18. Escandinávia 2017 – De Føllenslev até Gotemburgo

10 de agosto de 2017

O meu ultimo amanhecer em Føllenslev foi tão agradável quanto os anteriores e eu já me estava a habituar a eles! Mas desta vez não foram os bichinhos da quinta que me chamaram a atenção!

Tinham chegado novos hospedes, eu podia ver os seus carros no relvado, mas foram as duas motos, todas catitas, no canto que me prenderam a atenção.

Conheci os simpáticos donos das mostos ao pequeno almoço. Eram um casal holandês que andava a explorar a Dinamarca. Eles ficaram impressionados com a minha viagem e eu fiquei cheia de vontade de fazer igual à deles e explorar a Dinamarca de ponta a ponta! E a conversa estendeu-se entre viagens, costumes de uns e de outros, gostos musicais e sonhos a realizar. Havia tantos interesses em comum entre nos, embora fossemos tão diferentes. Filosofias de vida que nos uniam a todos, eu, os motociclistas holandeses e os nossos anfitriões.

É tão gratificante quando depois de apenas dois ou três dias fica uma pequena amizade pelas pessoas!

Registos de viagem – 4

Hoje de manhã a despedida foi de abraços e promessas de voltar, porque se faz facilmente amizade com gente boa e simpática que nos acolhe e nos mima com o que nos faz bem! Adorei os dinamarqueses que conheci, e estes três em especial. Por vezes são memórias como estas, que ficam e me fazem voltar a sítios onde já estive!
Kisses & hugs to Karen Lisbeth Brinch Birch & Brian

(in facebook)

E era hora de partir na direção da Suécia.

A minha intensão era fazer caminhos diferentes entre a Dinamarca e a Suécia, na ida e na volta, por isso decidi entrar de ferry e mais tarde sair pela ponte/túnel. O preço das duas travessias era aproximado e as experiencias seriam bem diferentes.

Por isso segui calmamente para Helsingor, onde tomaria o ferry para atravessar o estreito Öresund. De alguma forma eu percebia que a minha passagem pela Dinamarca determinaria todo o meu estado de espirito e ânimo ao percorrer o resto da Escandinávia. Havia uma paz que se instalara dentro de mim, que me fazia querer ver o que ninguém procura ver, o que ninguém faz questão de colocar na net. E o que me fascinava mesmo eram os momentos anónimos mesmo!

As perspetivas de absoluta serenidade do mar eram tão impressionantes para mim

que, embora tenha ido até ao famoso castelo de Kronborg,

ao chegar lá não me apeteceu visita-lo por dentro!
Havia gente a organizar-se para entrar, uma pequena fila na bilheteira, turistas meio ruidosos…

e eu não quis meter-me ali!

E havia um jovem Hamlet, que interagia com as pessoas nas suas divagações sobre a obra de Shakespeare.

Aquele ambiente cativou-me muito mais que uma visita ao interior do castelo. O rapaz, aparentemente, achou-me piada a mim e ao meu chapéu e declamou alguns versos para mim! Quanta honra!

Dizia ele: “Though this is madness, yet there is method in it!”

O dia já ia avançado para me enfiar dentro de paredes, por isso decidi passear em redor.

“E quando aparentemente não há nada para ver, toda a beleza da simplicidade se revela! O mais turistico do local estava trás de mim, era para lá que toda a gente se dirigia, e no entanto o mar, debaixo de um céu revolto, me fascinava tanto. Seguramente que não vi o que toda a gente vai ali para ver, não fiz as fotos tradicionais, não explorei historias de reis e lendas, mas a minha mente parou no tempo, a batida do meu coração abrandou um pouco e eu olhei para a Suécia, do outro lado, pela primeira vez, para lá de toda a beleza do momento…”

(in Passeando pela Vida – a página)

O ambiente era muito agradável, havia uma esplanada num dos edifícios em redor do castelo onde não me atrevi a pedir um café, pois seria ruim, certamente. Mas tomei um relaxadamente, que isto de viajar e explorar não tem de ser uma obrigação nem uma correria!

E as perspetivas do castelo e do estreito eram fantásticas, por isso subi às muralhas, passeei pelos caminhos junto à água e apreciei aquele céu nublado espantoso!

Podia ver ao longe os ferrys cruzando-se, entre ida e voltas. Seria num deles que eu e a minha Negrita embarcaríamos para irmos para o outro lado.

E eu que reclamo da paranóia generalizada das pessoas têm de fazerem selfies junto de tudo e mais alguma coisa, rapei do telemóvel e fiz uma selfie com o castelo como cenário!

Antes de sair da propriedade para me ir embora.

Mas Helsingør não é só Kronborg e o ferry, por isso dei uma vista de olhos à cidadezinha, com recantos bonitinhos e pormenores curiosos.

Passa-se uma portagem como se se entrasse numa autoestrada e depois apanha-se o ferry como quem apanha um autocarro! Não eramos muitas motos a fazer a travessia, apenas um suíço que ia para o sul da Noruega, um casal sueco que voltava para casa depois de um pequeno passeio pela Dinamarca e eu!

E viajamos muito bem acompanhados, com imensos Ferraris mesmo ao nosso lado!

Ficamos todos a ver Helsingør a ficar para trás

e as perspetivas fascinantes de Kronborg à medida que nos afastávamos da costa.

As fotos acidentais que eu descubro por entre todas as que tirei!

Já não era nada cedo quando cheguei ao outro lado do canal. Não teria muito tempo para explorar, mas a verdade é que não me apetecia andar a catar muitos sítios. De alguma forma apetecia-me conduzir sem parar muito e ficar a sós com os meus pensamentos e com a doce sensação que a Dinamarca deixara em mim. Por isso fui seguindo o meu caminho parando apenas para abastecer e apreciar placas curiosas que foram cruzando comigo no caminho!

E Gotemburgo estava cheia de transito! Não é fácil circular pela cidade para quem vem de fora, ainda por cima quando vem habituada a paz e sossego. As ruas são meio confusas e se se faz a escolha errada ou não se obedece criteriosamente ao GPS, corre-se o risco de ter de dar grandes voltas sem ter hipótese de voltar para trás! Arreliou-me bastante andar para trás e para a frente na luta do transito, por isso fugi para a paisagem mais serena que encontrei por ali!

Eu sabia que iria cruzar com dezenas, senão centenas, de lagos ao longo da viagem, provavelmente muito mais bonitos do que aquele, mas a serenidade que me transmitiu era a que necessitava naquele momento.

Claro que nada tinha melhorado no meu regresso à cidade. Terminava um jogo qualquer de futebol e as multidões enchiam passeios e estradas, completando a sensação de “quero sair daqui” que eu já trazia em mim!

Acho que amuei e fui para a cama cedo…

Afinal amanhã era dia de ir para a Noruega e isso é que me importava!

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