15. Passeando pela Grécia/Balcãs – a caminho da Sévia com muita chuva…

2 de setembro de 2022

Às vezes perguntam-se se eu desenho os trajetos diários das minhas viagens no computador e depois os coloco no GPS para os seguir no local. Claro que não! Eu sei lá se em agosto me vai apetecer seguir um trajeto que desenhei e maio ou junho! Cada caminho é decidido na hora de acordo com as coisas que quero ver, mas, se não me apetecer ou o tempo não ajudar, eu improviso e passo apenas onde me apetecer! Não tenho espírito para ser escrava nem de mim mesma!

Embora estude atempadamente e direitinho tudo o que posso querer ver, é na hora que eu decido o que vou realmente fazer! E com o tempo que estava lá teria eu de improvisar até ao meu destino, nadando de moto até Kuršumlija…

Desanimadora a paisagem molhada a partir da minha janela…

Como sempre que está chuva quando acordo, enchi-me de comida num pequeno almoço muito simpático. Já que não poderei ver muita coisa posso, pelo menos, comer com muita calma!

Depois, sempre com muita calma e paciência, enchi-me de roupa, transformando-me na versão negra do Boneco Michelim para me fazer ao caminho. Detesto vestir fatos de chuva no verão, quando o que apetece realmente é vestir menos roupa!

Ao menos hoje, se a chuva molhasse minha mão, eu não sentiria o pulso esquerdo febril, o que acalmaria um bocado aquela dor permanente que me acompanhava dia e noite… sei lá, digo eu!

Ao menos não estava tanto calor como os calções e t-shirts dos transeuntes davam a entender!

Não sou arquiteta, mas as construções “diferentes” sempre me atraem. Já desviei muitas viagens por dezenas de quilómetros do seu curso, apenas para ver um monumento, um edifício ou uma ruina!

E ali estava o Panorama Pleven Epopee 1877 que eu queria ver!

Também conhecido como Pleven Panorama, contém representações dos acontecimentos da Guerra Russo-Turca de 1877, em particular o Cerco de Pleven. Mais uma forte referência ao cerco, que durou 5 meses, tornou a cidade famosa internacionalmente e foi crucial na libertação da Bulgária, após séculos de domínio otomano.

Aquele é o único monumento do género em todos os Balcãs e foi construído em 1977, exatamente 100 anos depois da libertação de Pleven.  

O monumento foi construído no local do campo de batalha e dizem que os três anéis horizontais que circundam todo o edifício, simbolizam as três batalhas de Pleven. O de baixo, ao que parece, simboliza o cerco da cidade!

O ar de O.V.N.I. ficava ainda mais evidente com o chão molhado e o céu cinzento!

Não há forma de uma pessoa não se sentir um bocado miserável quando viaja à chuva! Sobretudo quando sabe que está a atravessar uma zona bonita, com um rio onde se pode caminhar e fazer fotos giras… Mas com aquele tempo não dava para esses devaneios, por isso lá fui seguindo ao som da minha musica, até que uma construção encantadora me fez parar! Era o Ресторант “Родина” – em tradução macaca do Google – Restaurante “Rodina”.

Normalmente eu pararia numa estação de serviço, para ficar protegida da chuva enquanto descansasse e tomasse qualquer coisa, e até havia duas ao alcance da vista. Mas aquela casinha em forma de moinho retirado de um conto de fadas, era muito mais atrativa!

Atrativa o suficiente para que eu me dispusesse a fazer um picnic à chuva e me dedicasse mesmo a fazer uma ou duas aguarelas, meio borradas pelas pingas da chuva, mas muito engraçadas!

Uma pena que estivesse fechado senão eu teria almoçado ali mesmo, seguramente!

E segui para Sófia, pois não havia muito onde ir na chuva!

Lá estava a Catedral de Alexandre Nevsky (sim, ela tem um nome que não é Catedral de Sófia!) uma obra arquitetónica impressionante que fica no centro da praça. Foi construída no início do século XX e sua arquitetura reflete a influência da tradição ortodoxa oriental combinada com elementos do Renascimento russo. Construída em mármore branco e granito tem aquele ar robusto, mas elegante, com um estilo moderno de influencia neobizantina, visivel nas cúpulas altas e os detalhes das fachadas. 

Não pude deixar de sorrir ao recordar que, da primeira vez que a vi ela me fez lembrar um grande bolo decorado de branco, verde e dourado, no meio da grande travessa que era a praça!

Ok a praça é grande, mas não se percebe muito bem onde se pode estacionar! Dei duas ou três voltas para parar e já ia para dentro quando dois homens me avisaram que não devia deixar a moto ali. A sério? Parecia-me tão bem estacionada junto a uma fileira de carros! Tinha de a pôr no outro lado da praça onde era permitido o estacionamento ao publico, ali era só para entidades oficiais não sei de quê.

Então puseram-se a inspecionar a minha moto em pormenor. Um deles tinha encomendado uma NT1100 há meses e diziam-lhe que só a teria lá para janeiro!

Ficou muito chocado quando eu disse que a minha já tinha 6 meses. “Seis meses? Como é possível se simplesmente não existem para entrega?!”

“Olhe que não, ainda ontem vi uma em exposição em Drama, na Grécia”

“Não pode ser, você é que deve ser muito importante no seu país para ter uma NT há tanto tempo!”

E lá foram embora, convencidos de que eu era uma personalidade importante no meu país, para ter uma NT com 6 meses e já com 20.000km!

O interior apresenta uma planta em forma de cruz grega, com ícones religiosos decorando as paredes e tetos.

A história da Catedral de Sofia remonta ao período pós-libertação búlgara do domínio otomano, quando a construção da catedral foi iniciada para celebrar a independência nacional. Ao longo dos anos, a catedral testemunhou eventos marcantes na história búlgara e desempenhou um papel central na vida religiosa e cultural do país.

“As catedrais sempre me fascinam, mas a de Sófia é daquelas que me atraem particularmente, porque é ortodoxa e o seu estilo neobizantino me fascina! Está ali, no centro da praça Sveti Aleksandar Nevski, o mesmo santo a quem a catedral é dedicada, como um grande ícone vivo da capital búlgara! No interior ela é grande, ampla e sombria, cheia de beleza antiga, como se tivesse muito mais que os seus cento e poucos anos. Eu sempre tenho cuidado ao entrar num templo de outra religião de que desconheço os costumes, não gosto de perturbar quem está, mas ali vieram ter comigo, receberam-me com simpatia e puseram-me à vontade para visitar, só deveria pagar um valor para poder fotografar. Acho justo, aquela beleza tem de ser cuidada! ” Passeando pela Vida – a página in Facebook

O imponente trono do Czar!

Aqueles tetos altíssimos, que quase não conseguimos ver quando as luzes ofuscam o nosso olhar, são revestidos com afrescos que eu gostava de observar mais de perto. Mas dão, mesmo sem os conseguirmos ver direito, uma atmosfera impressionante como se estivéssemos no amago de uma entidade imensa!   

Tinha de parar na Praça da Independência Nezavisimost, só para apanhar a antiga casa do Partido Comunista Búlgaro, hoje funciona ali a Assembleia do Povo da Bulgária.

É um dos três edifícios de “estilo Império de Stálin” que foram construídos nos anos 50 para alvergarem diversas dependencias governamentais e continuam até hoje a ser sedes do governo Búlgaro.

