69 – Passeando até à Suíça 2012 – A França – Le Pont-Canal de Briare, Gien, Nemours

2 de Setembro de 2012

A minha passagem por Orleães tinha dois propósitos, visitar dois locais ali perto que há muito me interessava conhecer. Por isso dormi duas noites na cidade, para ter um dia por minha conta para explorar o que procurava!

Não, nenhum deles era uma igreja ou catedral!

O desenho que fiz no mapa não foi circular mas foi triangular, de ida, exploração, e volta!

Uma das coisas que eu procurava ficava em Briare, uma cidadezinha que é atravessada pelo famoso e lindo rio Loire, esse mesmo, o que tem um vale com a maior concentração de castelos do mundo!

Ao aproximar-me comecei a encontrar pessoas que corriam, eram muitas, estavam em todo o meu caminho e estendiam-se por todo o percurso que fiz por quilómetros!

La fui andando, muito calmamente, chegando-me para o lado para não atropelar nem ser atropelada pelos corredores! Dava para ver que não eram atletas de alta competição, pois havia gente para todas as idades e gostos! Até chegar a Briare, fui percebendo que os corredores iriam estar por ali por todo o lado!

As pessoas, que guardavam as ruas para os corredores, eram simpáticas e tentavam impedir o menos possível a moto de passar, mesmo quando os carros não podiam passar, a mim deixavam! Também eu não ocupava a rua e conseguia seguir sem perturbar a corrida.

Então vi-me em cima da ponte que me permitia a perfeita visualização do meu objetivo: Le Pont- Canal!

A Pont-Canal de Briare é uma obra fascinante que me fez andar muitos quilómetros para a visitar, percorrer e fotografar!

Foi construída entre 1890 e 1894, totalmente em metal, permite que barcos atravessem o rio Loire e seus canais paralelos, como um viaduto feito de água e passeio para peões! Foi a primeira Ponte-Canal a ser construída e, por muito tempo, a mais longa do mundo com 662 metros!

Pousei a moto na berma do canal, mas a minha vontade era percorrer a ponte com ela…

Foi uma sensação curiosa passear por uma ponte onde não podemos mudar de passeio e cujo alcatrão é aquoso onde passam veículos sem rodas!

Lá em baixo o Loire e os seus canais paralelos!

Durante a segunda guerra a França decide destruir todas as pontes sobre o rio Loire para retardar o avanço dos alemães e a Ponte-canal é dinamitada, fazendo cair dois dos seus tabuleiros.

Esta destruição foi cirúrgica e permitiu poupar os extremos da ponte, com os seus pilares e encaixe de pedra a terra firme. A reconstrução trouxe-a depois ao seu anterior esplendor!

Uma obra extraordinária mesmo, aquela ponte!

Por baixo passa, não apenas o rio, mas a rua também! Uma sensação curiosa a de passar por baixo de um rio, que eu queria experimentar!

Só ao chegar à outra ponta da ponte-canal é que li, num cartaz pendurado numa árvore o que se estava a passar por ali, com tanta gente a correr!

Tratava-se da Semi -maratona Gient-Briare-Gient , isto é, aquela gente andava a correr 21 quilómetros entre as duas cidades, o que queria dizer que iria continuar a passar pelos corredores, dado que iria a Gent!

Foi um belo passeio pela ponte-canal que só “pecou” pela impossibilidade de ir por um passeio e regressar pelo outro!

E lá estava a minha Magnifica à minha espera, para continuarmos a maratona dos outros!

E como toda a gente estava entretida com a maratona eu e a minha motita fomos fazer um pouco de terra batida pelas margens do Loire!

Ela adorou andar na terra! Percursos de sonho!

E lá fomos experimentar qual era a sensação de passar por baixo de um rio que passa por cima de uma ponte! É estranha! Afinal estávamos em posições trocadas, eu e a moto por baixo e o rio por cima!

E no vale dos castelos é suposto encontrarmos castelos! Lá estava o castelo de Saint-Brisson-sur-Loire, um castelo medieval do séc. XII, alterado posteriormente por diversas vezes! Não me apeteceu ver de mais perto, por isso segui caminho.

E mais à frente já se via Gient, uma cidade cheia de história que acolheu Joana D’Arc por quatro vezes no curso da sua epopeia, como eles orgulhosamente dizem!

O trânsito estava numa de arranca-pára-arranca e descobri nessa lentidão de caminho um pescador no meio do rio!

A cidade é mais bonita vista da outra margem que exploradas pelas suas ruínhas!

Foi mais uma cidade vítima de bombardeamentos e grandemente destruída durante a segunda guerra, sendo reconstruida depois… afinal, basicamente, é para isso que as guerras servem, para lixarem tudo e depois darem uma trabalheira infinita e uma despesa maluca para restaurar tudo de novo!

Neste caso a ponte foi destruída pelos alemães para impedir as tropas francesas de recuarem! Afinal uma guerra sem muitos mortos também não serve os seus fins de humilhação, desmoralização e subjugação!

Atravessei a cidade e segui caminho, pois o que procurava não estava ali!

Nemours apareceu-me mais lá para cima e parei para dar uma olhada, pois gostei do que vi ao chegar!

O rio Loing cerca o centro histórico com o seu canal, provocando uma sensação de ilha!

E depois, como toda a cidade medieval que se preze, tem um castelinho do séc. XII lá no meio!

Sentei-me na berma do rio, o céu estava cinzento mas não iria chover. Momentos simples que depois deixam saudades!

Atrás de mim estava a igreja voltada para o outro lado, a Église de Saint-Jean-Baptiste do séc. XII…

Andei por ali mais um pouco. Há uma tranquilidade nas pequenas cidades/aldeias francesas que me faz ter vontade de passear, ou apenas estar, mesmo que seja apenas um pouco, por ali, em paz!

Mas o meu grande destino daquele dia estava uns quilómetros mais a norte, por isso acabei por seguir para o sítio onde passaria grande parte do dia!

(continua)