29 de agosto de 2013
Mais um passo longo na minha viagem a caminho de casa! Naquele dia eu atravessaria a Suíça para ir até Genève…
Eu iria fazer estradas já tão conhecidas, algumas que já fizera no ano passado, mas mesmo assim sentia-me tão entusiasmada como se não passasse no país há tempos!
Já perdi a conta das vezes que visitei ou passei na Suíça, mas tento sempre fazer coisas diferentes, dedicar minha atenção a pormenores mais distantes e foi o que voltei a fazer este ano! E por isso, embora tenha dedicado boa parte da minha viagem do ano passado ao país, sentia-me impaciente por lá voltar…
Tracei o meu caminho no mapa e fiz-me à estrada!
Claro que tomei o caminho da montanha, embora por ali todos os caminhos sejam de montanha, mas antes ainda dei uma voltinha pela terra que me acolhera, aproveitando o sol para ter uma perspetiva diferente do que vira no dia anterior!
Com sol tudo consegue ser ainda mais encantador!
A igrejinha da aldeia parecia de brincar e até o pequeno cemitério ao lado parecia mais um jardim de bonecas…
As tabuletas a receber os motards estão por ali!
E seguindo a ruínha de montanha o deslumbramento começa logo a seguir, por paisagens que no dia anterior estavam meio encobertas pelas nuvens, mas que com sol eram um encanto!
Oh a vaquinha!
É sabido que eu stresso com vacas, sobretudo quando elas se põem a olhar para mim fixamente!
Mas perece que por ali é a terra das vacas! Estava em Silz, onde as pistas de ski estão por todos os lado e as vacas parecem ser rainhas!
Pelo menos elas estão por todos os lados também e em todas as cores!
Depois é a descida, com paisagens de cortar a respiração!
Os sinais que eu esperava começaram a aparecer no chão! Oh, aquele CH tornou-me impaciente!
Estava a entrar no Liechtenstein, o 4º país mais pequeno da Europa depois do Vaticano, do Mónaco e de San Marino! Cheguei à conclusão que, dos 10 países menores da Europa só me falta visitar Malta, Chipre e o Kososvo! E qualquer um deles está na minha mira faz tempo…
Entra-se no Liechtenstein como se fosse na Suíça e tem-se a sensação de que o país é o mesmo o tempo todo!
Eu já lá tinha estado, sempre na paz e sossego de um ambiente sereno, mas, desta vez, Vaduz estava cheio de turistas, de arranca-e-pára e de obras e sei lá mais o quê!
Ainda fui até perto do castelo, que ainda não visitei, mas estava tudo sob controle, com direito a estacionar a moto longe e caminhar para caramba para a visita. Não me apeteceu nada, por isso dei meia volta e pus-me a andar!
Deixei Vaduz para trás com toda a confusão e segui para Blazers, uma cidadezinha com um castelinho no topo de uma colina, porque o Liechtensterin não é só Vaduz!
„No sul de Liechtenstein fica a vila de Balzers, com o seu castelinho medieval do séc. XII empoleirado numa pequena colina que sobressai do longo vale que segue até Vaduz. O castelo de Gutenberg esteve em ruinas por muitos séculos até que foi restaurado no início do século passado e desde então permanece lindo e imponente, do alto do seu morro. O principado é muito pequeno, apenas com 160km², e habituamo-nos à ideia que se reduz apenas à sua capital, mas há outras vilazinhas e aldeias por ali, naquele que é um dos países mais ricos do mundo! Cada vez que atravesso o país fico com a sensação de que não sai da Suíça, ou que ainda estou na Áustria, de tão pequeno que é e tão parecido com os países que o rodeiam. Ainda não lhe descobri todos os recantos e encantos, que são alguns, dado que os Alpes estão por todos os lados e as paisagens são deslumbrantes em seu redor!“
Quem o vê ali em cima não imagina que está tão perto da rua e das casas, que o têm como paisagens privilegiada!
A igrejinha é logo ao lado, com uma torre sugestiva!