“No coração de Sófia fica o monumento a Santa Sofia, a padroeira da cidade, no mesmo sitio onde esteve a estátua de Lenin, nos tempos soviéticos do país. A bela escultura, em bronze e cobre, fica a 16 metros do solo e pode ser vista de longe, acima de todo o movimento do transito. Hagia Sophia segura na mão direita uma coroa de louros, símbolo da glória, e no braço esquerdo esvoaça uma coruja, símbolo de sabedoria. Tão bonita!” Passeando pela Vida – a página in Facebook

A sua fisionomia foi baseada numa imagem de um emblema da cidade retirado de uma moeda antiga.

Ia deixar Sófia e a Bulgária para trás, apenas parei para captar uma ultima perspetiva da cidade, com os edifícios da praça ao fundo, e segui caminho antes que a chuva voltasse!

E lá cheguei à ponta de uma fila de carros que, certamente, era para passar a fronteira. Felizmente não chovia, mas, mesmo assim, fui furando tanto quanto pude até chegar aos separadores que não deixavam espaço para a habilidade.

E era tão custoso e doloroso andar numa fila de arranca-e-para com a mão esquerda sem força nem agilidade para acionar a embraiagem de metro em metro!

Quando cheguei ao posto da fronteira estava exausta e sem força nas mãos sequer para retirar os documentos da bolsa de cinta! E enquanto eu lutava com o fecho da bolsa e tentava retirar a carteira de lá de dentro veio a pergunta da praxe:

“Your friends?”

Não resisti e soltei uma gargalhada soltando os braços e deixando-os cair para baixo.

“no friends, I’m alone!” Felizmente o homem era um policia jovem que, depois de ficar surpreso com a minha reação, sorriu também.

Naquele momento eu já pus o passaporte no bolso de trás das calças, para não ter de andar sempre a lutar com a bolsa de cinta, a cada vez que tinha de mostrar os documentos.

E entrei na Sérvia!

Fui direta para o alojamento, rezando para que fosse um sitio fixe, com restaurante ou cafetaria, para eu não ter de sair de moto para lado nenhum.

Só ao chegar me lembrei que o sitio não era perto do centro de Kuršumlija, mas, felizmente, tinha restaurante no rés-do-chão. Embora se chamasse Motel, era uma pensãozinha de beira de estrada, onde paravam imensos camionistas para comer, nas suas rotas de grandes distâncias, a considerar pelas matriculas dos camiões que já lá estavam e dos que foram chegando depois de mim.

A minha chegada teve um impacto engraçado, as pessoas que estava no café ficaram em silêncio assim que eu entrei, só recomeçando a falar quando eu segui para a receção. As pessoas da receção ficaram muito espantadas a olhar para mim, como se eu tivesse acabado de aterrar num disco voador.

Depois percebi que não se tinham dado conta de que eu era uma mulher, perceberam que iam ter um motociclista como hospede, já que eu o tinha comunicado no momento da reserva, mas pensavam que eu seria um moço barbudo e tatuado, de correntes pendentes do cinto das calças.

Ainda me ri com eles ao jantar, quando me confidenciaram que a minha moto era muito bonita e que eu parecia uma versão moderna de um cavaleiro Raška!

Raška eu?

Então percebi pelas suas expressões que aquilo devia ser um cumprimento. E era, estavam a referir-se a principados e cavalarias medievais sérvias!

Amanhã darei mais um passo de muitas centenas de quilómetros na direção de casa, até Montenegro.

14. Passeando pela Grécia/Balcãs – subindo a Bulgária até Pleven

1 de setembro de 2022

Hoje iria subir a Bulgária.
As saudades que eu tinha de passear por aquele país! Lembrava-me que a ultima vez que andara por ali, e estivera em Plovdiv, tivera sensações muito agradáveis, com a simpatia do povo, os caminhos solitários ladeados por campos cultivados e as paisagens rurais com aldeias quase escondidas entre a vegetação. Por isso agora tinha em mente explorar outros sítios e outros percursos, assim a minha mão mo permitisse…

Ao pequeno almoço pude encontrar-me com o pessoal do alojamento. De entre aquela gente simpática havia quem, efetivamente, se lembrasse de mim e da minha moto preta.
“Ah, já não tenho essa moto preta, agora é branca!”
“Pois, já passaram alguns anos teve de trocar por outra.”
 “Bem, na realidade esta é a seguinte à que tive a seguir à preta…”
E vieram ver o meu ultimo modelo!
Entretanto, tal como da ultima vez que ali estive, o gatão veio tomar o pequeno almoço no meu colo! Há coisas que não mudam!

Considerando que eu estive ali há 6 anos, o bichano terá pelo menos uns 7 ou 8 anos. Lá ficou todo contente no meu colo enquanto eu errefecia o meu pulso febril e tomava o meu café. Eu gosto de gatos!

Plovdiv, uma das cidades mais antigas da Europa, tem um imenso significado histórico como uma encruzilhada cultural que remonta aos tempos antigos. O antigo centro histórico de Plovdiv é um tesouro de património arquitetónico que reflete o rico passado e as diversas influências da cidade.

Na subida para a parte mais alta da cidade, perto da porta medieval de Hisar Kapia, fica a Casa Kuyumdzhioglu, uma casa do sec. XIX que é hoje o Museu Etnográfico Regional de Plovdiv. Só pude visitar por fora pois estava fechada. Mas é tão linda que valeu na mesma o tempo que lhe dediquei!

O antigo Centro Histórico de Plovdiv possui uma mistura única de estilos arquitetónicos, incluindo arquitetura romana, bizantina, otomana e renascentista búlgara. 

Quando eu volto a uma cidade sempre procuro ver o que ainda não vi e deixo sempre algo para ver quando voltar a lá passar. Desta vez eu queria subir até Nebet tepe, uma das colinas da cidade. Nada de especial em termos de caminhada, já que eu estava alojada perto dali.

Ali foi onde a antiga cidade foi fundada. Os primeiros assentamentos em Nebet Tepe datam de 4.000 aC.

Dali de cima pode-se ver toda a cidade, desde os vestigios romanos até às collinas no horizonte. Dizem que as colinas de Plovdiv são sete! (lembrei-me que Lisboa também é uma cidade de 7 colinas!)

No entanto, sendo um ponto tão importante para a cidade e um monumento cultural de importância nacional, com tanta história acumulada por tantos séculos, pareceu-me bastante negligenciado e abandonado a si próprio! Uma pena…

As icónicas ruas estreitas de parelo irregular, ladeadas por casas coloridas do século XIX, com distintos andares superiores salientes, são emblemáticas do charme da região. 

As casinhas são tão fofas com fachadas ornamentadas e pisos superiores suspensos sobre estruturas de madeira, que só apetece fotografar e desenhar até à exaustão! E a cor das paredes, com o reflexo da luz forte do sol, tornava cada ruela estreitinha num “tunel de beleza”!

A porta medieval de Hisar Kapia é imponente, com as casas em redor de cores fortes a tornar o conjunto verdadeiramente único!

Lembro-me que a primeira vez que cruzei aquela porta de moto, estava com a minha CrossTourer preta, assustei-me com a irregularidade das pedras do chão. Eu tinha tido motos mais baixas por tanto tempo que tive medo que, se me desequilibrasse com o saltitar da moto, não chegasse a tempo com os pés ao chão para me segurtar de pé!

Claro que acabei por me rir de mim própria, como podia eu ter medo de cair com uma moto tão mais leve do que a que eu tinha antes? Qualquer pésada ao chão me equilibraria muito facilmente! E lá continuei o meu caminho pelas ruelas todas tortas da cidade, toda contente.

Depois do piso torto do centro histórico, qualquer paralelo parecia alcatrão lisinho!
Eu sempre digo que, depois de experimentar o pior, qualquer coisa parece melhor!

