Vestida para passear!

A minha Ninfa ganhou a sua propria identidade, os seus proprios autocolantes!

Agora está pronta para viajar e crescer e conhecer!

39 – Passeando até à Suiça 2012 – Saint Gallen, Wil e Schaffhausen

21 de Agosto de 2012

A cidade antiga de Saint Gallen é encantadora, cresceu em torno da antiga ermida de Saint Gall e hoje deu origem a uma grande cidade. Mas o que me levou ali foi a Abadia de St Gall e a sua biblioteca que contem livros do séc. IX. Ela própria é uma preciosidade preservada desde a época da Reforma, em que a ira religiosa levou quase à destruição de exemplares únicos dos seus livros!

Mas ela apenas abriria às 10.00 horas, por isso aproveitei para explorar a Abadia que não visitara da minha última passagem pela cidade e que, naquele dia estava aberta!

Esta catedral tem as suas origens em tempos muito remotos, bem anteriores ao século X, sobre a primeira ermida do séc. VIII, e dela nasceu todo o complexo religioso, alterado, acrescentado e restaurado até aos dias de hoje

depois do próprio monge irlandês Gallus se ter instalado naquele local que honraria seu nome que batizaria toda a cidade. Passou pela longa e conturbada história religiosa suíça, tendo-se mantido católica no seio de uma cidade que adotou a reforma, ainda foi atingida pela fúria dos calvinistas… mas foi salva e restaurada posteriormente.

A catedral chega até nós barroca, com tetos extraordinários trabalhados em gesso e afrescos impressionantes.

Aqueles tetos e interiores tornam a catedral um dos mais extraordinários e ricos monumentos barrocos da Suíça!

Não sendo o barroco o estilo que mais aprecio, não posso deixar de me deslumbrar com aqueles tetos!

As linhas curvas e retorcidas tão típicas do barroco estão presentes e provocam sensações quase vertiginosas, por vezes!

Estava na hora de ir visitar a biblioteca…

Tal como eu imaginava não só não era permitido fotografar lá dentro, como nem era permitido levar nada connosco lá para dentro!

Uma filinha de chinelos gigantes em feltro, grandes o suficiente para que os calcemos por cima dos nossos sapatos, esperam os visitantes, para que ninguém entre sequer na sala com os seus sapatos a conspurcar o solo e o ambiente!

A biblioteca vale todo esse ritual!

É apenas uma das mais ricas e mais antigas do mundo e contém 130.000 livros, incluindo manuscritos preciosos como o mais antigo plano arquitetónico conhecido, elaborado em pergaminho!

Embora seja construída em estilo barroco a sua decoração é rococó, outro estilo que não é meu predileto mas que me fascinou naquele ambiente!

Para que se fique registada uma ideia do que ali vi, apenas me resta procurar uma imagem da net:

Por baixo da biblioteca, na cave, existe uma espécie de cripta onde se pode acompanhar a história do local, com vestígios que testemunham séculos de vida por ali vividos!

Ali já era permitido fotografar, justamente quando o que havia para ver não era tão interessante assim!

E acabei a minha visita ao espaço religioso continuando com a visita à cidade antiga, que me encanta sempre!

Dizem que os edifícios do centro da cidade são construídos sobre estacas porque o piso é instável naquela zona. Parece que o St Gall não estava muito preocupado com o chão onde construiu sua ermida, afinal não era para construir uma cidade!

É sem dúvida uma cidade agradável para passear um pouco, sobretudo naquela envolvência histórica!

Então voltei a puxar do mapa e do meu livrinho para decidir onde iria a seguir.

Estava a chegar a hora de sair da Suíça e seguir para Estrasburgo.

Mas a saída da Suíça não tinha de ser apressada! Aliás, eu nunca saio daquele país a correr… acho que o faço sempre olhando para trás e pensando se não devia ficar mais um pouco!

