43 – Passeando até à Suiça 2012 – Le Mont de Sainte-Odile

22 de Agosto de 2012 – continuação da continuação

Não é qualquer coisa que abala o meu ânimo! Quando quero ver ou fazer qualquer coisa não desisto facilmente, por isso fui para o hotel, retirei o cartão, liguei-o ao computador com o leitor de cartões e… constatei que a coisa estava feia! Até para o abrir e ler o conteúdo foi difícil! Tentei diversas vezes até perceber que era uma questão de tempo! Aquilo demorava uma eternidade a abrir e uma ainda maior eternidade a selecionar e copiar para o portátil!

Não seria coisa para fazer rapidamente, por isso deixei o portátil a negociar a operação com o cartão e, depois de remexer as minhas coisas, lá encontrei o outro cartão menor, da minha primeira máquina, que levara apenas porque levara também a máquina velhota, para o caso de o azar atacar a máquina nova!

E pronto, já tinha máquina de novo! Demorara mais de uma hora naquele contratempo mas o sol ainda ia alto, por isso voltei à estrada! Fui rapidamente até ao ponto onde ficara a falar sozinha, com a máquina à bulha com o cartão, e fui visitar o Mont de Sainte-Odile! 😀

O Mont Sainte-Odile é uma saliência na planície com cerca de 760 metros de atitude. Lá em cima fica o convento, a abadia, a igreja e diversas capelas, num local de grande peregrinação dedicado à santa padroeira da Alsácia! Dizem que em dias límpidos se pode ver dali a Floresta Negra, na Alemanha ali ao lado!

Sainte Odile nasceu em Obernai, ali ao lado, filha do Duque da Alsácia no ano de 662 e diz a lenda que, tendo nascido cega, não foi aceite pelo pai, que não conseguia aceitar que, além de não ser o rapazinho que esperava, a filhota fosse cega!

Ele encarou a sua cegueira como uma vergonha para a família, por isso determinou que ela devia morrer! A mãe conseguiu defender a menina e confia-la a uma enfermeira para cuidar dela e a afastar do pai violento.

Depois há histórias que falam de que o seu pai matou por acidente o irmão, que a defendia e que ela veio e o ressuscitou, que o pai adoeceu e ela veio de novo para cuidar dele e só aí ele a aceitou!
Dizem ainda que um padre veio batiza-la e ela recuperou a visão!

Ui, tantas histórias que fizeram com que ela fosse canonizada no séc. XI e seja hoje uma padroeira da boa visão e a padroeira da Alsácia!

Foi com o apoio do pai que ela fundou a Abadia de Hohenbourg, a partir do castelo com o mesmo nome, onde Odile foi abadessa até morrer em 720.

Apenas visitei as capelas e os mosaicos da Chepelle des Larmes são espantosos! Chama-se assim, capela das lágrimas, porque ali Odile chorou pela saúde do seu pai!

Há quem acredite que é uma das áreas mais vibrantes do Monte Saint-Odile, porque alem desses momentos de sofrimento vividos ali pela santa, a capela foi construída em cima do antigo cemitério do mosteiro!

Ao lado fica a Capelle des Anges, ou Chapelle Saint-Michel, onde os mosaicos lindíssimos contam historias e, embora seja pequenina, não se deve ver da porta, porque é lá dentro que se pode apreciar os tetos e paredes, todos trabalhados, tal como a Chapelle des Larmes!

Há jardins bonitos ali em cima, com paisagens extraordinárias, porque estamos no topo de uma colina em penhasco.

Sainte Odile está lá em cima de uma pequena cúpula de uma torrezita a abençoar a planície em redor do monte!

Tudo em arenito vermelho, a pedra característica da zona, a considerar pela quantidade de construções naquela pedra, por toda Alsácia!

Por momentos também fui santa! Oh p’ra mim com a cruz no meu reflexo! 😀

Não me apeteceu ver mais igrejas, estava mas era com sede e aproveitei o restaurante-bar ali instalado para me refrescar com uma belíssima cerveja!

Cá em baixo, aos pés do monte, fica Barr, uma cidadezinha deliciosa com um centro histórico muito bem preservado, cheio de casinhas deliciosas com travejamento exterior, tão comum por ali!

Pormenores encantadores de uma terrinha pouco frequentada por turistas que guarda todo o seu encanto camponês!

Não sou apreciadora de bolos nem biscoitos nem qualquer tipo de doçaria, mas não me iria embora sem pelo menos provar uma das especialidades da zona! Os biscoitos de manteiga são deliciosos!