A Bulgária pode não ser um país rico e ter algumas estradas em mau estado,(todos os paises têm) mas, num geral, pode-se circular com bastante conforto pelo país. Na realidade a maioria das estradas que já percorri no país, (e foram muitas) estavam em bom estado. E desta vez não foi diferente.

Outra curiosidade que sempre me agradou no país é que, embora seja exigida uma vinheta para se circular nas autoestradas/vias rápidas, essa exigência não se aplica às motos.

Lembro-me de andar pelo país e, embora sem conseguir ler uma palavra de búlgaro, perceber pelas figurinhas em placas, que estavam por todo o lado, que precisava de uma vinheta. Preocupada em poder ser intercetada pela policia e não ter a dita cuja, assim que vi uma cabine de venda da coisa, fui tratar de comprar uma para mim. Qual não foi a minha surpresa quando a senhora me diz “Moto free!”

Ainda perguntei se era free naquela estrada mas ela, fazendo gestos de negação com as mãos, respondeu: “motos free in all Bulgaria!”

Wow! E eu habitada a que a moto pagasse para tudo no meu país!

O meu destino era Veliko Tarnovo, uma cidade com uma importância significativa na história búlgara.

Não havia onde deixar a moto. Ainda andei para baixo e para cima, na rua, à procura de um cantinho para a pôr, mas nada! Então recorri à minha estratégia mais básica, subir o passeio e perguntar ao senhor da cabine de entrada se havia um sitio por ali onde pousar a minha motita para ir visitar a fortaleza. Claro que havia, ali mesmo!

E lá ficou ela, quase no meio do caminho, onde ele me indicou, de forma que ele a pudesse ver! Não são fantásticos os búlgaros?

Para visitar a Fortaleza de Tsarevets é preciso comprar um bilhete. Oh valha-me Deus, além de ir derreter a mioleira caminhando colina acima debaixo do calor, ainta tenho de pagar por isso!

A Kaca sempre me faz sorrir!

E lá estava ela, a Fortaleza de Tsarevets, também conhecida como “Cidadedos Czares”.

É uma fortaleza histórica construída durante o Segundo Império Búlgaro, possui até hoje um imenso significado histórico e atrai visitantes de todo o mundo.

As coisas que eu estudei e descobri sobre a Bulgária aparecem ali tão bem situadas!

O leão tem uma presença significativa na cultura oficial dos búlgaros e é um símbolo do poder do Estado, também sendo integrado no brasão nacional. A palavra antiga para leão, lev, é utilizada para denominar a moeda da Bulgária.

E à medida que se sobe, as perspetivas sobre a cidade são muito bonitas.

Toda a colina era cidade, cercada por densas florestas e altos picos. Era certamente bastante impressionante, sobretudo pelo seu poder e imponência, que na época seriam bem maiores!

A localização estratégica da cidade, nas falésias sobranceiras ao rio Yantra, tornou-a numa fortaleza natural e num símbolo de força e resiliência.

Olha-se para os desenhos dos mapas e olha-se em redor, e está lá tudo! O rio Yantra a dar a volta a tudo de uma forma que apenas um drone conseguiria registar!

No ponto mais alto da colina, fica a Igreja Patriarcal da Ascensão, que foi construida sobre os vestígios de uma igreja cristã antiga, do século V.

Durante o império búlgaro no século XIII, esta igreja era considerada a principal igreja do país, fazendo parte do patriarcado da igreja ortodoxa da Bulgária. Não haveria Czar sem o patriarcado, daí a grande importância desta igreja na época.

Hoje, depois de restaurada, não funciona mais como igreja e não conserva, certamente, grande parte das suas caraterísticas originais, mas é um espaço bonito e intrigante, pela decoração que ostenta.

Ui, estava tão fresquinho ali dentro que só faltava um banco ou uma cadeira para eu ficar por horas lái dentro!

Sair dali era como cair no mundo real, depois de ter relembrado trechos da
história da Bulgária que trazia comigo para me orientar, desde a cabine da
entrada.

Bora lá, que para baixo todos os santos ajudam.

 

Pleven está localizada numa região agrícola na planície do Danúbio, eu já lá andara perto quando fizera o Rio da nascente até ao delta, mas explorara a redondeza deixando a cidade para ver mais tarde.

Ora o “mais tarde” seria hoje, por isso siga para lá que tenho fome e quero ver coisas e comer sem pressas!

A praça principal de Vazrazhdane é o “centro do mundo” ali!

A gente começa a caminhar e parece que toda a praça foi preenchida por uma enorme fonte sem fim, que passa, ora por baixo ora por cima dela! Está por todo o lado!

Com desníveis, cascatas e repuxos de vários tipos e estilos, aquilo dá caminhos criativos em varias direções, com gente que se senta um pouco em qualquer lado a ler ou a conversar.

Há um clima curioso e diferente por ali!

Ao passear ao longo da enorme fonte encontrei os 3 famosos sapinhos de Pleven sobre uma pedra.
Ao que parece alguém tentou “sequestrar” um deles danificando a simpática obra escultórica.
Um cidadão anonimo conseguiu evitar o sequestro tornando-se oficialmente o seu salvador.  

Sempre que me passeio pelos paises de leste tenho aquela sensação de caminhar pelas histórias da História que estudei na escola, por isso memoriais sempre me chamam a atenção, pois podem referir-se a eventos que eu já conheci! E assim era, outra vez, naquele momento!

Aquele é o monumento “Bratska Mogila” que foi construído nos anos 70 em memória dos combatentes caídos contra o fascismo e o capitalismo. Hoje também glorifica os soldados búlgaros que morreram na Guerra Russo-Turca.

A câmara da cidade ao fundo

Lá estava a Capela-mausoléu de São Jorge, o Conquistador.

O mausoléu foi dedicado aos soldados russos e romenos que morreram durante o cerco de Pleven em 1877 e é chamado de São Jorge, em homenagem ao padroeiro dos soldados. E eu a pensar que estava lá dentro o santo!

Muitos dos restos mortais dos soldados foram depositados no local. O edifício faz parte do brasão da cidade.

E era hora de ir para casa…

O meu quarto ficava lá bem no alto, o que me proporcionava uma perspetiva bem bonita da cidade… ou antes, daquele lado da cidade!

Davam chuva para amanhã, por isso eu estava a preparar-me mentalmente para o banho e a escolher as visitas de interiores, já que na rua provavelmente não daria para ver grande coisa.

Amanhã seguirei para a Sérvia…

13. Passeando pela Grécia/Balcãs – Bulgária e a bela Plodiv

31 de agosto de 2022

Foi com uma profunda sensação de perda que eu acordei e sai para a rua…

Eu sempre detesto quando as pessoas começam a chamar “regresso” à minha viagem, mas a realidade é que aquele era o ponto em que até eu sentia que começava a regressar…

Se nada me tivesse acontecido o meu caminho seguiria para a Turquia e eu teria uma infinidade de coisas para descobrir ainda. Mas na realidade era hora de seguir para a Bulgária e deixar a Turquia para outra viagem, tentando ignorar que estava a menos de 500km de Istambul.

Depois de 3 PanEuropeans e 2 Crosstourers com veio de transmissão, ter uma moto com corrente deixava-me um bocado apreensiva. Eu já inspecionara se o Scottoiler tinha óleo e se a corrente estava em boas condições, mas não há nada mais persistente que uma cisma e, quando vi um stand da Honda, fui lá pedir para darem uma olhada à saúde da minha motita.

“Ter uma moto com corrente, e que deu um trambolhão há pouco tempo, requer que lhe dedique alguns mimos. Vamos ver se esta tudo bem…”

Na época havia muito poucas motos novas nos stands e muita gente estava há meses à espera da sua NT1100, mas ali havia uma toda vaidosa na montra!

