16. Escandinávia 2017 – Passeando entre as ilhas até à bela Odense.

8 de agosto de 2017

Acordar com o grasnar de patos foi uma sensação inesperada e muito agradável, como se eles fizessem parte de um sonho de que eu acabava de acordar.

O ambiente que eu procurava, ao hospedar-me ali, era de paz e natureza, mas o que me esperava superou as espectativas.

Eu queria ver como eram as pessoas comuns e as localidades fora dos roteiros turísticos, passear sem pressas e viver dias lentos de viagem, sem correr para lado nenhum para ver coisa nenhuma. Apenas descobrir o que houvesse no meu caminho!

Por isso despenderia todo o meu dia passeando entre as duas grandes ilhas, Fyn e Sjælland.

Eu nunca vivo uma viagem esperando pelo que vem a seguir. Cada momento tem toda a importância da minha atenção e curiosidade como se fosse o ponto alto de toda a viagem!

Paro a todo o momento e aprecio cada recanto anonimo que me prende a atenção e os sentidos!

Fui percebendo que, não andando pelos sítios mais turísticos, poderia ter de percorrer longas distancias em ruas de terra batida, algumas mesmo com “jardim” ao meio!

Mesmo quando não eram visíveis, por trás dos arbustos havia casas, não importava que aspeto tivesse cada quelho!

As casas eram sempre lindinhas, mas algumas eram mesmo encantadoras!

E o mar de Kattegat era logo ali, lisinho como um lago…

Quintas e castelinhos são pequenas maravilhas retiradas de uma história de encantar

e as igrejinhas deliciosas, pintadas de branco com portais curiosos e portas e portões vermelhos que adorei e estavam por todos os lados!

Também as há em tijolo, mas a estrutura é semelhante, pelo menos quando vistas do exterior.

Todo o caminho que fui fazendo pela Sjælland, a mesma ilha onde fica a capital, era rural e cheio de beleza simples e o humor dos agricultores ia-se manifestando nas esculturas em feno nos limites das suas propriedades.

E acabei por atravessar o pedaço de mar que me separava da ilha ao lado e voltei a Fyn

e cheguei a Odense, uma das cidades mais antigas do país, que eu tinha em mente desde o tempo em que as civilizações vikings me encantaram. A origem do nome da cidade vem desse tempo, precisamente, uma reminiscência das adorações do deus nórdico Odin.

Há um encanto nas cidades dinamarquesas, como se cada uma, não importa a sua dimensão, tivesse sempre um pouco de conto de fadas. Odense é mesmo a cidade natal de Hans Christian Andersen, que tantos contos escreveu, e ao passear pelas ruas da cidade, ladeadas de casinhas térreas, pintadas de cores vivas, quase conseguia sentir a inspiração para os cenários dos seus contos. Tudo tão bonito!

(in Passeando pela vida – a página)

Ali nasceu Hans Christian Andersen e ele está representado na cidade em escultura e no jardim Lotzes, numa espécie de teatrinho a lembrar um palácio de conto de fadas, junto ao seu museu. Ao longe eu via gente a desenha-lo.

Aproveitei e fiz o meu próprio desenho.

Claro que depois fui espreitar os delas e isso deu uma boa conversa, com comentários técnicos e opiniões. Elas gostaram dos meus desenhos, eu gostei dos delas!

O centro da cidade estava em obras, mas a ruinhas em redor eram inspiradoras o suficiente para um belíssimo passeio pela cidade histórica.

O rio Asfart está por todo o lado, muito bonito e retorcendo-se pela cidade e jardins até à catedral.

A serenidade do ambiente era tão presente que apetecia ficar por ali o dia todo!

Acho que foi na Dinamarca que eu vi as miúdas mais bonitinhas. Achei curioso o pormenor de as ver frequentemente passear com o cãozinho na cesta da bicicleta, ao ponto de decidir tomar atenção para captar um! E lá estava ele a espreitar, placidamente!

Logo a seguir estava catedral de Sankt Knuds, uma construção gótica do século XV em tijolo, que valeu a pena visitar por dentro.

Sempre me fascinam construções diferentes das que estou habituada a ver e ver como foram tratadas ao longo dos séculos mostra bastante do povo que a cuidou.

Eu não conhecia o Santo Knud, por isso fui investigar e descobri que foi um rei dinamarquês do século XI, que se tornou santo, daí não ser conhecido fora do país.

O altar-mor é a coisa mais curiosa e que eu queria ver há muito, com um retábulo espantoso em talha dourada lindo!

Aquela cidade encantou-me! E a vontade era de voltar daqui a uns anos, para a ver depois de terminadas as obras no centro. Entretanto as ruinhas em redor atraiam-me bastante!

Apreciei também o facto de a cidade não estar pilhada de turistas. Fiquei com a sensação de que não será uma cidade na moda para o turismo! Mas que sei eu disso, que não frequento agencias de viagem nem sites de turismo!

Simplesmente conseguia explorar recantos lindos sem ninguém a encher tudo de ruido e selfies e isso era tão fantástico!

E o lado aldeão da cidade era tão encantador!

As pessoas cuidam do que é seu, não havia vestígios de lixo no chão e havia até quem pintasse as suas próprias janelas!

O passeio pela ilha revelar-se-ia um encanto, como eu suspeitara, com ruas bonitas, ladeadas de terrenos cultivados e casinhas, aqui e ali, espantosas!

E havia as pequenas florestas, onde eu nunca sabia onde terminaria o alcatrão e começaria o piso-aventura!

A minha coleção de casinhas ia crescendo a cada curva do caminho, com exemplares espantosos!

E o tal piso-aventura, quando aparecia no meu caminho, podia ser a coisa mais bonita de se percorrer!

E as igrejas continuavam a ser todas muito parecidas, eu já nem sabia quantas tinha visto nem quando comecei, no regresso, a passar pelas mesmas que vira na ida!

Encontrar obstáculos quase no meio das ruas, é a forma mais curiosa de fazer os condutores andarem devagar e com atenção! Confesso que a primeira vez que vi uma coisa daquelas a contornei pelo lado errado!

Eu tinha de ir ver o braço de mar entre Fyn e Sjælland.

Estava um pouco revolto, pelo vento, e percebi que iria apanhar vento ao atravessar a longa ponte entre as duas ilhas.

Podia ver a ponte ao longe. Sentei-me por ali, estava a arrefecer e provavelmente iria chover naquela noite, por isso tinha de aproveitar cada momento antes que a chuva viesse!

Foi uma pequena luta atravessar a ponte, mas o caminho para casa foi feito de coisas bonitas e simples. Acho que a Dinamarca é toda assim!

A cada quilómetro eu me apaixonava mais um pouco pelo país!

Quase fui atropelada por um bicho saltitante que ficou meio aparvalhado a olhar para mim, provavelmente a questionar-se de que raça eram eu e a minha moto!

E consegui chegar à minha casa daquela noite antes que a chuva chegasse!

No dia seguinte iria explorar a ilha de Sjælland até Copenhaga.

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