Só então reparei que estava na reserva…segundo a minha Magnifica teria gasolina apenas para uns miseráveis 45km. MᾣᴁӚda! Com a preocupação da máquina e a sensação de voltar a conseguir fotografar, não olhei sequer para o nível da gasolina! E agora as bombas estavam todas a funcionar com a mᾣᴁӚda da carte-bleue, que só os franceses têm sem se preocuparem com os desgraçados dos viajantes incautos, como eu!

MᾣᴁӚda….

Aí praguejei e lamentei-me e ralhei comigo própria e com a Magnífica e amuei!

Fui-me meter em casa, pois nem podia arriscar ir a Estrasburgo pois podia resultar em ficar apeada em qualquer lugar, já que não fazia a menor ideia se existiram bombas abertas pelo caminho!

Fiz um belo pic-nic no quarto, enquanto batalhava com o portátil e com o cartão de memória doente e não saí mais, até ter a certeza que as bombas estavam abertas, no dia seguinte!

Fim do vigésimo quarto dia de viagem!

42 – Passeando até à Suiça 2012 – A bela Alsácia e a rota dos vinhos.

22 de Agosto de 2012 – continuação

A Alsácia tornou-se, desde as minhas primeiras passagens por ali, um destino a conhecer. Apercebia-me a cada passagem que era uma região lindíssima, cheia de recantos de rara beleza e de pessoas muito simpáticas! E a cada vez que passava a minha ideia reforçava-se! Por isso, nesta viagem ela foi um dos grandes destinos a explorar e em nada me desiludiu, bem pelo contrário!

Quando se engrena pela Route des Vins d’Alsace parece que nos passeamos pelo trilho da beleza perfeita! Cada aldeia é um cartão postal e elas sucedem-se quase de quilómetro em quilómetro!

Segui para Rosheim, uma aldeia pequenina, como parecem ser todas as aldeias da Route, com as suas portas características e comuns a tantas aldeias por ali!

São adoráveis aquelas torres/porta: a torre do relógio e a porta do Hospital, as mais antigas!

A aldeia de origem que quase se perde na história tem edifícios medievais lindíssimos

como a igreja românica des Saints Pierre-et-Pauldo do séc. XII.

cheia de pormenores encantadores

Lá dentro havia uma exposição de arte com peças interessantes que faziam um efeito curioso!

A torre sineira é posterior à igreja, do século XIV gótica, em arenito vermelho.

Passear por ali foi um prazer e quase esqueci que as cidades e aldeias vizinhas são igualmente encantadoras!

Aquele poço lindíssimo prendeu-me a atenção e descobriria outros semelhantes na redondeza.

E segui para encontrar logo ali a seguir, uns 3 ou 4 quilómetros adiante Boersch, com as suas portas/torre medievais parecidas com as de Rosheim

e o poço lindíssimo renascentista do séc. XVI, também parecido com o da primeira aldeia!

As ruinhas deliciosas cheias de edifícios encantadores

E sai-se pela outra porta, no outro extremo, para seguir de novo a Route no rasto de outras aldeias de encantar!

Logo à frente fica Obernai, uma cidade de origem medieval e em pleno crescimento!

Na realidade parece que todas aquelas aldeias e cidades são extensões delas próprias, como se de uma apenas se tratasse!

Embora seja uma cidade bem maior que as pequenas aldeias em redor, mantem as suas casinhas e recantos pitorescos. E tem mais uma Eglise des Saints Pierre-et-Paul, esta do séc. XIX em estilo neo-gótico!

A igreja é impressionante!

Ali ao lado fica a Place du Marché com a fonte de Saint Odile e o Hôtel de Ville o campanário ”Beffroi Kapellturn”

Mais um passeio encantador por ruelas pitorescas!

Havia festa e as pessoas bebiam vinho nas esplanadas dos cafés.

Mais meia dúzia de quilómetros à frente e cheguei à casinha de chocolate da história infantil dos Irmãos Grimm em Gertwiller!

Até estavam lá os putos, Hansel e Gretel e a bruxa!

Na realidade os biscoitos de manteiga e os Pains D’Épices são muito procurados e característicos da Alsácia e as casas que os fazem e vendem são lindas!