“Uma mana da minha Penélope à venda, novinha ❤️
A minha motita estava ótima, não precisava de nada, apenas eu não consigo ver direito a pressão dos pneus, com esta mão marota a não ajudar nada.
A minha motita foi recebida com muita admiração por ter 20.000km, ainda não tinham visto uma NT1100 tão rodada! E ao verem a minha incaparidade na mão da embraiagem, quase me pegaram ao colo e me mimaram! Chamaram-me super woman ❤️” in Facebook

Percorrendo a Macedónia grega, aquela que obrigou que a Macedónia país se chame Macedónia do Norte, para que não se confundam!

Logo à frente apareceu Xanthi, a cidade das mil cores, dizem.

A mim pareceu-me uma cidade muito alegre e animada, cheia de sol, de gente e de movimento. O sitio ideal para parar e comer qualquer coisa, que o alojamento não tinha pequeno almoço!

E lá estava a catedral: Καθεδρικός Ναός Αγίας Σοφίας Η Σοφία του Θεού

Sim, este é o nome da catedral de Xanthi! E Xanti escreve-se Ξάνθης

Como não nos sentirmos analfabetos num país daqueles? Será que esta é uma das aflições que deu origem à expressão “viu-se grego”? Pessoalmente eu vejo-me sempre grega naquele país, e dizem que os gregos são eles!

Em língua que se leia o nome da catedral de Xanthi é: Catedral de Santa Sofia a Sabedoria de Deus

As igrejas ortodoxas são sempre fascinantes por dentro, mesmo as mais pequenas e mais modestas, por isso, seguramente, a catedral também tinha de ser linda!

E, mesmo estando a contar com exuberância, eu sempre me espanto! Com as cores vivas, os detalhes decorativos, os muitos desenhos e pinturas e, claro, os dourados!

Felizmente não havia lá ninguém, sempre me sinto incomoda perturbando a orações das pessoas com a minha presença curiosa, mesmo se me tento tornar invisível. Todo aquele ambiente me impressionava, eu tinha de ter tempo para ver tudo com calma.

Os caminhos para Bulgaria não são muitos naquela zona. É preciso decidir entre uma grande volta pela esquerda ou uma grande volta pela direita e eu tinha escolhido ir pela costa do mar Egeu.

Eu sabia que havia lago e mar mas, estranhamente, a sensação que tinha era de circular por um grande lago, com zonas pantanosas!

Logo à frente fica Porto Lagos, tão português escrito numa placa, depois de tanto tempo a ler coisas esquisitas por todos os lados!

Porto Lagos fica na barra que separa o segundo maior lago de toda a Grécia, o Lago Vistonida, do Mar Egeu e eu tinha dificuldade em distinguir um do outro, já que tudo parece lago por ali!

E lá estava o Santo Mosteiro de Agios Nikolaos!
Aquele mosteiro é uma dependência do Mosteiro de Vatopedi no Monte Athos. E é único, pois foi construído sobre duas pequenas ilhotas e parece estar flutuar no Lago Vistonida. 

A sensação de encontrar algo que procuro, algo que vi em fotos, livros ou documentos, e descobrir que tudo é exatamente como eu imaginara, é de puro êxtase!

No primeiro ilhéu encontra-se a igreja de Agios Nicolaos e no outro a capela Panagia Pantanassa.

A igreja foi construída para substituir uma anterior destruída num desastre, é dedicada a São Nicolau porque uma imagem de São Nicolau foi encontrada ali. 

Não consegui deixar de lembrar-me do nosso alentejo ao apreciar as paredes brancas, com janelas contornada a azul!

Uma ponte pedonal de madeira conduz ao primeiro ilhéu e uma segunda ponte liga os ilhéus entre si.

Reza uma lenda que, quando aquela zona estava sob o domínio turco, em Porto Lagos vivia um monge santo asceta que curou a filha do senhor daquelas terras. Este, num gesto de gratidão, ofereceu a área ao mosteiro de Vatopedi, no Monte Athos.

Uma outra lenda mais antiga conta que o mosteiro de Agios Nikolaos foi inaugurado com a presença do Imperador Bizantino Arcadio, para agradecer à Virgem Maria por tê-lo protegido de um naufrágio no regresso a Roma.

Tudo é tão bonito e acolhedor por ali que tinha quase um toque de espaço de recreio e não de oração! Felizmente não estava ninguém por lá enquanto andei a explorar, mas essa realidade estava prestes a mudar, pois ao longe eu podia ouvir autocarros a chegar e muita gente a preparar-se para invadir as pontes até ao mosteiro!

Felizmente as pessoas eram respeitosas e foram-se chegando aos poucos sem perturbarem demais a calma do lugar. Seguramente era turismo religioso, pois havia uma atitude de respeito, que não perturbou o lugar.

E enquanto elas se amontoavam no velário eu pude ainda apreciar em paz todos os recantos que me fascinavam, com direito a picnic em local privilegiado e tudo! Pode-se dizer que foi um picnic sagrado!

Ao longe o mosteiro parecia um pequeno recanto de férias…

Eu adoro conduzir, mas também gosto muito de parar, por tudo e por nada. Estava calor e eu aproveitei para parar numa estação de serviço para me refrescar e tomar um café, que costuma ser bastante decente em terras gregas. Não valia a pena por gasolina naquele momento, já que a gasolina na Grécia era bastante cara e na Bulgária seria bem mais barata. Encostei-me por ali a ver os comentários dos meus amigos facebookianos, que estavam a acompanhar a minha viagem. Então uns fulanos se aproximaram de mim e da minha moto!

“Fico sempre surpreendida quando alguém me vem ensinar a viajar, como se existissem fórmulas decretadas para o efeito! Mas a verdade é que dois tipos meteram conversa comigo e um foi logo criticando isto e aquilo, assim que percebeu que eu tinha planos. Eu tentei dar a conversa por terminada, mas tive de ouvir que é uma parvoíce planear muito, que o certo é ir rolando e curtindo a estrada, dormir no hotel mais perto e aproveitar a vida e tive de ver um vídeo que fez em alta velocidade (140km/h valha-me a santa, se isso é tão alto assim!)
Pois é amigo, para curtir a estrada eu não precisava de vir para a Bulgária, não faltam estradas boas em Portugal, os 40.000km que faço por ano são feitos de todas as maneiras, por todos os lados e como me apetece!
“40.000km? Ninguém faz tanto quilometro num ano!!!!” Exclamou com ar de gozo…
Claro que não, eu compro as motos já com os km feitos 😉” In Facebook

Vamos lá embora para a Bulgária que não me apetece aturar mais maluco nenhum, sobretudo malucos que me vêm ensinar a viajar, mas nunca saíram do seu país!

A perola mais encantadora que recebi foi um “ah, Portugal não é um país grande! A Grécia é muito maior, uma volta por aqui é muito mais que uma voltinha por lá!” disse o super-herói sorrindo.

“Claro que sim, mas eu estou cá neste momento e farei mais de 4.000km só para chegar lá!” – Acho que ele não tinha pensado nisso!

Sempre me sinto privilegiada quando cruzo com uma placa que aponta um país longe de minha casa. Isso fazia-me lembrar da primeira vez que passei por aquela zona, saía da Turquia na direção da Bulgária, e cruzava com uma placa que dizia “Bulgaristão” e experimentei de novo a sensação de euforia que senti da primeira vez, só por estar ali de novo!

O encanto quebrou-se quando alcancei carros em fila, parados! Mas a fronteira ainda era longe, não podia ser fila para lá! Seriam obras? Um acidente? Não me apetecia ficar ali parada, quando havia tanto espaço para ir furando!

