24 de agosto de 2013
Depois de tudo o que me foram dizendo sobre a Roménia, de como tinham sido assaltados por lá ou como me iriam roubar a moto e vende-la às peças e tal eu, por via das dúvidas, tratei de encontrar um hostel com parque para motos!
Curiosamente ao chegar ao local não vi sinais de garagem ou outro tipo de parque privado por perto, certamente seria noutro local próximo. Perguntei na receção onde era o parque privado para as motos. “A moto, mete-se cá dentro!” exclamou o rececionista.
“Cá dentro?” Eu entrara realmente por um pátio estreito e comprido, mas a minha moto não passaria sequer o portão! “Cá dentro? – exclamei – mas ela não cabe!”
“Cabe sim, já metemos cá dentro tanta moto!”
“Pois, mas a minha não cabe, não passa sequer na porta!”
O rapaz olhava para mim incrédulo, imagino que na sua cabeça pensaria que eu devia ser uma aselha para não conseguir meter a moto onde tantos motards haviam já metido as suas!
“Onde está a moto?” – quis saber ele como quem vai tirar as teimas e mostrar-me que eu estava enganada. Espreitou pela janela e viu a minha Ninfa bem de cima, acho que a perspetiva dali a tornou ainda mais imponente.
“Ah, não cabe não!” – exclamou espantado!
Claro que não cabia eu sei muito bem a moto que tenho! E ficou ali a olhar para a moto de boca aberta e olhos arregalados. “E veio até aqui sozinha numa moto tão grande?”
Então chegou-se o responsável pelo lugar para espreitar para a moto também.
“ Não há qualquer problema, a moto pode ficar na rua sem que corra perigo!” – disse ele.
“Olha que eu tenho de ter moto para voltar para casa!” – exclamei eu, ao mesmo tempo que pensava em todas as pessoas que me avisaram para nunca deixar a moto na rua pois acordaria sem ela!
A moto ficou na rua sim, mesmo por baixo da minha janela, e ninguém lhe tocou, nem naquela noite nem na seguinte…
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De manhã eu só queria passear pelo país!
O tempo estava a mudar, já não estava tanto calor e o céu ameaçava encher-se de nuvens a todo o momento! Mas nada me impediria de ir dar uma bela volta de reconhecimento do local!
O país é grande e com clima variado, sai-se debaixo das nuvens e lá está o sol aberto de novo!
Só encontrei ruas limpas e paisagens bonitas! Será que o feio se afastou todo de mim?
Oh as igrejas! Coisas lindas e diferentes onde ninguém me impedia de entrar ou fotografar!
Achei um piadão àquelas torres torcidas!
As pessoas pareciam honradas pela minha visita, sorriam e faziam sinal para eu visitar à vontade!
Os símbolos religiosos deles são muito bonitos, peças de madeira muito bem trabalhadas, como totems!
Cheguei a Câmpina e encontrei outro santuário!
Eu não conseguia resistir a visitar aqueles santuários lindíssimos revestidos de pinturas extraordinárias!
A forma como tudo é pintado em cores vivas contando histórias, faz de cada local religioso um autêntico livro de histórias!
Depois a ruas são boas e, frequentemente, não têm passeios! Em vez disso têm as valetas relvadas com pontesinhas de cimento ou pedra nas passagens para as casas, que nunca têm a porta da entrada direta para a rua!
E as casinhas são mesmo diferentes, frequentemente com telhados de metal, recortados e trabalhados! Por vezes as construções parecem mesmo grandes casas de brincar, de tão queridinhas que são!
Cheguei a Sinaia, onde havia 2 ou 3 coisas que eu queria ver. As pessoas foram muito convincentes ao indicarem-me mais um mosteiro, o Mosteiro de Sinaia, como “a não perder”!
Na realidade há uma igreja nova e uma igreja velha ali, num mosteiro onde vive um grupo de 13 monges.
