Era um passeio simpático e relaxante, num local muito bonito e inspirador, mas com um acesso bastante complicado. E tudo corria bem quando tudo começou a correr mal!
Era o meu moçoilo quem ia a conduzir. Ele é um excelente condutor, por isso eu confio e por vezes ando à pendura, mas ele enganou-se no caminho e seguiu por uma ruela íngreme e difícil.
Eu quis parar para que a moto ficasse mais leve, assim eu poderia ir ver o que nos esperava e perceber se devíamos continuar. Mas ele não parou. Afinal a ruela era em paralelo e isso deu-lhe confiança para continuar.
Eu tinha razão, devíamos ter parado e eu desmontado…
Depois de um ziguezague, a ruela subia imenso, de forma irregular e com muitas ervas nas bermas e no centro. A moto resvalou nelas e perdeu aderência, derrapou violentamente para trás e caímos…
O meu braço ficou todo torto, percebi imediatamente que tinha uma fratura feia e terminou ali a ideia de viajar em agosto…
Apenas muitos dias depois fui operada. A cirurgia foi feita por entre os tendões do pulso e isso, aliado à inatividade do gesso inicial, provocou uma mão inerte e sem sensibilidade…
Só depois de retirar os pontos pude começar verdadeiramente a ginasticar a mão marota. E veio a dor da recuperação. Se antes doía pela fratura, agora doi todo o dia e toda a noite, porque tendões, nervos e músculos são muito difíceis de recuperar…
O regresso da minha moto a casa, depois de ter passado umas pequenas férias na oficina, é um incentivo para trabalhar esta mão, mas é também a consciência de quanto ela é incapaz de me deixar conduzir…
Eu não sou uma lutadora intrépida, mas também não sou uma covarde, por isso sigo tentando convencer esta mão marota a funcionar… mas ela ainda só leva a manete da embraiagem até meio!
E aqui continuo eu, no meio de toda a dor, de muito gelo para controlar o inchaço e muito exercício, celebrando pequenas conquistas como conseguir comer com faca e garfo, apertar os cordões das sapatilhas, pegar numa garrafa de água de 1,5l ou apoiar-me nas duas mãos para me levantar do sofá!