E sim, era a fila para a fronteira, vários quilómetros de fila. A cada curva eu podia vê-la sem fim, a perder de vista na curva seguinte, até finalmente chegar verdadeiramente à portagem!

De onde vinha aquela gente toda, se no meu caminho não havia transito nenhum? Ainda pensei que fossem os milhões de istambulenhos a sair de Istambul e a virem passear para a Bulgária, já que a cidade é tão sobrelotada, mas não, eram quase todos búlgaros!

Eu sempre disse que os búlgaros passeiam para caramba!

Era a primeira fronteira física/terrestre que eu atravessava, já que até ali tinha passado fronteiras em portos. Não havia nenhuma moto na fila, apenas eu e a minha motita e, no entanto, quando chegou a minha vez a pergunta da praxe surgiu: Your friends?

Ao tempo que eu não ouvia aquilo! De alguma forma era como se me sentisse em casa!

No friends, i’m alone!

O homem, nitidamente, aproveitou para conversar um pouco e perguntou onde eu ia, eu respondi que ia visitar o seu país a caminho de casa. O seu ar de surpresa, estas a ir para casa por aqui?

Sim, todos os caminhos vão dar a minha casa, senhor, assim eu queira!

“A Bulgária recebeu-me com a maior carga de água, para lavar o lixo da moto.
Normalmente não sou muito contraditória, mas nestas coisas sou:
– Se trago o fato de chuva e não o uso, fico lixada, andei a passea-lo sem o usar!
– Se o trago e o uso, fico lixada por ter de o vestir no calor e andar por aí toda enchouriçada!
– Se o trago, chove e não o visto a ver se a chuva passa, fico lixada porque devia vesti-lo pois para isso o trouxe!
– Se o trago e o visto, porque começa a chover… fico lixada porque a chuva passa!
– Se não o trago, fico lixada comigo porque fui uma inconsciente e a qualquer momento vou levar com uma chuvada na testa!
Tão eu!!! 😀” in Facebook

É claro que segui numa corrida por ali acima até Plovdiv. Entretanto a chuva parou mas, mesmo assim, eu não perdi mais tempo. Percebi que não haveria ninguém na receção no alojamento quando chegasse. Eu já lá tinha estado uns anos antes e tinha sido muito bem-recebida. Na época cumprimentei as pessoas pelo seu acolhimento, mas desta vez não iria ter direito a nada, certamente, mas paciência.

E no entanto!

“Quanto tempo as pessoas se recordarão de nós após a nossa passagem?
A tradição ainda é o que era aqui na Old Town Plovdiv!
Estive aqui em 2016 e fui recebida com mensagem personalizada. Hoje voltou a acontecer, mas tive duas, uma na entrada e outra na porta do quarto. Depois de várias mensagens pelo Telegram, tudo estava perfeito à minha chegada. Eu adoro este hostel” in facebook

Eles lembravam-se de mim! Até o gato era o mesmo!

Cada vez que volto a uma cidade tenho em mente coisas diferentes para ver e fazer. Desta vez queia ir passar o serão à Kapana, o distrito das artes da cidade.

O alojamento fica no topo do centro histórico, a que chamam Old Plovdiv, estão é só ir descendo as ruelas empedradas e apreciando as belas casas coloridas, com debruns bonitos.

Cá em baixo atravessar a estada movimentada e lá está a Kapana!

Kapana, o quarteirão das artes!
Situado no coração de Plovdiv, lá estava o encantador bairro Kapana, um centro vibrante de criatividade e expressão artística. Um bairro que já foi repleto de oficinas de artesãos no século XV

O bairro histórico passou por uma transformação notável nos últimos anos, evoluindo para um próspero bairro artístico que atrai visitantes de perto e de longe. 

Uma das características mais marcantes de Kapana é a infinidade de murais que adornam suas paredes, cada um contando uma história única e aumentando o fascínio da área.

Caminha-se pelas suas ruas de paralelo e somos envolvidos por um ambiente pitoresco e acolhedor

Os murais pintados contribuem significativamente para esse encanto, infundindo cor e vida em cada recanto. 

Desde designs complexos que mostram o folclore local até peças abstratas que despertam a contemplação, esses murais servem como contadores de histórias visuais que cativam tanto residentes quanto turistas.

Artistas locais se reúnem para criar obras impressionantes que refletem o espírito da comunidade. Esta vibrante comunidade artística não só enriquece a paisagem cultural de Kapana, mas também desempenha um papel fundamental na formação da sua identidade como bairro eclético e dinâmico.

O charme do bairro Kapana é inegável.

O bairro é um testemunho do poder transformador da arte

Kapana tornou-se não apenas um destino de visita obrigatória, mas também um exemplo brilhante de como a criatividade pode dar nova vida aos espaços urbanos.

Jantar num ambiente único, onde a arte se fundia perfeitamente com a gastronomia, foi uma experiência fantástica. Estar cercada por murais impressionantes e elementos artísticos elevava a atmosfera a outro patamar! 

Sentei-me numa esplanada ao ar livre, coisa que sempre melhora a experiência e o humor, e permiti-me desfrutar da beleza do ambiente enquanto saboreava um prato de carne deliciosa e um copo de vinho local, bem ao meu gosto.

E pronto, depois era hora de voltar a subir as ruelas até ao alojamento, procurando fazer caminhos diferentes, que não gosto de voltar pelo mesmo caminho que fui.

Vamos lá tomar um banho e dormir que tenho uma mão para por a descansar…

12. Passeando pela Grécia/Balcãs – Subindo a Grécia até Drama

30 de agosto de 2022

Hoje eu subiria mais um pouco o país até uma cidade com um nome sugestivo. O caminho não era muito longo, por isso não havia muita coisa para fazer naquele dia e eu tinha todo o tempo do mundo para percorrer os caminhos de Meteora e depois subir até Drama.

Mas claro que não podia ir embora sem passear uma vez mais pelo caminho dos belos mosteiros, por isso lá fui subindo na direção dos “monstros” de pedra.

Os enormes rochedos eram realmente monstros negros em contraluz. O tempo estava límpido, depois da chuvada de ontem e isso tornava a atmosfera perfeita ao amanhecer.

Meteora em grego significa “suspenso no ar” e aquilo tudo tem mesmo ar de estar lá pendurado em cima.

Desta vez fiz alguns desenhos do aspeto imponente dos enormes pedragulhos, mas não tenho a certeza de ter conseguido realmente mostrar um pouco do que sentia ao olhar aquilo tudo…

Mas é assim, uma memória dos momentos que parei e olhei mais demoradamente para aquela paisagem apaixonante!

Reza a lenda que a construção dos mosteiros remonta ao século XI. Os monges eremitas queriam defender-se dos invasores otomanos e foram construindo os seus espaços religiosos no topo dos grandes rochedos para dificultar o acesso.

O curioso é que apenas no inicio do século XX se construíram escadas para chegar lá acima, já que inicialmente tudo se processava com cordas e roldanas que içavam pessoas e materiais em redes e cestos.

Hoje, olhando para eles, que já foram mais de 20, dá que pensar a trabalheira que deu levar lá para cima todos os materiais para construir tudo aquilo!

E a bela estrada que nos leva até à entrada de cada mosteiro é linda e em muito bom estado. Até dá para fotografar a partir da moto em redor!

Eu não sou muito de selfies, mas não resisti em registar o meu próprio rosto todo marcado com o capacete desenhado pelo sol. Linda de morrer!


Isto de não conseguir abrir e fechar o capacete, por causa da dor e da falta de força na mão esquerda, fez-me andar muito frequentemente de capacete aberto e o resultado estava na minha cara!

Há sítios onde passo que ficam na minha memória de uma forma tão gratificante que quando lá volto é como se fosse rever um amigo.