Por isso deixei-me ir e passei em Wil, uma cidadezinha tão simpática que não resisti em ir fazer uma visita!

Na realidade trata-se de uma cidade com mais de mil anos de história! Mas são os seus encantos medievais que a tornam encantadora hoje!

A igreja da cidade, a WilKirche dedicada a Sankt Nikolaus, é uma “coisa” curiosa, com pinturas garridas em vários sítios

como no altar

e nos tetos!

Muito curiosa e bonita!

Na praça em frente à igreja fica uma escola e os desenhos e pinturas no chão davam um ar colorido e alegre ao ambiente! Adorei!

Então continuei o meu caminho pelas paisagens cheias de pormenores curiosos

até Schaffhausen, de novo! Afinal as belas cataratas ficavam no meu caminho e eu não resisti a voltar a passar.

Mas desta vez eu cheguei pelo outro lado e visitei-as numa outra perspetiva, a perspetiva cá de cima do castelo!

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Que bem que me soube voltar ali, despedir-me da minha bela Suíça ali…

Fiquei muito tempo em silêncio a saborear o som e o ar fresco que toda aquela corrente de água emanava!

Lá de cima é que se consegue apreciar a força das águas e a luta calculada que os pilotos das embarcações travam para chegar ao rochedo no meio do rio.

Estamos num grande cotovelo do rio Reno!

(continua)

38 – Passeando até à Suiça 2012 – Reichenau, o lago de Konstanz e a cidade..

20 de Agosto de 2012 – continuação

Do outro lado da curva no lago fica Reichenau, uma ilha no lago Konstanz.

O caminho de Reichenau é encantador! Na realidade é um caminho para uma ilha, o que o torna uma estrada no meio das águas. De cada lado da estrada as árvores, grandes e frondosas, tornam o percurso extraordinário, como um caminho de preparação para a ilha monástica, onde os mosteiros, igrejas e conventos são parte do percurso romântico e de interioridade religiosa e histórica.

O Kloster Reichenau, ou Mosteiro de Reichenau, é uma construção lindíssima e um exemplar extraordinário do período carolíngio, a época da alta idade média e de Carlos Magno, lá pelos 2 ou 3 séculos antes do século décimo.

Foi fundado no séc. VIII e foi por muito tempo dos mais importantes na zona até Saint Gallen.

O teto da igreja faz lembrar o interior de uma grande barcaça em madeira!

E os encantos medievais são simples e belos!

Há uma sequência de construções religiosas dignas de visita por ali, tudo catalogado pela Unesco. Mais à frente fica a encantadora Georgskirche, ou kirche st. George,

em restauro por fora mas linda e perfeita por dentro!

A basílica de São Jorge, do ano 900, que se pensa ter sido construída para guardar as relíquias do santo, é um edifício ainda mais belo que o mosteiro de Reichenau, com os seus afrescos surpreendentemente únicos e bem conservados!

Momentos de paz e contemplação também sabem bem numa viagem!

Cá fora, ao lado da Basílica fica o cemitério. É sempre curioso ver como uma população cuida dos seus mortos, mostra muito de um povo!

Logo a seguir fica Konstanz. Eu passei lá em 2010, mas é uma cidade que vale a pena voltar a visitar!

Pensa-se que o seu nome venha do imperador Constâncio Cloro, o imperador romano que lutou ali contra os alamanos.

A Basilica de Konstanz, é chamada também de Basílica Papal, porque ali foi eleito o papa Martinho V no séc. XV.

Por baixo da catedral há vestígios romanos que podem ser visitados, eu limitei-me a espreitar pelos vidros da pirâmide no chão da praça, na berma da catedral!

A catedral é muito bonita, gótica com tantos vestígios anteriores. Já a visitara antes por dentro, por isso agora apenas a torneei por fora!

Continuei ainda pela margem do lago, e de lá, a estrada para Reichenau é visível pelas filas de grandes árvores, como gradeamentos ao longe! Uma perspetiva encantadora do lago de Konstanz!

