2 de setembro de 2012 – continuação
Fontainebleau foi um nome repetido por muito tempo na minha vida e na minha memória! Fez parte dos meus estudos como aluna e, posteriormente, como professora! As artes estão intimamente ligadas a Fontainebleau, desde que os artistas italianos contratados para trabalhar na remodelação, aumento e decoração do palácio, introduziram o Maneirismo na França e a França rebatizou o estilo como “estilo Fontainebleau” que conjugava diversas expressões artísticas e decorativas, escultura, pintura, modelagem em estuque e pormenores decorativos em diversos materiais! Depois foi a Escola de Fontainebleau que surgiu em mudanças em pintura e gravura.
Ao aproximarmo-nos da cidade e do palácio encontramos numa rotunda o marco comemorativo do encontro entre Napoleão e o papa, quando este veio consagra-lo Imperador.
Em frente ao palácio não faltava onde estacionar a minha motita, afinal estava em França, onde as motos são muito bem recebidas!
E lá estava ele, um dos maiores palácios reais franceses e ninguém fica em dúvida quanto a isso ao aproximar-se dele!
Tive a sorte de chegar ali ao domingo e a entrada era grátis!
Mal se entra no pátio de acesso, somos rodeados pelas alas laterais e há palácio por quase todos os lados!
Lá dentro é a opulência! As alas sucedem-se, os quartos de reis, de rainhas, de conselhos, de armas, de tudo…
A dado momento sentia-me dentro de uma caixa, decorada por todos os lados, tal é a acumulação de elementos decorativos, paredes forradas, pinturas, tetos trabalhados e tecidos floridos! Eu morria ali com todo aquele ruido visual!
Comparativamente a capela do palácio nem é a coisa mais decorada do edifício!
Longas galerias levam-nos de uma ala para outra.
E o salão de baile é aquela coisa gigantesca! Também para que as longas saias rodadas e volumosas, cheias de sedas e folhos, coubessem ali entre danças e exibições, todo o espaço seria pouco!
Pela janela vê-se o pátio entremuros, que já parece um pátio moderno, sem qualquer recanto de jardim, apenas pedra!
E junto ao salão de baile há uma outra capela muito antiga do séc. XIII, que foi descoberta com a ampliação do palácio no séc. XVI, a capela de Saint-Saturnin.
E foi então que encontrei a mulher das muitas maminhas! Ele há cada ideia! Provavelmente terá a ver com a fertilidade ou algo do género, mas uma mulher com tantas mamas realmente terá de manter as mãos na cabeça para não amaçar nenhuma! eheheheh
E a opulência mantem-se pelo palácio fora!
A sala do trono e o próprio trono até me pareceram meio despidos perto de todas a decoração e opulência que se encontra por ali!
La Galerie de Diane é a maior divisão do Château de Fontainebleau e foi noutros tempos a galeria da rainha, com 25 metros de comprimento e 7 de largura. Foi construída por Henrique IV no séc. XVIII e restaurada no século seguinte e a sua decoração conta a história da deusa Diana. Durante muito tempo serviu de passagem para a sala de banquetes até ser transformada em biblioteca que comporta 16.000 livros! O grande globo ao topo das escadas pertenceu a Napoleão I. Um espaço extraordinário e com um ambiente imponente que não podemos pisar, apenas observar, o que o torna mais irreal e impressionante!
E saí finalmente do outro lado para visitar os jardins e os lagos! Alguns patos estavam acampados numa fonte e faziam uma festa no pedacinho de água! Digo pedacinho porque ali ao lado os lagos são de perder de vista e cortar a respiração!
Mas o pormenor mais interessante que me prendeu a atenção foi que havia um restaurante no castelo, que estava aberto e ainda servia refeições e estava mesmo na hora de comer! Eu nem sou de saladas, mas aquela estava deliciosa!
De barriga cheia passeia-se muito melhor!
São 80 hectares de parque e jardins, que nos fazem parecer passear por caminhos infinitos! Fizeram-me lembrar os jardins e lagos de Versalhes!
Dizem que reis se passearam por aqueles lagos e canais em galés! (grandes barcos a remos que podem ter também mastros)
Voltei ao palácio, eu não me iria pôr a percorrer quilómetros de parque para depois ter de voltar e duplicar a quilometragem feita!
Começava a chegar muito mais gente para visitar o palácio, depois do almoço!
E fui buscar a minha motita, pois eu tinha visto que se podia entrar no parque de carro/moto e assim não tinha necessidade de percorrer aquilo a pé!
Dá-se a volta pela cidadezinha, que mais à frente estava cheia de motos, e procura-se a passagem para entrar no parque..
A grande dimensão dos caminhos provoca sempre efeitos deslumbrantes. Sentia-se já o outono a chegar!
Sentei-me um pouco no relvado… há momentos de imensidão e paz para nunca mais esquecer!
É claro que tirei um milhão e meio de fotos… e segui finalmente para Orléans, pois queria visitar a cidade onde Joana D’Arc é tão venerada. Uma das padroeiras da França é chamada de «A Donzela de Orléans».
E está representada no altar-mor da catedral de Orléans!
A catedral é gótica do séc. XII e é espantosa!
A cidade é acolhedora e tem uma zona histórica interessante.
As referências a Joana D’Arc estão bem presentes, na Maison du Diane de Poitiers – Musée Historique, uma das mais antigas casas da cidade.
Mais à frente, no outro extremo da avenida da catedral, fica a casa de Joana D’Arc.
tudo já fechado àquela hora…
“Nesta casa, reconstruida em 1965, Joana D’Arc foi hóspede de Jacques Bovcher, tesoureiro do Duque de Orléans de 29 a Abril a 9 de maio de 1429”
Ainda brinquei um pouco por ali…
Fui tomar qualquer coisa a uma esplanada…
Dei uma voltinha a pé e voltei a encontrar a Joana, numa estátua equestre no meio de uma praça!
E fui para casa em Orléans, que no dia seguinte daria mais um passo na direção da minha casa em Portugal!
Fim do trigésimo quinto dia de viagem!