19 de Agosto de 2012 – continuação
Detesto ter de pensar muito bem onde vou a seguir, mas foi o que tive de fazer a cada paragem, para tentar não fazer caminhos difíceis com conduções exigentes que me obrigassem a usar muito os travões!
O facto de ser domingo, naquele país, pode ajudar um bocado, pois não há tanto trânsito nas ruas, logo trava-se menos! 😀
Logo ali a seguir, a pouco mais de 8km fica o Château de Bottmingen, um dos castelinhos suíços mais fofinhos!
O Château de Bottmingen (Weiherschloss) é um castelinho delicioso do séc. XIII que foi restaurado posteriormente em estilo barroco, no séc. XVIII.
Funciona hoje como restaurante com serviço agradável e pratos deliciosos, a considerar pela lista variada! É o único castelo do cantão que tem foço, que lhe confere um ar romântico e pitoresco, com uma esplanada sobranceira às águas! Apetece comer ali!
Como não o poderia fazer, porque era muito cedo, contornei-o fotografando-o e, ao passar pelo seu interior, fui simpaticamente cumprimentada pelos empregados que preparavam a esplanada e punham as mesas para o almoço, pois essas coisas fazem-se cedo. Um bonito e acolhedor espaço e ainda por cima histórico!
Rapei do mapa e… não me apetecia passar em Zurich, tenho lá passado varias vezes nos últimos anos e nem é uma cidade que eu goste particularmente, por isso passei antes por Baden a caminho de Schaffhausen!
Baden recebeu-me em festa, e digo “recebeu-me”, porque as pessoas ficaram muito preocupadas porque eu não tinha lugar para estacionar por causa do centro histórico estar fechado ao transito e houve quem pedisse à policia para me deixar pôr a mota num cantinho da festa.
Baden tem a ver com termas e as águas por ali são as melhores do país, pela sua riqueza em minerais. A bem dizer o seu nome quer exatamente dizer “termas” e é mesmo uma das mais antigas do país, vinda lá do tempo dos romanos, quando se chamava Aquae Helvetiae.
Acabei por me deliciar mais com a panorâmica geral da cidade do que com a confusão das suas ruelas cheias de gente em festa!
Segui para Schaffhausen, uma cidade que sempre me fascina, com as suas cataratas esplendidas!
As cataratas ficam numa terrinha que se chama Neuhausen am Rheinfall, mesmo ao lado de Schaffhausen. As cataratas são surpreendentes pela sua força e extensão, são as maiores da Europa ocidental!
O Reno em fúria enche a atmosfera de água e é a água que tudo cheira por ali!
Barquinhos partem para a visita ao rochedo no meio das cataratas. Mais uma vez não fiz essa visita, ficará para uma outra vez que ali passe!
Desde sempre que estas cataratas impressionam quem as visita até Turner (o grande pintor impulsionador do impressionismo) as pintou quando as visitou!
O rochedo no meio da queda é tão forte quanto frágil, no meio de todo o turbilhão da corrente! Parece que, mais dia, menos dia, será levado por ela, há séculos que parece!
Eu iria lá voltar ainda de passagem durante esta viagem. Impulsos a que não consigo resistir!
Schaffhausen, a cidade propriamente dita, fica logo ali ao lado, uma cidade de origem medieval, cheia de construções extraordinárias, memórias de diversas épocas até aos dias de hoje!
Foi lá que fui almoçar! Achei curioso um bebé que teimava em gatinhar para a rua pedonal, e os pais apenas o acompanhavam, sem se preocuparem com o facto de ele se sujar. E o miúdo ficava tão feliz nas suas explorações!
Passeei um bocado pela cidade antiga, estava bastante calor e não apetecia sofrer muito em longas explorações!
O castelo do séc. XVI olhava-me lá de cima mas eu não podia apanhar mais calor e caminhar! Só aguento bem o calor a conduzir!
Ali a uns escassos vinte e tal quilómetros fica uma cidadezinha que me estava a interessar muito mais explorar! Uma cidade linda e cheia de recantos espantosos, pintura, arquitetura e ambiente, tudo parece perfeito em Stein Am Rhein!
A cidade fica no ponto onde o rio Reno deixa o lago de Constança para voltar a ser ele mesmo!
O centro medieval está muito bem preservado mantendo a estrutura antiga de ruas. As portas da cidade estão lá, embora a antiga muralha da cidade seja composta por casas.
A parte medieval da cidade é exclusivamente pedonal, o que ajuda a preservar o bom estado das habitações e permite apreciar calmamente os muitos edifícios medievais pintados com belos afrescos.
Cada uma daquelas casas merece uma longa apreciação, pelas obras que têm pintadas em si!
Ali eu esqueci o calor! Apenas me deslumbrei com os pormenores!
Um casal de motards que me vira chegar, pois estacionei a minha moto perto da deles, meteu conversa comigo. Estavam curiosos para saber de onde eu vinha e se andava por ali mesmo sozinha. Simpáticos. Eram da zona, por isso acharam que eu era a supermulher por vir de tão longe passear para ali sozinha!
Ali ao lado a miudagem aproveitava a ponte para saltar para o rio, que era o que o calor inspirava a fazer!
Depois fui até à margem do rio onde havia uma festa da cerveja local, bem animada e simpática!
Paguei um copo e encheram-mo várias vezes! Tive de dizer “chega” ou teria de passar ali a noite! Eheheh
A festa animaria à noite, diziam eles, por isso a beber era naquele momento que estava pouca gente! Diga-se que com o calor que estava apetecia mesmo beber a tarde toda!
Segui o meu caminho muito mais fresca e relaxada, depois de paleio e cerveja a gente sente-se sempre bem!
Mais à frente encontrei o único incêndio da viagem! Foi uma coisa que me chamou a atenção, com tanto calor que se fazia sentir por todo o lado, nada ardia! E este único incêndio era num armazém, por isso nem era provocado pelo calor!
Ainda passei em Appenzell, apenas para matar saudades.
O cantão de Appenzel está cheio de curiosidades, uma delas é o facto de estar completamente rodeado pelo cantão de Saint Gallen! Uma ilha no meio do outro cantão! Outra curiosidade é o seu Landsgemeinden, uma assembleia democrática ao ar livre, onde toda a população tem de participar sob pena de poder ser multada, e onde se delibera o que é importante para o cantão bem como que o vai governar! Democracia direta, onde o povo tem rosto e quem o governa também! Vêm-se e conhecem-se uns aos outros olhos-nos-olhos!
E fui para Saint Gallen, não me apetecia catar mais… nem conduzir mais, nem travar mais!
Lá da pousada de juventude eu podia ver a Catedral que me levara a voltar aquela cidade.
Eu contactara, na noite anterior, com o meu amigo alemão do Facebook, o Edwin, que vive perto daquela zona da Suíça, a pedir-lhe ajuda para encontrar uma oficina Honda na Alemanha, para trocar as pastilhas de travão.
Ele enviara-me 2 endereços para eu escolher o que me parecesse mais próprio. Perguntava-me se a moto poderia circular até uma das oficinas ou se precisava que ele me viesse buscar.
Escrevinhei o endereço da oficina no GPS e ele reconheceu-o, grande Patrick!
Não seria preciso virem-me buscar, eu iria lá ter pelo meu Patrick, o Edwin iria ter comigo. Faz sempre jeito ter alguém que fala inglês comigo e alemão com os alemães! Eheheh
Grande Edwin, iria conhece-lo amanhã!
Fim do vigésimo primeiro dia de viagem!
Muito bom. Muito bom!
Mais um fantástico dia!! 🙂
Obrigada por tanta beleza partilhada!
Beijinho
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