E fiz um belo picnic ao entardecer em Ematingen, com o lago e o sol como paisagem. A felicidade existe e é nestes momentos que ela é intensa cá dentro de mim!

Depois, de barriguinha cheia, passei por Frauenfeld, uma cidade do cantão de Thurgau, que merecia uma visita mais cuidada, mas ficará para mais tarde, um dia que volte a passar por ali!

A igreja de Sankt Niklas estava fechada, numa cidade esvaziada e em hora de jantar.

Há por ali um castelinho muito bonito, mas também ele ficaria para outra vez!

E fui para casa, que naquele dia era mais uma vez em Saint Gallen!

Fim do vigésimo segundo dia de viagem…

37 – Passeando até à Suiça 2012 – O amigo Edwin, Lindau, Meersburg e Birnau

20 de Agosto de 2012

Antes de pensar no que ver ou visitar naquele dia, coloquei o GPS na moto e tratei de lhe obedecer cegamente e deixar que ele me levasse até ao stand/oficina que o Edwin me aconselhara!

Foram quase 60km tentando nem olhar para o lado para não perder tempo e chegar cedo, para me despachar e acabar de vez com a preocupação do travão!

Por momentos duvidei que o caminho estivesse certo pois fui-me afastando de centros e cidades e atravessando montes e planícies, sem ver ambiente de ir encontrar um stand Honda no meio de nada! Mas ele lá estava, quando o meu Patrick murmurou ao meu ouvido “chegando ao destino à esquerda”!

O meu amigo Edwin lá estava à minha espera e foi de grande ajuda para explicar o que a minha Magnífica estava a pedir: pastilhas nos travões da frente e de trás!

O stand não era muito grande mas era simpático e as pessoas atenciosas!

Enquanto cuidavam da minha motita, fomos dar uma voltinha pela zona, um bom pedaço de conversa, embora o meu inglês seja pobre, por falta de vocabulário, para conversar relaxadamente!

Fomos passear para uma zona mística, um recando de natureza onde se encontram pequenos “templos” em madeira com decorações curiosas a lembrar ambientes de culto budista

ou ambientes de culto brasileiro, tipo de uma Iyalorixá – mãe de santo!

A natureza presta-se a ambientes curiosos!

Depois de uma bela passeata e de um simpático 2º pequeno-almoço, na companhia do amigo Edwin, fomos buscar a motita! Estava pronta!

Não pude deixar passar a oportunidade de me fazer fotografar, a mim e à minha Magnífica, junto do Edwin, um grande homem, no verdadeiro sentido da palavra!

Senti-me tão pequenina junto dele! Acho que a Magnífica também! 😀

A motita estava ótima, pronta para rolar, nada me perturbaria mais… era hora de partir!

Despedi-me do amigo Edwin com a promessa de que o seu belo país seria, provavelmente em 2014, o assunto de uma viagem ou, pelo menos, o assunto principal! Nessa altura ele acompanhará parte dela com a sua GSA, uma moto à sua medida: grande e grandiosa!

Era cedo, o dia era longo, nada me impedia de visitar ainda grande parte do que planeara visitar por aquelas bandas! Um dia de sorte, sol e passeio pelo lago de Konstanz!

Lindau fica a uns escassos vinte e poucos quilómetros de Weiler-Simmerberg, a localidade onde ficava a oficina da Honda, por isso seria ainda possível realizar o meu plano inicial de dar a volta ao lago de Konstanz, o Bodensse, só que no sentido contrário ao que projetara!

Por isso, em vez de terminar a volta em Lindau, comecei por ali mesmo!