Então de repente a máquina fotográfica começou a falhar e a rejeitar o cartão de memória! De repente também me lembrei que não tinha retirado para o portátil as fotos do dia anterior…

Abri a maquina, retirei o cartão e a bateria, desliguei-a, voltei a ligar… e nada! Ela apenas repetia a informação de que não conseguia gravar as fotos no cartão…

Regressei ao hotel, felizmente estava a apenas uns escassos trinta e tal quilómetros de distância. Eu já nem sabia o que tinha feito ao outro cartão de 4 giga, mas isso nem era difícil de resolver, poderia comprar um novo, não sabia era se recuperaria as fotos do cartão de 8 giga que estava a falhar na máquina…

Raios! Que mais estava para acontecer nesta viagem pontilhada de aflições por entre as belezas?

(continua)

41 – Passeando até à Suiça 2012 – La Petite France!

22 de Agosto de 2012

Depois de um serão sui-generis, deitada no chão da praça a olhar para a catedral, fui para o hotel ligar-me à net e procurar uma oficina Honda perto dali! Encontrei a MOTO SCHUMPP, concecionário Honda desde 1967 e de uma série de outras marcas mais recentemente e, o mais importante: tinha oficina! Contei a minha descoberta ao meu Patrick (GPS) e ele sabia muito bem onde era!

O site dizia que aquilo abria à 8.30h mas como a moto estava a andar e eu nem tinha a certeza se depois de ir à oficina ela sairia a continuar a circular… aproveitei e fui visitar um pouco a cidade antes. Ao menos o que eu tivesse já visto ninguém me tiraria mais, nem que tivesse de ir embora para casa de assistência em viagem!

Por isso fui passear para la Petite France!

La Petite France é um quarteirão muito característico e pitoresco de Estrasburgo, cheio de casinhas lindas que parecem de brincar, com os travejamentos em madeira exteriores, tão característicos na Alsácia.

Fica na Grand Île, no ponto onde o rio ILL, afluente do Reno, se ramifica em cinco canais.

É um quarteirão encantador, classificado como Património da Humanidade pela Unesco. O seu nome vem de um Hospício da varíola, para tratamento da sífilis, doença chamada de “mal francês” que existiu ali.

Arrepiei-me, a cada passo por aquelas ruelas encantadoras, só de imaginar que tudo aquilo foi destruído durante os bombardeamentos da Segunda Guerra!

O trabalho de restauro e reconstrução foi remarcável, pois hoje nada se distingue mais, entre o antigo e o reconstruido.

Os pormenores das portas, janelas, telhados e varandas são encantadores, parece que passeamos pelas histórias de encantar!

Souberam preservar e restaurar o seu património arquitetónico, as suas casinhas de madeira e tabiques, que nos chegam desde os séculos XVI e XVII.

Parece que tudo foi construído para agradar aos turistas, como cenários perfeitos e encantadores e até custa a crer que ali vive gente todos os dias e todo o ano!

Uma sensação que nos fica por toda a Alsácia, de que tudo é tão bonito que parece quase artificial!

As voltas que eu dei por ali, catando cada recanto como não fazia há muitos anos!

As pontes cobertas estavam em restauro, vestígios das fortificações medievais da cidade do séc. III.

O centro da cidade, que fica na ilha, já teve 80 torres destas, que circundavam todo o espaço, hoje só existem 4..

Ao passar-se a ponte podem-se ver diversos braços de água, os canais que o rio forma naquele ponto.

Adorável cidade! Vou lá voltar de novo, vezes sem conta, estou certa!

E estava na hora de ir ao senhor doutor com a minha motita ver o que raio se passava com ela! O Patrick levou-me direitinha à oficina, que alivio! Pelo menos não teria de andar de porta em porta à procura dela!

Era um stand gigantesco, cheio de motos e movimento!

E começou a “brincadeira”! O mecânico deu uma volta e a moto não fez nada, eu dei uma volta e ela fez o tal barulho! Ele voltou a ir mais longe um pouco, e ela nada fez, eu pego nela e ela berra!

Já dava para rir, mas a verdade é que a dada altura o barulho que ela fazia se ouviu na rua, as pessoas puderam ouvi-lo a partir do passeio, ninguém podia dizer que era cisma minha!

E lá foi ela para a mesa de operações!

Toda a gente foi dar uma olhada, ninguém via nada!

E eu esperava cá fora como quem espera um ente querido que está em tratamento!

Enquanto eles desmontavam o travão e experimentavam a roda, para ver se era rolamento, eu punha o olho a qualquer moto que tivesse malas e queria troca-la pela minha…

Ou uma moto para quando eu for velhota e tiver medo de não me segurar de pé, 3 rodas ajudam o equilíbrio!

