31 de julho de 2013
A cada vez que atravesso os Pirenéus faço-o por caminhos e direções diferentes, porque aquilo é imenso, é lindo e tem muito o que ver, não há necessidade de fazer eternamente os mesmos caminhos com tantas hipóteses de combinação diferentes!
Em Saragoça havia algo que eu queria visitar há tempos, o Palácio de la Aljaferia!
Trata-se de uma construção única do séc. XI que vem desde o tempo dos califas!
O edifício é extraordinário, com uma história infinita e ali funcionam hoje também as cortes de Aragão. É imponente olhar para ele, parece diretamente saído do passado!
As histórias que se sabe ali, com um guia simpático e bem-humorado que nos desafiava a repetir o nome do califa a cada momento! Claro que ninguém conseguia por isso marquei como trabalho de casa procura-lo e regista-lo na crónica que fizesse.
E então o homem chamava-se: Abu Jafar Ahmad ibn Sulayman al-Muqtadir Billah…
Se preferirem em árabe é: أبو جعفر أحمد “المقتدر بالله” بن سليمان
O palácio é lindo, apesar de se terem perdido os seus adornos originais, já que foi sendo alterado e acrescentado por cada rei proprietário e por fim pelos usos menos apropriados que lhe foram sendo reservados, como quartel de guerra!
Felizmente acabaram por restaura-lo e poupa-lo a mais danos e perdas…
Aquele que foi chamado pelo seu criador o Palácio da Alegria!
O palácio era fresco, mas o calor apertava já cá fora! Segui para norte, o destino era França, porque a Espanha é para se ver na Páscoa nas minhas voltinhas peninsuleiras!
Passei por Barbastro, uma terra que ficava no meu caminho e prometia uma boa esplanada para eu comer qualquer coisa!
Eu já tinha passado ali noutra viagem qualquer, por isso sabia que comeria bem e fresca!
A cidadezinha é simpática, fica na província de Huesca, uma zona que adoro! Cada vez que lá passo apetece catar mais um pouco! Mas isso seria se não tivesse uma imensa viagem pela frente para fazer, por isso comi, dei uma volta e segui!
O que eu gosto de conduzir pela montanha!
Não importa se a estrada está em bom estado, ou se as curvas são muito apertadas! O que eu gosto numa moto é de a conduzir e na montanha é aquela “aventura” que me apaixona e a minha moto adora também, parece que nem tem peso e que o seu corpo se molda à estrada!
Uma constante nesta viagem foi o parar para comprar água, beber meia garrafa e depois voltar a parar antes que ela aquecesse para beber o resto e assim se ia uma garrafa de 1.5l!
Ao menos a parar que fosse em sítios bonitos!
Porque assim poderia aproveitar para esticar as pernas e ver algo de interessante no entretanto!
E cheguei a França “pronto minha querida, já vais conhecer um pouco do 3º país da tua vida” dizia eu à minha Ninfa!
E o passeio continuava por estradas serpenteantes, daquelas que nunca se sabe quando acabam de subir e começam a descer porque olha-se e estão por todo o lado!
Ora se sobe, ora se desce, e volta-se quase ao mesmo sítio no fim, só que noutro nível! A D O R O!
E com esta brincadeira cheguei a Albi ao entardecer! O que eu me tinha divertido apesar do calor!
Albi era uma cidade que eu andava para visitar há uma série de viagens atrás, mas há tempo, e acabou por ser desta! A sua catedral de tijolo é impressionante! Acabei por não a visitar por dentro, nesta viagem não vi muitas igrejas, eram outras coisas que eu procurava por isso vi mais mesquitas e igrejas ortodoxas! Manias que eu crio assim de repente!
Mas certamente que um dia lá passarei e lhe dedicarei mais atenção, afinal a Cathédrale Sainte-Cécile d’Albi é um edifício gótico extraordinário, do séc. XII, que merece ser visitado!
Ali, enquanto me passeava pela zona mais antiga da cidade, um tipo passou por mim e cumprimentou-me por 4 vezes até eu ter um ataque de mau feitio e o mandar à me***!
Quando me voltei de repente para ele e lhe perguntei o que queria ele até deu um passo atrás! Afinal eu consigo intimidar um homem, heim? Porque terei de ter medo deles, pensei eu, no caso de num país qualquer ter de me descartar de um emplastro que me tente chatear! Fui-me embora a rir sozinha e alto o suficiente para ele ouvir! Desapareceu!
Aquelas ruelas são encantadoras, passeia-se por ali como numa historinha dos Irmãos Grimm !
Comi muito bem naquela noite! O senhor do hostel aconselhou-me um restaurante típico que foi uma deliciosa surpresa, Le Loup Sicret e era mesmo secreto! Se o homem não me tivesse falado dele nunca o encontraria pois fica bem escondido!
Entra-se por uma espécie de centro comercial e lá dentro, inesperadamente, tem um jardim lindíssimo onde eu jantei!
Uma versão deliciosa e sofisticada de hambúrguer de pato que mais parecia um prato de grande culinária, acompanhado de um delicioso vinho, ou não estivéssemos na terra do precioso néctar!
Naquela noite eu andava mascarada de turista “normal” de calções e tal, mas nem assim passei despercebida pois levava o chapéu! Manias!
Cá fora na praça o mundo parecia outro, feito de gente em esplanadas longe do recolhimento romântico do restaurante!
Foi um belíssimo serão, que serviu para retemperar energias e relaxar, como eu estava a precisar.
Fim do 2º dia de viagem!