A igreja nova é do séc. XIX e é muito bonita!
É uma arquitetura diferente da que estamos habituados, olhe-se para aquelas colunas lindíssimas, todas trabalhadas que até parecem bordadas!
Lá estavam os fieis em filinha para rezarem ao seu santo predileto! E beijam-no, e tocam-lhe, e voltam beijar a imagem e as mãos, e por ali ficavamm neste ritual de beija e toca!
Sai-se da igreja e em frente, depois de uma passagem que atravessa o edifício, encontra-se a igreja velha, do séc. XVII.
Não posso deixar de admirar as pessoas que viajam de mochila às costas e catam tudo!
E era tão bonita! Fazia lembrar as igrejas dos mosteiros de Meteora!
Tudo era encantador naquela igreja!
Pormenores de encanto …
E as casinhas em redor? Eram um encanto, pareciam de brincar, por todo o lado!
Ali ao lado sobe-se ao monte até à Cota 1400
E lá de cima via-se toda a redondeza! O castelo de Bran fica ali para a frente uns quilómetros!
A rua que eu estava a fazer andava por todos os lados! Mais uma que, se fosse na Suiça ou na Itália, teria o nome de Col de qualquer coisa e uma tabuleta em cada curva a contabilizar quantas curvas há para fazer!
Fui até ao castelo de Peles.
Chega-se a um parque lindíssimo, com construções extraordinárias e o castelo fica ali dentro, um pouco mais à frente!
Ali há cafés e lojinhas de recordações e gente simpática que ficou a olhar para mim, como se eu fosse um ET que chegou! Nada que um sorriso e um ar simpático não quebrasse!
Ali fiz amizade com um grupo de motards que não conseguia disfarçar o espanto por me ver!
Estavam todos em motos de pista e a minha Ninfa parecia um autocarro perto das deles! Acho que eles não acreditaram muito que eu vinha de tão longe sozinha, alguns estavam sempre a olhar em volta e a perguntar se os meus amigos não viriam mesmo ali ter!
Com a conversa acabei por demorar muito tempo e optar por não visitar o castelo decidindo ir visitar antes o castelo de Bran… o que acabou por não ser a melhor escolha…
Afinal o Castelul Peles é aquele encanto que só se encontra em filmes e histórias de fadas e princesas! Dizem que é um dos mais belos castelos da Europa, eu acho-o um encanto! É um castelo “recente”, romântico lá pelos finais do séc. XIX e ali viveu o rei Carol I, o fundador da moderna Roménia.
Estava muita gente por ali em visita quer ao castelo quer ao parque.. e eu vou ter de lá voltar para o visitar por dentro!
Toda a envolvência é linda, com construções tão encantadoras como ele e gente simpática. Tinha pousado a moto num sítio ingreme e, quando ia sair, ela não recuava, pois enfiou a roda traseira numa reentrância provocada pelo ralo da água. Toda a gente ficou a olhar sem saber o que fazer, então veio um segurança e empurrou-me para trás, fazendo pressão na frente da moto! Agradeci-lhe tanto, ele apenas fez um gesto de adeus “you’re welcome!” respondeu com um largo sorriso! Toda a gente ficou satisfeita por eu sair sã e salva do “buraco”. As pessoas acenaram-me adeus quando parti!
Toda a zona estava cheia de gente e era compreensível, afinal tudo é lindo por ali, com castelinhos e construções lindas a espreitar aqui e ali!
Havia polícia por todos os lados a organizar o trânsito, agentes simpáticos que não prejudicavam as motos, embora os motards romenos (os que encontrei pelo menos por ali) não fossem muito aventureiros, e seguiam ordeiramente na fila dos carros! Eu não me contive a maior parte das vezes e fui furando e ninguém me impediu de o fazer!
(continua)
Adorei!
Aguardo a continuação! 🙂
Roménia linda. Adorei a parte dos santuários, dignos da melhor montra europeia. Venha mais…