11 – Passeando até à Suiça 2012 – de Thonon-les-Bains até Sion

*
*

6 de Agosto de 2012

E a manhã estava ruim! Havia nesgas de sol para um lado e nuvens monstruosas para o outro. Quando não há tempo melhor temos de sair com o que temos! A distância que tinha de percorrer não era muito grande, bastava não me perder a visitar muita coisa e chegaria facilmente e cedo a Sion… Acabei por seguir ao sabor do tempo!

Por isso lá fui como as moscas atrás da luz, tentando evitar as nuvens mais negras, mas era certo que iria apanhar uma molha, mais aqui ou mais ali!

Eu costumo dizer que me chateia para caramba andar a passear o fato de chuva pela Europa! Se o levo comigo que seja para usar! E a oportunidade de o voltar a usar aproximava-se a cada quilómetro!

Acabei por passar em Megève, uma cidade alpina que apenas conhecia cheia de neve e de gente famosa. Foi ali, há muitos anos que me cruzei com o George Michael, numa noite cheia de neve e luzinhas, em que parecia que estávamos todos no meio de um filme infantil de Natal!

Desta vez foi a chuva que me recebeu e aquilo tudo era tão diferente sem neve!!

Mal reconheci a praça onde eu já passara de skis nos pés!

Chovia tanto que me enfiei num café e fiquei ali, a tomar café (de litro) e a conversar, esperando que a chuva abradasse… mas tive de seguir mesmo assim ou passaria ali o dia!

A paisagem envolvente seria bem mais bonita se não chovesse, tenho a certeza, pois todas aquelas montanhas são deslumbrantes cobertas de neve, no verão serão forradas a verde e igualmente deslumbrantes!

Acabei por passar em Chamonix e entrar no Valais por Matigny! Nada se via do Mont Blanc, era como se ele tivesse tirado férias e nada houvesse no seu lugar! O longo vale só se tornou visível a partir de uma certa altitude para baixo, quando passei a cortina das nuvens densas para descer para Martigny!

Lá ganhei coragem e puxei da máquina fotográfica, que estava bem escondida dentro do blusão, para tirar uma ou duas fotos!

Mas a chuva não queria mesmo foto nenhuma! Agua e máquinas não dão nunca o casamento perfeito!

Ao ver pingos de água na lente desisti, não valia de nada andar por ali a arriscar afogar uma nova maquina, por isso fui direta à pousada de juventude de Sion disposta a ficar quieta e amuada por lá até a chuva parar!

Pus as minhas coisas a escorrer, puxei do computador e dispus-me a viajar pela net, enquanto o tempo não me permitisse viajar de moto!

E a chuva parou!

Voltei a sair, mais leve e mais bem-disposta!

Sion é a cidade mais antiga da Suíça e um dos locais pré-históricos mais importantes da Europa, pois ali há vestígios de ocupação humana que remontam a 6.200 aC!

Para mim bastava-me ver de perto os seus dois castelos! Na realidade é um castelo e uma basílica fortificada que ficam no topo das duas colinas contiguas, quase no centro da cidade!

Mas eis que voltou a chuva!

A pé não há qualquer problema, fui a um supermercado e comprei um guarda-chuva! Sem fotos é que eu não iria ficar!

E lá fui procurar o caminho para os castelos!

É sempre uma sensação curiosa pisar caminhos medievais para mim!

Chegando verdadeiramente ao início das subidas há que decidir se vamos para o château Valère (a basílica), ou para o castelo Tourbillon! Como o castelo me parecia mais uma série de muros e fica atrás da abadia, em relação à cidade, decidi-me pela abadia, o château Valère, que isto de subir a um e depois a outro estava fora de questão! Gosto de ver mas não gosto de subir, que dá-me cabo das pernas e depois custa conduzir!

A meio da subida a chapelle de Tous les Saints, do séc. XIV, linda!

