22 de agosto de 2017
Embora eu goste muito do Natal e de todas as tradições a ele ligadas, visitar a terra do pai natal não era um sonho meu, na realidade eu nem sabia muito bem o que iria encontrar, mas fui até lá, claro! E o que me fascinou foi encontrar aquilo tudo vazio, sem turistas nem visitantes, apenas eu passeando por ali.
Gostei de caminhar sobre a linha do Circulo Polar Ártico, pousar as minhas rodas sobre ela e fazer uma pilha de fotos
Na realidade esse foi o ponto alto da visita ao local, mais do que todas as atrações que ele pode oferecer.
Então, andava por ali toda animada a explorar, quando uma velhota pequenina se acercou de mim. Eu vira-a sozinha e percebera que me observava, mas achava que se devia ter afastado de algum grupo. Mas não, andava sozinha e vinha de muito mais longe do que eu, vinha da Austrália!
“Registos de viagem – 10
Mulheres sozinhas a passear é outro nível! 😉
Encontrei esta avozinha australiana, que anda a passear pela Europa sozinha! Dizia ela que se estivesse à espera de companhia morreria sem ver o que queria! Grande abraço na despedida, com muitas fotos comigo e a minha moto, para mostrar aos filhos e netos que as mulheres na Europa são grandes e corajosas! Adorei!”
(in Facebook)
Eu fiquei tão maravilhada com ela como ela comigo! Acho que a minha dimensão a impressionou, na realidade eu parecia uma gigante perto dela! Quis-me tirar uma foto para levar e mostrar à família e amigas, mas que apanhou mais chão do que paisagem! eheheheheh
Tomamos um café juntas e contou-me a sua história, a mãe falecera e dissera-lhe para usar o dinheiro que lhe deixava para realizar o seu sonho de viajar até à Europa. Ela tentara convencer uns e outros para irem com ela, mas ninguém tivera coragem nem vontade de viajar para tão longe, então ela partira sozinha, antes que passasse tempo demais e não tivesse mais capacidade de o fazer. E lá estava ela nos seus quase 70 anos toda feliz!
Claro que tirei uma série de fotos à minha moto junto à linha que separa o nosso mundo do Polo Norte, como eu dizia!
A minha motita minúscula junto de uma linha!
Uma coisa que eu aprendi em viagem é que, onde há turistas há moedinhas em qualquer laguito ou poça de água e cadeados nas pontes, onde há motards há autocolantes nas tabuletas…
É uma sensação curiosa estar em agosto a passear num local onde é sempre Natal…
e onde o comércio está sempre a condizer coma época, mesmo fora de época!
E a verdadeira cidade do Pai Natal é um recinto onde se paga para visitar, como a Disneyland ou algo do género. Por isso nunca me despertou o interesse e por isso nunca fiz questão de visitar!
Eu gosto do Natal natural, quando os enfeites se acumulam pelas ruas, de lojas e casas, gosto do espírito e do nada que é passear e viver. Não aprecio encenações brilhantes, com meninas e duendes a tentar animar o ambiente com toda a alegria forçada que estes parques conseguem ter… por isso não entrei!
Apreciei o ambiente em redor, acolhedor e muito mais de acordo com o que esperava ver.
E disse adeus áquilo tudo, com os cartazes que prometiam muita diversão a não me cativarem minimamente!
Eu sabia que me esperava um caminho com muito pouco para ver, a Finlândia não é o país mais variado em termos de paisagens que se pode encontrar, por isso teria um belo dia para pensar, ouvir musica e, quem sabe, desenhar um pouco!
E aquele seria um dia meio histórico na minha vida!
“Registos de viagem – 11
Vou contar-vos um segredo…
Quando fiz as contas aos quilómetros que fiz com todas as minhas motos, conclui que, quando a Negrita completasse 58.000km, eu completaria 900.000…
Ora esse momento foi hoje!
Estou a celebrar o feito com uma cerveja que fala uma língua estrangeira, mas é fixe!
PARABÉNS para mim”
(in Facebook )
Parei em Oulu mas nada me inspirava para além de a bela cerveja e unas Riisipiirakka, as pequenas tortas de arroz que acompanham bem com tudo pois nem são doces nem amargas.
Nem me tentei misturar com o povo, estava muito movimento nas ruas e eu já não estava habituada a tal!
E as ideias fluem quando se conduz por horas sem mais nada para fazer, por vezes sistematizam-se experiências de uma forma tão lógica que vale a pena comunica-las ao mundo! Escrevia eu a dada altura:
“Registos de viagem – 12
6 vantagens e 1 desvantagem de se viajar de moto com frio:
1. A cerveja nunca fica quente, mesmo quando guardada por horas na top-case!
2. Nunca temos dúvidas sobre o que vestir: tudo!
3. Não faz mal estar-se gordo, ninguém vai notar com toda a roupa vestida.
4. Ninguém nos vai achar loucos, feios ou gordos, afinal todos os motociclistas na estrada se parecem connosco!
5. Há sempre espaço na moto para mais comida, a roupa está toda vestida por isso libertou espaço.
6. Não há problema se chover, afinal o fato de chuva também está vestido desde manhã para ajudar a combater o frio!
A desvantagem…
Que não haja necessidade urgente de ir ao WC… com toda a roupa vestida será um desastre!!!”
(in Facebook)
Claro que faltou ali um último ponto que pude experimentar dias antes!
7. Em caso de queda toda a roupa vestida nos protege, qual hair-bag à nossa medida!
E se os nomes das terras, até ali, eram curiosos por vezes, ali eram curiosos sempre!
E a Finlândia é um país encantado, feito de lagos que se sucedem como pocinhas de água por todos os lados. Alguns tão inspiradores que é preciso parar para olhar, mesmo não havendo nem um recanto na estrada para o fazer!
Outros têm belezas quase invisíveis para quem passa correndo para o seu destino.
E a sensação, por vezes, era de que a seguir à berma da estrada ficava o céu e infinito, quando a agua vinha até ela e reflectia o céu, como um espelho perfeito!
E assim cheguei a Helsínquia… cheia de vontade de continuar a explorar o sul do país!
Muito bom! Excelentes fotos!
Republicou isto em Revista Humana.Mente.