Lindau é uma cidadezinha numa ilha, no lago de Bodensee. Lindau quer dizer precisamente Linda e o lago de Bodensee não é outro senão o Lago de Konstanz, ou Constancia, que fica na fronteira entre três países: a Alemanha, a Suíça e a Áustria e os três países ainda nem se entendem muito bem sobre como ou onde ficam as suas fronteiras no lago! Lindau fica no estado da Baviera e o seu porto é mítico pela entrada com o marco característico da escultura do leão, de um lado, e o único farol da Baviera, do outro.

A rathaus é um edifício extraordinário, originalmente em estilo gótico e posteriormente renascentista, lindo com as suas pinturas nas duas fachadas, difícil de decidir em que ângulo é mais bonito!

Passeia-se pela ilha como se ela não tivesse fim, pois está recheada de edifícios lindos com fachadas pintadas com imagens e cheia de gente que se passeia calmamente pelas ruas mas, na realidade, é uma ilha bem pequena com menos de um quilómetro quadrado de área!

Pormenores que, quem anda de nariz no ar, vai descobrindo!

A Stadtpfarrkirche St. Stephan, ou igreja evangelista de Santo Estêvão, é linda! De origem românica do séc. XII, comporta em si séculos de modificações, adaptações e reconstruções!

E hoje a sua decoração barroca em estuque é linda e fresca!

Do outro lado da praça fica o Museu Municipal, a “Haus zum Cavazzen”, uma construção impressionante com pinturas extraordinárias nas paredes!

Lindau visita-se calmamente a pé, por ruelas e recantos cheios de encanto!

Com paragem estratégica para refrescar um pouco, que o calor aperta! Afinal estamos ou não no país da cerveja?! E que boa que era! 😉

Ali encontrei os chapéus mais caros da viagem! É verdade, um chapéu igual ao meu chegava a custar mais de 200€! Foi quando pensei em comercializa-los por lá, dado que o meu foi comprado no Porto muitíssimo mais barato!

E tratei de pegar na minha motita e seguir caminho, que o lago é grande e cheio de coisas que eu queria ver!

Voltei a passar no belo porto

E segui passeando pela margem do lago que já visitara em 2010, mas deixara tanto para ver! E voltei a deixar muito para outra visita!

Logo ali à frente fica Meersburg, uma cidadezinha encantadora, como tudo parece ser na borda daquele lago!

Com uma história riquíssima que vem desde tempos remotos, cheia de construções perfeitamente preservadas, a cidade teve sua primeira fortaleza construída por volta do século VII.

Sem ter ainda regressado bem ao nosso tempo, depois de visitar Lindau, voltei rapidamente ao passado ao visitar Meersburg!

A cidadezinha tem duas zonas a parte baixa (Unterstadt) e a parte alta (Oberstadt) que são pedonais e estão ligadas por duas escadas e uma rua íngreme.

E realmente é a pé que se conhece melhor cada recanto de tão encantadora cidade!

Dá-se a volta e apetece recomeçar de novo!

Um mimo de cidade fofinha e linda, onde a água das fontes é fresca, quase gelada, como quem a tira do frigorifico, percorrida por pessoas simpáticas e sorridentes, como num cenário perfeito de uma história infantil!

E as casinhas medievais perfeitamente conservadas, pareciam quase impossíveis!

Lá acabei por deixar a cidadezinha para trás, ou iria passar lá o resto das minhas férias sem nem dar por ela!

Ao passear-me pela margem do lago, logo a seguir a Meersburg, por entre vinhas em paisagens deslumbrantes sobre o lago, com a “Ilha das Flores” de Mainau no horizonte, fica a Basílica de Birnau, uma construção extraordinária do séc. XVIII.

Embora o barroco não seja o estilo que mais aprecio, não podia deixar de a visitar, porque é linda e espantosa!

Um mundo decorativo vibra em cima de nós, em tetos trabalhados em gesso e pintados em afrescos como telas, quase fotográficas!

Um local que tenho de voltar a visitar, quando a Alemanha for o destino exclusivo da minha viagem e a ilha de Mainau um dos grandes locais a explorar.

(continua)