Estive por ali sentada. Há momentos em que dá uma nostalgia, quando páro e me apercebo que tudo estará a chegar ao fim em poucos dias e depois a vida será como sempre foi cada vez com menos margem de manobra. Então eu tento a todo o custo captar tudo o que me rodeia, desde paisagens até emoções e sensações, porque sei que elas ficarão por muito tempo alimentado o meu imaginário em dias mais nostálgicos!
e entrei na Suíça…
Há uma série de quilómetros que eu deixara de olhar para o meu pneu da frente… eu sabia que ele estava no fim e não queria, não podia pensar muito nele ou não conseguiria conduzir direito! Eu andava a poupa-lo há tempo demais, não o queria mudar num pais desconhecido e decidira que ele teria de chegar a Genève, onde há gente que eu conheço e trata bem as minhas motitas….
E parece que as estradas conspiravam contra mim! Obras e mais obras!
Fiz um amigo que me acompanhou por boa parte do percurso!
Aproveitei que andava pelos Alpes para gastar os pneus nas bordas, só faltou andar com a moto inclinada para não gastar mais no meio! 😀
Há tabuletas muito originais por ali! Dizia aquela que eu estava a passar pela Selva!
Voltei a passar pelo Oberalppass, que é aquele que fica sempre no caminho de quem vem da Áustria e atravessa o país! Acho que o faço quase todas as vezes que vou à Suíça!
Ele vai engrenar no Furkapass, ao fundo do vale, mas no meio há uma saida para um outro passo que eu não fazia há alguns anos….
o Gottardpass!
“ No ano passado, ao passear pela Suíça, não passei no Gotthardpass, mas falei nele como um dos Passos de montanha do meu coração e várias pessoas perguntaram porquê! Pois bem, porque é lindo, é antigo e o pavimento em paralelo! Não se corre por ali, desenha-se um bailado exigente, entre a condução equilibrada e segura e o movimento de rins! Ao lado está a nova estrada alcatroada, que permite fazer o caminho rapidamente e, sobretudo, permite ver toda a beleza do Passo. Passear por ali é sempre um prazer!”
E lá estava ele, lindo, serpenteante e a pedir para ser trilhado!
O GPS mostrava o seu desenho e era muito criativo!
Parei no topo com a mesma sensação de sempre, de que a rua andava por todo o lado! Aos anos que eu não passava ai!
Lá em cima fica a estrada nova, com vista panorâmica para o velho passo!
E comecei a descida. A meio estava uma série de motas paradas com os respetivos tripulantes em magotes por perto. Bateram-me palmas quando passei!
A dada altura olha-se para cima e a estrada desaparece em muros que são quase varandas, por ali acima!
Sim, andei ali para cima e para baixo porque da primeira descida parei tantas vezes para fotografar que voltei para fazer a coisa bem feita depois!
Quando me perguntam qual a diferença entre fazer um daqueles passos de montanha e fazer as nossas estradas cheias de curvas também… para além da quantidade de curvas alucinantes alinhadas num passo daqueles, uma das grandes diferenças é o deslumbramento da paisagem dos Alpes que é sempre exuberante!
Então voltei para trás pela estrada nova para poder apreciar o passo em toda a sua dimensão e encanto!
É sem dúvida um dos passos mais bonitos que conheço!
O topo do passo tem, como sempre, um ponto de acolhimento, o Hospice do Gotthard e o National St. Gotthard Museum
Mas eu já não visitaria mais nada, agora a minha pressa era chegar a Genève e a minha aflição… era conseguir chegar mesmo sem nenhum percalço no pneu….
E eu ainda tinha de fazer muita montanha, por isso fui aproveitando para queimar pneu nos lados!
Do Furkapass via-se o Grimselpass… como ele estava diferente este ano!
Ali ao lado a nascente do Ródano… que eu tenho de visitar numa próxima oportunidade!
E a famosa curva suspensa que carateriza o Furkapass!
A gente vai andando e vendo o que deixou para trás, estradas que sobem montanhas são visíveis de muito longe!
O Grimselpass visto cá de baixo, mais uma filinha de muros que encobre uma estrada muito interessante de fazer!
Nesta altura eu já não queria saber de mais nada senão chegar a casa…. Queria parar a moto e so voltar a pegar-lhe quando tivesse pneu novo!
E assim foi… cheguei em paz a casa, que naquele dia era em Genève!
E foi o fim do 31º dia de viagem
Fantástico!
Fotografias belíssimas!! 🙂
Estes “pass” só mesmo fazendo-os se fica com a verdadeira sensação da beleza que encerram…
Adorei fazê-los e só espero voltar até lá um dia.
Claro que voltas! Eles ficam no caminho para todo o lado, como eu costumo dizer! eheheheheh