encoberto não deixaria ver o sol, mas como o GPS dizia que amanhecia às 3.31h, acordei cedo e fui ver. A sensação foi única! Uma luminosidade que dava a sensação de serem 7 ou 8 horas da manhã e no entanto eram apenas 3.45h… Não havia sol, mas havia dia muito cedo! momento mágico mesmo assim…”
(in Passeando pela vida – a página)
E bem antes do pequeno almoço eu já andava a explorar em redor, maravilhando-me com uma luminosidade que me baralhava as ideias! Havia renas a pastar por todo o lado e a paisagem era apenas minha!
Que outro maluco se levantaria da cama àquela hora para ir passear ao frio só para sentir o dia nascer?
Só eu e as Renas mesmo!
E mesmo depois das minhas explorações em redor, quando voltei ao hostel para o pequeno almoço era quase a única pessoa na sala. Eu nunca dispenso um bom pequeno almoço, preciso muito de toda a energia que ele me possa dar para começar o meu dia.
Despedi-me da rececionista, que me vira chegar tão tremula no dia anterior e parecia divertida com a minha transformação e energia matinal, e da sua rena na receção e fui embora cantarolando.
Eu tinha um pequeno trajeto de 33km para fazer até ao ponto mais a norte da Europa!
Esperavam-me as paisagens mais serenas e deslumbrantes, pela sua diferença do que vira até ali…
“Quanta beleza poderá haver no nada? Tanta e tão grande quanto a paz que é percorre-lo! E a vontade é de ir e voltar, parar e ficar, vivendo um momento único que se apodera completamente de mim. Havia Renas a pastar ao longe e mais nada para fazer senão guardar todo aquele encanto na caixinha da minha memória, onde as coisas mais extraordinárias permanecerão para lá de todas as viagens!”
(in Passeando pela vida – a página)
Há quem viva por ali, em localidades pequenas de casinhas dispersas como em Kirkeporten
e há Renas por todos os lados!
Confesso que me sentia observada!
Eu, o silêncio e a minha moto, nada mais!
Quando cheguei à placa de Nordkapp um casal de italianos tentava fotografar-se junto dela, mas não conseguiam ficar os três na foto, claro. Então aproveitamos a presença uns dos outros para nos fotografarmos, num momento único!
As Renas estavam tão perto de mim que quase as podia tocar!
E lá estava mais uma branquinha!
Se ver uma dá sorte, ver 2 deveria dar muita mais sorte ainda, não?
Três, então, seria sorte suficiente para ganhar o Euro-milhões?
A seguir era o fim da terra em falésias inspiradoras que o tempo meio encoberto deixava revelar de uma forma bastante misteriosa.
E lá estava, ao fundo, o Nordkap Globus…
Fui-me aproximando lentamente.
Estava um vento forte e gélido, na verdade estava mesmo um frio infernal, e eu nem o capacete tirei.
havia pouca gente por ali, a suficiente para eu pedir que me tirassem uma foto, armada em RoboCop.
Logo ao lado fica o monumento Barn av jorden – Crianças do mundo
O monumento foi iniciado em 1988, quando o autor, Simon Flem Devold – (um ativista norueguês pelos direitos das crianças), selecionou aleatoriamente sete crianças de sete países – Tanzânia, Brasil, EUA, Japão, Tailândia, Itália e Rússia – para visitarem o Cabo Norte e sonharem com a “Paz na Terra”
Durante a sua visita de sete dias, cada uma das crianças, de 8 a 12 anos, fez um relevo em argila simbolizando a amizade, a esperança, a alegria e o trabalho em conjunto. No ano seguinte os relevos foram ampliados em bronze e erguidos em semicírculo.
A escultura “Mãe e Filho”, da escultora Eva Rybakken, aponta para os sete discos gigantes.
A história está narrada num 8º disco, perto.
Do edifício de Kystradar Magerøy as perspetivas para o exterior…
E na parede podia-se ver um anoitecer em tempo de sol da meia noite… lindo!
Como eu gostava de o poder ver um dia…
Quando voltei para a moto começavam a chegar mais pessoas.
E um casal se aproximou metendo conversa comigo! A senhora era portuguesa, casada com um alemão, e estavam à minha espera pois tinham reconhecido a matricula da minha moto como portuguesa e queriam ver que eu era.
Um momento de conversa animada que culminou com uma sessão de fotos.
Não havia mais moto nenhuma para além da minha e da do casal italiano
Eu tinha de registar aquele momento antes de ir embora…
E a partir dali a minha viagem chamar-se-ia regresso…
(continua)
Vou seguindo esta viagem com atenção.
Há momentos que me encolho com o frio e há momentos em que me apetece sentar-me na berma da estrada e ficar só a olhar para o que a (me) rodeia…
Obrigada!
Excelente comentário 😉
Tenho seguido esta viagem e outras… que cada vez me fazem sonhar mais alto!
Aos poucos, vou-os realizando…
Obrigado pela partilha!!!
Obrigada pela companhia! 😉
Gracinda Ramos, boa tarde.
Não sei se o meu comentário anterior foi enviado ou não (enviei poucos minutos atrás).
Mas era um desafio/pedido, sabendo que não gosta de viajar acompanhada, mas eu e um amigo gostávamos de a desafiar para um pequeno passei que era fazer a N2 de Chaves a Faro consigo.
O meu amigo viajará numa BMW 1200 GS e eu numa Honda 1300.
Seria só dizer-nos datas possíveis, poderemos encontrar-nos antes para conversarmos e seria uma honra para nós.
Temos os dois uma enorme admiração por si.
Cumprimentos
Boa tarde
Não tenho notificação de nenhuma mensagem anterior, provavelmente não entrou!
Quanto à N2, fico surpreendida com a vontade de a fazerem comigo! É um percurso muito interessante que não me importo de voltar a fazer, o único problema de momento é a falta de tempo e t€mpo, mas pode-se pensar nisso para quando o tempo estiver mais quentinho e as coisas estiverem melhor aqui pelo meu lado! 😉
Obrigada pela simpatia, vamos manter-nos em contacto
Obrigado.
Deixe-me dizer-lhe que estamos a pensar em cinco dias para podermos apreciar em pormenor todo o percurso.
A partida seria em Chaves e o meu amigo Luís encarrega-se de fazer a marcação dos hotéis, sendo que a sua estadia ficará por nossa conta.
Cumprimentos
Já é a 3ª vez que venho ler este relato do caminho até ao Norkapp 🙂
Sabe bem recordar, até para quem viaja virtualmente 😉