E a despedida é aquele momento onde apetece levar cada recanto na memória, guardar todos os sítios na mesma caixinha para mais tarde recordar… E aquele ponto sempre retratará todo o local para mim. Não fico eu na foto, mas fica a uma sombra de mim!

O Mosteiro Agia Triada (da Santissima Trindade) foi a minha ultimo no meu horizonte.

Eu podia ve-lo pelo retrovisor da minha moto

Ao longe podia ver a envolvência de Meteora.

É curioso como o aglomerado de grandes rochedos fica isolado no meio de uma paisagem completamente lisa, como se a natureza se tivesse enervado naquele sitio e se engelhado em rochedos impressionantes.

Encontrei um lento viajante no meio da estrada. Já vou perdendo a conta de quanto cágados encontrei no meio do meu caminho!

Fechou-se todo em casa quando me viu. Imagino o estrago que faria se eu passasse por cima dele com a moto. Certamente eu me esbardalharia e ele continuaria o seu caminho.

Peguei-lhe com cuidado, era bem pesado o menino, e levei-o para a berma da estrada.

Eu tinha planos de explorar um pouco o Monte Olimpo, por isso até me entusasmei quando encontrei a placa.

A ele estava encimado por enormes nuvens, muito baixas. O tempo não devia estar nada bom lá em cima! parece que quando ali passo o céu está sempre a caír em cima dele!

Com o meu pulso a doer e a mão sem força, o que me reduzia muito a desbtreza, definitivamente eu não me meteria a explorar caminhos ruins. Limitei-me a aprecia-lo de longe e seguir, contornando o mau tempo a ver se cobnseguia passar sem ter de vestir o fato de chuva!

As estradas não eram as mais interessantes e encantadoras, nem os caminhos eram particularme3nte panorâmicos. É frequente pela Grécia encontrar estradas completamente banais, com paisagens nada de especial que não vão ficar na memória depois de uma viagem. Quando é assim, limito-me a parar em estações de serviço para comer e beber, já que procurar recantos encantadores para fazer um picnic é mais trabalhoso e menos interessante!

Eu não como gelados nem bolos, mas gosto de provar cervejas e salgadinhos, e os gregos têm coisas muito interessantes nessas especialidades para a gente degustar!

É nesses momentos que eu percebo que o meu dia vai ser feito de comer e conduzir, porque não ha muito mais o que fazer! Ok, há sempre uma curvinha ou outras para animar a condução 😀

E um lugarejo ou outro para dar uma olhada em redor. mas só uma olhada pois não tem muito mais que a bela igreja para encher os olhos, e mesmo essa, estava fechada! Pieria e a sua Igreja dedicada a Agios Dimitrios.

Porque será que quando tenho pouco o que ver tenho sempre muito mais fome? E pimba, sempre que tenho de parar para por gasolina, lá vou eu dar uma olhada na tasca anexa.

Não encontrei nem muitos viajantes de moto nem mesmo muitas motos de residentes. O que mais vi foi motocas pequenas de locais. Mas ali estava uma belíssima AfricaTwin para fazer comapnhi a à minha Penélope.

Os donos da AT eram um casal, mas não se mostraram muito conversadores e eu não faço questão de prender as pessoas muito tempo com conversas que não interessam para nada, por isso apenas cumprimentei e fiquei no meu canto a apreciar o meu sumo e as motos na minha frente. Antipáticos…

Há momentos numa viagem, que uma simples placa me pode fascinar, quando indica vários países e capitais…

Não sei se outras pessoas processam isso, mas vivemos num país onde as placas apenas podem indicar um único país, por muito que a gente ande para norte ou para sul! E eu estava tão perto da Turquia, onde eu tinha planeado ir antes de destruir o meu pulso… ainda bem que as placas ainda não a indicavam, ou teria sido fortemente tentada a fugir do meu caminho para lá…

Mas ali há Bulgária por todo o lado, embora a Grécia ainda faça fronteira com a Macedónia do Norte, a Albânia e a Turquia.

Não me era permitido realizar mais, o que eu estava já era o sonho possível realizado, mais do que isso seria demais… e cheguei a Drama, sem mais dramas!

O entardecer estava animado no centro da cidade, embora eu tenha sido recebida com obras profundas as ruínhas até ao alojamento. Eu sei, para ser ter estradas boas é preciso tratar-se da manutenção e esburacar de vez em quando para se renovar e refazer. Mas confesso que stressei, com tanto pula pula de buraco em buraco!

O meu alojamento era bem no centro da cidade por isso era fácil explorar a pé, por isso, antes que caísse para o lado a dormir, fui explorar em redor e procurar onde comer.

Encontrei uma pizaria que fazia umas pisa muito apetitosas, lá dentro apenas trabalhavam 4 homem de meia idade, o que para mim foi meio surpreendente, talvez por estar habituada a ver apenas jovens trabalhar em sítios destes.

Disseram-me que só vendiam pizas inteiras e que davam para duas pessoas. Não faz mal, eu consigo comer por duas pessoas, venha dai essa piza! E sim, comi-a quase toda! Sobrou tão pouca quem nem valia a pena trazer embora. Quem não é para comer não é para conduzir!

Eu não sou de noite, no sentido de bares e discotecas, mas gosto tanto de passear por uma cidade à noite e ver com o que é que ela se parece quando as pessoas vão dormir.

Bem, vamos lá para casa dormir, para esquecer o quão perto da Turquia estou sem poder lá por o pé…

Amanhã sigo para a Bulgaria e esqueço de vez o que deixo para trás pois tenho coisas novas para descobrir por lá!

11. Passeando pela Grécia/Balcãs – a tarde em Delfos e o serão em Meteora

29 de agosto de 2022

Hoje eu subiria o país e havia coisas que não queria perder de todo. Planeava mesmo passar grande parte do tempo a explora-las. Mas antes havia Atenas.

Mas o meu dia não seria dedicado à cidade. Havia coisas que eu queria ver por lá, mas não subiria à Acrópole. Ainda tinha viva a memória do calor infernal que lá passara anos atrás. Calor e turistas aos magotes, tudo o que eu não queria ter de enfrentar naquele momento!

Os gregos são muito praticos quando se trata de estacionar uma motoca, encostam-na em filinha na berma das estradas, junto aos passeios, e pronto! E ninguém parece se arreliar com isso.

Eu, como nem sou grega, nem tenho uma motoca, lá encontrei um estacionamento para motos, não fosse aparecer um policia mal disposto, que não gostasse de ver uma portuguesa fazer como os gregos na sua terra e multar-me! Afinal arranjaram-me um alojamento novo, mas sem garagem… não se pode ter tudo!

A porta de garagem que existia junto ao alojamento, bem original por sinal, era na realidade a porta de um bar, que trancada ficava com aquele ar!

Eu estava hospedada na Plaka, o coração da cidade, cheia de movimento. Não era fácil para mim andar por ali a fazer o esforço por conduzir com precisão pelas ruelas até encontrar um sitio para estacionar.

Atenas é um museu a céu aberto e, a cada vez que lá volto, exploro mais um pouco. Desta vez fiquei-me pela Plaka e as suas ruinas.

Andei a ver os chapéus, a verdade é que eu estava a precisar de comprar um novo, que o meu estava bem gasto, deformado e meio desbotado. Mas aqueles eram de palha, muito claros para mim, chapéus de verão.

A beleza em redor inspirava-me para tomar um pequeno almoço calmo e requintado, longe da confusão, da gente que passa e do barulho dos carros. Encontrei aquele sitio tão simpático e reservado, sem ser fechado, e fiquei tão contente ali.

