10. Passeando pelos Balcãs… – San Marino, Imola, Bled

6 de agosto de 2013

Este foi um dia para percorrer mais uma grande distância. Queria ver uma ou duas coisas por ali perto mas o destino era outro país.

San Marino era uma daquelas terras que eu queria visitar. Sempre me despertou a curiosidade conhecer um dos países mais pequenos do mundo!

Dizem que é o 5º mais pequeno do mundo com apenas 61 km² de área e o 3º mais pequeno da Europa, depois do Vaticano com 0,44 km², e do Mónaco com 1,95 km²!

Adorei a designação completa de San Marino: Serenissima Repubblica di San Marino! E na realidade é mesmo sereníssima! Um enclave que é como uma ilha rodeada por Itália, é a população mais pequenita do Concelho da Europa! Olha-se de longe e vê-se o penhasco em que fica empoleirada e apetece mesmo lá ir!

Não se pode circular pelas ruas ingremes que sobem a encosta do monte, mas pode-se ir até bem perto e depois não custa nada caminhar por ali acima e por ali abaixo! As pessoas são simpáticas e, aquela hora da manhã, quando lá andei, não estava ainda inundada de turistas, por isso foi um passeio pelo topo do morro, que sobressai na imensa planície em paisagens deslumbrantes! Um elevado recanto encantador!

A ignorância é grande e eu não conseguia entender onde poderia estar o circuito de San Marino!

Aquilo é tudo tão justinho e ingreme que não caberia ali um circuito de Formula 1!

Claro que me pus a imaginar como seria uma alucinação uma corrida de moto por aquelas ruelas, um espanto, seguramente!

Lá de cima pode-se ver um mar que rodeia o penhasco, mas um mar de casas e paisagem, como se San Marino fosse uma ilha rodeada de Itália por todos os lados!

Ali ao lado fica o posto de turismo, onde perguntei onde ficava o autódromo onde se realiza o Grande Prêmio de San Marino. Fiquei a saber que nem é ali perto sequer, como eu imaginara! Na realidade realiza-se em Imola, no autódromo de Enzo e Dino Ferrari, perto de Bolonha.

Ok, Bolonha até ficava no meu caminho, vou lá passar e ver como aquilo é!

Entretanto continuei a explorar as ruelas encantadoras.

E no meio do intrincado trajeto de ruelas estreitas chega-se à basílica, numa praça empoleirada na encosta.

A Basilica di San Marino é naturalmente dedicada a São Marino, o fundador da republica!

É neoclássica, um estilo sóbrio que me fascina, pois foi construída no séc. XIX, quando a anterior construção, muito antiga com cerca de 15 séculos, entrava em colapso!

A sensação é de que estamos a passear por uma cidade e não por um país!

As torres são 3 e serviram para defender a república de ataques dos povos vizinhos, entre eles os que vinham de onde eu vinha: Rimini!

O calor era já tanto que comecei a não querer andar muito mais! O que me valia era o meu lenço que eu molhava em todas as fontes para limpar e refrescar o rosto já febril!

Peguei na moto e pus-me a andar, ao conduzir o calor suporta-se melhor!

Queria passar em Imola, por isso no caminho passei pela terra de uma amiga do Facebook! Não a encontrei, mas passei perto.

O calor não me deixava sequer raciocinar, não havia ninguém na rua para eu perguntar e descobri, só depois, que era mais à frente um bocado…

Não foi desta que vi a terra da minha amiga Franca Bagnari!

Fui embora frustrada mas agradecendo o vento que a moto provocava em mim ao andar, já que não corria a menor aragem e a temperatura passava os 42º….

Mais à frente cruzei com um castelinho encantador todo em tijolo! Aquele país é cheio de surpresas!

O castelinho na realidade é considerado uma joia de entre as fortificações do séc. XV em Itália!
Chamam-lhe La Rocca di Bagnara e é lindo!

E tem um jardim com sobras deliciosas para eu parar e refrescar-me com uma deliciosa e gelada garrafa de água de um litro e meio!

Imola fica logo à frente!

Tal como eu imaginava, não faltam indicações que falam do autódromo! E lá estava ele!

Coisas de carros não são o que mais me apaixona, por isso pouco ou nada sabia do autódromo! Nem sabia que ele não era perto de San Marino!