Acabaram por não descobrir nada de anormal! Segundo observaram, o sistema de travão tinha vestígios de ter moído uma pedra, o barulho realmente era cada vez menor, o que quereria dizer que as impurezas estariam a desaparecer. Disseram-me que seguisse, que não correria perigo, que o barulho desapareceria… e eu segui!

(continua)

9 – Passeando até à Suiça 2012 – La Haute route des Alpes – Col du Galibier

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5 de Agosto de 2012

O dia amanheceu meio solarengo, meio enevoado e pingão. É verdade, isso acontece a cada passo nas altas montanhas. Naturalmente que o lado solarengo chamava muito mais alto por mim mas, azar dos azares, era pelo lado pingão que eu devia seguir! Ainda pensei em contrariar o percurso mas eu teria de ir apanhar a chuva de uma maneira ou de outra, não adiantava dar uma volta maior, por caminhos menos bonitos!

Por isso dei por ali umas voltas, retive a respiração e mergulhei! Iria ver o Lago Leman ainda naquele dia…

A cidade de Briançon é muito bonita de apreciar de longe, com o forte sobre uma colina mais elevada e a cidadela mais em baixo, parece um cenário!

Uma pena os fios, sei lá de quê, que estragam um enquadramento destes!

Ao longe o conjunto da “ville Haute”, o forte do castelo, o forte des Salettes e o forte des Têtes.
Com uma longa história de guerra e defesa da fronteira francesa, passou por momentos históricos fortes, desde a idade média, passando pelas guerras mundiais e chega aos nossos dias como cidade de ski e desportos de inverno e cheia de monumentos únicos e classificados!

E segui para o lado do tempo ruim, para o col du Galibier, esperando que a chuva não fosse tanta que me impedisse de ver e fotografar um pouco…

Então comecei a encontrar uma infinidade de motos! Parece que de repente toda a gente ia para onde eu ia!

Depois entendi… era domingo e o povo tinha tirado o dia para ir correr para ali! Ultrapassei e fui ultrapassada diversas vezes por esta moto bizarra, que era mais uma moto de 4 rodas do que verdadeiramente uma moto 4! O tipo devia ficar muito incomodado sempre que eu ia à frente dele pois esforçava-se para caramba para voltar a vir-se meter na minha frente! Por vezes obrigou-me mesmo a travar para ele entrar!

Não me lembro nunca de me ter sentido tão pressionada por outros motociclistas para os deixar passar para o espaço à minha frente onde por vezes não cabia ninguém… detestei a sensação! Não sei se era por eu ser a única moto com um “P” atrás, ou se era por ser mulher, ou se era por a minha Magnifica ser a única no seu estilo/tamanho por ali… só sei que detestei!

Um dos que me apertou, ao ponto de quase me tocar na roda da frente, encontrei-o no chão umas curvas mais à frente! No final da aventura, contando com os 2 acidentes do dia anterior, tinha passado por 6 motos viradas de pernas para o ar, 2 das quais com pendura incluída… Ainda bem que a estrada valia a pena ou ter-me-ia arrependido de a ter feito naquele dia!

Então encontrei a chuva! E foi ela que afastou todo aquele “mosquedo” de mim! (obrigada São Pedro) De repente vi-me sozinha na estrada, apenas eu e alguns carros, as motos iam ficando paradas aos grupos aqui e ali, já não havia mais heróis capazes de se meterem à minha frente? Não, porque chovia bastante, o vento era forte e eu aproveitei para seguir em paz!

E constatei uma triste realidade para um(a) motociclista, que os automobilistas eram muito mais cuidadosos e atenciosos para mim do que todos aqueles motards! Faziam o esforço por se chegar para a beirinha cada vez que eu me aproximava, davam-me pisca a mandar-me passar e tudo! Veio-me diversas vezes à mente aquelas tretas que circulam no Facebook de que motociclista é boa pessoa, é solidário, é amigo, segue códigos de conduta, é irmão… é muitas vezes reles, mal criado e arrogante, cá e lá… infelizmente! E foram os enlatados os melhores colegas de estrada que podia ter tido por ali!

E segui na maior paz, apesar da chuva e dos trovões em cima de mim, é que o São Pedro não parava de me tirar fotografias, eu bem via os flashes!

Cheguei lá acima sozinha! Havia lá um ciclista acampado, alguns carros e a minha Magnífica!