O castelo na outra colina tornava-se numa paisagem muito bonita, com as vinhas pela encosta! Certamente a paisagem vista do castelo não seria tão bonita porque a basílica (deste lado) estava em obras e tinha uma parte envolvida em panos! Por isso eu fiz a boa escolha! 😀

Ao chegar lá acima, em espaço aberto, a paisagem era deslumbrante! Não só porque é linda mas também porque o sol voltava a espreitar por entre as nuvens e provocava o tal efeito que me fascina depois da chuva!

Para trás de mim o castelo e a capela completavam o quadro!

Fiquei ali deslumbrada a deslumbrar-me com o que os meus olhos viam e a minha máquina captava!

Mas ainda não tinha chegado ao topo, a basílica ficava mais acima!

Entrei finalmente nos seus domínios!

A basílica de Valère foi construída entre os séc. XII e XIII como uma igreja fortificada, comuns na época, por isso lhe chamam castelo.

Lá de cima tudo é deslumbrante!

As vinhas, na encosta, com o sol tangente, pareciam resplandecer!

A cidade aos meus pés e o longo vale a seguir!

O aeroporto internacional, mais à frente

A basílica, que não dá para ver de perto pois está embrulhada para obras!

Dentro há uma segunda zona fechada, ouviam-se as pessoas a rezar lá dentro, por isso nem tentei entrar!

Naquele dia o deslumbramento estava cá fora, por isso fui-me embora dali.

O vale é deslumbrante visto de lá de cima, para o outro lado também!

O sol desaparece mais cedo quando estamos entre montes muito altos!

Voltei a descer à cidade que tinha mais 2 ou 3 coisas que eu queria ver…

para além dos caminhos pitorescos típicos de uma cidade medieval!

Como a Cathédrale de Notre-Dame du Clavier, uma construção lindíssima que tem origem lá pelo séc. VIII, numa pequena igreja carolíngia posteriormente alterada no séc. XI, e chega até nós com as proporções e beleza góticas, mantendo o campanário românico.

Logo ao lado fica a Eglise de Saint-Theodule, também gótica, muito menos interessante mas cheia de história, já que é dedicada ao primeiro bispo de Sion, lá pelos anos 500, que abençoa as vinhas do Valais!

Tinha umas esculturas de plástico, ou fibra de qualquer coisa, à porta que davam um ar bizarro ao conjunto!

Em redor das duas igrejas fica o centro histórico e as ruelas mais estreitinhas

Deve ser curioso viver-se sobre um canal! Por aquelas terras é mais ou menos comum, dado que tem de se escoar as águas do degelo!

E fui para a pousada, onde a paisagem era uma casa no meio da vegetação. Se alguém me dissesse que vivia numa casa cor-de-laranja com venezianas roxas eu pensaria que era louco, mas afinal até fica bem o conjunto!

Bebi uma Super Bock, que na Suíça é mais barata que muitas outras cervejas (e melhor), e fiz amigos para conversar e passar parte do serão!

Fim do oitavo dia de viagem..

5 thoughts on “11 – Passeando até à Suiça 2012 – de Thonon-les-Bains até Sion

  1. Olá Gracinda!
    Belas escolhas que fizeste este dia,mesmo com tempo de chuva.
    Tuas fotografias são deslumbrantes! 🙂
    Continuação de boas escritas.
    Estou a adorar a tua crónica
    Beijinho

  2. welcome to Switzland;
    Partir c’est mourrir un peu. c’est mourrir à ce qu’on aime.
    On laisse un peu de soi même, en tout heure et dans tout lieu.
    C’est toujours le deuil d’un voeu, le dernier verre d’un poème.
    Partir c’est mourrir un peu et l’on part et c’est un jeu, jusqu’a l’adieu suprême.
    C’est son âme que l’on sème, que l’on sème à chaque adieu.
    Partir c’est moirrir un peu…

Deixe uma resposta para Simone Cancelar resposta