Mas as histórias e os mitos desses locais atraem-me por isso fui juntando as que descobri por lá e as que catei naqueles dias… Afinal tratava-se do autódromo com o nome do fundador da grande marca italiana e onde morreu Ayrton Sena em 1994…

Estava tudo deserto por ali, mas podia-se andar à vontade pelas bancadas… pena não se poder ir até à pista…

Enzo, o criador da marca Ferrari, e Dino, Alfredino Ferrari, o seu filho que deu o nome a um modelo da marca, sofria de uma doença muito complicada e que o vitimou, distrofia muscular…

Na entrada principal tem uma escultura curiosa com uma série de carros que saem de dentro uns dos outros.

Pus a moto a beira e fui tirar fotografias para o meu moçoilo ver e para os meus amigos que me pediram fotos do circuito!

Fotos a acrescentar à minha pequena coleção de grandes circuitos:

Estoril – Portugal
Portimão – Portugal
Silverstone – Reio Unido
Nurburring – Alemanha
Enzo e Dino Ferrari – Italia

Não está mal para quem nem aprecia carros!

O calor estava infernal! Dei-me conta de repente de que as mãos suadas não entravam nas luvas, a roupa estava colada às costas e a moto escaldava. Era o suplício total.

Tinha de conduzir ou morreria naquele ar escaldante e parado que parecia estar a sacar toda a água do meu corpo. Se não partisse rapidamente acho que cairia para o lado inanimada!

E foi o que vi uns quilómetros à frente, quando o termómetro da minha moto oscilava entre os 42 e os 43 graus! O trânsito estava lento e em fila de pára-arranca, eu fui furando até que vi um pequeno aparato policial. Pensei que era uma operação stop, por isso deixei-me ficar muito educadamente na fila dos carros. Mas ao passar perto é que vi que não era nada disso!

Um grupo de polícias estava realmente parado na entrada de uma rotunda, mas não era operação stop nenhum! Um deles tinha simplesmente desmaiado na moto! Um frio percorreu a minha coluna!

As motos estavam paradas na berma da estrada e eles estavam em volta do colega estendido na relva da berma da estrada. Um segurava um guarda-chuva que protegia o desfalecido e os outros abanavam-no. A sua moto estava meio reclinada na rua…

Comecei a temer pela minha segurança, afinal eu tenho a tensão arterial muito baixa e aquilo não podia acontecer comigo!

Segui para a Eslovénia rezando para que o calor não me fizesse mal.

O entardecer e a montanha sossegaram o calor que me afligia tanto! Apenas olhar para a paisagem verde e cheia de sombras me refrescava a mente!

Como eu gosto daquele país!

Cheguei a Bled cheia de fome e obcecada com a comida! Eu não podia continuar a encher apenas a barriga de líquidos e arriscar-me a enfraquecer por não ter vontade de comer, porque o calor derrubar-me ia!

Fiquei ali, no meu restaurante de eleição na cidade, sobre o lago e com direito a musica ao vivo. A comida é sempre ótima e a cerveja deliciosa!

E foi o fim do 8º dia de viagem!

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5 thoughts on “10. Passeando pelos Balcãs… – San Marino, Imola, Bled

  1. A crónica está um espanto, adorei ! Realmente o calor deve ter sido um tanto ao quanto inssuportável, mas valeu por tudo o que viu e graças a isso eu tambem !!!
    Gostei de ver todas as fotos, onde saliento a Catedral ( isto até dá para escolher, que maravilha); os Ferraris pequeninos e tudo, pois há desportos que adooooro, (corridas de velocidade) Formula1 e GP Superbike !! À parte disso com as paisagens da Eslovénia não fiquei saciada, (olha esta a reclamar…), claro que não é nenhuma reclamação!) pois é em cenários daqueles que me projecto e que me vejo todos os momentos nem que eu esteja num deserto!!!
    Obrigada Gracinda por mais uma boleia que foi maravilhosa !!!

    • Obrigada!
      A Eslovénia ficou reduzida a Bled, nesta viagem, pois o calor era tanto que não consegui afastar-me da frescura do seu lago! Mas a reportagem segue hoje ainda, cheia de encanto, pois foi um dos dias lindos desta viagem!

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