Ninguém na longa e ziguezagueante rua! Não havia mais heróis!

Por muito tempo apenas se via um carro aqui e outro ali e a paisagem era linda!

É tão bonito quando para de chover e o sol volta, a estrada brilha e o céu fica límpido!

As esculturas em feno são comuns, a cada ano vejo-as pelas estradas Francesas, os camponeses são artistas!

Passei em Valloire mas nem parei! Aquilo estava cheio de motos paradas por causa da chuva e eu já estava fartinha de motos e habilidades!

Só voltaria a parar quando chegasse ao lago Leman…

(continua)

8 – Passeando até à Suiça 2012 – La Haute route des Alpes – Col de la Bonette

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4 de Agosto de 2012 – continuação

A princípio a estrada é quase banal, escarpa aqui, monte ali e nada mais denuncia o que ela será mais à frente! Eu nunca tinha feito a “ponta” sul por isso tinha de ir atenta, mas a estrada é fácil de encontrar e de seguir, porque está muito bem sinalizada e, mesmo quando a gente não tem a certeza se fez a boa escolha num entroncamento, uma nova placa aparece logo à frente a desfazer as dúvidas!

Então vamo-nos afastando de Nice e vamo-nos aproximando da beleza da natureza em estado puro!

E há momentos de dilema, curtir a estrada ou apreciar os encantos da paisagem? Vou tentando fazer um pouco de tudo, tirando fotos pelo meio!

A estrada é suficiente longa para permitir um pouco de atenção a tudo o que nos vai rodeando mas, por vezes, tive de parar abruptamente porque um recanto da paisagem me prendeu pelo canto do olho!

No seculo XIX viviam nestas casas cerca de 800 soldados que defendiam a zona fronteiriça, é o Camp des Fourches. No inverno apenas um pequeno grupo de homens ficava ali isolado do mundo pela neve e só conseguiam passar de casa em casa por tuneis feitos na neve alta e densa com tabuas de madeira. Chamavam-lhes “les Dilabes Bleus” (os diabos azuis) pela sua coragem e audácia de ali ficarem e caçarem e viverem!

A estrada parece traçada nos recantos mais bonitos da cordilheira!

Há momentos em que olhamos para trás e vemos o caminho percorrido, serpenteando pelo monte acima!

Então chegamos ao cume

A estrada é mítica para ciclistas e às vezes temos a sensação de que eles sentem que ela lhes pertence! Tive de pedir para se afastarem um pouco para fotografar o “menir” que assinala o ponto máximo mas, mesmo assim, tive de gramar com as biclas lá encostadas!

Mas o encanto contínua, numa nova sequencia de curvas e encantos

A estrada continuava a serpentear por ali fora, linda!

E fui surpreendida pelo primeiro acidente da viagem. Vi as pessoas ao longe e não percebi o que se passava, até passar perto… uma moto de pernas para o ar e um casal meio em mau estado na berma… Eu não teria tirado a foto se soubesse o que se passava, mas não apanhei os feridos, o que foi menos mal…

Mais à frente fica o Forte de Tournoux encrustado no monte. É conhecido por lembrar os templos do Tibete mas, na realidade, é uma construção do fim do sec XVIII e tinha como finalidade proteger a França contra os Italianos.

Tem visitas guiadas e deve ser interessante visita-lo, mas subir todo o monte por escadas estava fora de questão!

E lá andavam os ciclistas por tão belas paisagens a pedalar

A estrada torna-se perigosa quando deixa de ser “cadenciada” por curvas e os condutores se entusiasmam com as retas, sem pensarem que, depois de uma reta há sempre uma curva!

Depois há momentos em que ela parece uma linha num bolso, de tanta volta que dá sobre si própria!

E quanto mais voltas dá mais bonita é a paisagem!

E cheguei a Briançon, onde passaria a noite.

Briançon pertence ao Departamento dos Altos-Alpes e é a cidade mais alta de frança e a segunda mais alta da Europa, depois de Davos na Suíça.

Porque fica ali tão perto da Itália é uma cidade bastante fortificada, com uma cidadela cheia de interesse e edifícios classificados pela Unesco.

Fui para o hotelzinho, onde rapidamente a minha motita arranjou uma filinha de amigas!

Comi uma pizza divinal e brinquei um pouco com a minha máquina, que as nuvens acima da montanha estavam inspiradoras!

Fim do sexto dia de viagem!