Pessoas vieram e foram e eu calmamente no meu canto. Às vezes é preciso não ter pressa para nada e em viagem é quando sabe melhor. Já basta em tempo de trabalho, quando tenho horas para cumprir e pequenos atrasos podem ser faltas, a qualquer hora do dia!

As ruinas do antigo mercado romano parecem ruinas de um templo!

A Biblioteca de Adriano ficava mesmo ali. Não havia muitos turistas por isso podia andar à vontade. Acho que aquela hora os turistas ou estavam nas esplanadas ruidosas a tomar o pequeno almoço, ou se amontoavam para entrar em sítios mais chamativos como a Acrópole,

O edifício esteve subterrado por baixo de uma igreja paleocristã, primeiro, e séculos depois por uma basílica, até que no final do século XIX um incêndio no local deixou aparecer magnificas e enormes colunas de mármore. Então depois de grandes escavações ela foi restaurada e ficou como a vemos hoje.

Impressionante a importância que uma biblioteca tinha há tantos séculos! E pensar que hoje, século XXI, há quem ache que é uma perda de tempo e que nunca tenha entrado numa…

A minha moto tinha chamado a atenção e aqueles dois foram-se pôr perto dela, logo à minha chegada. Acho que o meu ar ao pousar a moto e colocar o chapéu não os inspirou a aproximarem-se. Mas ao meu regresso eles meteram conversa com um “Beautiful bike!”

Eu compro sempre a moto que gosto contra tudo e contra todos, mas quando alguém diz que ela é linda, fico sempre vaidosa.

E com o seu inglês macarrónico, lá me pediram para tirar fotos junto dela. E sim, ambos tinham smartphones decentes para tirar fotos, eu mesma os usei para os fotografar! Claro que também tirei uma com o meu telelé, para memória futura.

Dei mais uma volta pelo centro com a moto para ir embora e, ao passar no portão de Atena Archegetis, tive de parar um pouco para registar o momento em que a minha motita lhe passou em frente. Afinal é uma das construções mais importantes e imponentes que restam da Ágora Romana! 😀

Numa ultima olhada sobre a Ágora podia ver a Torre dos Ventos, rodeada pelas colunas de mármore, e a colina da Acropole ao fundo.

Ok, vamos ver isto tudo de longe e vamos embora.

Eu queria subir ao Monte Lykabettos, o ponto mais alto da cidade, dizem que tem 277 metros de altitude. Reza a lenda que, em tempos, ali era um refugio de lobos e que daí poderá ter surgido o nome, já que lobo em grego é “lycos”.

Há um funicular que leva lá acima, que eu nunca vi porque sempre subo pela estrada, além de que ele não é visivel da rua, pois sobe por um túnel até ao topo. Lembro-me de quando fui lá a primeira vez, guiei-me pela sua silhueta na noite e fui subindo ruas ingremes e cheias de curvas sem ter a certeza de que a minha moto, uma PanEurpean na época, passaria nos sítios onde a metia.

Desta vez sentia-me bem menos confiante, mesmo com uma moto muito mais leve e ágil. Mas as subidas ainda me angustiavam tanto!

Chegando ao estacionamento há uma série de degraus para subir e as perspetivas sobre a cidade e o próprio monte vão-se revelando.

Na realidade o estacionamento é um pouco mais afastado, eu é que pus a minha motinha num canto de jardim mesmo em frente às escadas. Os senhores que estavam lá a tratar de uma buracada qualquer acharam que era um bom sitio para eu a pôr… e eu também! 😀

A Suprema Sacerdotiza, Pitia, era a ligação entre os deuses e os humanos e, para comunicar, entrava em transe inalando gases libertados pelas montanhas (ou usando drogas, digo eu!) sendo as suas mensagens interpretadas pelos sacerdotes, acreditando-se que ela era a voz do próprio Apolo. Agora imagine-se o poder daquela mulher!

Felizmente não estava muito calor, mas mesmo assim quando cheguei ao restaurante no topo das escadas, tive de comprar uma garrafa de agua fresca pois estava a desidratar!

Lá em cima a capela de S. Jorge e a torre sineira assinalam a chegada ao ponto, como recompensa.

A perspetiva sobre a cidade, a partir dali de cima, é verdadeiramente de 360º!

A norte do monte há umas “ilhas” verdes onde eu já passara ha uns anos, podia ve-las ali de cima. Eram mais interessantes vistas de longe que no local, como acontece tanta vez!

A cidade está por todo o lado e a Acrópole, em frente a mim, na direção do mar, como a cereja em cima do bolo.

Ligeiramente mais a sul, ao longe fica o estádio Panathinaiko, imponente, um dos estadios mais antigos do mundo totalmente construido em mármore branco.

Depois há a portinha que dá para uma escadaria que leva até lá abaixo à cidade e, provavelmente, também ao funicular! Honestamente não desci muito para verificar. Tudo o que desce volta a subir e a minha moto estava no outro lado do monte, cá em cima!

No próprio Monte há um anfiteatro moderno ao ar livre, com uma estrutura metálica impressionante, onde já atuaram artistas como Bob Dylan, Ray Charles ou os Scorpions. Deve ser fantastica a sensação de estar no topo da cidade a assistir a um concerto!

Já vai sendo comum encontrar bichinhos giros no meu caminho por aquelas paragens. Fui a correr tirar o cágado da rua, só para lhe por a mão antes que ele saltasse em velocidade alucinante para a berma!

Eu não ía para muito longe de Atenas, mas precisava de todo o tempo possivel para explorar o sitio.

Segui o meu caminho, primeiro meio plano, depois começou a subir e a paisagem a ficar mais interessante. Cruzei Aráchova, um mimo de terrinha que já fica acima dos 900m.

Sempre mais interessante ver estas populações do exterior que desde as ruas que as atravessam, mas fofinha mesmo assim.

Um sitio muito oportuno para me abastecer para as horas em que não teria nada para comer ou beber!

E cheguei a Delfos…

Não posso negar que foi um momento muito especial para mim chegar ali… Delfos o “umbigo do mundo”

Reza a lenda que Zeus, o rei dos deuses, procurava o centro da terra, por isso soltou duas águias de extremos opostos da terra, voando em direção uma da outra, e elas se encontraram em Delfos. Naquele ponto foi colocada uma pedra oval, que é um formato de boas energias. Esta pedra oval chama-se ônfalo em grego, que quer dizer umbigo e daí surgiu a alcunha.

E na antiguidade Delfos era mesmo o centro do mundo, vinha gente de todos os lados para consultar o Oráculo, gente de todas as classes, desde nobres, reis e politicos até gente comum, à procura de orientaçoes, respostas a questões específicas e prever o futuro.

Depois chegaram os romanos e acabaram com aquilo tudo e pronto, o oráculo perdeu todo o interesse e a cidade decaiu!

Delfos fica encrostada na costa sul do monte Parnasso com o Golfo de Corinto no horizonte, depois do vale.

Delfos ficará na minha memória como o sítio arqueológico mais belo que vi…

Pode até nem ser, mas a localização e a carga emocional que ele teve para mim foi mais impactante que o Fórum Romano de Roma, o Coliseu ou Olympia!

Por isso dispus-me a passar ali o tempo todo que me apetecesse!

Tesouro de Atenas, uma das capelas que rodeavam o Templo de Apolo.

Havia outras, cada uma dedicada a uma cidade-estado e chamavam-se tesouros porque continham as oferendas da cidade correspondente ao deus, para comemorar as suas vitórias. Esta era a de Atenas e é a única que foi restaurada.

Aquele capitel Jonico, enorme, fascinou-me! Para ele ser daquele tamanho, a coluna que ele encimava seria meio gigantesca!

A forma como eram empilhadas e encaixadas as pedras e tijolos sempre me fascina. Como um puzzle belo e muito bem montado!

E lá estava a Coluna das Serpentes, ou a sua réplica já que a original continua em Istambul, antiga Constantinopla, para onde Constantino I, o Grande, a mudou uns 300 anos dC!

Ela era parte de um monumento de bronze em forma de coluna espiralada. Originalmente tinha cerca de oito metros de altura, hoje tem apenas seis, já que perdeu elementos. Foi erguido em Delfos como oferenda a Apolo 478 anos aC, para comemorar a vitória grega sobre os persas.

E logo a seguir estava o Templo de Apolo… ou o que chegou até hoje.

Ainda é possivel ver a sua enorme dimensão. Devia ter sido um monumento impressionante!

Acho que sentei o rabo em todas as pedras que encontrei e fui desenhando aqui e ali, sempre que havia uma sombra oportuna e ninguem em redor para me incomodar.

As perspetivas são impressionantes à medida que se vai subindo. Aquela gente sabia escolher o sitio para viver!

A perspetiva vertiginosa sobre o anfiteatro e o vale é verdadeiramente fascinante! Facil de perceber porque sempre aparece na net quando se pesquisa por Delfos!

Não sei quanto tempo fiquei sentada a olhar, mas mesmo com outras pessoas por ali a caminhar, parecia que o local absorvia todos os ruidos, e só sobrava o leve ronronar de água ao longe.

Quando visito aldeias penduradas em colinas sempre me pergunto como as pessoas faziam para subir e descer toda a encosta do monte vezes sem conta!

Na realidade aquilo subia que se fartava e os desenhos que foram feitos imaginando o povoado em seu apogeu são inspiradores, com o enorme templo de Apolo a dominar tudo e o anfiteatro logo acima. Impressionante!

Desci à rua finalmente, pois a outra parte das ruinas fica do outro lado da estrada.

Alguns desenhos que fiz:

Aquele capitel Jonico que me fascinou…

Outros desenhos do teatro ficaram só no esboço, acho que este foi o mais fofinho que fiz

O Templo de Athena Pronaia …

… está localizado a alguma distancia do centro das ruinas principais. Na antiguidade ele ficava à entrada de Delfos e era dedicado à deusa Atena para que ela protegesse o seu meio-irmão Apolo.

É, fiquei ali por horas. Podia ver o vale là em baixo e a estrada que iria percorrer ao continuar o meu caminho

estradas bem inspiradoras, por sinal!

O sol ficou para trás à medida que eu ia subindo o país. Parece que é assim em todos os países, o norte é mais dado a nuvens e tempo incerto que o sul! Será?

São aqueles percursos que ameaçam de tal maneira com uma carga de água a qulquer momento, que nem apetece parar, só para tentar escapar à chuva!

mas eu parei e segui e as nuvens passaram de ameaçadoras a assustadoras

e de assustadoras a aterradoras!

Mas se há coisa que eu não tenho é medo de chuva, por isso segui cantando e assobiando e a chuva não me alcançou até eu chegar a Meteora!

No alojamento disseram-me que não saisse pois vinha aí uma carga de água… mas eu não conseguiria ficar quieta com aquelas enormes pedras a chamarem por mim!

A primeira vez que fui a Meteora apaixonei-me pelo local, pela atmosfera, pelas pessoas e pela comida.

Dizem que a gente não deve voltar ao local onde foi feliz e eu sempre fico com receio de estragar memórias agradáveis que trago comigo. Mas então eu cheguei e tudo voltou! E foi mais forte do que eu, aquela vontade de ir lá acima conferir se tudo era como eu me lembrava.

Aquela sensação de voltar ao interior das enormes pedras, fez tudo ser tão familiar como se lá tivesse estado poucos dias atrás.

A estrada continua boa e com perspetivas de cortar a respiração!

Havia gente por ali acima à espera do por-do-sol E os do alojamento com receio que eu subisse por causa da chuva que vinha aí! Aquelas pessoas estavam a pé, de t-shirt, e iriam apanha-la toda mais facilmente do que eu, que estava de moto e poderia descer rapidamente a qualquer momento!

É tão esquisito que se pense que eu estou mais desprotegida de moto que outras pessoas a pé, não é?

Os pontos mais famosos de observação do pôr-do-sol no vale estavam cheios de gente, havia varias das famosas Vans que levam os turistas até aqueles pontos e havia eu que andava a passear, como quem confere se todos os mosteiros ainda estão no seu lugar desde a ultima vez que ali passei!

Mosteiro de Agia Tríada e a minha motita ♥

O horizonte estava a iluminar-se, provavelmente o sol iria, pelo menos, avermelhar as nuvens!

Ao longe os turistas, em cima do grande rochedo, pareciam formigas eufóricas pela perspetiva de ainda vislumbrarem o sol!

E realmente o sol espreitou um pouco no ultimo momento, como se quisesse dar um pequeno espetáculo para quem se dispôs a esperar por ele, contra todas as espectativas de chuva que o céu cinzento deixava adivinhar!

Não precisei de subir à grande pedra, afinal da rua tem-se uma visão muito parecida, só que sem ninguém em meu redor a fazer selfies!

Eu tenho uma foto com a minha PanEuropean ali, naquele sitio!

“Navegar” no meio daquelas pedras sempre me fascina e faz acelerar meu coração! ♥

Adoro Meteora e certamente esta não foi a ultima vez que lá passei…

Eu já fiz tantos desenhos lá, mas mesmo assim fiz mais uma série deles desta vez, para acrescentar à coleção!

O meu Mosteiro Ágia Tríada

Estava na hora de ir comer qualquer coisa e, se bem me lembrava, havia ali um restaurante que eu conhecia ali, eu vira-o ao subir. Da ultima vez que ali estive, fiquei por três dias, para ter tempo de visitar diversos mosteiros por dentro, e fui jantar a um restaurante perto do alojamentento nas 3 noites que lá passei.

Lembrava-me de ter gostado muito do serviço, da simpatia e da comida, por isso achei que seria uma boa ideia lá voltar.

“Quanto tempo as pessoas se recordarão de nós, depois da nossa passagem?
Estive em Meteora em 2013, com a PanEuropean (a Magnifica) cheguei de noite e vinha cheia de fome. No alojamento receberam-me com alegria, uma senhora de moto!!! Perguntei se ainda haveria algum sitio onde comer. Disseram-me para subir uns 200 metros até este restaurante, a ver se ainda me davam comida. Deram! E era tão boa que aqueceu meu coração. Hoje voltei ao mesmo sitio, a comida é de novo genial e toda a gente se lembrou de mim, do meu chapéu e da minha moto…. ( era de outra cor, não era?)” – in Facebook

O senhor sentado à porta do restaurante parece que ficou sentado ali desde a ultima vez que lá estive!

“ciao bella” tudo igual ao que me lembro! ♥

Para o jantar costeletas de cordeiro grelhadas acompamhadas do bom vinho branco grego geladinho, que delícia! Que digam os 3 gatinhos que aninharam a meus pés a ver se lhes tocava alguma coisa

A minha companhia ao jantar. Eram três gatitos novinhos, um deles era muito arisco para eu o apanhar numa foto sem plash!

Gatos sempre se aproximam de mim. Acho que sentem que eu os adoro!

E de presente um pequeno gelado, oferta da casa. O que eu gosto dos gregos! ♥

E então veio o temporal, o céu desabou sobre Metora como meteoritos, de tão grossas que eram as gotas de água. Mas só depois de eu chegar a “casa” e me sentar no alpendre a arrefecer o meu pulso febril.

Sentia-me feliz!

Amanhã sigo para norte…